Valentine escrita por Ero Hime


Capítulo 3
Não se engane ainda, o cão é muito bem articulado


Notas iniciais do capítulo

Ai eu tô amando tanto essa históriaaaa
Precisava de um clichêzinho gostoso pra acalentar meus dias, e com a volta das aulas eu passo muito tempo no onibus, então já escrevi dois capitulos dessa fic!!! Acho que só mais um ou dois e já acabo, aí eu foco nas outras, juro de dedinho
Queria deixar um abraço SUPER MEGA APERTADO pro pinguu, que deixou comentários incríveis tanto aqui quanto no twitter, e eu fiquei feliz demais, obrigada ♥ (se eu tiver comido preposições dessa vez vou surtar juro)
Por enquanto, aproveitem!!!! E obrigada por acompanhar ♥



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Não se engane ainda, o cão é muito bem articulado

 

— Vamos! Eles já vão entrar!

Hinata só queria morrer.

Na verdade, ela já estava morta em espírito, e Sakura arrastava seu corpo sem vida escadaria abaixo, passando pela multidão como uma fuinha muito disposta. Não adiantava lutar contra a força irreprimível da natureza que era sua amiga, mas, depois da conversa estranha – realmente tinha acontecido? – com Naruto Uzumaki, Hinata simplesmente não sabia como continuar vivendo pelo resto da semana.

Naruto Uzumaki. Seu par no baile. No baile do dia dos namorados.

O capitão do time.

Era assim que as mocinhas dos seus livros se sentiam? Não era nada romântico e mágico – ela estava com vontade de vomitar tudo que tinha comido em um intervalo de tempo de seis meses, e provavelmente tropeçaria nos próprios pés a qualquer momento, porque eles estavam formigando.

Depois do almoço – que ela não aproveitara, nem mesmo o bolo de cream cheese que serviram para a sobremesa –, Sakura foi irredutível quanto a assistirem ao amistoso, mesmo que Hinata tenha caprichado em sua melhor careta de doente; aparentemente, a melhor amiga tinha o coração de gelo.

Foi assim que ela acabou sendo guinchada para o ginásio principal, fechado, com arquibancadas verticais de milhões de degraus. Hinata não se importaria em ficar no lugar mais alto – e mais longe da quadra –, mas não, é claro que Sakura queria sentia na frente.

— Não podemos ficar aqui? – Hinata reclamou, mas Sakura fingiu não ter escutado, usando o barulho ensurdecedor que as cercava, basicamente formado por gritos femininos.

O time de basquete era estupidamente popular naquele colégio – não somente pelo seu histórico impressionante de títulos conquistados ao longo de uma honrosa tradição estudantil, mas também pelos jogadores.

Jogadores esses que estavam entrando naquele exato momento, enquanto Sakura empurrava duas das líderes de torcida para pegar seus lugares literalmente atrás da rede protetora. Ela começou a gritar loucamente – assim como todo mundo –, e Hinata teve que tampar o ouvido, com uma careta arrependida. Cotovelos começaram a empurrá-la, e ela se arrependeu amargamente de realmente não ter fugido covardemente quando teve a chance.

O barulho já estava alto enquanto o time entrava, mas, no momento em que o último integrante pisou na quadra, a arquibancada se tornou insana. Hinata pensou seriamente em consultar um otorrinolaringologista depois daquele episódio.

Tudo por ele. O famigerado capitão do time.

Naruto Uzumaki vestia o uniforme completo, agora – com os tênis brancos, a bermuda e a camiseta regata. Seus músculos se destacavam de uma maneira estupidamente chamativa, e sua pele brilhava contra os refletores. E, mesmo que seu corpo escultural de 1,90m não chamasse atenção, seu rosto cativante faria todo o trabalho.

Hinata não admitiria nem no inferno, mas ele tinha um sorriso como nenhum outro. Não era por ser cheio de dentes, ou as covinhas inocentes, ou o olhar encantador – havia algo. Hinata não sabia o que, mas existia. Isso o tornava diferente de qualquer outro, mais bonito, mais charmoso, mais atraente.

Naruto Uzumaki era um verdadeiro protagonista de clichês. Filas de garotas se formavam aos seus pés, corredores de garotos se juntavam para cumprimentá-lo, as pessoas honravam seu nome, e falavam dele como um verdadeiro deus do colegial.

E, por alguma artimanha verdadeiramente cômica do destino, era Hinata quem o acompanharia no baile do dia dos namorados. Ela, uma zé-ninguém, uma incógnita invisível no colégio.

O pensamento a fez abrir um sorriso irônico.

Neste exato momento, Naruto virou-se para ela, no meio de todas aquelas pessoas, os olhos azuis como duas safiras polidas a encarando com intensidade, quase como se pudesse ler cada um de seus devaneios mais obscuros.

E Hinata jurou que seu sorriso ganhou um brilho especial quando a viu rir. Ela só esperava que Naruto não imaginasse ser para ele o sorriso – porque não era.

Quando o locutor terminou de anunciar todos os nomes dos jogadores daquele amistoso, o juiz se pôs no meio da quadra, fazendo indicações com um apito e, depois de um minuto, ele lançou a bola para cima com destreza, e o jogo começou com um toque muito bem dado de Sasuke.

Hinata não entendia o suficiente do esporte para compreender o que estava acontecendo na quadra, mas todos os movimentos pareciam perigosamente rápidos, como borrões. Por algum motivo desconhecido, ela conseguia identificar o cabelo loiro de Naruto entre o amontoado de jogadores gigantescos, e, cada vez que trombavam contra seus ombros, ela ofegava um pouco.

