Entre Extremos escrita por Bella P


Capítulo 11
Capítulo 10




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Dallas piscou e franziu as sobrancelhas. À sua frente, o trio de grifinórios também piscavam repetidamente e remexiam-se em seus lugares, sem saber direito o que fazer ou dizer. O banheiro da Murta-Que-Geme não era o mais frequentado da escola, era preciso estar muito desesperado para usá-lo, mas Dallas estava desesperada, desesperada para fugir de seus colegas de casa e da gafe que acabou de cometer. 

Os segundo anistas da Sonserina tomaram para si o costume de acompanhá-la a todos os cantos quando fora da sala comunal. Até mesmo Draco servia-lhe como uma sombra indesejada. Quando os questionou sobre tamanho comportamento estranho, a resposta foi ainda mais surpreendente. Com os ataques na escola à nascidos-trouxas, eles estavam garantido a segurança de Dallas para que ela não fosse a próxima vítima. 

“Vocês sabem que eu sou meio-sangue, não sabem?” Dallas argumentou quando ouviu a explicação de Pansy. A relação entre os sonserinos era uma coisa estranha de se explicar. Ninguém ali era verdadeiramente amigo um do outro, a maioria se conhecia desde sempre, no máximo eram aliados, associados, mas ainda sim eram leais aos seus ao ponto de que a teoria de que Dallas fosse uma nascida-trouxa não deixar as paredes da casa, talvez por proteção à integridade de Dallas ou por proteção a honra da Sonserina, mas o importante era que a única pessoa que sabia deste fato fora da Sonserina era o Patrick e, ainda sim, não era absolutamente verdade.

Mesmo que a sua mãe não fosse uma bruxa, ainda tinha a sua avó Veela, que a única coisa que disse em resposta a sua carta para justificar o seu silêncio sobre o assunto foi um: “não era da sua conta”. E quando perguntou à ela como controlava o Encanto das Veelas, foi outra resposta seca: “você é uma Winford, aprenda!”

Claro que este pequeno detalhe sobre a sua pessoa, Dallas ainda não contou para os seus colegas de casa e quanto mais tempo passava sem dizer nada, mais entendia a resposta de sua avó. Realmente não era da conta deles e não havia contexto que a permitisse soltar essa bomba sobre eles. Entretanto, desconfiava que eles descobririam mais cedo ou mais tarde, porque desde a sua própria descoberta, parecia que os seus poderes Veela haviam intensificado. O seu humor estava do cão (ou era a Veela dentro de si ou a TPM provinda de seu segundo ciclo após a menarca) e andava usando o Encanto das Veelas com mais frequência do que gostaria, como minutos atrás quando mandou Daphne e Pansy a deixarem em paz e as duas meninas calaram a boca, ganharam uma expressão vazia, deram as costas para ela e foram embora. Assustada pelo que tinha acabado de fazer, Dallas foi refugiar-se no banheiro de Murta sob a esperança de que a distância desfizesse o efeito do Encanto. Com Patrick precisou de um pequeno choque, torcia que com Pansy e Daphne não fosse necessário o uso da mesma tática. E então, quando entrou no banheiro, deu de cara com o agora apelidado pela escolha de “Trio de Ouro da Grifinória” sentado entre os reservados e as pias, com um caldeirão de poções borbulhando no centro do círculo que formavam. 

— Dallas! — Potter levantou em um pulo, ajeitando as suas vestes e sorrindo bobamente para ela. Dallas quis socá-lo, porque sabia que a reação dele a sua presença não era natural, era efeito da Veela dentro de si e isto, de algum modo, a irritava. Ela nunca mais saberia se a pessoa gostava dela por quem ela era ou por causa da Veela. Weasley a olhava com a sua expressão de desagrado e desconfiança de sempre e Dallas surpreendeu-se ao perceber que ele tinha uma certa imunidade ao seu charme. 

— Potter. — ela respondeu com secura na voz. 

— Não é nada disto que você está pensando. — Potter disse em um tom apaziguador e Dallas fechou as mãos em um punho. A fama da sabe-tudo-Granger também era de conhecimento da escola inteira, mas enquanto todos os olhares iam para ela, a nascida-trouxa que era a primeira da classe, esses mesmos olhares ignoravam os outros. Havia outros alunos inteligentes em Hogwarts, mais inteligentes do que Granger, até, e havia Dallas, quem Snape atestou que era um gênio, mas quem se importava, não é mesmo? Granger já ganhara o título de a “bruxa mais inteligente de sua geração” e danem-se os outros, de modo que isto permitia à Potter usar aquele tom condescendente com Dallas, como se ela fosse uma idiota qualquer. 

— Certo. — Dallas começou em um tom arrastado. — Então eu não estou imaginando três alunos usando um banheiro que claramente ninguém frequenta para fazer uma poção que provavelmente é contra as regras da escola. 

