Até o final deste ano. (EM REVISÃO) escrita por vilain nerd


Capítulo 6
Batalhas


Notas iniciais do capítulo

criatividade, você por aqui???
(vinte pessoas acompanhando, eu achei essa história não ia para frente e cá estou eu chorando de alegria)(muito obrigada a todos vcs, estão me deixando, muito, mas muito inspirada)
boa leitura ♥



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Conversando com minha advogada,
ela disse: Onde você achou esse cara?
Eu disse que os jovens se apaixonam
pelas pessoas erradas às vezes

Alguns erros são cometidos,
tá tudo bem, tudo ok
Você pode pensar que está apaixonado
quando está apenas com dor

—Moral of the history (Ashe)

 

|| =*= ||

 

Sasuke Uchiha

—Então está tudo certo, Sarutobi? -pergunta Itachi ao se levantar da cadeira estofada. Ele cutuca Sasuke com o cotovelo que também se levanta e se põe ao lado do irmão esperando que o diretor abra a porta- Sasuke pode voltar estudar na VF na segunda-feira?

O velho sorriu, batucava os bolsos da frente, ansioso para fumar seu cachimbo. Todos sabiam do vício do diretor no fumo, ninguém se incomodava já que na sua sala havia aqueles aromatizadores junto com o ventilador de teto que amenizava o cheiro de ervas. E o idoso nunca fumava fora do seu escritório.

—Claro que sim, Itachi. É um prazer para a Vontade do Fogo receber um aluno prodígio como Sasuke. -se virou para o aluno- Vai voltar a estudar na próxima semana, garoto. Seus horários, o número do seu armário já foram enviados por e-mail, é só passar na secretaria e falar com Mabui que ela entregará seus livros.

Ele finalmente abriu a porta.

—Sarutobi, muito obrigado. Pode me ligar sobre qualquer coisa -Sasuke segurou um revirar de olhos. Óbvio que Itachi falaria isso- , qualquer imprevisto é só me contatar que venho correndo para cá.

—Pode ficar tranquilo, Uchiha. Acredito que Sasuke não vai causar nenhum infortúnio para nós dois. -o irmão sorriu uma despedida, o mais novo acenou com o queixo ao sair da porta.

Eles passaram pelo corredor observando as classes vazias. Itachi parou no bebedouro.

—Sarutobi não mudou nada. -murmurou bebendo água.

Sasuke deu de ombros.

—Prefiro a Tsunade, mas pelo jeito ela desistiu da diretoria e agora começou a dar aulas.

—Aquela mulher é uma figura -riu apertando o rabo de cavalo- E aí, Sasuke? Como se sente ao voltar para Konoha?

Um sorriso ladino tomou os lábios do moreno, que novamente deu de ombros.

—É bom estar de volta.

 

||°°||

 

Hinata

É quinta-feira e desde segunda estou enrolando para falar com papai, e não foi por falta de oportunidades, ou por pouco encorajamento - as meninas me apoiaram e muito-, mas sinto que estou deixando algo passar. Alguma coisa inacabada. 

Não estou conseguindo dormir. Talvez seja por conta da lista, estou ansiosa para começar, porém todas as vezes que vejo a porta da sala de Hiashi estanco. Não me movo. Não bato na porta e não o perturbo com minhas ideias. Isso está acabando comigo. Neji percebeu também minhas olheiras e minha falta de ânimo, mas não perguntou o motivo.

Mesmo que não tenha falado com Hiashi, comecei a fazer pequenas mudanças. Comecei a prender o cabelo e usar um pouco de gloss, a legging virou uma peça chave no meu guarda-roupa. Nunca havia entendido o porquê das meninas usarem tanto esse tipo de calça, hoje eu entendo, é muito confortável.

Não tivemos Kurenai ainda, eu já a vi no corredor e percebi olhares do professor Kakashi e do Asuma para ela. Tenten, nesse instante do intervalo, reclamava incansavelmente sobre a entrevista que ela passou.

