Sempre Em Minha Vida escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 9
Capítulo 09 — Laços de Sangue


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Tudo bem com vocês? Espero muito que sim.
O capítulo de hoje é dedicado a Lili Swan, em agradecimento a linda recomendação feita a essa fic e também a One-Shot “Papai”. Obrigada, Lili, de coração. Espero que goste ;)



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Algumas horas se passaram desde que Emmett entrou aquela manhã na casa que Rosalie e Joshua viviam. Entregando ao menino os presentes que escolheu pensando nele.

Joshua gostou demais dos presentes. Embora, estar ao lado do pai fosse o melhor de todos os presentes que alguém já o presenteou. Vinha sonhado com esse momento há algum tempo. Imaginando como seria. Estava sendo melhor que qualquer coisa que tenha imaginado.

Os dois ficaram um bom tempo no quarto vendo álbuns de fotografias. Joshua se esforçou para contar, em detalhes, cena das quais ainda se lembrava. Obviamente as mais recentes.

Rosalie não conseguiu deixar de pensar neles, mesmo sabendo que precisava se concentrar em picar verduras e legumes na cozinha para o almoço. Aqui e ali conseguiu ouvir um pedaço da conversa dos dois.

Ouviu passos, e, quando olhou na direção da porta, Joshua e o pai estavam na cozinha, um ao lado do outro.

— O almoço está quase pronto — avisou. A faca que segurava, ficou ao lado da tábua de cortes na ilha da cozinha.

— Papai me chamou para almoçar fora com ele.

As palavras do filho a pegou de surpresa. Não pôde deixar de se sentir triste com o que acabou de ouvir, esperava almoçarem em casa.

— Josh e eu vamos almoçar fora. Apenas nós dois — fez questão de lembrar.

Ficou com a impressão de ele ter feito de propósito. Começou a preparar o almoço para os três, com um pouco de atraso era verdade. E ele resolveu almoçar fora, convidando apenas Joshua.

— Mas… — começou falar quando Joshua interrompeu.

— Posso ir mamãe?

— Você quer ir?

— É claro que ele quer — Emmett afirmou, sendo um tanto grosseiro com ela. Deixando-a ainda mais desconfortável com a situação.

Joshua pareceu não notar, empolgado demais com tudo o que o pai fazia. Ficou apenas aguardando a resposta da mãe.

— Divirta-se filho — ela se esforçou em sorrir para ele.

— Obrigado, mamãe.

Joshua disparou para fora da cozinha, lembrando-se de chamar o pai quando já estava alcançando a porta da frente.

— Vamos, papai!

— Ele já está te chamando de papai — notou Rosalie.

— Ele é meu filho. É uma criança. O que você esperava?

— Está fazendo de propósito?! Levando ele para almoçar fora quando estou preparando comida o suficiente aqui para todos.

— Quero ficar um tempo sozinho com meu filho. Qual o problema nisso? Não acha que já ficou tempo demais com ele?

Quando se virava para ir atrás de Joshua, Rosalie chamou sua atenção.

— Espere!

Emmett se virou olhando outra vez para ela, esperando que fosse continuar se queixando.

— Josh é alérgico a amendoim.

Ele meneou a cabeça, mostrando ter guardado a informação.

— Só para você saber o que ele deve ou não comer.

— Certo, alérgico a amendoim. Não se preocupe, não darei nada que tenha amendoim na fórmula para ele comer. Algo mais que eu deveria saber?

Rosalie balançou a cabeça, negando.

— Certo — respondeu Emmett, tornando virar de costas para ela.

— Vamos, papai.

— Estou indo filho.

— Até mais tarde, mamãe.

— Até mais trade, vida. Divirta-se!

Ouviu Joshua, animado, falar com o pai quanto o dia estava sendo maneiro, que não via a hora de apresentá-los aos amigos.

A casa pareceu silenciosa demais depois da partida deles. Não conseguiu evitar sentir ciúmes por Joshua não se incomodar em deixá-la sozinha para sair com o pai que acabou de conhecer. Qualquer vontade que pudesse ter de comer passou por completo. Não fazia sentido continuar preparando almoço se ninguém iria sentar para comer. Desligou o fogo, jogou o pano de pratos em cima da ilha, após enxugar as mãos, e saiu da cozinha.

O celular estava em cima da almofada do sofá. Ela sentou e abriu o aplicativo de mensagens. Avaliando os nomes das pessoas com quem poderia desabafar, acabou mesmo se decidindo pela mãe. Enviou a ela uma mensagem dizendo que Emmett estava com Joshua. Que acabaram de sair para almoçar, sozinhos.

