Valentine escrita por Ero Hime


Capítulo 1
O que os romances não te ensinam sobre o capitalismo


Notas iniciais do capítulo

E AOS 45 DO SEGUNDO TEMPO EIS QUE SURGE MAYARA COM UMA FIC SOBRE O DIA DOS NAMORADOS
eu PRECISEI postar isso vocês não estão me entendendo
perdão aqueles que confiaram em mim para atualizar as outras fics sem postar mais, saibam que eu sou uma fraude
para aqueles que amam um clichê agua com açúcar: COLA NO BONDE

p.s.: capa em confecção att a direção



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O que os romances não te ensinam sobre o capitalismo

Mais um dia dos namorados estava chegando.

Hinata realmente odiava essa data.

O colégio adquiria uma aura estúpida quando esse feriado idiota se aproximava. O grêmio estudantil achava realmente que era uma boa ideia pendurar todas aquelas faixas vermelhos, corações flutuantes e serpentinas coloridas que não possuíam nenhuma função útil, a não ser poluir o meio ambiente.

Foi uma delas que Hinata afastou com um tapa raivoso, enquanto tentava, sem sucesso, abrir seu próprio armário, que, novamente, tinha sido decorado com aquelas coisas.

— Calma, Hina. – Sakura riu abafado, enquanto esperava a amiga.

— É fácil para você falar, Saki. – resmungou, substituindo os livros de sua bolsa velha porém fiel – Já tem um namorado.

Bateu o armário para dar ênfase ao seu ponto de vista.

Deu as costas para a garota, que a seguia quase saltitando, ignorando todas as tentativas de Hinata permanecer emburrada e mal humorada pelo resto do dia. De fato, Sakura costumava ignorar todas as tentativas falhas de Hinata quando se tratava de suas mudanças de humor dramáticas.

— Ora, Hina, é meu primeiro dia dos namorados com Sasuke também. – a garota sequer fez questão de fingir que estava chateada, porque, como gostava de esfregar na cara de Hinata, ela estava exultante.

— Pelo menos você tem alguém para passar a data. – Hinata rolou os olhos – Eu nem sabia que ele se importava o suficiente com qualquer coisa além do cabelo e do basquete.

Para ser justa, Sasuke era um cara legal. Ele era respeitoso, e passou três meses visitando as reuniões do conselho estudantil de leitura dinâmica – criado por Sakura – apenas para, como ele mesmo dizia, cortejá-la. Ele lhe deu flores no seu aniversário e fez um senhor pedido de namoro. Além disso, ele sempre dava carona para Hinata no caminho da escola, apenas para agradar Sakura, e Hinata não estava em condições de recusar uma carona grátis.

Mas Sasuke era do time de basquete, e aquilo era o suficiente para Hinata revirar os olhos e ser ácida.

Hinata odiava o time de basquete quase tanto odiava o dia dos namorados.

— Você só está amarga desse jeito porque não tem coragem de sair com seu parceiro de biologia. – Sakura provocou, a alcançando na curva do corredor, enquanto caminhavam para a terceira aula do dia.

— Eu não vou mais repetir que eu e Shino somos apenas amigos! – insistiu, quase batendo o pé com birra. Além disso, Sakura costumava usar sua timidez absurda e total falta de capacidade de manter uma conversa normal com pessoas que não fossem minimamente conhecidas para irritá-la constantemente – Sério, isso é mesmo necessário? – bufou quando entraram na sala, sendo atacadas por um mar de cor-de-rosa, cheio de corações e cheio de perfume barato.

— Eu amo o dia dos namorados. – ela suspirou, com o olhar apaixonado.

A verdade era que Hinata tinha inveja. Inveja de Sakura, inveja de todas aquelas pessoas que comemoravam a data capitalista e idiota com chocolates, presentes e declarações melosas. Ela queria aquilo – e já tinha se conformado de que nunca teria.

Hinata nunca tinha comemorado o dia dos namorados. Nem uma vez só – nem mesmo aos catorze anos, quando o garoto catarrento do seu bairro lhe mandou um cartão amassado com uma bala de iogurte pedindo para ela ser sua namorada. Durou dois dias.