—Eu vou ter que entrevistar o Sasori, a Temari e o idiota do seu primo! Desculpa, Hina. -apertou os coques nos palitos antes de tomar um gole da sua água matinal.

—Eu já te disse que não tem problema, Ten -falo para depois morder meu sanduíche. Papai fez a mesma coisa desde o primeiro dia de aula, ainda não dava permissão para me sentar com eles á mesa, e não me permitia tomar café da manhã. Graças a Neji eu conseguia comer algo antes de chegar na escola, ele me entregava um potinho de plástico ao entrarmos no seu carro, um lanche para comer no caminho e um outro para o intervalo - Não descobri ainda o motivo de vocês dois se odiarem tanto assim.

—É o amor, querida. -apontou o garfo para Tenten que fulminava Ino- Não existe outra coisa nesse "ódio" todo. Já ouviu falar que quem briga se ama e dorme junto na cama?

Tusso.

—Me-Meu Deus, Ino!

—Ora essa, -a loira jogou o cabelo por cima do ombro- vai me dizer que isso aí não é tesão reprimido?

—Ino!

—Mas é claro que não! -contrapôs Tenten- Esse Hyuga é insuportável! Uma semana, meninas. Uma semana! -ergueu o dedo indicador- E ele já está me dando nos nervos. Eu tento responder os professores e ele se intromete, me corta, me corrige. -se virou para mim- Seu primo ao invés de me escolher para o time dele de queimada, escolheu o Nawaki! O Nakawi!

—Eu disse que isso é tesão reprimido... -cochichou Ino para mim. Senti minhas bochechas esquentarem.

—Hã... O Na-Nawaki não é tão ruim assim -tento conforta-la.

—Ah, não, imagina se fosse! -deu um tapa na mesa, dou um pulo para trás pelo susto. Ino ergue os olhos enquanto come seu salgado matinal - Tenha a santa paciência. Nawaki é horrível na queimada! Não consegue nem amarrar os cadarços sem tombar para frente.

—Ah... -isso era verdade. O garoto corria quando aparecia uma mariposa no nono ano, também caiu da escadas mais vezes do que eu já fiquei corada.

—O cara é um desastre mesmo -amassa o papel do seu salgado e toma um gole do seu suco- Mas eu volto a dizer, o Neji só faz isso para chamar sua atenção.

—E-Eu não consigo imaginar meu primo fazendo metade das coisas que você fala.

—É porque ele se comporta quando está perto de você -assopra uma mecha do rosto apoiando uma mão no queixo. Sua mente está distante até que ela se vira para nos olhar- Ei, eu estava pensando em ir na Sakura hoje, descobrir o motivo dela ter faltado sem avisar. Vocês querem ir?

Solto ar pelo nariz remexendo minha salada.

—Bem que eu queria, mas quero falar com meu pai ainda hoje. Não quero enrolar mais um dia. -uma lâmpada se acende acima da minha cabeça, agora lembrei do que estava esquecendo- E ler uma carta da minha mãe.

—Da sua mãe? -pergunta a de coques.

—Hanabi achou uma carta no sótão... -baixo os olhos- Mamãe escreveu para mim antes do acidente de carro, mas não li até agora.

—Tira o dia de hoje para ler a carta, Hina. Planejar o que vai falar com seu pai... -concordo com Tenten, era isso o que faria. Não ia enrolar mais, não era o certo empurrar meus problemas para depois. Ia colocar a minha vida do jeito que eu queria, ia parar de fugir e me esconder. Não vou ser mais um gatinho medroso, como papai diz — E você, Ino?

—Vou sair com o Sai. -suspira, ela também não parece muito animada.

—Eu aviso a Sakura que vocês mandaram um oi -Tenten sorri com os olhinhos fechados amenizando o clima da mesa, e é impossível não sorrir de volta. -Bem, vou ir atrás aquele Hyuga xarope para ver como vai ficar essa entrevista. 

Tenten se levanta e acena um tchauzinho para nós antes de se virar e ir devolver sua bandeja.

