Um amor de contrato escrita por Andye


Capítulo 29
É o fim, acabou!


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, tudo bem com vocês? Dei uma sumida, desculpem-me por isto, mas a vida não tem sido nada fácil.

Entre as muitas perdas para a triste da COVID-19, enfrentei uma crise de depressão, infelizmente. Além disto, tive muitas atividades da escola (onde trabalho), prestações de conta, mestrado, entre outras coisas.
Como se não fosse o suficiente, meu PC quebrou e fiquei umas 2 a 3 semanas indo de um técnico a outro até que, finalmente, um abençoado consertou.
Problemas caminhando para a solução, enfrentei uma crise de escrita, ou seja, as ideias estavam na cabeça, mas não saíam para o "papel".
Então, finalmente, consegui me inspirar e me forcei a finalizar a nossa história, ou seja, ela já está concluída e, com isto, não terei mais hiatos para com vocês.
Então... Além de saber o que acharam do capítulo, gostaria de saber como querem que eu poste os 06 (seis) restantes:

1 - preferem que eu poste 1 por domingo;
2 - preferem que eu poste 2 por final de semana;
3 - preferem postagens todos os dias até encerrar.

Fico no aguardo do que preferem e, da mesma forma, espero que entendam meu sumiço. Aproveito para agradecer a cada leitxr que aqui voltar. Pensei muito em vocês nesse tempo de ausência e voltei por vocês. Obrigada!



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Rony, sentado na cadeira do escritório, tinha os cotovelos sobre a mesa de trabalho. As mãos, espalmadas, sustentavam a cabeça e massageavam a testa. Os olhos fechados, a mente a mil por hora. Tudo parecia uma loucura.

Seguia aquelas semanas com a sensação de que a sua vida tinha perdido a cor. Há dias trabalhava em casa, não acreditava ter forças para sair de sua privacidade. Não tinha forças para continuar nada. Tudo parecia estranho.

...

"Claro que sim, Ron... Claro que sim!"

Hermione havia respondido ao seu pedido de compromisso com entusiasmo. Ela parecia sincera. Tudo parecia tão fácil e simples agora que eles haviam decidido assumir que realmente se gostavam, mas ele sabia, ele sentia no fundo do coração, que as coisas não ficariam daquele jeito por muito tempo.

— Ela está bem? — Hermione perguntou quando ele chegou depois de ir até o hotel onde Chloe estava.

— Sim… Aconteceu uma troca de bagagens. Ela ficou irritada porque havia esboços de seus próximos trabalhos…

— Compreendo… 

— Mas já resolvemos tudo. O Harry conseguiu um hotel pra ela e, aparentemente, ela se sentiu melhor por lá.

— Fico feliz que tudo tenha se resolvido sem causar maiores problemas.” 

...

Desde aquela noite, onde foram interrompidos, que ele percebera a mágoa de Hermione. Já havia tentado conversar algumas vezes, mas ela parecia não querer falar sobre o assunto.

Ele estava convicto que aquilo a incomodava e decidiu, a partir dali, falar o mínimo possível sobre a artista e parar de permitir que ela os interrompesse e se metesse em sua rotina. Os esforços pareciam não dar em nada. Chloe Wrigth parecia ter o poder de brotar entre eles nos mais variados momentos.

...

" — Eu não tenho motivos para interferir no seu trabalho, Rony. Eu entendo que isto faz parte da sua rotina. Não quero me meter nisto.

— Eu só preciso que você entenda que não há nada entre ela e eu. Não há mais nada desde que eu te conheci.

— Eu acredito em você, de verdade — ela parecia sincera, embora os olhos demonstrassem tristeza.

— Eu… “queria nunca ter tido nada com ela” — a frase ficou apenas em sua mente. Ela o interrompeu.

— Você não precisa me dar explicações sobre nada, Rony, já te falei que está tudo bem — ela forçou um sorriso — É melhor você ir de uma vez, antes que as coisas fiquem mais complicadas."

Mas nada estava bem. A sombra de Chloe havia adentrado a sua casa e seus esforços não pareciam suficientes para apagá-la. Desde a ligação da mulher, semanas atrás, tudo parecia desandar, por mais que eles tentassem manter o foco.

