Libertinamente Marotos - HIATUS escrita por Lady Anna


Capítulo 17
Capítulo XVI


Notas iniciais do capítulo

Oie! Tudo bem com vocês?
A pequena sumida que eu dei daqui foi devido a alguns outros projetos fanfiqueiros que eu também estava desenvolvendo e que levaram parte do meu tempo. Aliás, aproveitarei para apresentá-los a vocês:
1°: minha fanfic para o Jilytober (mês do nosso casalzinho preferido *-*) https://fanfiction.com.br/historia/795839/Manhas_de_Lua_Cheia/ é um headcanon de deixar o coração quentinho, então vão lá ler!
2° minha nova long fic (Scorose, deem uma chace pleaseee) https://fanfiction.com.br/historia/795489/A_Sky_Full_of_Stars/
Sem mais delongas, vamos ao capítulo!
Espero que gostem! ♥



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"No desespero e no perigo, as pessoas aprendem a acreditar no milagre. De outra forma não sobreviveriam."Erich Remarque

James sentia o rosto dolorido. Mais do que devido ao soco que o Sr. Evans lhe dera, o esforço para manter a expressão calma e neutra o estava matando. As mãos, que agora seguravam o mais firme possível a rédea do cavalo, tremiam desde que o momento que soubera do desaparecimento de Lily, horas atrás.

Logo após deixar a Sra. Evans aos cuidados de sua mãe, foi até o estábulo pegar o melhor cavalo que possuía e lá encontrou o Sr. Evans. Da forma mais pragmática possível, James o explicou todo o ocorrido e não se surpreendeu nem um pouco quando o homem desferiu um soco em seu rosto. Furioso seria um eufemismo diante do estado de espírito daquele homem.

—Tenha consciência de que tudo que está acontecendo é culpa sua! –Acusou-o. –Lily é impulsiva, mas tem um bom coração. Se ela disse que precisava de sua ajuda, provavelmente estava acontecendo algo importante que você poderia ter solucionado, porém escolheu não fazê-lo.

Eles foram até a propriedade de Sirius, afinal precisavam de toda a ajuda possível. Os três foram até o local em que Lily pedira ajuda a James e, por algumas libras, um mendigo lhes disse que um homem apanhara uma garota ruiva por trás e a levara até a pequena igreja ali perto. Com o coração acelerado, o Potter entrou na velha capela e sentiu-se ainda mais desesperado ao encontrar um pequeno pedaço do vestido que Lily usava preso no banco.

Apesar de perguntarem para todos naquela ruela, ninguém vira ou ouvira nada. Não havia notícias do paradeiro de Lily ou de Marlene, a qual eles haviam deduzido que estava junto com a ruiva pelas pegadas no chão empoeirado.

—Precisamos pensar, raciocinar. –Os olhos de James passearam, rápidos, por todo o local. –Ele a trouxe até aqui, o que significa que provavelmente pegou o caminho para fora de Londres. Há diversas opções para seguir a partir daí, maldição!

—Além de saídas para outros países, como Escócia... –Sirius passava a mão pela poeira em cima do banco.  –Esse lugar foi escolhido estrategicamente. Olhem bem a sua volta: tudo está tão desleixado que é provável que nem o pároco venha aqui.

Eles adentraram para o interior da capela, onde encontraram um pequeno depósito cheio de madeira velha e uma portinhola para um porão. Sirius desceu até lá e minutos depois já retornava.

—É óbvio que não queriam simplesmente se livrar da Srta. Evans, afinal seria muito fácil deixá-la em um porão qualquer como esse e, ao invés disso, levaram-na. Aparentemente encontraram uma forma mais simples de controlá-la.

—Uma forma que impede que qualquer um que queira ajudá-la realmente consiga ajudá-la. –Concluiu James.

—Podem ter as levados para uma fazenda...

—É isto! –O Sr. Evans já saia em disparada para fora da capela. –Provavelmente estão as levando para Gretna Green para casá-las. É a forma mais rápida de se controlar uma jovem, afinal, elas se veriam a mercê do marido após isso. Lily lhe disse se isso havia algo a ver com você? –Antes mesmo que James respondesse, o homem já continuava: –É óbvio que tem a ver com você, afinal ela pediu a sua ajuda. Todas as garotas querem se casar com você e devem ter pensado que há algum interesse seu pela minha filha. Por isso a levaram para se casar, assim o caminho até você fica livre.