—Isso ainda vai dar namoro -Ino comenta girando seu suco.

Eu dou uma risada baixa.

—Seria bom para os dois. Tenten ia finalmente se apaixonar, e Neji ia ter alguém do lado dele.

—Mas são bestas demais para admitirem que iam dar certo juntos. -ela estrala os dedos, e eu volto a comer minha salada antes que murche.

 

||°°||

 

Tenten Mitarashi

 Avistou Neji junto com o time dele de futebol. O ensino médio era os únicos anos que podiam enfrentar outras escolas no interescolar, Neji foi o capitão de todos os anos desde que entrou na primeira série. Tenten não gostava de admitir, mas as estratégias dele com Shikamaru são imbatíveis. Disputam campeonatos estaduais, escola contra escola e dificilmente perdiam. Ino sempre ia junto com os times, e Tenten também a acompanhava, fazia parte do jornal da VF, afinal.

Passou as mãos na calça jeans -que segundo Ino valorizava muito suas pernas-, respirou fundo e caminhou até a mesa do Hyuga.

Neji estava rindo, mas assim que Kiba se ajeitou na cadeira e sorriu galanteador parou. Olhou na direção da Mitarashi e estreitou as orbes peroladas.

—Bom dia, meninos. -cumprimentou a mesa com um sorriso, colocou as mãos para trás do corpo para não verem que torcia os dedos nervosa. 

—Bom dia, Tenten -responderam em coro, todos ali a conheciam. Shino estaria lá se não estivesse morando em Suna agora, ele também a teria a cumprimentado ao contrário de Neji que nem sequer sorriu.

—O que quer, Pucca? -pergunta ao virar seu refrigerante.

Seu pomo-de-adão sobe e desce nos três goles que dá. Tenten revira os olhos, engolindo a lembrança dela esquentando o ensopado da tia. Neji é muito bonito, mas continua um pé no saco.

—Quero saber como vamos fazer a entrevista. -cruza os braços. Pode sentir os garotos da mesa acompanhando as falas como numa partida de pingue-pongue. -As perguntas devem ser diferentes, então queria ver as suas já que as da Temari já respondi e...

—Onde é sua casa? -Neji se vira para encara-la.

Opa, a minha casa?

—A minha casa?! -pergunta incrédula. Jamais... Céus!, jamais ia deixar aquele nojento pisar no seu lugar sagrado. A Tia Anko!! O que ela pensaria? -De jeito nenhum você vai ir na minha casa!

—Escuta, Pucca -larga a lata de guaraná e a fita, sério. E a Mitarashi preferia mil vezes o Hyuga não a encarando do que analisando cada movimento seu. Mas ela não se abateu, vestiu uma pose de "não estou nem aí para sua existência" e esperou o idiota terminar de falar - Meu tio não vai deixar você entrar em casa, você sabe disso porque anda com minha prima.

Tenten revirou os olhos.

—Sim sim, eu sei disso. Mas podemos fazer por whattsap ainda, é só mandar as perguntas que eu respon... -Neji a cortou.

—Prezo mais pela qualidade do que a praticidade -deu um sorriso maléfico (que pareceu maléfico para a menina), completando. -Esquilete.

A castanha sentiu todos os pelos do seu corpo se arrepiarem, como odiava esse maldito apelido

—Vou te mandar o endereço, Rapunzel -se aproximou, medindo seu rival de cima a baixo igual ele havia feito. Aqueles que estavam na mesa riram do apelido do capitão, que com uma erguida de mão calou seu time. Neji a encarou de volta, um jeito arrogante que irritava Tenten que nem ela acreditava- Mas não é para se atrasar, Loreal Paris. 

Um garoto bonito sempre será um garoto bonito, esse era o problema. O cara podia ser o mais completo imbecil, mas por ser bonito ainda te constrangeria. Neji se encaixava perfeitamente nessa situação.