E ele sabia que Hermione tentava e se esforçava ao máximo e o seu maior medo era que ela, mesmo que por um breve instante, imaginasse que ele poderia pensar em traí-la, por isso insistia em afirmar todas as vezes possíveis que aquilo não aconteceria. 

Ele já havia vivenciado aquele tipo de situação, sabia que a mulher também. A sensação de ser enganado era uma das piores que ele já havia sentido e não conseguia imaginar o que poderia acontecer com os dois se aquele pensamento se tornasse real, se Hermione achasse que ele não a amava, que ele mentia.

— Eu não acredito que eu seja necessária na abertura da exposição, Rony — Hermione não fazia ideia do quanto parecia distante — Prefiro ficar com as crianças, aqui em casa. Pode ir sem mim.

— Mas eu gostaria que você me acompanhasse...

— Você sabe que não sou chegada a aglomerações — ela sorria, mas os olhos estavam tristes, como já seguiam havia semanas — Não vou acrescentar em nada, muito menos farei falta.

— Fará, pra mim.

— Mas eu estarei aqui quando você voltar."

Era verdade. Ela estava lá quando ele voltou, mas desde aquele último sábado de setembro que Hermione Granger havia deixado de ser, por completo, a mulher que ele conhecia. Ela seguia fria e distante e o assustava a cada nova atitude.

— Como foi tudo? — ele a encontrou na biblioteca lendo um livro. Eram quase duas da manhã e ela permanecia acordada. Os olhos estavam vermelhos. ‘Ela chorou?’

— Deu tudo certo… — ele respondeu receoso. Não queria forçar uma conversa estranha — Foi tudo como sempre é.

— Fico feliz que tudo tenha corrido bem, sem contratempos...

— Não... a equipe trabalhou muito bem...

— Que bom.

— O Harry perguntou por você...

— Acredito que sim, mas eu já tinha avisado à Gina que não iria.

— Sim, ela comentou...

— Acho que vou deitar. Você deve querer tomar um banho e descansar também. Vou ficar no meu quarto, caso precise de alguma coisa.

— Por que vai para o seu quarto? Não vai... dormir comigo? — ele perguntou com os olhos arregalados. Assustou-se com aquela situação.

— Acho melhor não. Você deve estar exausto e querendo descansar. Também estou com um pouco de dor de cabeça e é melhor que a gente possa ficar tranquilos...

— Mas... Hermione — ele não concluiu o seu pensamento e viu a mulher passar por ele, seguindo pela porta em direção ao quarto adjacente, ao qual ela entrou pela porta lateral.”

Desde então, Hermione não voltou para seus braços e a cabeça de Rony fervilhava tentando entender o que aconteceu com eles. Hermione havia se fechado em um mundo no qual ele não parecia fazer parte.

Sentiu toda estranheza da parte dela durante a comemoração do aniversário de Rose. Ela parecia atuar diante de todos, não era sincera em suas palavras, os olhos pareciam distantes e só demonstrava estar feliz na presença das crianças.

Rony, porém, não desistiu. Naquela mesma noite tentou, mais uma vez, descobrir o que estava acontecendo, mas ela não lhe deu qualquer brecha, permanecendo inabalável, saindo de sua presença e trancando-se em seu quarto.

Pensou que, talvez, Harry tivesse se enganado e que ela tenha perdido o encanto por ele após sua declaração de sentimentos. Tentou confortar-se e conformar-se de várias formas, mas, no seu interior, ele sabia que a mudança de postura de Hermione tinha nome e sobrenome, ele só não sabia a proporção.

Agora, estava prestes a comemorar o primeiro aniversário de Hugo. Pensava naquele maldito contrato que tinha com ela, contrato este que ele, muitas vezes, pensou em anular, mas que não teve oportunidade de conversar com ela sobre tal pensamento. 

O coração seguia apertado minuto a minuto. Tinha medo que, assim que o último convidado fosse embora, Hermione saísse do seu quarto com as malas feitas, com as duas crianças, informando que iria embora dali para sempre. Não sabia o que fazer, como reagir. Sentia-se fraco.

A decoração da sala da casa parecia um céu. Balões presos ao teto tinha o formato de balões de ar. Tudo contrastava harmonicamente entre tons de branco, azul céu, amarelo e laranja. Naquele primeiro domingo de novembro, Hugo era um voador.