Diante do olhar fulminante que recebia, James se encolheu ainda mais. Se aquele improvável raciocínio estivesse correto, ele se sentiria ainda mais culpado por tudo que estava acontecendo com Lily. Subindo em seus cavalos como uma rapidez surpreendente, os três cavalheiros dirigiram-se até o vilarejo casamenteiro. Durante o percurso, James ocupou sua mente rezando para que tudo ficasse bem com Marlene e Lily.

—×-

—Você é ainda mais bonita do que eu imaginava, Srta. Meadowes. –Dorcas sorriu para o garotinho a sua frente. Mike, pelo que Remus escrevera na carta. –É a noiva do Sr. Lupin, certo?

—Isso mesmo. Você que o ajudou a escrever a carta para mim, não foi? –Dorcas sorriu docente diante do aceno positivo dele. –Muito obrigada por isso. Ainda não o agradeci propriamente e sinto não nunca conseguirei.

—Que isso! –Ele fez um movimento de descaso com a mão. –Eu só gostaria que ele não fosse tão meloso.

Mike fez uma careta que Dorcas achou incrivelmente fofa e divertida. Na realidade, desde que chegara à propriedade de Lorde Finnigan não conseguiu parar de sorrir. Desde que o Dr. Parsley, o médico de confiança de seu pai, dissera que Remus estava estável e que logo eles poderiam entrar para vê-lo, Dorcas se sentia mais leve do que uma pluma. Anteriormente, a preocupação a estava consumindo, porém, agora só a ansiedade se fazia presente em seu peito. Sim, não havia como negar que ela estava ansiosa para vê-lo.

—Já pode entrar para vê-lo, Srta. Meadowes. –O médico saiu do quarto de visitas da mansão de Lorde Finnigan. Desde que seu pai o procurara e ele ficara sabendo que Remus, o dono de um renomado cassino, estava em sua propriedade, Lorde Finnigan fizera o possível para lhe proporcionar o máximo de conforto possível. Por isso, Remus fora transportado pelo médico e por alguns empregados até um quarto no segundo andar da mansão. –Ele teve apenas algumas lesões externas, nada que não conseguimos tratar.  

Quando ela entrou no quarto, seu primeiro impulso foi correr até Remus e se jogar em seus braços, mas parou na metade do caminho, com medo de machucá-lo. Ele estava sentado na cama, com os cabelos maiores do que o normal e a barba por fazer, além de alguns arranhões e machucados arroxeados nos braços e no rosto. Apesar disso tudo, a expressão dele era sorridente enquanto abria um dos braços para ela:

—Vem cá, meu amor. –Dorcas o abraçou com cuidado e sentiu o conhecido cheiro dele. Nesse momento, algo dentro dela se rompeu e grossas lágrimas desceram pelo seu rosto. –Calma, meu amor. Não há motivos para chorar. Eu estou bem, juro.

—Eu...eu pe-pe-pensei que vo-você estivesse mo-mo-mo... –Por algum motivo, ela não conseguia pronunciar aquela palavra e isso fez com que mais lágrimas saíssem de seus olhos.

—Eu sei. Me desculpe por isso, meu bem. Eu mandei a carta assim que possível. –Remus acariciava os cabelos loiros com a mão enquanto dava tenros beijos em sua testa. –Prometo que algo assim nunca mais vai acontecer.

Com a ajuda de Dorcas, Remus escrevera cartas para Sirius e James, contando a eles onde estava e como estava. Lorde Meadowes garantiu que ele mesmo as entregaria a fim de evitar qualquer possível mal entendido. Os dois passaram o dia abraçados, conversando e não perceberam a chegada eminente da noite e nem a chuva que começara.

Dorcas, –seu pai a chamou. –A governanta lhe levará até seu quarto, em outra ala.

Dorcas sabia que tudo aquilo era para manter o decoro, mas, estranhamente, ela não se importava. Depois de tanta preocupação e tristeza, somente queria ficar ao lado dele. Assim, algumas horas após todos se deitaram, ela saiu silenciosamente de seu quarto e foi até o de Remus. Com cuidado, abriu a porta, a qual rangeu enquanto ela entrava, o que o despertou.

