Beast Hunters escrita por HAlm


Capítulo 4
Que comece a festa!


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, fico feliz que os leitores estejam gostando da história entre as plataformas publicadas!
Hoje, os personagens originais de João, Sarah e o lontroelho (meio lontra com coelho :v) de um amigo entrando ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/786767/chapter/4

Dessa vez vamos começar um pouco diferente. 

Ainda era de manhã, e Willy B. Serrv sabia que não havia tanta gente na rua a essa hora.

Pisava no acelerador só para ouvir o som do motor do carro que adorava exibir, mas nunca conseguia mostrar seu máximo. E o máximo que queria saber, era sua velocidade.

O serval esperou o semáforo abrir. Contava os segundos na tela ao lado das três cores.

3...

Ele sorriu como se finalmente estivesse livre em meio ao feriado.

2... 

Pisou no acelerador, fazendo os pneus queimarem no asfalto.

1...

Sua respiração ainda ansiosa e pesada. Não aguentava a tensão em seus braços. Precisava daquilo...

0...

Daquela velocidade.

Seu sangue estava quente como se fosse em chamas enquanto o vento batia contra o veículo em velocidade crescente.

Ouviu por apenas um segundo um apito de um radar e sirenes ligaram. Não teve tempo de ver de onde elas vieram, apenas soube que existiam ali.

O serval gargalhou sentindo o poder em suas mãos. Uma sensação de liberdade.

Os carros da polícia em seu encalço não conseguiam em nenhum momento se aproximar do seu. Era quase uma piada para ele.

Os policiais, mesmo que se esforçassem ao máximo de seus três veículos, não conseguiam nada, nem mesmo chegar próximo do carro enquanto os seus não aguentavam nem um pouco a mais de tempo em velocidade máxima.

— Não sei se o carro vai aguentar muito tempo nessa velocidade! - Um dos rádios apitou.

— Deixem de lado! - Disse outro carro quando o urso que o dirigia olhou o retrovisor. - Não conseguiremos nada, mas ela sim! Diminuam a velocidade, que vamos nos encontrar lá na frente!

— A chita chegou? Aí sim, hein? - falou a voz feminina no rádio de um dos carros. Uma leoa.

A mancha amarela pintada passou pelo meio dos veículos que abriam espaço. 

Era Sarah.

Seu apelido para todos os distritos da cidade da capital era o mesmo e bem conhecido: Cheetah Fast!

Uma calça, uniforme da polícia com colete e distintivo preso. Bolsos suspensos num cinto e uma balaclava vermelha com duas fitas esvoaçantes e luvas com fitas nos dois punhos. 

Passou com facilidade até o lado do veículo.

— Ei! - gritou.

Willy arregalou os olhos, demorou um tempo para acreditar que havia alguém que pudesse acompanhar um carro feito para corridas.

— Olá, senhorita? - Colocou o braço na janela, não deixando de olhar para o caminho.

— O senhor sabe que está a mais de trezentos por hora, não sabe? - Pegou com tranquilidade um bloco de notas e uma caneta nos bolsos de seu cinto.

— Ehr... não, não sei... tenho certeza que estou bem devagar.

— Ah é, engraçadinho? É bom você encostar agora!

— Olha, senhorita... - Olhou para ela. - Não tem ninguém na frente, ninguém vai se machucar. Sou um corredor habilidoso.

— Senhor?

À frente, a chita viu uma criança atravessando a rua. Uma gatinha brincando de pular as faixas de pedestres enquanto os pais notaram que um carro em alta velocidade estava em sua direção.

— Senhor, pare o carro agora!

Ele sorriu, mas logo desfez o sorriso quando viu o que havia em sua frente.

Um pouquinho mais rápido... Sarah só precisava forçar um pouco mais as pernas...

Ela gritou, concentrou seus olhos, franziu o cenho e tentou se forçar mais um pouco. Somente poderia correr mais um pouco por alguns segundos. Tinha noção de que tudo aquilo ia além do que podia. Quando chegou próxima da criança, saltou na direção da calçada, longe do caminho do carro.

Willy, por sua vez, perdeu sua concentração no volante. Freou o carro aos poucos tentando se forçar a manter a calma.