Os dois estavam muito próximos, narizes quase encostados, e Tenten sabia que não podia desviar o olhar se não cairia. A castanha sabia que não podia, de jeito nenhum, olhar para seus lábios, ou para seus ombros, ou para qualquer outra coisa. Ela só beijou uma vez na vida, nunca namorou, e a perca de controle a deixava de cabelos em pé.

Ela nunca fugia de um confronto, mesmo que aquela situação a deixasse sem ação, se Neji fizesse algo Tenten não reagiria, mas mesmo assim a Mitarashi não desviou as íris marrons das prateadas.

 Neji não foi igual Tenten, ele desviou o olhar, a menina percebeu, com suas bochechas se avermelhando levemente.

—Hoje ou amanhã? -pigarreou antes da morena se afastar com um sorriso orgulhoso no rosto. Ela venceu mais uma batalha entre os dois, ia comemorar a vitória fazendo sobremesa na janta hoje. Sorvete de creme, com certeza.

—Amanhã, ás duas. Vou te mandar o endereço assim que chegar em casa. - e saiu se afastando.

Ela havia ganho o dia, mês, ano, a vida por conseguir ter deixado Neji envergonhado. Não havia como melhorar!

—Mano, olha as pernas dessa mina -acabou ouvindo o comentário de Zaku Abumi assim que saiu.

Seu sorriso só se alargou ainda mais.

 

||°°||

 

Batia o pé no portão da frente da casa de Sakura, mas a garota não atendia. Sabia que a amiga estava em casa pois recebeu sua mensagem, e a rosa não tinha dados móveis no celular, ou seja, se tinha dois tracinhos é porque estava em um lugar com internet. E esse lugar só podia ser sua casa.

Mas a bendita não aparecia!

Tenten acabou de ligar para sua tia avisando que almoçaria na casa de Sakura, que não era muito longe da sua. Antecipou também que teriam uma visita amanhã.

—Trabalho de escola, tia. -explicou no telefone.

Não era apenas um trabalho, era um confronto direto, em um ambiente fechado com poucas pessoas. Alguém sairia ferido e esse alguém não seria ela. Mas primeiro teria que resolver esse problema com Sakura.

Tenten faz artes marciais, era perita em subir muros, é assim que entra na mansão de Hinata depois de ser barrada na portaria por ser "pobre e fútil demais".

Puxou os sacos de lixo do vizinho para debaixo de onde se equilibraria, juntou com os de Sakura e afofou. Bom, é melhor sair fedida do que com um braço quebrado. Esfregou as mãos, seria fácil.

Um pé no portão, jogou a mochila para as costas e apertou as alças, se impulsionou e subiu. Seus antebraços queimaram por sustentar seu peso, teria que ser rápida. Raspou seu all star na parede rebocada deixando uma pisada de tênis evidente na tinta. Assoprou cabelo dos olhos. Apoiou outro pé na grade e pronto, com cuidado com as pontas de ferro um cotovelo deu-lhe impulso para erguer a perna da parede para enfim estar ajoelhada no muro da vizinha.

Ainda bem que não havia vidro quebrado no muro vizinho, Tenten agradecia pela senhora amarga não ter gasto sua aposentadoria com reformas.

—Até que não foi tão difícil. -respirou fundo limpando as mãos.

A casa de Sakura possuí garagem, Tenten fez certo em subir pelo telhado, agora faltava percorrer a área que ficaria os carros e ir no quintal dos fundos. Com um suspiro se ergueu e posicionou as mãos ao lado do corpo as erguendo em seguida para distribuir o peso igualmente.

Quase caiu quando o cachorro da casa ao lado latiu. Se balançou na murada, um palito de seus cabelos estava se desprendendo e isso estava lhe dando nos nervos. Respirou fundo encolhendo a barriga, sem ousar respirar.

—O que você está fazendo aí, Tenten?

—Oi, Sakura -mostrou a língua para o cachorro da vizinha antes de se virar para a amiga- Você pode me trazer uma esca... Que merda aconteceu com seu rosto?!

 

||°°||

 

Sakura Haruno

—Eu vou matar o Sasori! - berrou a Mitarashi.