— Não é contra as regras, é um projeto de Poções. — para alguém que era considerada inteligente, Granger era bem estúpida porque era péssima em mentir sob pressão.

— Estamos na mesma aula de Poções, Granger, e eu não estou ciente de projeto algum. — Dallas a acusou e viu com prazer o rosto da outra garota ficar pálido.

— É um projeto paralelo, pessoal, não há nada nas regras da escola que nos impeça de realizar estudos independentes. — Potter e Granger olharam com surpresa para Weasley, com as expressões de quem não esperava tamanho insight vir do amigo. Dallas segurou a vontade de rolar os olhos. Weasley era um sangue-puro que já teve cinco irmãos frequentando Hogwarts, portanto ele não precisava ler o livro com a história da escola para saber as suas regras.

Mas Dallas também conhecia as regras de Hogwarts para desmenti-lo com perfeição.

— Para projetos paralelos com o propósito de créditos extras você precisa de autorização do diretor de sua casa e permissão para uso das dependências especializadas da escola para executar o projeto. Em resumo, Weasley, vocês deveriam estar usando as salas de aula de Poções, não um banheiro assombrado por Murta. — o trio entreolhou-se, procurando nos rostos uns dos outros por qualquer outra desculpa. — Fora quê, Snape queixou-se do desaparecimento de alguns ingredientes de seu armário de poções. — o olhar dela foi propositalmente para os restos de alguns ingredientes espalhados no chão. Weasley ainda tentou esconder a prova do crime ao varrer com a mão os restos para sob a perna, mas sem muito sucesso. 

— Eu cuido disto. — Potter disse aos amigos e segurou Dallas pelo braço. O toque foi estranho, mesmo que a pele da palma dele tivesse encontrado somente a manga de seu uniforme, ainda sim foi um toque estranho e não somente ela percebeu isto, mas Potter também, pelo modo como ele ofegou baixinho e os seus olhos ficaram largos por detrás da lente dos óculos. 

— Potter! — Dallas soltou-se dele com brusquidão quando deixaram o banheiro. — Pare de me guiar como se eu fosse gado. — reclamou e Potter comprimiu os lábios em uma linha fina. Além do status de heroi do mundo mágico, o temperamento explosivo de Potter era outra coisa que estava ganhando fama pela escola. 

— Dallas, por favor, não conte para ninguém. — ele pediu em um tom vergonhoso de imploração e foi impressão de Dallas ou os olhos dele ficaram mais largos, assemelhando-se aos olhos de um filhote de cachorro pidão?

— Contar o quê, Potter? Esta sua estranha compulsão em ser expulso de Hogwarts? 

— Nós não estamos fazendo nada fora das regras. 

— Potter, vocês estão cozinhando uma poção às escondidas, isto caracteriza algo fora das regras. Se fosse legal, não estariam escondidos. 

— Certo, mas o que estamos fazendo não vai machucar ninguém. — Potter era péssimo em mentir e dar desculpas, fato! E era vergonhoso. 

— Vocês estão fazendo uma poção Polissuco, pretendem passar-se por alguém, obviamente, e enquanto isto acontece, onde estarão as versões originais?

— Como você sabe que é uma poção Polissuco? — havia clara surpresa na voz dele e isto ofendeu Dallas. 

— Fora o fato de que você acabou de confirmar o meu blefe? — ele ficou branco como uma folha de papel. — Eu sei que Weasley e você acham que o sol nasce e se põe no traseiro de Granger, mas existem outras pessoas inteligentes nesta escola, mais inteligentes do que ela, aliás. Inteligentes o suficiente para dizer que vocês são três estúpidos que ao invés de levarem as suas suspeitas aos responsáveis pela segurança de Hogwarts, resolvem fazer tudo sozinhos. Será um milagre se você sobreviver até a maioridade, Potter. 

— Por favor… — ele implorou novamente com aquele ar de cão perdido e Dallas teve uma epifania. Ela poderia voltar ao banheiro e ordenar que eles destruíssem a poção. Esta história de que o Encanto das Veelas não funcionava em mulheres com certeza era lenda, pois funcionou muito bem em Daphne e Pansy. Provavelmente as Veelas não são de empregar o Encanto com frequência em mulheres, por isso da suposição errada. Weasley poderia oferecer alguma resistência, mas talvez se Dallas empregasse força o bastante em seu tom de voz…

— Dallas? — Potter a tocou de novo, desta vez a sua mão, e o roçar de pele contra pele fez um arrepio subir pelo seu braço e algo morno alojar-se na boca de seu estômago. Potter sentiu o mesmo, pelo modo que ele adquiriu uma curiosa expressão de peixe fora d'água e recolheu a mão como se tivesse levado um choque. 

