Valentine escrita por Ero Hime


Capítulo 6
Quando tudo começa a dar certo


Notas iniciais do capítulo

Acho que eu só posso acreditar a cada um que ainda lê, acompanha e não desistiu de mim ainda. Quem me acompanha no twitter viu que minha vida simplesmente virou de cabeça para baixo. Meu vô pegou corona :(
Foram 3 semanas de observação, graças a Deus ele está bem e minha família também, mas o susto foi grande
Então, a todos que puderem FIQUEM EM CASA!!!!!!! Se protejam, não é brincadeira!!!
Finalmente a inspiração pôde voltar e agora quero escrever mais do que nunca. Valentine acaba no próximo capítulo, e Porto Seguro também faltam 2 capítulos que vou postar ainda hoje!
Obrigada, muito obrigada a todos ♥



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Quando (quase) tudo começa a dar certo

 

Nada fazia sentido.

Hinata se sentia constantemente ansiosa, paranoica e ligeiramente sem ar. O motivo? Sempre que se lembrava do par de olhos azuis oceano e aquele sorriso ridículo, branco e gigantesco, como se todos os trinta e dois dentes estivessem brigando por um lugar na frente.

Quer dizer, não havia uma justificativa plausível, mas sua mente continuava perturbando-a com memórias inoportunas e vergonhosas.

O jantar tinha sido, no mínimo, agradável, e, no máximo, extraordinário. Inenarrável. Surreal. Fabuloso. Perfeito.

Naruto poderia ser tudo, menos o que a imaginação psicótica de Hinata tinha imaginado. Quer dizer, ele ainda poderia protagonizar, tranquilamente, um belo clichê adolescente que encabeçaria sua cômoda, mas, dessa vez, com as partes boas.

Ele era atencioso, mas não de um jeito forçado. Era engraçado – quer dizer, Hinata não conseguiu parar de rir enquanto comiam, e hambúrguer com chá era estranhamento harmonioso ao paladar. Além de ser absurdamente bonito, do tipo, perigoso demais para a própria saúde, é claro. Naruto era o conjunto completo de um protagonista apaixonante.

Era carismático, e deu gorjetas para os garçons. E, durante toda a noite, ele não tirou os olhos de Hinata. Nem por um minuto. Ele a olhou da mesma maneira a tarde toda, como se estivesse bebendo cada palavra que ela dizia, com a máxima atenção, a coisa mais incrível que já tinha ouvido em toda sua vida.

Hinata se sentiu constrangida, tímida e deslumbrada. Receber toda aquela atenção realmente fazia bem para o ego, ignorando, certamente, todas as reações hormonais que faziam seu coração saltar para a boca.

A lista de qualidades era gigantesca. Defeitos? Ser bonito demais contava alguma coisa? Ser popular? Ser bom no basquete?

Era só o que ela conseguia pensar.

E agora estava surtando em seu quarto, sem conseguir dormir e com o rosto pegando fogo cada vez que se lembrava de um elogio despropositado ou um comentário idiota.

Faltava um dia para o baile de dia dos namorados, e Naruto seria seu acompanhante. Como uma cena perfeita demais, Hinata estava apenas esperando pelo momento em que algo dá terrivelmente errado.

Era quinta-feira. Na sexta, o colégio passaria por uma mudança de decoração completa, onde o grande ginásio seria transformado na sede das quatro horas mais torturantes e, de alguma maneira, mais socialmente esperadas do mês. Corações, fitas vermelhas, ponche quente e músicas românticas preencheriam todo o espaço tomado por casais em roupas caras e alugadas.

Hinata mal podia esperar por isso.

Claro, uma parte de si estava claramente se autossabotando, inventando desculpas estúpidas para justificar o porquê de Naruto Uzumaki estar agindo daquela maneira com ela.

No entanto, uma pequena parte, uma voz misteriosa, continuava incentivando sua mente a repetir a noite anterior, reviver cada lembrança, cada risada, cada conexão, cada momento de intimidade que dividiram, mostrando que não havia nada demais em dois amigos saírem juntos para jantar.

Amigos. Eram amigos? Hinata não tinha certeza se amigos se olhavam daquela maneira.

E, novamente, voltava a pensar que estava imaginando coisas e provavelmente acabaria sozinha, abandonada e magoada.