Sakura estava com os olhos transbordando em lágrimas, fungava impiedosamente travando uma luta interna entre desabafar tudo o que sentia ou contar só o básico do básico para a amiga. Mas se só metade do "básico do básico" já deixou Tenten assim, a história inteira então...

—Ten... -pediu com voz chorosa. Estavam na sala, a morena estava andando de um lado para o outro gastando o tapete de flores vermelhas com os all stars surrados, já a rosada estava sentada no sofá tremendo.

Ela não é assim. Sakura sempre fora a mais destemida, a mãezona do grupo, a que aconselhava e dava ideias, que colocava as coisas em ordens e enfrentava seus problemas de frente. Mas desta vez não tinha como encarar a situação de cabeça erguida. Não tinha como nem pensar direito, Sakura não conseguia raciocinar.

Se sua mãe não estivesse fazendo um plantão no hospital, e se seu pai não estivesse fazendo uma visita aos seus avós, os dois teriam a levado na delegacia para abrir uma denúncia contra Sasori. Se Tsunade não estivesse passando uma temporada na casa de Jiraya e Naruto, ela teria ido pessoalmente na casa do Akasuma para esmurra-lo. Ino faria o mesmo, Tenten daria apoio. Hinata teria ficado pasma e conversaria com a Haruno para por um fim no relacionamento, Naruto ia atrás de Sasori com uma arma e o ameaçaria. É claro que não faria nada demais, só surtaria e bateria no avermelhado.

E em uma situação calamitosa como esta, não podia deixar de pensar que ele faria. O que o antigo ele faria, o ele da briga.

—Sakura, -a de coques começou tirando os palitos dos cabelos, colocou um em riste para a rosa, a ameaçando- eu sei muito bem quando a senhorita mente, então acho bom que me conte a verdade. Tintim por tintim.

Suas mãos tremeram, seu coração acelerou. Tenten suspirou fundo, assoprando a franja que caía nos olhos, ela bateu os pés indo na cozinha e voltando com uma garrafa d'água nas mãos.

—Toma. Agora fala.

Esvaziou um quarto do conteúdo do recipiente.

—E-Eu peguei carona com Sasori ontem, ele me deixou em casa...

—E? -Tenten se jogou no tapete, entrelaçou as pernas e colocou o queixo numa mão sobre o joelho.

—Nós co-começamos a brigar. Ele me xingou, xingou vocês, me chamou de inútil. -fungou. As duas sabiam como aquela palavra doía na rosa, pois foi disso que ele a chamou antes de partir. Foi disso que a escola falou por quase um ano, foi de inútil que o trio de vacas da Fujimira a chamou - E-E-Eu... não aguentei, perdi a cabeça, quebrei o nariz do Sasori com um soco...

—Enquanto ele dirigia?

—Não né, Tenten. Sinal vermelho -enxugou as esmeraldas - Ele ficou bravo, e começou a bater em mim.

Engoliu em seco, sentiu o bolo de choro pesar na garganta.

—Nós não estávamos indo muito bem. Sasori queria mais e mais prioridade, queria dormir aqui em casa, queria que eu "liberasse" para ele -riu de desgosto- "Três anos namorando e nenhuma rapidinha?", "Pra quê uma namorada se eu não fodo com ela?" -imitou o namorado revirando os olhos. As lágrimas ameaçaram surgir de novo - Odeio isso, Ten! Odeio essa falta de liberdade, esse controle, essa cobrança! Ele quer que eu dê a bunda para ele na escola, num mato qualquer. Eu queria algo romântico, alguém que eu me sentisse completa e segura. Não preciso de alguém para tacar meus defeitos na cara todas as vezes que eu respiro...

—Sakura... -Tenten chamou.

A rosa não ouviu, continuou.

—...Quero que alguém me elogie não só quando me arrumo para ele, quero alguém que me transborde, me complete. Eu estou com Sasori, mas me sinto sozinha, ele não demonstra amor. Não demonstra carinho, nada. E-Eu, ... Eu me sinto uma completa idiota perto dele, mas não sei se consigo terminar com ele. Não quero me sentir para baixo, sempre fui confiante, mas ultimante, ...ultimamente... -não conseguiu completar, só sussurrou "inútil" de novo.