—Quem está aí? –Quando Dorcas se aproximou, ele abriu um grande sorriso, mesmo com a expressão surpreso. –O que está fazendo aqui?

—Eu...só queria ficar aqui. Com você. Posso? –Ela sentia as bochechas quentes e tinha certeza que estava muito corada. Quando Remus levantou uma parte do cobertor, convidando-a a entrar, ela rapidamente se deitou ao lado dele. Envolvida pelo calor dele e sentindo as carícias em suas costas e no cabelo, Dorcas sentiu-se compelida a disser: –Eu acho que eu meio que estou gostando de você.

—É mesmo? –Ela assentiu e Remus a apertou mais o braço em sua cintura, a beijando em seguida. –Bem, eu tenho certeza que eu inteiro estou gostando de você.

—×-

—Você sabe como funciona o acordo entre um vassalo e um suserano? Bem, eu vou te explicar.–Marlene reprimiu um sorriso ao ver Emmeline bufar. Aparentemente a forma inusitada que Lily encontrara de distraí-la estava funcionando. Elas ainda não entendiam a motivação da loira para ajudar Bellatrix e os capangas dela, mas elas não tinham tempo para tentar entender: estavam na última parada antes de chegar à Gretna Green e, aparentemente, os futuros maridos delas já chegaram. –Obviamente, eu não tenho certeza se ainda acontece porque não posso participar da política, o que um absurdo. Eu seria bem mais competente que a maioria dos lordes no parlamento. Aliás, eu tenho até algumas ideias para leis, mas isso não vem ao caso agora. Voltando a prática da vassalagem, ela era muito comum há, aproximadamente, 300 ou 400 anos e consistia em...

Marlene admirava a calma de Emmeline porque Lily estava assim já fazia certa de duas horas. Até o momento, ela já explicara como o parlamento surgiu, o porquê deles tomarem chá à tarde e toda a história da monarquia inglesa. Enquanto isso, Marlene utilizava a faca de Lily para cortar as cordas que colocaram na mão dela. Milagrosamente, ninguém notara que as cordas nos pés delas e na mão de Marlene estavam cortadas e substituíram as algemas nas mãos de Lily por cordas, afinal a pele já estava avermelhada. Elas ainda não tentaram fugir, estavam esperando o momento perfeito. E ele finalmente chegara: Bellatrix, os capangas dela e os supostos noivos haviam saído e deixado apenas Emmeline as vigiando. Era agora ou nunca.

—...Era dever do vassalo apoiar seu suserano politicamente, incluindo em possíveis guerras...

—Você pode, por obséquio, parar com isso? –O rosto da Vance estava vermelho de raiva e...desespero? –Eu nunca quis isso, ok? Só mandei aquele bilhete falando que vi você e o James porque só queria te amedrontar para ter alguma chance com ele. A ideia do sequestro foi de Bellatrix e...e...tudo saiu do meu controle! Eu não queria fazer isso! Eu...precisei.

Emmeline fungou e secou rapidamente os cantos dos olhos.

—Você não precisa ajudá-los nisso. –A voz de Lily estava suave e macia, como se ela falasse com uma criança. Os olhos de Emmeline estavam fixados nela e, naquele momento, Marlene não soube dizer se Lily somente queria distraí-la ou se realmente falava sério. –Nos ajude a fugir e nós ajudamos você com o que precisar. Eu juro.

Emmeline a olhava em dúvida e por fim disse:

—Vocês não podem me ajudar. –Uma lágrima que ela não conseguiu secar desceu pelo rosto dela.

—E a Bellatrix pode?

A loira abriu a boca para responder, mas logo a fechou. Os olhos  amendoados estavam apavorados e Marlene quase sentiu dó dela. Quase.

—Eu preciso me casar. –Emmeline disse. –Minha família está falida e...

—Se casar não é a única forma. –Lily revirou os olhos. Quando Marlene finalmente conseguiu soltar as mãos da ruiva, ela se arrastou um pouco para mais perto de Emmeline. –Você pode ser acompanhante, dama de companhia, babá ou...