Levou cerca de cinco minutos para a mãe visualizar a mensagem. No minuto seguinte, o celular tocou com uma chamada de voz.

— Oi, mamãe.

— Você parece triste. O que houve? Não está feliz que os dois estão juntos?

— Estava preparando nosso almoço e Emmett simplesmente levou Josh para comer fora. Fazendo pouco caso do meu trabalho na cozinha. O pior é que meu filho nem se importou em me deixar para ir com ele.

— Querida, você está com ciúmes da relação que Josh está começando construir com o pai, ou por Emmett não ter te convidado para ir com junto?

Um gemido desgostoso deixou seus lábios. É claro que Esme saberia. Talvez tenha sido esse o motivo de tê-la escolhido para desabafar em vez de uma amiga.

— Um pouco dos dois, eu acho.

— Bom, é normal que Joshua tenha preferido ir com o pai. É o sonho dele sendo realizado. Pense que foi você quem proporcionou esse momento a ele.

— Acontece que também fui eu quem separou ele do pai todos esses anos. Sendo assim, não acho que tenha feito grande coisa em relação ao que está acontecendo na vida dele hoje.

— Está consertando as coisas, Rose. Ainda que desmereça sua atitude. Está permitindo que pai e filho construa uma relação saudável. Passou por cima dos próprios medos para tornar possível aos dois esse momento. Não se coloque para baixo assim.

— Acontece que agora Emmett me odeia. — Ela colocou as pernas em posição de meditação sobre o sofá. Passando a mão nos cabelos de forma desgostosa.

— Sei que ainda ama o pai de seu filho. Entendo que o fato de ele estar chateado esteja deixando você triste. Dê um tempo para ele, está bem? Mais cedo ou mais tarde essa raiva vai passar.

— Parece que vai ser mais tarde… — resmungou. — Bem mais tarde.

Teve impressão de ouvir a mãe rir do outro lado da linha.

— Agora você está soando como a Rosalie de doze anos de idade.

— Certamente, a Rosalie de doze anos me odeia pelo que fiz ao meu filho, afastando ele do pai maravilhoso que poderia ter tido desde sempre.

— O importante agora é que Josh e o pai estão juntos. E se deem bem.

— Tem razão, mamãe. Esse é o momento deles. Tenho de facilitar a convivência, não tornar as coisas difíceis. Mas não consigo deixar de me sentir excluída.

— Bem, não se sinta. Estou em casa com seu pai agora. Por que não vem ficar com a gente enquanto eles estão passeando. Um colinho de mamãe iria ajudar deixar de lado esse sentimento de exclusão que está te incomodando tanto.

— Adoraria poder fazer isso. Mas é melhor que eu fique aqui esperando eles voltarem. Preciso dar um jeito na minha cozinha. Larguei tudo como estava quando recebi a notícia que ficaria de lado durante o almoço.

— Tem certeza?

— Sim.

— Então, está bem. Se mudar de ideia, seu pai e eu estaremos aqui.

Pensou que foi ela a criar essa situação. Agora precisava encarar e aceitar as consequências.

Largou o celular de volta no sofá e voltou à cozinha para terminar o almoço e colocar em vasilhas para armazenar na geladeira.

Não conseguiu comer nada. O nervosismo tornou a comida sem gosto ao seu paladar. Deixou tudo em ordem na cozinha. Depois foi ao quarto de Joshua ver como estavam às coisas por lá.

Com exceção de álbuns de fotografias espalhados pela cama e os presentes ainda fora de lugar, estava okay.

[…]

Após almoçarem juntos num restaurante tranquilo no centro da cidade, Emmett e Joshua foram até a sorveteria tomar sorvete.

Joshua ficou radiante pelo fato de o pai acertar seu sabor de sorvete favorito.

Caminhavam pelo estacionamento, prontos para voltar para casa. O sol estava se pondo no horizonte. Levaram mais tempo na rua do que esperavam.

Aquela era a terceira casquinha que Joshua tomava; a segunda de limão.

A essa altura do dia, Joshua já contara ao pai quase tudo de que se lembrava sobre sua vida nesses quase oito anos. E feito muitas perguntas, também.

A duas vagas de distância de onde Emmett deixou o carro que estava usando, Joshua soltou mais uma:

— Você ainda não me disse por que nunca veio me visitar.

A surpresa no que ouviu, levou Emmett parar de caminhar. A chave do carro na mão, olhando no rosto do filho.

— Não sei realmente o que posso te contar.

Joshua curvou sutilmente a cabeça de lado. O sorvete a caminho da boca.

— Como assim? — pediu.

— É complicado, filho.

— O que é complicado?

