Lena escrita por Rapha Jorge


Capítulo 2
Em Um Dia De Outono


Notas iniciais do capítulo

Desculpa por não ter postado ontem como deveria, tive um contratempo e espero qe não volte a se repetir.



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Era mais um dia de outono. Enquanto as crianças se divertiam na escola, Milena continuava, como durante toda sua vida, sentada na cadeira da pequena sala de sua casa. A professora particular estava sentada à sua frente, ensinando o que a garota deveria estar aprendendo rodeada de amigos em uma sala de aula. Mas a guerra política que uma criança de 10 anos jamais havia entendido, entre sua família, os Castelo, e a família dos Monte Azul, fazia com que seus pais tivessem optado por educar os três filhos em casa.

— Acabou, minha querida._ A professora falou enquanto fechava o livro de matemática.

— Finalmente._ A menina sorriu enquanto pulava da cadeira_ Então já posso ir?

— Imagino que possa. Amanhã eu estarei de volta.

— Até amanhã, professora!_ Ela sorriu para a empregada que esperava sentada em uma poltrona ao lado da porta_ Pode levar a professora?

— Claro que sim, menina. Só te aviso, como sempre, que não é pra correr para muito longe, sim?

— Tudo bem._ Ela sorriu e correu pela porta da até desaparecer no longo corredor.

...

Henrique Monte Azul estava voltando para casa, saído da escola junto com seus amigos. Ao chegar na porta da chácara de sua família, ele se despediu:

— Até amanhã, galera.

— Ei..._ Um dos amigos disse_ Você não quer ir brincar com a gente naquele pasto grandão perto da fazenda dos Castelo?

— Não posso. Meus pais me proíbem de ir lá.

— Eles não precisam saber, cara!_ Outro amigo o incentivou_ Olha, reza a lenda que os dois filhos estranhos dos Castelo vivem brincando por aquela bandas. E eu realmente tenho muita curiosidade de conhecer os manés.

— Por que tanta curiosidade?_ Henrique perguntou, curioso_ São só crianças como nós.

— Meus pais falam que eles não saem de casa porque o pai tem medo de que matem um deles. Já ouvi os dois falando que os três serão os "herdeiros políticos do pai" e que, por isso, nada pode acontecer com eles. E que só conheceremos os mimados quando se candidatarem pra câmara.

— Meu pai me fala muitas vezes que sou o "herdeiro político" dele, mas nem por isso eu fico preso em casa. Pelo contrário, ele fala que um bom governante tem que estar com as pessoas, não isolado.

— Fala isso pros idiotas que enriqueceram às nossas custas e, mesmo assim, ainda ganham as eleições.

— Meu pai disse que nesse ano nós vamos ganhar a eleição.

— Tomara. Então você vem com a gente?

— Vou sim. Falo que vou fazer trabalho e saio. Me chamem aqui na hora que forem.

— Beleza. Até mais tarde, Henrique!

— Até!

Ele foi para casa, almoçou rápido e depois correu para brincar com os amigos. Milena fez o mesmo e, apesar de não ter amigos com quem brincar, depois de pouco tempo já estava correndo pelos campos de sua fazenda, brincando com sua amiga imaginária. Ao se aproximar da colina na qual estava uma estufa que um dia fora o bem mais precioso de sua falecida avó, ela se distraiu, tropeçou em uma raiz elevada do chão e caiu em cima de seu braço.

...

Os garotos brincavam de pique pega pelo campo quando ouviram uma voz de choro.

— Galera, tem alguém chorando ali na frente._ Henrique falou.

— Não se mete, Henrique. Podem ser os filhos insuportáveis do prefeito. Anda logo!

— Eu preciso ir lá ver o que é. Tá muito longe da casa deles e a pessoa pode estar precisando de ajuda!

— Se o capataz te pega aqui, ou te bate ou te leva direto pro seu pai, e aí você vai estar encrencado. Henrique..._ Quando o garoto olhou, o amigo já havia saído correndo na direção do choro_ Henrique!

O jovem Monte Azul correu pelo pasto e pulou a cerca que separava os limites da fazenda dos Castelo, até que encontrou Milena caída no chão.

— Oi, menina, tudo bem? O que houve?

— Não sei, mas acho que quebrei o braço. Tá..._ Ela soluçava_ Tá doendo demais.

— Calma. Vou te ajudar. Onde você mora? Tá muito longe de casa?

— Tecnicamente eu tô na minha casa, só que bem longe dela.

— Mora na fazenda dos Castelo?

— Sim. Eu sou a...

— Milena!_ Seu irmão mais velho, Rodrigo, veio ao seu encontro_ Quem é você, garoto? E o que tá fazendo na minha fazenda com a minha irmã?

— Desculpa. Eu... Eu só quis ajudar. Estávamos brincando quando eu escutei o choro da sua irmã e vim ajudar.

— É sério? Poxa, sendo assim, te agradeço muito mesmo. Vem, mana, vou te levar lá pra casa e pedir pro papai te levar pro hospital.

— Espero que fique bem._ Ele sorriu.

— Posso saber seu nome?_ Ela perguntou.

— É Henrique._ Ele sorriu, se virou e correu para longe.

...

Naquele ano, o pai de Milena foi eleito prefeito, e o reinado dos Castelo e seus aliados continuou... Por mais oito anos.

 


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