Quem voava também era a mente de Hermione em meio àquelas pessoas estranhas, mas conhecidas devido ao "marido". Estava feliz pelo filho, pelas conquistas ao longo daquele um ano e por sua saúde, mas ela desejava ardentemente que aquela comemoração acabasse o quanto antes.

Não se sentia à vontade no meio daquelas pessoas e sua única escapatória eram os amigos, Gina e Harry, sempre presentes em sua vida, ou os bons momentos nos quais se distraia com os filhos.

— Você tá muito estranha, Hermione — Gina pontuou mais uma vez durante aquela tarde — O que você tem? Fala de uma vez!

— Só estou cansada, Gina — ela mentiu — Não é fácil organizar um aniversário, sabe?

— Nem quando a gente fazia tudo à mão para os aniversários da Rose você ficava assim... O que tá rolando? Aproveita que a criançada está afastada e que somos só nós duas.

— O contrato, acaba hoje — ela comentou. Observou o filho nos braços de Rony que, assim como ela, parecia estranho, tenso. Mais adiante Rose brincava com alguns amiguinhos da escola e filhos de acionistas.

— E o que pretende fazer? — Gina perguntou parecendo convencida daquele motivo.

— Ainda não sei...

— Não conversaram sobre isto? — ela estranhou — Eu pensei que tinham cancelado o contrato...

— Cancelado? Por quê?

— Não sei bem... — Gina pareceu incomodada por ter falado mais do que devia — O Harry comentou algo sobre isso. Talvez eu tenha entendido errado.

— É... Provavelmente, sim.

— Tá acontecendo alguma coisa entre vocês? — Gina observou, sempre perspicaz.

— Por que estaria acontecendo alguma coisa, Gina? — Hermione olhou-a nos olhos e sorriu — Está tudo bem. Logo vamos resolver tudo e as coisas ficarão bem.

— Tudo bem — a outra suspirou dando-se por vencida, embora não convencida — E o trabalho, como está?

— Muito bom! — Hermione pareceu se animar pela primeira vez naquela tarde — Acredita que consegui fazer duas revisões essa semana?

— Nunca conheci alguém que gostasse de ler mais do que você, Mione... Esse trabalho é perfeito pra você!

— Ainda não me lembro de ter mandado currículo pra essa editora, mas pode ter sido naquela leva antes de mudar para esta casa. Mandei tantos currículos que nem sei quais foram.

— Provavelmente. O timer deles é meio lento por entrarem em contato mais de um ano depois, mas o que importa é que agora você tem um trabalho, e um trabalho que você gosta e paga bem!

— Sim!

*Horas depois*

— Ele já dormiu? — Rony perguntou sobre Hugo. Já havia colocado Rose para dormir também.

— Sim... Foi fácil — ela respondeu — Estava muito cansado. O dia foi agitado pra ele.

— Rose também... praticamente apagou.

— Imagino que sim.

Fez-se um breve silêncio entre eles. Estavam ambos no escritório e o clima seguia com alta tensão. Hermione havia ido buscar o manuscrito no qual estava trabalhando e encontrou o ruivo avaliando alguns papéis.

— Rony, vou aproveitar o momento e te avisar que estou indo embora com as crianças amanhã.

— Como é? — ele pareceu surpreso, abalado — Como você vai embora amanhã? Por que não me avisou antes? Queria ter conversado com você sobre isto, sobre o contrato...

— Não achei que era importante te falar sobre minhas decisões — ela respondeu sem muita emoção — Apenas resolvi. Sabemos que o contrato só é válido até o dia do aniversário do Hugo, ou seja, hoje, e eu não pretendo estender a situação pela qual estamos passando por muito mais tempo. 

— Hermione, vamos conversar melhor sobre isto — levantou-se e foi em direção a ela.

— Não temos o que conversar, Rony — ela deu dois passos para trás, afastando-o — Eu já decidi. Estou indo embora amanhã com as crianças.

— E onde vão viver? Como irão viver? — ele, ao contrário dela, parecia em desespero.

— Já encontrei um apartamento, é amplo, as crianças terão seus quartos individuais — ela continuou — Com o trabalho, consigo pagar as despesas com tranquilidade.

— Mas... E com quem as crianças irão ficar enquanto você trabalha? 