Emmett olhou para os lados, ganhando tempo. Pensando no que dizer, e como dizer.

— Falar algumas coisas como porque ficamos todos esses anos sem nos ver.

— Você não queria me conhecer antes?

— É claro que queria. E teria adorado estar com você desde o início.

— Mentiroso — Joshua acusou sem rodeios. Decidido enfrentar o que achava ser mentira.

— Eu não estou mentindo para você.

— Está, sim — repetiu Joshua.

Emmett não planejou o que estava prestes a dizer. Apenas não conseguiu segurar diante as acusações do menino.

— A única pessoa que mentiu esse tempo todo foi sua mãe.

A expressão no rosto de Joshua se tornou zangada ao ouvir falar da mãe daquela forma.

— Minha mãe não é mentirosa.

— Ela mentiu para mim sobre você.

— Como assim? — pediu o menino.

— Eu não sabia de sua existência, Josh, até sua mãe me ligar, após ir à casa dos meus pais, buscando meu paradeiro.

Os lábios de Joshua tremularam. A mão que segurava o sorvete cedeu junto ao corpo e a casquinha de limão alcançou o chão no momento que seus dedos afrouxaram.

— Ela não fez isso.

— Eu sinto muito filho. Sua mãe fez isso, sim. Escondeu você de mim todos esses anos. Sua mãe foi egoísta. Não pensou em mim, nem mesmo em você. Fez tudo como desejou sem se importar com quem magoaria.

— Não fale assim de minha mãe — Joshua se estressou. Elevando a voz ao defender Rosalie.

— Eu entendo que você a ame e queira defendê-la, que ao saber disso se sinta com raiva e também confuso. Mas, essa é a única verdade. Ela enganou a nós dois.

— Não quero que fale mal de minha mãe — Joshua tornou se irritar.

Emmett segurou seus braços gentilmente.

— Não queria que tivesse sido desse jeito filho. Daria tudo para ser diferente.

— Me solte! — Joshua exigiu, sacudindo os braços. O tom de voz entregando que logo choraria.

— Não teria ficado um só dia longe de você se soubesse de sua existência.

— Não quero que fale essas coisas sobre minha mãe. Não quero! — Joshua se esquivou de suas mãos, correndo pelo estacionamento. Fugindo do pai e da verdade que os manteve longe um do outro por tanto tempo.

— Josh! Filho — Emmett chamou surpreso com sua reação. Preocupado que algo pudesse acontecer a ele correndo daquele jeito onde podia aparecer um carro a qualquer momento. — Josh — tornou chamar seu nome. Apresando-se em ir atrás dele. — Me desculpe filho. Não era minha intenção te chatear.

Emmett sentiu um tipo novo de medo quando, correndo, Joshua cruzou o caminho de um carro em movimento. O impulso o levou entrar na frente do carro para salvar o menino. Por sorte, o carro não estava em alta velocidade. E nem ele, nem Joshua caíram quando o livrou de ser atingido pelo veículo.

Longe do perigo, Emmett o colocou de volta no chão. Afagou suas costas atento a expressão no seu rosto.

— Você está bem? — tirando o medo estampado no rosto do menino, ele estava bem. Suspirou, aliviado quando Joshua confirmou com um sacudir de cabeça. — Não faça mais isso, filho. Quase me fez ter um ataque cardíaco.

— Se vai falar mal de minha mãe, não quero mais ficar com você. Pode voltar para Nova York.

— Não vou mais falar de sua mãe se isso te magoa.

— Pode falar. Só não pode ser coisas feias, nem mentiras.

Emmett quis dizer que não eram mentiras, mas preferiu não correr o risco de ele sair correndo outra vez.

— Tudo bem. Não vou fazer mais isso.

— Você promete?

— Prometo.

Joshua olhou para o lado. Parecia desapontado quando disse:

— Perdi meu sorvete.

Emmett esteve a ponto de sorrir tamanho o alívio que sentiu ao perceber que o motivo de ele estar desapontado agora era a perda do sorvete.

— Não tem problema. Podemos voltar lá para você escolher outro.

— Pode ser do mesmo sabor?

— Claro! O sabor que você quiser.

Emmett segurou sua mão, garantido que não fugiria de novo.

— Você não sabia mesmo sobre mim? — Joshua perguntou quando retornavam a sorveteria para pegar a bola de sorvete de número quatro.

— O que importa é que vim correndo te conhecer logo que fui informado.

Joshua meneou a cabeça. Emmett o ergueu no alto colocando sentado em seus ombros. Joshua achou demais estar nos ombros do pai, até brincou dizendo que agora tinha praticamente a altura de um dinossauro.