—Nada disso vai dar certo! Olhe para mim: quem irá me contratar?–Emmeline sentou-se em uma cadeira velha e colocou a cabeça entre as mãos. Marlene reparou que as unhas estavam surpreendentemente mal cuidadas e sujas. –Meus pais me expulsaram de casa logo após o baile dos Longbotton’s. Eu não tinha onde morar e a Bellatrix me deixou morar no Solar Black enquanto eu não encontrasse um marido. Mas, ela me disse que eu tinha que ajudá-la senão... –Ela não conseguiu completar apenas soluçou alto. Lily se levantou, jogando as cordas cortadas em um canto. Quando Emmeline voltou a falar a voz soava quebrada. –Eu não queria fazer nada disso com vocês. Me desculpem! Eu sei o quanto isso é errado, mas eu não tive escolha.

—Sempre temos escolha. –Era a primeira vez que Marlene falava desde que haviam chegado naquela parada, o que atraiu a atenção de Emmeline. Quando percebeu que as garotas haviam se soltado, Emmeline não pareceu surpresa, mas incrivelmente aliviada. –E você pode escolher nos ajudar. Prometemos que depois lhe ajudamos com o que precisar. E aí?

O silêncio a seguir parecia uma presença viva entre elas. Por fim, Emmeline foi até a janela e a abriu vagarosamente, fazendo o mínimo de barulho possível.

—Vamos sair por aqui. –Ela foi até o canto onde Lily jogara as cordas e as pegou, emendando-as umas nas outras com nós rápidos e precisos. –Há um capanga na porta desse quarto e outro na porta da estalagem, o que significa que sair pela porta será quase impossível. A janela, por outro lado, é bem mais viável, afinal estamos no segundo andar.

Elas puxaram a pequena cama para perto da janela e amarraram uma ponta da corda no pé dela, enquanto a outra ponta foi jogada no lado de fora. Apesar de ser de boa qualidade, a corda tinha muitas partes remendadas, tornando-a instável.

—Vocês vão primeiro. Alguém precisa ficar segurando para as duas primeiras descerem e eu posso fazer isso. Eu preciso fazer, levando em conta que vocês estarem aqui é culpa minha. –Emmeline disse. Lily estava pronta para argumentar, mas a loira balançou a cabeça negativamente. –Além disso, eu sou mais leve que vocês, o que significa que ninguém precisa segurar a corda para mim.

Olhando atentamente para ela, Marlene percebeu que Emmeline estava bem mais magra do que de costume e que o vestido velho e sujo estava estranhamente largo em sua cintura. Um aperto tomou conta de seu peito e ela desejou poder retirar o que dissera mais cedo: nem sempre havia escolha.

—Tudo bem, vamos lá. –Lily amarrou as saias pouco abaixo da cintura para que seus movimentos não fossem comprometidos pelo tecido. Apoiando um pé na janela e o outro em uma falha da parede, a ruiva começou a descer. Rápida como uma flecha, ela já estava no solo e continha um sorriso alegre no rosto. –Isso é muito divertido! Podemos fazer de novo outro dia?

Marlene revirou os olhos, mas suprimiu o sorriso. Com cuidado, apoiou os pés na parede e começou a descer, sentindo um deja vú tomar conta de si momentaneamente. Na infância, quando ainda morava no marquesado de seu pai, costumava descer a janela de seu quarto para ir brincar com as filhas dos empregados. Seu pai não gostava que ela se envolvesse com aquelas crianças, mas a pequena Marlene não se importava, sua única preocupação era se divertir.

—Rápido, Marlene! –O sussurro de Emmeline a despertou, fazendo-a perceber que parara no meio da descida.

Marlene estava quase no chão quando ouviu o grito horrorizado de Emmeline, o que a fez olhar para cima. Ela viu a loira cortar a corda e jogar a faca para Lily e, em seguida, um homem a agarrou por trás, fazendo-a gritar novamente. Marlene caiu de costas no chão, sem fôlego e com olhos fechados, o que não a impediu de ouvir a voz estranhamente melodiosa de Bellatrix:

—Você não deveria ter feito isso, loirinha. Vai pagar caro por essa infidelidade. –Marlene estava petrificada no chão, sentindo todos os seus músculos moles. Mais um grito de Emmeline seguido por uma ordem de Bellatrix foi o que a fez despertar. –Rápido imprestáveis, vão pegá-las!