Agora, sem esperanças e com expectativas românticas demais, fruto de uma vida de filmes água com açúcar e livros feitos unicamente para ressaca literária, Hinata se via no fundo do poço dos relacionamentos. 

E estar cercada de casais felizes e corações de papel crepom não era, exatamente, de muita ajuda.

— Baile estúpido. – ela estava realmente resmungona naquela manhã. Sakura riu, sentando-se atrás de sua carteira, fielmente, como fazia há dois anos, embora ela tivesse passe livre para se sentar nos fundos, com seu, ugh, namorado.

— Você não precisa ir, sabe. Não é como se fosse obrigatório.

— E perder dois pontos de participação em Literatura? – exclamou como se fosse o pior de todos os crimes, proferido com a simplicidade que apenas um psicopata consideraria fazer – Nunca!

Literatura era a matéria preferida de Hinata, e tudo pelo que ela vivia. Perder a chance de ganhar pontos extras – não que ela precisasse, claro, sua média era impecável – era inaceitável. Cada menção honrosa e atividade extracurricular era um ponto a mais na sua carta de admissão para a faculdade de Letras.

Nem que isso significasse aguentar, sozinha, o pior feriado do ano.

— Eu vou servir o ponche, ouvir algumas horas de música ruim e assistir vocês se pegarem em um local potencialmente contagioso com doenças transmitidas por saliva, obrigada. – encerrou o assunto quando ouviu o barulho de risadas escandalosas da porta.

Lá vinha ele.

O inimigo mortal de Hinata.

O capitão do time.

Loiro, alto e de olhos azuis ridiculamente claros. Ele parecia ter saído diretamente de um dos livros de romance que Hinata guardava em sua bolsa – ou nos armários, ou na cabeceira –, mas sem o bônus da personalidade bondosa, altruísta e romântica que a fazia sonhar acordada durante a madrugada.

Não, ele andava pelos corredores com os ombros para trás, ostentando aquela jaqueta ridícula e o cabelo despenteado, como se fosse bonito parecer um idiota que acabou de sair de uma tempestade, e, de alguma maneira injusta, continuar parecendo um modelo.

Hinata nunca tinha conversado com ele, mas conhecia o tipo.

Que, infelizmente, era melhor amigo do namorado da sua melhor amiga.

— Bom dia, Sakura. – ele cumprimentou, sempre sorrindo aquele sorriso de 32 dentes perfeitamente brancos e alinhados – Bom dia, Hinata.

Como ele sabia seu nome? Ela jamais imaginaria. Mas, sempre que ele saía de sua boca, ela corava, como se suas bochechas tivessem prazer em constrangê-la.

Ela nunca respondia.

Quando ele se afastava, Sakura cutucava seus ombros com uma caneta como se quisesse provar que estava certa na força da irritação. Hinata ignorava, porque não era obrigada. Ela e ele? Jamais. Tipos que não se misturavam. Nem nos seus maiores sonhos.

A professora Kurenai entrou na sala, e a garota imediatamente abriu um largo sorriso. Sua mentora preferida, uma amiga dentro da escola e uma das mulheres que mais admirava.

Ela iniciou a aula falando sobre um dos clássicos que Hinata tinha cansado de ler, mas que nunca seria demais. Anotou as citações, circulou teorias interessantes de serem pesquisadas e fez fichamentos complexos para decorar todos os detalhes para a prova. Como uma boa nerd, ela tinha notas boas em todas as matérias, mas, quando se tratava de literatura, era simplesmente seu mundo.

Como sempre, a hora passou rápido demais, e a aula acabou com o sino irritante nos corredores. Os estudantes, um por um, saíram de suas mesas, e, enquanto Hinata arrumava suas coisas, Sasuke chegou para esperar Sakura, trazendo, em seu encalço, o chaveirinho de presença desconfortavelmente nítida.

— Aqui. – Sasuke colocou dois papéis coloridos na mesa de Sakura, que soltou um guincho.

— Obrigada, amor! – pulou em seu pescoço, sem se importar. Hinata sabia que eram os convites para o baile do dia dos namorados, que Sakura esperou ansiosamente durante toda a semana.

O grêmio estudantil – maldito seja – propunha, todos os anos, um baile comemorativo, apenas uma desculpa para adolescentes gastarem caro em um vestido, limousine, bebida barata contrabandeada, e dançarem com músicas chatas, bebendo ponche quente e posando para fotos vergonhosas. Hinata estaria ansiosa para vivenciar isso? Jamais.