Fechou os olhos...

Pensou... 

Contou...

Apesar da freada mais calma, mesmo tendo uma imagem da rua em sua cabeça para manter sua direção segura, voltou a abrir os olhos.

Já estava um pouco mais devagar quando decidiu frear bruscamente e capotou até bater num poste e ele cair sobre o veículo.

O serval respirou fundo com olhos fechados por alguns segundos, sentindo a perna arder com a dor de seu joelho deslocado, o sangue escorrendo de sua testa com um corte e seus braços igualmente machucados. Arrancou alguns cacos. Nenhum ferimento era algo que poderia acarretar em algo fatal, felizmente.

Sua porta se abriu e um rosto pintado o agarrou. Os olhos sérios o encaravam com raiva com as duas listras ao lado deles ainda mais estreitas.

Carros de polícia se reuniam ao redor dos dois.

— Você está preso, senhor!

Sua visão foi se apagando.

Teve flashes da visão de seu carro. Não conseguia raciocinar nada, apenas ver ele em chamas, cidadãos curiosos indo ver o que aconteceu e o porquê de a energia da rua ter acabado com sirenes de bombeiros se aproximando.

Seu carro ficou em chamas, o que antecedeu uma explosão controlada.

Seu carro...

Que pesadelo.

***

O despertador tocou e Vael se levantou.

Pela decisão do governo, aquele seria um feriado nacional. 

As atrações no salão da cidade aos professores teria desfiles, recitações, homenagens, danças e várias outras programações pelo dia. O único momento onde apenas um repórter de cada imprensa e um câmera poderia entrar na festa e comemorar com os profissionais sem serem presenteados pelo governo.

Eles se consideravam, e eram, sortudos de estarem com educadores, exibindo todo o dia, a partir das duas da tarde, uma programação específica com tudo o que passava por lá.

Professores de arte demonstravam para o mundo suas obras, assim como os escritores deixavam impressos seus escritos, e os blogueiros ou streamers, transmitiam e eram incentivados a transmitir para propagar as obras uns dos outros.

No final, tudo aquilo estaria à venda pela internet.

E por volta das dez da manhã estariam passando pela televisão alguma notícia sobre os bastidores.

Vael se espreguiçou, se levantou, escovou os dentes, trocou de roupa, sentiu seus tornozelos um pouco doloridos pela longa caminhada do dia anterior.

Foi até a sala onde, mais uma vez, recebeu de sua família calorosos sons de "bom dia" e um abraço de sua irmã. Um abraço extremamente forte de uma dentes-de-sabre forte. Sentia os ossos do corpo quase serem esmagados com aquilo.

— Bom diaaaa! - ela exclamou sorridente enquanto torturava com carinho o guaxinim. - Você viu as mensagens no seu celular? A Vienna disse que te mandou mensagem. Pediu mil desculpas e logo saiu pro trabalho.

— Pro trabalho?

Procurou o celular pelos bolsos, e quando não achou nada, voltou correndo pegá-lo na cama.

As mensagens que sua irmã falou era sobre a vaquinha pedir desculpas para ele por não ter avisado antes da notícia. "E qual era a notícia?", deve estar se perguntando?

Bem... Simples, ela está na equipe culinária.

Seus olhos, como sempre deveriam estar brilhando neste exato momento, já que receberia ordens do grande chefe Leone, o leão marinho, e isto era um de seus maiores sonhos.

Lógico, de tão nervosa, ela enviou áudios gaguejantes no meio da conversa.

— Ela não é uma graça? -Vael saltou assustado. - Acho que ela deve adorar você, maninho...

— Quê? Como assim?

— Você sabe o que quero dizer - a tigresa agachou ao dizer olhando em seus olhos.

— Ela não gostaria de mim, vai... Tem muitas outras pessoas para ela gostar... Bom, assim como qualquer outra pessoa que supostamente goste de mim.

— Você não gosta dela? Tem que admitir, ela é linda.

— Isso é verdade, mas... Por que a pergunta? Foi a mamãe?

— Quê? Não! Hahaha... Só tô zuando. Vem cá maninho, vamos comer umas panquecas da mamãe.