Ela se levantou e, mesmo com as tonturas e a visão turva, conseguiu rapidamente se orientar. Lily tentava subir a parede, o desespero evidente em seu rosto.

—Não! Não! –Marlene não sabia se Emmeline gritava com elas por ainda estarem ali ou com quem quer que estivesse dentro do quarto. A loira apareceu na loira, com um ferimento saindo sangue na testa, e gritou enquanto olhava fixamente para ela: –Vão! Vocês precisam sair daqui! Vão procurar ajuda! Senão tudo será em vã...

Alguém a puxou para trás, fazendo-a soltar um grito alto. Mesmo contra sua vontade, Marlene puxou Lily pelo braço, olhando-a nos olhos.

—Vamos. Precisamos sair daqui agora. É a nossa única chance. É a única chance de Emmeline. —Na realidade, Marlene queria subir as escadas daquela estalagem com a faca em mãos e atacar qualquer um que ousasse tentar impedi-la e salvar Emmeline daqueles babacas, mas ela enxergava que o mais sensato, no momento, era sair dali o mais rápido possível e pedir ajuda.

—Você sabe andar a cavalo? –Perguntou a Lily assim que chegaram aos estábulos.

—Sei. –A ruiva já estava subindo em cima de um cavalo preto alto. –E você?

—Tem uma primeira vez pra tudo, não é? –Diante dos olhos verdes arregalados, Marlene subiu em um cavalo branco bem menor que o de Lily.

Em outro momento, no qual ela estivesse mais lúcida e menos desesperada, Marlene perceberia o quanto aquilo era insano e como a probabilidade de dar errado era exorbitantemente alta. Entretanto, agora só conseguia pensar que aquelas baboseiras de dama não estavam a ajudando em nada. Deveria ter aprendido a andar a cavalo ao invés de dar um ponto cruz prefeito.

Fazendo o mesmo som que Lily fazia com a boca, Marlene sentiu o cavalo começar a se mexer cada vez mais rápido. Segurando com força na parte frontal da cela, a qual ela não fazia ideia do nome, ela rezou com todas as suas forças para que aquela fuga desse certo e que elas conseguissem voltar para ajudar Emmeline.

—×-

Lily sempre se considerada uma pessoa sensata. Quer dizer, havia situações em que ela percebia as próprias inconsequências, mas, no geral, poderia ser considerada uma pessoa sensata. Naquele momento, com o vento batendo forte em seu rosto e os olhos revezando entre olhar para a estrada e para Marlene, a qual estava se saindo espetacularmente bem para uma primeira vez, não se sentia nem um pouco sensata. A palavra correta seria desesperada. Desesperadoramente desesperada.

Ela não sabia aonde aquela estrada daria ou se as pessoas que iriam encontrar poderiam ajudá-las. Não sabia nem se estavam na direção certa, oras!

Vendo três cavaleiros vindo a frente delas na estrada, ela sentiu-se relaxar um pouco. Parou o cavalo com uma série de movimentos, os quais Marlene imitou tardiamente.

—Olá, senhores. Por favor, nos ajudem! –Lily começou a explicar a situação para os três homens a sua frente. Um deles era mais velho que seu pai e os outros dois mais jovens eram muito parecidos, provavelmente irmãos.

Quando acabou de lhes explicar a situação da forma mais coerente possível, o que não era muito, Lily sentiu seu queixo ir ao chão ao escutar as palavras do mais velho:

—Vocês estão andando à cavalo com uma perna de cada lado, como se fossem homens?

—Ah, pelo amor de Deus! –Os homens arregalaram seus olhos ao ouvir Marlene praguejar. –É sério que, depois de tudo que ela falou, foi nisso que você prestou a atenção. Tentaram nos sequestrar, porra!

—Senhorita! Por favor, utilize um vocabulário adequado. –O homem mais velho a olhava escandalizado, enquanto os mais jovens pareciam se divertir imensamente.

—Desiste, Marlene. Vamos embora.