— Rony, eu sou revisora e posso trabalhar em casa na maior parte do tempo — ela o olhou sem qualquer expressão — Não vai ser diferente da rotina que vivemos aqui. E quando for necessário, eu contrato uma babá.

— Hermione...

— Também irei entrar em contato com o Harry sobre o valor que você deposita. Quero que seja integral para as crianças. Estou trabalhando. Posso pagar por minhas próprias necessidades agora. 

— Mione...

— Também vou deixar o carro que você me deu. Vou comprar um a meu gosto mais para a frente...

— Hermione, por favor, para com isso...

— Para com isso você, Ronald — ela falou com firmeza e ele a encarou com tensão, medo — Foi você quem escreveu esse contrato e eu apenas concordei com as cláusulas que haviam nele. Você sabia desde o início que este dia iria chegar, então não fique agindo como se fosse algo inédito em sua vida, porque foi você quem decidiu que tudo fosse assim. A partir daqui, seguimos, cada um, nossas vidas individualmente. Agradeço por tudo o que fez, principalmente por ser um pai para a minha filha...

— Não me agradeça por isso — ele interrompeu.

— Nunca imaginei que algo assim poderia acontecer pra ela...

— Eu amo a Rose da mesma forma que amo o Hugo...

— E ela é feliz com isso...

— Não me agradeça por amar a minha filha — ele falou com firmeza e ela o olhou. Pareceu o único instante no qual se abalou.

— Tudo bem... Eu só queria te avisar. Amanhã, quando você voltar da empresa, já não estaremos aqui. Depois combinamos com o Harry como ficarão as suas visitas às crianças. Boa noite!

— Hermione... — ela não parou e continuou saindo da biblioteca — Hermione, espera — finalmente parou, a mão sobre a maçaneta da porta — E tudo o que vivemos durante esses meses? E nossos planos, sonhos? Como ficam? 

— Planos? — ela murmurou, ainda de costas.

— E o anel? Nosso compromisso? Eu pensei que nós... 

— Eu vou deixar o anel sobre a escrivaninha do quarto adjacente...

— Não quero que deixe o anel, Hermione — ele a interrompeu novamente.

— Assim você pode dá-lo a quem você quiser — continuou.

— Não tem ninguém que mereça o anel além de você!

— Não minta — ela virou-se. Os olhos úmidos, a face vermelha — Não seja ridículo, Rony.

— O que está acontecendo, Hermione? — ele se aproximou mais, totalmente confuso. Acreditava nos sentimentos dela.

— Eu não vou atrapalhar a sua vida. Nem eu, nem meus filhos. Faça o que quiser — e virou-se para sair novamente.

— Você não me atrapalha — ele a parou segurando em seu braço — Nem você nem nossos filhos.

— Me solta — ela falou ainda de costas para ele.

— Não. Você tem que me explicar o que está acontecendo.

— Não preciso explicar nada. Você sabe muito bem sobre tudo o que já falei.

— Hermione, por favor... — ele suplicava, indo para a frente dela, os olhos não se continham; chorava — Não vai embora. Eu preciso de você, preciso das crianças. Minha vida inteira mudou depois de vocês. Não me faz perder tudo por nada...

— Nada?

— Você não precisa ir embora. Eu falei com o Harry sobre o contrato e estava esperando o aniversário de Hugo pra dizer que…

— Eu vi vocês se beijando — Hermione seguia inabalável, além dos olhos umedecidos. 

— Quê? Quem? — Rony não parecia entender.

— Você e a Chloe. Não vou atrapalhar a sua vida.

...

— Você está sendo uma idiota em não querer ir para a abertura do evento — Gina ralhou mais uma vez — O Rony é um chato, mas ele queria você lá.

— Gina! — Hermione repreendeu.

— Meu pai não é chato, tia Gina — Rose, se pintando com a maquiagem da mãe, rebateu.

— É modo de falar, boneca — Gina se desculpou — É que ele é meio fechadão.

— Como assim? — Rose olhou com estranhamento para ela. Uma pálpebra estava verde e, a outra, azul.

— Não gosta muito de conversar com estranhos...

— Ah... — a menina voltou à sua maquiagem — É verdade...