Sequer teve tempo de curtir a fossa, porque o celular mal despertou e já ouviu as batidas na porta do quarto. Pensou se sua mãe a deixaria faltar caso simulasse uma intoxicação alimentar – não seria difícil, uma vez que todas as refeições naquela casa eram suspeitas, e ela estava mesmo a beira de colocar tudo para fora.

Para ajudar, também estava nervosa. O terceiro período era de Literatura, e teriam a última prova antes das recuperações. A prova que Hinata ajudou Naruto a estudar, e que ele precisava desesperadamente passar.

Foram duas tardes longas de revisão, e ele lhe mandou centenas de mensagens com perguntas e fotos do caderno. Hinata praticamente passou a madrugada explicando em áudios cada mínimo detalhe sobre a matéria, mas nada garantiria que daria certo.

Sem esperança e sentindo-se mais dramática que o normal, vestiu meio uniforme e calçou qualquer coisa que encontrou perto da cama. Não se deu ao trabalho de cobrir as falhas grotescas em forma de olheiras, e ignorou a cantaria animada na cozinha – com o fim de semana se aproximando, sua mãe se tornaria insuportavelmente alegre.

Quando saiu de casa, já atrasada, como de costume, arrastou os pés para o carro de Sasuke, parado religiosamente no mesmo horário e no mesmo lugar. Escorregou para o banco traseiro, contudo, tomou um susto quando viu que Sakura ocupava o banco da frente.

Naruto estava do seu lado, no banco de trás.

— Bom dia, Hina! – a garota cumprimentou, toda sorridente. Hinata teve vontade de esganar a traidora, e, inconscientemente, passou a mão pelo cabelo, tentando arrumá-lo.

— Bom dia, Hinata. – Naruto repetiu, perto demais. Seu perfume era tão bom. Hinata sentiu uma onda de eletricidade percorrer sua coluna, aumentando a ansiedade e diminuindo o sono.

— B-Bom dia. – gaguejou vergonhosamente.

Afundou sob o banco, envergonhada.

— Hoje é o dia. – Naruto a cutucou com o cotovelo, causando agradáveis arrepios.

— Sim. – suspirou – Espero que você vá bem. – murmurou.

— Eu sei que vou. Afinal, tive uma ótima professora. – piscou, fazendo com que a garota queimasse em três tons diferentes de vermelho. No banco da frente, Sakura deu uma risadinha, enquanto Sasuke fez um barulho irreconhecível.

— Rebaixado a motorista e ainda preciso ficar aguentando isso. – resmungou. Naruto se inclinou para o vão, prestes a discutir, mas Hinata reprimiu uma risada autêntica.

Quando chegaram, ela não saiu correndo para seu armário. Em vez disso, esperou os outros três passageiros, aceitando que Naruto a seguiria de qualquer maneira, e continuam chamando a atenção.

Era verdadeiramente impossível andar lado a lado com o garoto, porque ele era parado a cada dois segundos para cumprimentar alguém. Impaciente – e sentindo o estômago revirar um pouco – Hinata deixou eles no corredor e foi buscar suas coisas.

— E então, ansiosa para o baile? – uma voz em sua nuca a vez bater a porta do armário de susto.

— SAKURA, pelo amor de Deus, mulher. – ofegou, teatralmente, mas o olhar afiado da rosada não a deixaria escapar da pergunta – Estou curiosa para ver como vai ser. – desviou elegantemente, mas a garota continuou seguindo-a até a sala.

— Você pensa que pode me enganar, Hinata, mas não pode. – cerrou os olhos – Eu sei que está animada para ir com o Naruto, eu vi como você dá risadinhas perto dele. – frisou, deixando Hinata corada – Olha! Fica vermelha só de pensar. – provocou.

— Me deixa em paz criatura. – reclamou, atravessando a porta e sentando-se em seu lugar habitual – Além disso, vai ser só uma noite. Não vou ficar criando esperanças. – mordeu a bochecha.

— Ai, Hinata. Tão desligada as vezes. – comentou, suspirando. Deixou a charada no ar e sentou-se também, abrindo seus livros.

A garota quis se virar e perguntar o que ela queria dizer com aquilo, mas o professor chegou, acompanhado do restante dos alunos. Entre eles, Naruto vinha com duas meninas lindas de arrasar, usando microssaias e gloss. Hinata baixou a cabeça, encabulada. Aquilo só comprovava seu ponto, afinal.