Lily já estava puxando a rédea do cavalo quando ouviu uma voz fria e arrastada gritando:

—Amor, você tem que se acalmar. –Mesmo sem nunca ouvir aquela voz, ela tinha certeza que aquele era um dos capangas de Bellatrix. Era impossível não reconhecer o homem que a olhara estranho durante toda a viagem. –Senhores, como vão? Vejo que encontraram minha noiva e sua acompanhante.

Lily sentiu sua garganta se fechar e a respiração falhar. Os cabelos pretos oleosos do homem estavam bagunçados pelo vento e sua expressão era um misto de raiva e calma, o que o tornava extremamente assustador.

—Qual delas é sua noiva? –Perguntou o velho, mal humorado. –Porque umas delas não tem um pingo de educação.

—Nós temos educação, mas só a usamos com quem realmente merece. –Lily conservou toda a dignidade que aquela situação permitia. –O que, pelo visto, não vem ao caso.

—Me desculpem pelos modos da minha noiva. –Lily tentou se afastar, mas o capanga de Bellatrix conseguiu pegar a rédea do cavalo, o que a fez descer da montaria no mesmo instante. Ao seu lado, Marlene fez o mesmo. –Ela tem alguns...problemas mentais se é que me entendem.

—Eu nem sei seu nome, babaca.

—Como eu disse, –ele continuou, não se importando com a ofensa. –Ela se desesperou devido a uma visita do médico e quis fugir da casa do pai e a acompanhante desnaturada a ajudou.

—Isso é mentira! –Marlene olhou para os homens mais novos, os quais ainda poderiam acreditar nelas. O mais velho parecia querer interná-las em um hospício o mais rápido possível. –Lily não tem nenhum problema e esse babaca tentou nos sequestrar junto com uma doida...

—Querida, você está com uma faca na mão. –O idiota de cabelo sedoso a olhava com falsa ternura. –E minha amada Lily está com o vestido levantado, o que demonstra por si só o verdadeiro estado de espírito dela.

Lily olhou para o nó que dera nas saias quando foi pular pela janela e sentiu seu estômago se embrulhar. Tudo estava perdido. Aqueles homens nunca acreditaram nelas e provavelmente ajudariam aquele babaca a levá-las de volta.

—Enfim, eu preciso levá-las de volta. –O homem desceu do cavalo e caminhou calmamente até elas. Marlene se colocou na frente de Lily e apontou a faca para ele. –Por favor, senhorita. Não torne as coisas mais difíceis.

Lily percebeu que Marlene iria atacá-lo, porém um dos homens mais jovens desceu do cavalo e se colocou ao lado delas.

—Calma, senhor. Acho que devemos dar um pouco de crédito as senhoritas, pelo menos pela coragem. –Ela dirigiu a Lily um sorriso bonito. –A senhorita poderia, por obséquio, nos explicar novamente o que aconteceu?

—Não temos tempo para isso, Pearl. –Disse o mais velho.

—Ora, é claro que temos, Sloughrn. Isso, com certeza, é melhor que uma tarde no clube.

Lily contou novamente a história, mais calma dessa vez. Pearl não a interrompeu em nenhum momento, apenas fez alguns sons de surpresa em algumas partes. Ela já estava terminando o relato e esperando que ele acreditasse nela quando ouviu um grito que a aliviou e a tensionou ao mesmo tempo.

 –Lily! –James Potter vinha acompanhado de outros dois cavaleiros e Lily permitiu-se, pela primeira vez desde aquela loucura começara, deixar algumas lágrimas cair.


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Notas finais do capítulo

E aí? Confesso que esse capítulo foi uma grande confusão de sentimentos para mim. Não foi difícil, mas foi trabalhoso, já que eu nunca ficava satisfeita na forma que ficava o reencontro Jily (o que ficou praticamente só pro próximo capítulo)
Enfim, queria dizer que acho (se meu plot seguir direitinho o que tenho em mente) que estamos mais ou menos no meio da fic e que teremos um pouco menos de desespero daqui pra frente (acalmem seus coraçõezinhos, mas nem tanto haha)
Por fim, a volta de Emmeline dessa forma não estava no plot inicial e é algo que eu quero construir a partir de agora, fazer a personagem crescer com suas falhas e tals- e ter um desfecho bem legal também.
Enfim, me mimem com comentários aqui (e nas minhas outras fics também haha)
Beijoos