—Ei ei, -a castanha se ajoelhou segurando as mãos da amiga enquanto a mesma chorava- você não é inútil, entendeu? Não é. Ninguém é inútil, Sakura. Foi você que me aproximou da Hina e da Ino, foi você que peitou a Yukie quando ela espalhou a fofoca de eu ser lésbica. Foi você que ajudou a Ino no primeiro encontro dela, foi você que pediu desculpas depois que ela quebrou o braço. Foi você que me incentivou a entrar nos esportes.

A cerejeira fungou.

—Fo-Foi?

—Sim, isso mesmo, minha linda- apertou suas mãos- Se esqueceu dessa semana? Ajudou a Hina a fazer aquela lista dela, falou para a Hinatinha falar com o pai dela, o velho careta -a chorona riu. Tenten sorriu- , falou para ela se declarar para o lerdo do Naruto. E ela está planejando ir falar com ele semana que vem! E tudo isso não seria possível sem você, Sakura. -encarou as orbes esmeraldinas- Mas você tem que entender que não pode ficar com alguém que só te menospreza, que não reconhece o quão incrível você é. Você é maravilhosa, amiga. E não merece estar com alguém que não reconheça seu valor, que não lute por você. Talvez a pessoa que te ame e te reconheça como uma igual não seja o Sasori e nem o Sasuke -as duas piscaram como se repreendessem o nome do garoto- , mas até esse alguém aparecer só seja feliz.

Sakura assentiu limpando as bochechas. A Mitarashi torceu o cabelo 

—Sabe, ...-Tenten deu de ombros- não sou a melhor pessoa para dizer isso, talvez você possa ter mais certeza se perguntar para a Ino, mas... -finalmente amarrou os coques com os palitinhos- eu acho que você nunca amou o Sasori de verdade. Acho que você estava tão machucada por causa do Sasuke, que acabou usando o Sasori para preencher o vazio que o outro deixou. E por causa disso não consegue abandonar o vagabundo do Akasuma com medo de não achar nada melhor.

—Eu não queria fazer isso, terminar com Sasori. Não lembro de uma época sem ele, Ten. Foi ele que me reergueu quando eu estava desmoronada, ele me ajudou a subir de novo, me tirou do chão. Não quero mais ele, mas...

—Você não quer ele, quer o que ele oferece. -sorriu triste- Sakura, você sabe que eu defendo os direitos das mulheres, e não acho certo e nunca vou achar se você continuar com ele, e se depender da minha vontade você sabe o que vai acontecer, mas como amiga vou colocar todos as minhas causas de lado e vou dizer para você dar um basta nisso. Você sabe que é um relacionamento abusivo, e sabe muito bem que piora se não colocar os pingos nos i's.

—Eu sei -expirou.

—Vou parar de falar, mas antes só quero que entenda uma coisa: as vezes a gente tá com dor e se apaixona pelas pessoas erradas. Não é nossa culpa, e tá tudo bem se machucar e machucar outras pessoas. Acontece, não tem como impedir. Eu só quero que você entenda que não é sua culpa, é culpa dele e você tem que jogar esse cara lixo fora.

—Ás vezes eu acho que você só é lerda por fachada -Haruno sorriu ao enxugar o nariz com a manga da blusa.

—Descobriu meu segredo. -murmurou ao ver a amiga rir- Voltando ao assunto, a gente faz merda por causa que fizeram merda com a gente, mas o amor próprio tem que vir sempre em primeiro lugar. E não precisa nem pedir, eu não conto para as meninas, vou deixar você conversar com elas também.

—Tenten...

—Oi?

—Me dá um abraço?

—Mas é claro, sua boba.

Era o momento de por os trens nos trilhos.