Ela aproximou o irmão com o braço no seu ombro.

— Agora sim algo bom.

— Não tão bom quanto deve ser a Lully... Hehehe...

— Maninha... - Seu rosto ficou vermelho enquanto a irmã gargalhava.

— Tanta gente linda que você conhece. Duvido que não tenha desejado tirar um pedacinho de cada um.

— Credo... - Fez uma careta.

— Figura de linguagem...

— Ah...

***

Repórteres estavam instalando seus equipamentos em uma casa. Não era como se houvesse alguma rivalidade entre emissoras e revistas naquele momento. Todos trabalhavam juntos e se ajudavam.

Baterias? Sem problema. Lentes das câmeras? Okay! Microfones reservas? Poderiam emprestar, seria só trocar a caixa com símbolo de sua empresa e se mostrar na TV.

Era uma lince que estava ali, sentada em uma das camas enfileiradas mexendo em sua câmera junto com um camaleão que apontava as partes e funções da câmera. Provavelmente o cara por trás das lentes.

— Nunca vi você antes.

Uma voz surgiu do nada. Ela se assustou ao ter sua atenção bruscamente tirada do objeto.

— Oi? - Vasculhou a bolsa pelos seus óculos. Achou uma caixinha e colocou para ver com clareza quem se aproximava.

— Sou eu... - O tamanduá se sentou à sua frente vendo todo o resto do grupo de câmeras e entrevistadores se organizando. - Primeira vez em campo?

— Bom... Sim, é a primeira vez... - Olhou para o amigo camaleão meio desconfortável. - Só estava vendo uns negócios.

— Eu sei...

Ele pegou uma lata de refrigerante e encostou no rosto da lince, causando uma sensação de arrepio. A garota estremeceu e apanhou gentilmente a latinha.

— Não precisa ficar tão tensa. Vai tudo ficar bem... É só mais um evento onde tem pessoas que precisam ser entrevistadas.

O tamanduá virou a lata enquanto seus olhos focavam no crachá da repórter de primeira viagem. Vasculhou curiosamente com os olhos pelos cantos do cômodo até achar... Era sua foto escrito "Amélie" e o camaleão "Vange". Pelos nomes, provavelmente ela era do sul do reino e ele, vindo do oeste, onde havia matas densas. Era natural dos camaleões, mas não comentou nada sobre isso. Não queria soar desrespeitoso com seus amigos.

Leu os crachás com mais atenção e lá estava "REAL". Arregalou os olhos, engoliu com força o líquido gaseificado e começou a alternar os olhares entre o crachá e a lince, sem saber para onde olhar.

— Você? Meu pai, que sortuda! - Deixou a latinha de lado e segurou as mãos dela demonstrando uma tentativa de sorriso com aquela boca comprida. - Meus parabéns! Quero que me diga depois como que é entrevistar o rei, os súditos, até o feiticeiro da corte! Isso vai ser incrível!

— Eeeehr... Vai?

***

Andar acima, de onde o rei estava, um salão onde uma réplica do trono estava em frente a uma parede com detalhes em gesso com o brasão da família real, da dinastia atual que governava.

O sergal se assentou ao trono. Era desconfortável, mas estava acostumado com aquilo depois de anos sentado.

Os políticos demoravam para chegar geralmente, até mesmo sua própria família tinha costume de se arrumar o melhor que podia para a festa. Ele não. Gostava de estar ajudando em certos detalhes. De deixar tudo como queria e às vezes, Lenna o ajudava.

Além de ser uma ótima companhia, ela era perfeita para detalhar eventos.

Repousou a testa sobre a mão de forma pensativa, e sem prestar atenção em mais nada ao seu redor ficou ali assistindo seus próprios pensamentos.

— Senhor? - a voz doce de Yuuki o despertou do transe.

O lontroelho estendeu a mão com um copo de suco.

Aquele doce rapaz, uma mistura de lontra com coelho, conseguia caber perfeitamente em qualquer tipo de roupa, por mais que possuísse um ar feminino sobre sua aparência. Seu cabelo loiro pendia sobre os ombros e seus olhos carinhosos e atentos poucas vezes demonstravam sua intenção real... Na verdade quase não conseguia expressar tanto seus sentimentos, apesar de ser bem comunicativo.