Concentrou-se na aula, e procurou não pensar em nada que envolvesse Naruto Uzumaki. Logo fariam a prova e ela estaria livre daquela responsabilidade que ela nem sabia porque tinha aceito, para começo de conversa.

Quando Kurenai entrou, a garota respirou fundo, evitando olhar para trás. Guardou suas coisas e repassou mentalmente todo o conteúdo do exame.

Iniciou as questões no mesmo instante em que pegou a prova. Era simples, e tudo que havia repassado com Naruto tinha caído. As perguntas eram objetivas, e muitas delas de comparação das obras que tinha resumido exaustivamente. Satisfeita, terminou primeiro que todos, e saiu da sala com sua mochila, ansiosa.

Resolveu esperar nos armários. Aquele seria o último período, e estariam dispensados das aulas vespertinas por conta do baile. O dia dos namorados aconteceria oficialmente em menos de vinte e quatro horas, e o estômago de Hinata dava voltas de nervosismo.

Foram dezesseis anos esperando por aquilo. E se nada desse certo?

O sinal tocou, assustando-a – seu coração era realmente muito bom. As classes começaram a se esvaziar, e, quando a maioria já tinha passado e ela tinha desistido de procurar por ele, viu os fios dourados andarem em sua direção.

Ignorando as pernas bambas e o coração palpitando, Hinata se virou, tentando adivinhar sua expressão.

— E aí? – perguntou, ansiosa.

— Eu esperei até o final e convenci ela a corrigir a minha agora. – fez uma careta, para, em seguida, abrir um sorriso gigantesco – Tirei 89!

Hinata soltou um grito completamente vergonhoso e involuntário. Sua mente não estava raciocinando direito, porque ela ficou tão feliz que sua primeira reação foi abrir os braços e se jogar no garoto parado a sua frente.

Como uma dança coreografada, ele também abriu os braços, como se esperasse por ela. Assim que seus corpos se chocaram, Hinata agarrou seu pescoço, apertando com força. Naruto a segurou pela cintura, rodopiando no ar com facilidade.

Quando a abaixou, continuaram abraçados. Era estranho – Hinata sentia como se seus corpos se encaixassem perfeitamente, feitos para estarem ali. Naruto tinha cheiro de amaciante e perfume masculino, e seus braços eram fortes e musculosos, mas também macios.

— Parabéns! – exclamou, sufocada entre seus ombros. Um sentimento de orgulho invadiu seu peito, a deixando extasiada. Afastou-se, na menção de desfazer o abraço totalmente amigável e desintencional, mas Naruto se recusou a soltar sua cintura, fazendo com que permanecessem muito perto.

— Obrigado! Eu não teria conseguido sem você. – aquele era um sorriso diferente. Era pequeno, torto e caloroso. Hinata gostou daquele sorriso.

Sua mente resolveu raciocinar apropriadamente e lembrá-la da situação em que se encontrava. Envergonhada, desviou o rosto, evitando falar e gaguejar todas as sílabas.

— Bom, agora só falta cumprir a minha parte do acordo. – Naruto respondeu seus pensamentos, com um ligeiro tom orgulhoso – Amanhã, te levarei ao baile do dia dos namorados, e serei o melhor acompanhante que você já teve.

Naruto seria o único acompanhante que Hinata já teria tido na vida, mas duvidava que fosse possível aplicar qualquer parâmetro de comparação.

— N-Não precisa fazer isso se não quiser. Eu fiquei feliz em ajudar. – murmurou, insegura, se batendo mentalmente. É claro que ela queria ir ao baile, e queria ir com ele, mas não conseguiria fazer isso sabendo que o estava prendendo por conta de um trato estúpido. Melhor sozinha do que na companhia de alguém que não desejava estar com ela.

Seu rosto estava baixo, então sentiu dois dedos em seu queixo, erguendo seus olhos até que se encontrassem com os de Naruto. Ele estava sério, mas com uma chama determinada. Seu rosto queimou sob sua mão, enquanto ela encarava as duas safiras que perseguiam seus sonhos.

— Eu quero fazer isso. Sou um homem de palavra.

Sua voz tinha tanta intensidade que Hinata se surpreendeu.

Então, Naruto sorriu, tão largo quanto ela se lembrava, e seus olhos se fecharam em pequenas fendas adoráveis.

— Eu te busco amanhã, as sete.

Isto é, se Hinata sobreviver até lá.


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