— E você, Naruto? Já tem acompanhante?

Naruto Uzumaki certamente já tinha acompanhante.

— Ainda estou pensando sobre as minhas opções. – só sua voz já irritava Hinata.

— Olha só, então você pode considerar a Hinata!

A garota engasgou tão ruidosamente que quase perdeu o fôlego. Se virou, encarando Sakura com o olhar fulminante e o rosto pegando fogo, pegando sua mochila enquanto saía quase correndo, a tempo de ouvi-la rindo – traidora!

Hinata correu para o ponto de ônibus e, felizmente, com a glória de todos os deuses das garotas sozinhas e humilhadas, ela conseguiu pegar o horário da saída. Sentou-se na janela e suspirou, pensando em sua cama confortável e seus livros com finais felizes.

Hinata estava bem com sua solteirice. Já tinha aceitado que ela tinha nascido para ver o desenrolar de outras histórias, mas nunca a sua própria. E se ela tinha sérias tendências românticas dramáticas, quem se importava. Estava tudo bem.

Durante o ano todo. Mas, no dia dos namorados, a história era outra.

Ela sentia como se o mundo todo existisse somente para jogar na sua cara que ela não tinha ninguém. Quer dizer, quem precisa de todas as vitrines possíveis e imagináveis do pequeno centro comercial da vila insignificante em que morava enfeitadas com decorações de amor e vermelho? Era ridículo e desnecessário. O colégio já era tortura suficiente, mas o problema era muito mais profundo.

Sua própria casa se tornava um antro de tortura. Sua mãe era confeiteira, e tudo na sua cozinha era sobre bombons, bolos, doces e formatos doentios de corações com nomes e declarações. No mês do dia dos namorados, Hinata respirava amor e doçura, enquanto se transformava na própria Grinch do feriado romântico.

Subiu correndo quando chegou em casa, para não ter chance de sua mãe a fazer de escrava novamente. Jogou-se em sua cama, puxando o mais novo exemplar de romance adolescente sem nada a acrescentar que ela tinha adquirido em uma troca nas redes sociais.

Seus livros eram sua única consolação. Ela amava ver o desenvolvimento dos personagens principais, a química, a vergonha alheia, os problemas que claramente poderiam ser resolvidos com um bom diálogo. Ver que o amor podia superar todos os obstáculos, todas as diferenças.

E, claro, se apaixonar por cada mocinho minimamente bonito e padrão com frases de efeito ultrapassadas mas que, convenientemente, eram impactantes.

Quando leu um bom número de páginas, e seu estômago começou a doer, ela parou, pegando o celular e descendo as escadas de volta para a cozinha. O cheiro de baunilha queimou seu nariz.

— Finalmente apareceu. – sua mãe sequer se deu ao trabalho de se virar para cumprimentá-la – Quer experimentar esses daqui? – apontou para biscoitos pré-assados, provavelmente uma receita nova. Hinata pegou dois e mordiscou, sentindo-os derreter em sua boca.

— Deliciosos, mãe. – suspirou – Qual a encomenda?

— Ah, querida, está uma loucura. Muitos casais até sexta. – cantarolou, enquanto Hinata rolava os olhos.

— Essa data foi feita para tirar dinheiro das pessoas, isso sim. – reclamou.

— Bom, eu não reclamo. – ela era a rainha do bom humor – Sua irmã vai trazer o namorado para jantar hoje.

— O que? – exclamou – Já não é humilhação suficiente sem ter minha irmã mais nova namorando primeiro do que eu? – dramatizou, enquanto sua mãe apenas ria dela – Isso é um absurdo.

Enquanto protestava, sentiu o celular vibrando. Abriu as notificações, ignorando os gifs de gatinho que Sakura mandava – ainda tentava fingir que estava brava com ela –, reparando em um número desconhecido que lhe mandava mensagem.

[15h45]

Hinata? Aqui é o Naruto.

[15h45]

Preciso da sua ajuda!

Como é que é?


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Notas finais do capítulo

duvido você me seguir no twitter @hi_erohime eu quero interagir e me expor