— O meu silêncio terá um preço, Potter. — decretou, porque era sonserina e com eles nada vinha de graça. 

— E qual será? 

— Não sei ainda, mas quando chegar a hora, eu vou cobrar. 

— Okay. — ele concordou e Dallas sorriu largamente para ele, o que o fez ruborizar. 

— Ah, outra coisa: para que vocês querem uma poção Polissuco? — ela perguntou após alguns passos dados para partir. Potter abriu a boca para responder, mas mudou de ideia no meio do caminho. — Quer saber, melhor eu não saber, assim não me torno cúmplice. — declarou, mas ainda sim, involuntariamente, Dallas acabou descobrindo o porquê do trio estar fazendo uma poção Polissuco quando entrou na sala comunal da Sonserina e viu Crabbe e Goyle, sentados no sofá, com cara de constipados enquanto ouviam Draco tagarelar. 

Dallas aproximou-se dos três meninos, com os livros abraçados contra o peito e os olhos fixos em Crabbe e Goyle que remexeram-se sobre o sofá. 

— Winford! — Draco praticamente gritou o nome dela para todos na sala ouvirem. — Onde está Zabini? 

— Sei lá. — Dallas respondeu com displicência e viu Goyle engolir em seco quando ela aproximou-se da dupla no sofá. Se observasse bem, ela quase podia ver um reflexo verde sob as íris castanhas de Goyle. 

— Zabini é um estúpido! Ele deveria ficar na sua cola. — Dallas desviou o olhar do rosto de Goyle para Draco que gesticulava largamente e parecia genuinamente irritado com o fato de Zabini não ser a atual sombra dela.

— Isto ainda é por causa dos ataques? — Dallas refreou-se para não rolar os olhos. — Pensei que era de consenso geral que eu não sou uma nascida-trouxa. 

— Sim, nós da Sonserina sabemos disto, mas e as outras casas?

— O que tem as outras casas? — Draco bufou diante da completa ignorância dela, ou fingida ignorância. 

— Os sangue-puro não reconhecem os Winford como família sangue-puro e a sua postura e o seu comportamento grita dinheiro e tradicionalidade, então se você fosse sangue-puro nós saberíamos, os sangue-ruim… — de rabo de olho Dallas viu Crabbe dar um pulo no sofá e fechar a cara, mas a mão grande de Goyle o manteve no lugar. Pela reação dele, apostava que era o Weasley sob o efeito da poção Polissuco. — que não viveram em um buraco durante anos conhecem o nome Winford como uma tradicional e rica família trouxa londrina e todos devem estar se perguntando como uma sangue-ruim veio parar na Sonserina. Como os sangue-puro não sabem sobre a sua história, não presumem que um de seus pais seja um bruxo, os sangue-ruim sabem a sua história mas não devem ter passado na cabeça oca deles de que a sua mãe desconhecida seja uma bruxa e todos sempre acham que somente sangue-puros vêm para a Sonserina. 

— Então vocês estão bancando a minha escolta baseados na incerteza que o restante da escola tem sobre a minha árvore genealógica, e se quem está atacando os nascidos trouxas não for da Sonserina, eu corro risco, é isto? Draco! — Dallas deu ao menino um sorriso debochado. — Eu não sabia que você se importava! — finalizou, e levou o punho fechado sobre o peito em um gesto dramático de alguém que estava bem comovido diante da atitude do colega. 

Draco fez uma expressão azeda, a sua expressão padrão de quem não queria admitir que se importava com alguém porque isto demonstrava fraqueza. 

— Cale a boca, sangue-ruim! — desta vez foi Goyle que precisou ser segurado por Crabbe para não avançar sobre um Draco alheio a verdadeira situação que acontecia ali. Dallas deu ao colega de casa um enorme sorriso charmoso.

— E aí? Sente-se melhor? — Dallas fez a pergunta padrão que sempre irritava Draco, a pergunta que ela usava para desarmá-lo por completo. Draco não respondeu, somente fez um bico e cruzou os braços sobre o peito em uma pose que ele julgava intimidadora, mas que para Dallas mais lembrava um chihuahua querendo se passar por um doberman. — Boa noite Draco. — desejou, tomando o rumo para o dormitório, até que lembrou-se de algo e olhou por cima do ombro para dirigir-se à Goyle. — Ah, e Goyle? — o mencionado deu um pulo no lugar de susto e mirou olhos largos em Dallas. — Com isto são dois favores que você está me devendo. — sorriu calmamente para ele e Goyle engoliu em seco.

— Que favores? — Dallas ainda ouviu Draco perguntar enquanto subia a escadaria para o dormitório o feminino. Depois disto, a voz dele tornou-se nada mais que um eco longínquo nas paredes frias de pedra da sala comunal. 

 


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