— E como você sabe disso? — Hermione perguntou sem muito entusiasmo — Que ele me quer lá?

— O Harry me falou — a mulher olhou com convicção para a outra — E tem aquela mulher. Você não deveria deixar seu marido sozinho com ela.

— Que mulher? — Rose se meteu mais uma vez.

— Uma amiga do papai que a tia Gina também não gosta — Hermione explicou de uma vez — Ele não é o meu marido — ela sussurrou para a amiga

— Por favor, eim... — Gina a olhou com repreensão e cochichou, Hugo, nos braços de Hermione, começando a conversar com as duas com seus balbucios — Vocês são casados e dormem juntos. Que outro nome se dá a isso?

— Tudo bem... — Hermione sorriu sem ter como rebater — Mas não estou animada para ir. E o Rony já está lá.

— E por que você não vai só e faz uma surpresa pra ele?

— Surpresa, Gina?

— Sim... Ele vai ficar feliz de te ver lá. Eu acho!

— Vai, sim, mamãe! O papai adora te ver.

— Meu amor...

— Ele me disse... — Rose comentou — Ele falou que adora ficar te olhando — Gina olhou para a amiga e fez uma cara provocativa.

— E quando o Harry chega? — Hermione soltou sentindo a face quente.

— Quer que eu vá embora mesmo? — olhou-a com indignação.

— Claro que não — Hermione sorriu.

— Ele foi resolver algo da abusada da "senhorita Wright" — Gina fez uma careta ao falar o nome da outra — Que mulher chata! 

— Gina! — Hermione ralhou e apontou para Rose com os olhos.

— Mil e um problemas desde que ela chegou. Não lembro de ter sido assim das outras vezes...

— É... Ela parece não está bem dessa vez, ao contrário de você que está lindíssima.

— Parece uma princesa, tia! 

Gina usava um vestido preto, longo, com alças e um amplo decote V no busto. O cabelo, na altura dos ombros, havia sido amarrado na lateral. A mulher havia feito cachos desorganizados nele. Os saltos, muito altos, deixavam-na ainda mais alta e esguia. Uma perfeita modelo, se assim quisesse ser.

— Obrigada! — ela respondeu terminando a maquiagem e indo até o guarda-roupas de Hermione.

— O que foi?

— Vou ver alguma coisa que você possa usar, caso mude de opinião e queira ir ao evento — Rose correu até a tia.

— Eu não vou, Gina...

— Mas vai que você decide ir... Esse aqui — era o vestido do casamento — Ele ainda serve?

— Acredito que sim. Já voltei ao peso de antes faz uns meses.

— Ótimo! Você pode usar com esses sapatos — era um salto nude que Hermione só havia usado uma vez desde que comprou — e a maquiagem... Bem. Coloca uma sombra marrom nos olhos, o rímel e pó... Sua pele é ótima, não precisa de muito. 

— Eu posso ajudar! — Rose se indicou com sua maquiagem que mais parecia um arco-íris.

— Ótimo, Rose! — Gina apoiou — E no cabelo, você pode fazer o coque banana que te ensinei, ainda lembra?

— Sim — Hermione sorriu.

— Coloca esses brincos e essa pulseira — a pulseira que ela tinha ganhado — E estará linda!

— Você é uma louca...

— Que você adora! Chama aquela menina que cuida das crianças e vai se arrumar. Vai ser bom se distrair um pouco também. 

— Gina...

— Vai, sim, mãe! — Rose foi ao encontro da mulher — Eu te ajudo a se arrumar.

— Te espero lá — ela falou guardando o celular na bolsa e piscando o olho para Rose — O Harry está lá embaixo. Não demora.

Gina havia ligado para Hermione horas atrás perguntando se poderia se arrumar em sua casa para o evento. Disse que não queria ficar em casa sozinha, porque Harry ia resolver algo do evento, mas Hermione sabia que tinha algo mais.

Quando a ruiva chegou, o clima tenso que havia se instalado sobre a casa e Hermione se dissipou. Gina era maravilhosa em todos os aspectos, além de conhecer a outra como a si mesma. 

Foi através dessa visita e das palavras da amiga, e da filha, que Hermione resolveu voltar atrás, mais uma vez, e tentar viver bem com o ruivo. Aquilo só duraria algumas semanas, de fato, e mesmo que de forma falsa, ela era a senhora Weasley.