— Isso vai ajudar a refrescar. - Yuuki começou a beber seu copo. - Algum problema?

— Problema? Nenhum, espero. Apesar de a festa estar bem no começo.

— Quer que eu faça alguma coisa? - Engoliu o suco e começou a despedaçar os cubos de gelo com os dentes.

— Não... Só quero que você faça uma coisa. Vá com seu professor. Fique na festa com eles lá em baixo. Se divirta.

— M-mas...

— Estou dispensando você da função de feiticeiro da corte - se levantou, e enquanto dizia, segurou as mãos do mago. - Você não precisa estar comigo a todo momento. Eu sei me proteger.

O rei o beijou no rosto.

— Pronto. Vá se divertir com eles. - Pegou de seu bolso um cartão e o entregou. - Só mostra isso na entrada do distrito que deixam você entrar, ok?

O lontroelho olhou para o objeto que estava em mãos. Não sabia se era impressão sua ou se realmente estava brilhando, mas era demais a sensação.

— Obrigado, meu rei - agradeceu antes de dar as costas.

— De nada, meu mago... - murmurou.

Voltou seus olhos para a amiga de infância. Vestia roupas comuns, já que a parte mais formal começaria pela noite.

Estava debruçada ao parapeito, vendo todos os professores se aproximando como formigas para o evento. Eles traziam consigo ajudantes para carregar suas coisas e morar em todas as casas seus estandes.

O andar todo era como um bairro, mas apenas veículos menores e elétricos transitavam.

— Lenna? Está tudo bem?

Verloran se aproximou, tocando gentilmente suas costas.

— Uhum... - Olhou para ele. - Claro que está...

— Parece preocupada.

— É a primeira vez que uma janta significaria um evento foda desses.

— Estava tão ocupada que esqueceu do feriado?

Verloran beijou o pescoço de Lenna. Ela quase se deixou levar.

— P-pare...

Ele parou na mesma hora e se debruçou ao lado dela, olhando para baixo.

— Me desculpa.

— Sabe que também sinto coisas por você... Mas...

Ambos sabiam exatamente o que iria ser dito. Não precisavam terminar de falar.

Verloran, como membro da família real foi obrigado a se casar com uma família que poderia ajudar politicamente. Uma influência enorme, ainda mais sendo aquela de golden retrievers. Uma relação de risco se tornou familiar e próxima quando começaram à força o relacionamento...

E por consequência... Verloran se afastou de Lenna.

Sua esposa também tinha uma outra paixão de infância. Não sabiam contar quantas vezes brigaram por não quererem aquele relacionamento. Havia respeito mútuo, porém, onde estava o afeto? Nenhum respondia, mas as aparências deviam ser mantidas.

Logo os jornais noticiaram os herdeiros gêmeos, menino e menina.

Mas mesmo com eles, não conseguia deixar de ir dormir sozinho pensando em como poderia ser um mundo alternativo.

Ele apertou um botão e as janelas se fecharam.

— Você sabe que ninguém está aqui... Eles já foram.

— Mas... Sua esposa...

— Ela deve estar com o verdadeiro amor dela... Enquanto eu estou com você.

As patas do rei gentilmente acariciaram o rosto da psicóloga.

— Só não podemos nos amassar muito, meu amor - os pêlos da sergal se arrepiaram ao chamá-lo de amor. Sentia até vontade de chorar, de beijá-lo loucamente, de tirar suas roupas e... Mas tinha que controlar cada movimento...

— Eu amo você - sussurrou fazendo ela sentir seu leve hálito no rosto.

Eles se olharam com amor... Com felicidade... Como quem teve o sonho enfim realizado e se beijaram lentamente, saboreando cada momento.

Com um botão, uma música lenta tocou. Lenna o abraçou com a cabeça no peito do amigo. Verloran beijou o topo de sua cabeça, a envolveu com seus braços e seguiu os passos da dança.

Ambos se desgrudaram, se olharam e seguraram as mãos um do outro. Lenna guiou, com um sorriso, a mão do rei até sua cintura...

Que as festas comecem...

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Beast Hunters" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.