Sakura gritava tanto quanto as líderes de torcida, e aquele era o trabalho delas. Demorou mais do que ela esperava para sair a primeira cesta, mas ela foi do colégio, e toda a arquibancada vibrou em uníssono, inclusive Hinata. Foi Naruto quem enterrou, com um salto que só poderia ser descrito como desumano. Quando ele saiu comemorando, com os punhos no ar e o abraço dos companheiros. Quando se desvencilhou, acenando para seus entusiastas, ele apontou para a primeira fileira, sorrindo galanteador.

Curiosamente, era para onde as líderes de torcida estavam, bem ao lado de Sakura e, ora, de Hinata. Corada, ela preferiu acreditar que ele estava, de fato, apontando para suas admiradoras energizadas, e achou que deixá-las acreditar nisso também ajudaria a manter o equilíbrio social.

Naruto Uzumaki jamais teria feito uma cesta brilhante como aquelas e dedicado para ela.

O jogo continuou, mas Hinata sequer era capaz de acompanhar, imersa em pensamentos e fantasias nada agradáveis. Era retirada de sua mente apenas quando Sakura apertava seu braço com demasiada força, gritando juras de amor para Sasuke, sem se importar com qualquer coisa.

Ela era capaz de identificar quando eles ou os adversários pontuavam através dos gritos animados ou das vaias. No final, o número de gritos superou as vaias, e eles venceram com uma pequena folga no placar. A arquibancada, claro, foi ao delírio – Hinata jamais seria capaz de recuperar, integralmente, sua audição. Mesmo assim, não conseguiu deixar de esboçar um sorriso, porque o clima era contagiante, e, bem, Naruto Uzumaki tinha uma expressão de orgulho muito bonita.

Aos poucos, as pessoas começaram a sair, entoando hinos ou apenas conversando animadamente. Sakura, é claro, obrigou Hinata a permanecer até que os jogadores também saíssem, para ela tietar um pouco mais – como se já não tivesse sido o bastante – seu namorado. Esperaram pacientemente, ou nem tanto, por mais de meia hora, até que a quadra estivesse limpa, e os bancos, vazios.

Poucas líderes de torcida ficaram também, e Hinata se sentia estranha deslocada – elas eram lindas e extrovertidas, e pareciam infinitamente melhor em uma minissaia do que ela em uma peça sem graça.

Finalmente, o time saiu, alguns com os cabelos molhados, outros com as toalhas dependuradas no pescoço, usando parte do uniforme ou sem ele todo. Sakura se jogou nos braços de Sasuke assim que ele entrou em seu campo de visão, e Hinata disfarçou uma risada diante da expressão envergonhada dele, e dos olhares invejosos de algumas outras garotas.

Acompanhou os pombinhos um pouco atrás, perdida em pensamentos, até que a colônia inconfundível invadiu seu nariz, e ela olhou para o lado um pouco rápido demais.

Naruto Uzumaki andava ao seu lado, tranquilamente, lado a lado em seus ombros – ou, na medida possível, na mesma direção, desconsiderando a altura ínfima de Hinata –. Ele segurava a alça da mochila e cheirava a loção pós banho e virilidade.

— Gostou do jogo? – perguntou, com tamanha naturalidade que Hinata sabia que nunca conseguiria manter, ao menos não ao lado dele.

— S-Sim. – praguejou internamente – Vocês foram muito bem. – elogiou, achando que seria educado da parte dela.

— E o que achou da cesta que eu fiz para você? – o maldito tinha um sorriso torto hipnotizador; foi por isso, e somente por isso, que Hinata demorou para processar a pergunta.

— Oi?

Ela não estava delirando?

Hinata não sabia se preferia achar que estava enlouquecendo ou infartando, como naquele exato momento. A cena se repetia como um filme em sua cabeça, quando ele enterrava e ela tinha uma visão privilegiada de todos os gominhos de seu abdômen, e, em câmera lenta, voltava para o chão, pousando com a graciosidade de um gato selvagem.

Definitivamente aquela semana era uma alucinação coletiva. Hinata acordaria em sua cama, babando sobre um de seus livros de romance que ela lia quando adormeceu, e tudo voltaria ao normal, em uma realidade onde o capitão do time supergostoso e popular não lhe dedicava cestas de basquete.

— P-Por que fez aquilo? – foi a coisa mais inteligente que ela conseguiu dizer.

— Bem, as pessoas vão nos ver juntos de qualquer maneira, achei melhor ser o pacote completo.

E, com a casualidade de um grandessíssimo desgraçado, ele passou o braço por seus ombros, deixando-os descansar, a pele fervilhando tanto quanto a dela deveria estar. O peso não era desconfortável, mas a proximidade minava todos os sentidos de Hinata, que estava a um passo de hiperventilar.

Que tipo de jogo ele estava fazendo com ela, afinal de contas?

O trato tinha sido apenas um acompanhante para o baile em troca da nota de literatura – não cestas, demonstrações de carinho, andar normalmente abraçados por aí. Hinata não sabia o que Naruto Uzumaki tinha em mente, mas estava seriamente desconfiada.

— Ei, andem logo, lesmas. – Sakura gritou, virando-se para trás com um sorriso provocador, e Hinata corou até a raiz do cabelo, enquanto Naruto ria.

— Já vamos, Sakura. – retrucou no mesmo tom, e Hinata sentiu olhares nada amigáveis – Amanhã, depois do almoço, nós vamos para minha casa começar os estudos, ok? – ele falou, um pouco mais baixo.

Hinata só teve capacidade de assentir, insegura sobre o quão vergonhosa sua voz sairia caso se arriscasse a responder.


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Notas finais do capítulo

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