Quando chegou no evento, tudo já corria a algum tempo. Foi cumprimentada por alguns acionistas e famosos que ela começava a conviver enquanto procurava o marido.

— Senhora! — era uma das secretárias de Rony.

— Tudo bem, Megan?

— Claro! — a jovem pareceu animada — Pensei que a senhora não viria. Já fizemos a abertura.

—  Sim… Tive um contratempo com a babá, mas tudo deu certo, no final.

— A senhora está muito linda!

—  Obrigada, querida. Você viu o Rony?

— Faz uns cinco ou dez minutos que ele foi naquela direção — ela apontou para a esquerda — É onde fica o jardim.

— Certo. Muito obrigada. Irei encontrá-lo!

— Estou feliz que a senhora conseguiu vir. Fique à vontade e fale comigo se precisar de algo.

— Obrigada, Megan!

Hermione seguiu o caminho indicado por Megan e, durante o trajeto, cumprimentou mais algumas pessoas. Estranhou não ter visto Chloe enquanto caminhava. 

De repente, se viu em uma varanda e imaginou que a rampa que subiu a levou até ali. O caminho da direita a teria levado até o jardim no andar de baixo.

Dali, na varanda, ela conseguia visualizar todo jardim que Megan tinha indicado, assim como Rony, debruçado sobre uma mureta, olhando para o céu. Sorriu ao vê-lo.

Antes que pudesse descer ao encontro do ruivo, observou aquela mulher, alta e esguia, em um vestido provocante, se direcionar até ele. 

Não conseguiu reagir e permaneceu onde estava, imóvel. Chloe tocou o ombro dele e ela sentiu o peito gelar tamanha a intimidade entre os dois. Rony se virou para ela, mas ela não conseguiu identificar, devido à distância, se ele havia lhe sorrido.

Conversaram por um tempo e, por um breve instante, Hermione desejou ser um mosquitinho para poder ouvir o que eles falavam. Suspirou e, em seguida, sentiu o coração parar. 

Chloe se aproximou do ruivo, as mãos apoiadas nos ombros de Rony, e o beijou. Hermione sequer teve forças para manter-se de frente para os dois. Virou-se e, em disparada, rumou para a porta central, chamou um táxi e partiu.

— Você foi?

— Sim, Rony. Eu fui idiota o suficiente para ir te procurar.

— Aquilo não foi um beijo…

— Não foi o que me pareceu. 

— Ela tentou, mas eu não permiti. Eu não a beijei, Hermione.

— O que isso importa agora? — ela continuava centrada, estranhamente controlada.

— Claro que importa. Deixa eu te explicar!

— Explicar o quê?

— O que aconteceu. Eu não a beijei, Hermione… Não... 

— Você poderia ter me explicado o que aconteceu há dois meses, quando nos encontramos bem aqui, nesse lugar. Foram dois meses desde aquele dia e você não falou absolutamente nada. 

— Porque não era importante.

— Você seguiu a vida tranquilamente…

— Não houve nada…

— Não me falou nada…

— Porque não houve nada, Hermione. Me escuta!

— Você teve dois meses... Você me viu estranha, você sequer pensou em ser sincero…

— Eu tive medo…

— Depois de tudo o que vivemos, depois de tudo o que você me falou que sentia…

— Eu sinto, Hermione, nada mudou. Eu…

— Sentimentos soltos ao vento, palavras…

— Verdadeiras. Eu te amo, Hermione!

— Você me traiu! 

— Eu não te traí, Hermione — ele se exaltou.

— Não minta! Não seja fingido! 

— Não estou mentindo. Eu nunca fingi nada — ele chorava ainda mais; ela parecia, finalmente, ter perdido seu autocontrole.

— Você não me contou! — ela falou num tom mais alto, mais forte — Você não me contou e nada do que fale, a partir de agora, tem sentido pra mim. 

— Hermione…

— Estou indo embora com as crianças amanhã — enxugou as poucas lágrimas que havia derramado — Faça o que quiser com a sua vida a partir de então — dizendo isto ela se direcionou à porta e a fechou atrás de si.


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Notas finais do capítulo

Aguardando os comentários e desculpem por já voltar com algo tão triste para o nosso casal...



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