 

||°°||

 

Hinata

Minha mãe tinha um quarto dela. Um quarto dedicado para pintura, dança, e música. Mamãe tocava piano, eu me lembro. Tinha cinco anos quando ela partiu, Hanabi havia acabado de nascer. O quarto era amarelado, os móveis marrons, os tapetes num tom de achocolatado ao leite bem claro. O piano negro no centro dando destaque ao ambiente, sendo refletido pela parede espelhada onde praticava balé.

Eu consigo me lembrar do seu sorriso, da maneira que as janelas entre os espelhos refletiam nas paredes amarelas e iluminavam o cômodo, dela girar e girar sem sapatilhas no espaço limpo como um girassol procurava a luz. O nome da minha mãe significa girassol, afinal.

Seu jeito na sala preenchia meus dias, tudo nela me preenchia.

É nessa sala que estou agora. São quase dez da noite, depois que Neji me avisou que não almoçaria aqui amanhã vim para cá. Estou olhando a carta que me deixou desde que cheguei. Tive aula de empreendedorismo e administração depois do almoço por ordens de papai, visitei as empresas no final da tarde e bem, estou aqui.

Tem alguns momentos da nossa vida que sabemos que são uma encruzilhada, uma hora de escolha. Seu corpo se arrepia, seu coração se acelera e você sabe. Você sabe exatamente o que está por vir, sabe que caminho sua escolha vai trazer.

E isso dá medo.

A carta está sendo iluminada pela lua, pela mesma cor dos meus olhos, da mesma tonalidade de Hiashi, de Neji, do meu tio e de Hanabi. Mas não é do mesmo tom que de mamãe. Os olhos de mamãe eram um tom puro de azul, com cantos tão escuros que pareciam envoltos de segredos, então se clareavam em degradê.

Eu também não sei o que me faz chorar, mas me sinto tão exausta dessa vida rotineira, monótona, parece que me falta algo, alguma coisa.

A carta brilha ainda mais na luz da noite.

E se tem algo que sei, é que se abrir esta carta hoje, amanhã eu não serei mais a mesma, sei exatamente o que vai acontecer até o final deste ano. Sei que a Hinata de hoje, de ontem, de dez anos atrás vai morrer e uma nova vai ressurgir. Eu serei queimada como uma árvore num incêndio, mas darei lugar a outra para nascer sobre meus restos.

E isso me assusta, me entorpece, me aquece como as próprias chamas desse incêndio. E mesmo que essa sensação seja tão arrebatadora, tão perigosa, ela me acalma. É um desespero de paz.

E eu preciso desse sentimento, preciso encarar minhas escolhas, preciso preciso, preciso...

Eu preciso vencer esta batalha para me preparar para uma guerra que se aproxima. A guerra na Corporação Byagukan deve ser vencida com garra, eu preciso proteger Hanabi, preciso manter nosso legado, preciso proteger papai e honrar o nome do meu tio e do meu avô.

E se eu fui escolhida como herdeira, é porque confiam na minha capacidade, uma capacidade acima das de Shion. E eu preciso reconhecer a minha própria força para ser feliz.

É então que aquela coragem súbita vêm. É então que me vêm a determinação de mostrar para todos que sou mais que a menina frágil que precisa ser protegida. Se cria uma coragem e uma vontade de ser reconhecida como forte, não como um projeto fracassado de papai, não como a figurante da minha vida.

É então que enxugo as lágrimas. É então que antes de abrir o envelope, leio em voz alta a dedicação de mamãe.

 

Para Hinata Hyuga
meu doce raio de sol

 

 

 

De Himawari,
o girassol que sempre vai seguir sua luz, filha

 


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Notas finais do capítulo

gente, vcs podiam, por favorzinho, comentar o que estão achando? Preciso saber kkkk

eu adoro a Tenten , mas a Hinata me traz uma familiaridade tão boa kkkk.

eu chorei escrevendo o ultimo pov da Hina, não sei o motivo mas encostou no meu coração, então espero que tenham gostado.

se cuidem gente, fiquem com Deus, #StayHome e até próxima

bjssss ♥ ♥



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