As aventuras do Titio Flash - II escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 2
Sobre refeições noturnas e vultos na janela




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— Caraca, é muita roupinha pra aquele cisquinho de gente! – Wally disse assombrado com o que havia dentro daquele guarda-roupa, no qual estavam roupinhas de todos os tamanhos para todas as fases de crescimento da menina.

Olhou o livro que tinha na mão esquerda e, com a mão direita, puxou uma peça de roupa aleatória sem muito cuidado. O resultado foi imediato: todas as roupinhas de Dara foram ao chão, para desespero do ruivo.

— Essa não! – exclamou.

Do monte de roupinhas que caiu, Wally procurou até encontrar as peças certas para uma recém-nascida. Até então, fora essa a parte mais fácil. Colocou as peças sobre a cômoda, junto com o “Como ser uma babá” e tratou de enfiar todas as roupinhas no guarda-roupa.

Coçou o queixo pensativo. Não podia enfiar essas roupas no guarda-roupa de qualquer jeito.

Catou todas as blusinhas, calças, macacõezinhos, casaquinhos e demais peças e jogou dentro do berço. Com a sua velocidade de Flash, Wally West foi separando as peças por tamanhos, cores e tipos por pilhas. E, bem rapidinho, fez inúmeras vezes o trajeto do berço ao guarda-roupa e vice-versa, tentando organizar da melhor forma possível aquilo lá para que não desabasse e soterrasse quem o abrisse novamente.

Pegou rapidamente o que mais faltava e saiu mais do que depressa dali, chegando à suíte em um piscar de olhos.

—Prontinho, princesa! – disse. – Desculpa a demora!

— Mas você levou apenas dois minutos!

— É que eu tive um pouco de dificuldade de achar o que precisava, aí demorei mais.

Após isso, sob os olhares curiosos dos dois homens, Diana colocou a filhinha na banheira com todo o cuidado, dando o banho em Dara. Em seguida, Bruce deu-lhe a toalha para embrulhar a pequena e enxugá-la. E, depois, trocou a menina e a vestiu.

Ao final, Diana disse:

— Deu para vocês verem como é preciso cuidado? Não tem como ser muito rápido.

— É, tem razão. – Wally cedeu. – Nem tudo se pode fazer rapidinho.

*

Alta noite. Um bocejo sonolento se fez escutar no trajeto do quarto de hóspedes até a cozinha. Wally estava indo ali para fazer uma boquinha noturna e saber como os ricaços assaltavam a geladeira.

— Tô quase chamando o Jarbas pra localizar a cozinha pra mim, o caminho tá longo e não tenho nem um GPS... – o ruivo murmurou enquanto esfregava os olhos carregados de sono. – Mas tô tão varado de fome que vou ter que fazer esse sacrifício.

De pijama curto, o homem mais rápido do mundo por fim achou a dita cozinha. Acendeu a luz e ficou de boca escancarada quando viu o tamanho do local. Nunca tinha ido lá antes, afinal só os melhores chefs é que tinham total acesso, enquanto os patrões, convidados e penetras ficavam na suntuosa sala de jantar.

Olhou para trás e para os lados antes de percorrer em um milésimo de segundo o trajeto à geladeira duplex imensa. Abriu-a e deu de cara com uma geladeira farta e com muitas iguarias às quais poucos mortais tinham acesso.

—Caraca...! – exclamou. – Por onde eu começo a assaltar essa geladeira do Morcegão?

Deu uma rápida investigada na geladeira, avaliando o que poderia ser usado num bom sanduba. Analisou tudo, até chegar à conclusão de que era melhor fazer algo básico mesmo. Pegou um pão, passou patê de atum, colocou queijo cheddar dentro, junto com salame, tomate e alface. Não queria comer algo muito pesado e depois ter pesadelos.

Quando ia dar a primeira mordida em seu lanche, viu um vulto passando pela janela. Pelo jeito a fome danada com que estava começava a lhe pregar peças na cabeça. Deixou o lance do vulto pra lá e voltou suas atenções ao seu sanduba pronto para ser devorado.

No entanto, parecia que a primeira mordida não iria sair mesmo, porque viu novamente o tal vulto pela janela, mas desta vez fora bem de perto. Deixou o sanduíche de lado e, sem pensar em mais nada, abriu a janela da cozinha, o que fez um barulho considerável. Porém, não olhou para baixo antes de saltar e tomou um belo de um tombo, indo parar em cima de latas de lixo e fazendo um grande escândalo.

*

O barulhão da cozinha, obviamente, foi ouvido por toda a Mansão Wayne. De um salto, Bruce e Diana acordaram ao mesmo tempo em que Dara desandou a chorar por conta do susto causado pelo estardalhaço.

— Que barulho foi esse? – Diana perguntou.

— Vou investigar. – Bruce respondeu enquanto se levantava. – Embora eu já tenha um suspeito em potencial.

O moreno saiu rapidamente do quarto e se dirigiu à fonte daquele estardalhaço todo. No caminho encontrou Alfred que lhe disse:

— Patrão Bruce, ao que parece o Sr. West estava na cozinha.

— Eu já imaginava!

Tinha agora a total certeza de que aquele pentelho ruivo tinha sido o causador daquela barulheira toda. Mas ele iria ver só quem mandava naquela mansão e estava disposto a fazer Wally West andar na linha a partir de agora!

*

Emergiu do monte de latas de lixo no qual havia caído. Levantou-se, torcendo o nariz por conta do fedor dos restos orgânicos que estavam nas latas. Retirou dos cabelos ruivos uma casca de banana e cascas de ovos, bem como um aspargo que estava preso à orelha como se fosse uma caneta, além de duas rodelas de pepinos que estavam grudadas por sobre seus olhos. Tirou também restos de verduras que estavam por cima de seus ombros.

— Eca, que nojo! – Wally fez uma careta após cheirar seus braços.

Por que não olhara para baixo antes de saltar a janela da cozinha? O ruivo se recriminava pelo vacilo que tinha dado na hora. Mas que tinha visto o tal vulto ali, tinha visto, sim! Algum espertinho havia burlado o esquema de segurança da mansão!

Ouviu um choro de criança ecoar. “Que ótimo!”, pensou com ironia. “A Bebê-Maravilha tá esgoelando no choro...! O Morcegão vai me falar um monte!”

— Já sei! – estalou os dedos enquanto murmurava seus pensamentos. – Vou tentar entrar de fininho pela porta da frente, é só eu acertar a combinação da fechadura eletrônica da porta principal. Entro bem depressa e, sem ninguém notar, tomo um banho, me livro dessa catinga toda, cato meu sanduba, como e durmo! Ah, moleque, sou um gênio!

Com sua supervelocidade, Wally percorreu todo o terreno no qual estava a mansão, para checar se não havia nenhum vulto abelhudo. Certificando-se de que não havia ninguém ali, correu à toda até a porta principal da Mansão Wayne, na qual testou todas as combinações possíveis de senhas, até que em poucos segundos conseguiu destravar a porta.

Empurrou a porta bem devagarzinho, para que ela não rangesse e não fizesse mais nenhum barulho, visto que por fim o choro de Dara havia cessado. Entrou de mansinho e digitou a senha que travou a porta.

Para se certificar de que ninguém o notaria, deu alguns passos na pontinha dos pés e, quando ia se preparar para correr com a sua grande velocidade, deu de cara com quem menos queria. À sua frente, estavam Bruce e o mordomo Alfred.

A primeira reação de Wally foi estacar. A segunda foi engolir seco. A terceira foi exclamar:

— Sujou!


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Notas finais do capítulo

CONTINUA...



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