[…]

Rosalie recolheu todos os álbuns de fotografias, separando algumas para Emmett levar com ele. Guardou os presentes de Joshua na prateleira. Recolheu as embalagens de presentes destruídas para jogar no lixo.

Cruzava a sala com as embalagens e o papel de embrulho na mão, quando a campainha tocou. Deixou as coisas no sofá e foi abrir a porta. Sorriu ao ver que eram Joshua e Emmett de volta. Estranhando o fato de o sorriso no rosto de Joshua ter desaparecido no momento em que a viu.

Deixando ainda mais preocupada ao se recusar falar com ela quando entrou em casa. Ela olhou do menino para Emmett, sem saber o que poderia ter acontecido.

— Vida — falou assim que Joshua correu rumo ao quarto dele. Seu olhar estava em Emmett agora. — Por que tenho a impressão de meu filho está me evitando?

— Josh me perguntou por que nunca vim vê-lo?

Sem disfarçar a aflição, Rosalie pediu.

— O que disse para ele?

— A verdade.

— Como assim a verdade? O que disse a ele?

— Que eu não sabia sobre ele até você me procurar recentemente. Que escondeu Josh de mim!

— Como foi capaz de falar isso para ele? — acusou, sem acreditar que fez isso.

— Meu filho me questionou sobre não querer conhecer ele. O que queria que eu fizesse? Deixasse acreditar que não o amava? Por isso nunca estive ao lado dele?

— Agora ele está chateado comigo.

— Você causou tudo isso, não eu.

— Ele é só uma criança — lembrou irritada demais para manter a conversa num tom civilizado.

— Que te ama sobre todas as coisas — admitiu Emmett. — Mesmo sabendo que nos privou de estarmos juntos, defendeu você. Josh sempre vai amar você mais do que a mim. Não importa o que eu faça ou diga.

— Ah, por favor… — resmungou. — Ele é uma criança. Até hoje de manhã tudo o que sabia sobre você eram histórias contadas por mim. É natural que fique do meu lado numa situação dessas. O que também não muda muita coisa nesse momento, já que é comigo que ficou chateado, não com você.

Deixou Emmett sozinho na sala e foi atrás de Joshua, seguindo pelo corredor até a porta do quarto do menino. Girou a maçaneta, percebendo que havia trancado a porta por dentro com a chave. Frustrada, encostou a testa na porta.

— Josh, por que trancou a porta? — não houve resposta. — Abre a porta para a mamãe. Vamos conversar?

— Não quero conversar com você — ele gritou de lá de dentro. — Você é mentirosa. Egoísta.

As palavras de Joshua a magoaram como não esperava acontecer. Ainda assim, insistiu que falasse com ela.

— Abre a porta, vida.

— Não.

— Filho?

— Não quero falar com você.

Notou Emmett parar logo atrás de suas costas. A mão dele tocar seu ombro. Sentiu saudades do tempo que estavam juntos, mas não quis pensar nisso agora. Joshua era mais importante que seus sentimentos e o que Emmett causava ao seu corpo toda vez que a tocava.

— Me deixe tentar — ele pediu, gentilmente.

Rosalie acabou aceitando, deixando que se aproximasse da porta.

Emmett bateu na madeira devagar.

— Josh, abre a porta.

— Só você pode entrar. A mamãe, não.

Rosalie levou as mãos à boca engolindo um soluço. Não suportava a rejeição de Joshua. Ele não imaginava o quanto sua reação a estava ferindo. Voltou à sala para não chorar na frente de Emmett. Ele a observou se afastar. O barulho na fechadura o levou olhar de volta na porta, Joshua estava abrindo. A breve olhada ao redor revelou procurar a presença da mãe.

— Ela voltou para a sala — avisou a Joshua.

— Não quero falar com ela. Ela mentiu para mim.

— Sei que está chateado. Mas ela te ama e faria qualquer coisa para te fazer feliz.

— Eu sei que me ama. Eu também a amo muito.

— Então, por que não vai pedir desculpas a ela pelo modo como a tratou desde que chegou?

Joshua abaixou a cabeça, envergonhado.

— Ela mentiu — tornou a dizer.

— O que é maior, a raiva por ela ter mentido sobre eu não saber de você, ou seu amor por ela e tudo o que viveram juntos até hoje?

— Meu amor por ela e tudo que vivemos juntos até hoje — admitiu.

— Então você sabe o que fazer.

— Pedi desculpas?

— No seu coração, é isso o que sente?

— Sim.

— Vá até lá se desculpar com sua mãe. — Emmett saiu do caminho mostrando a Joshua o que fazer.

— Tá bom — Joshua murmurou, seguindo com passos cautelosos. Encontrou a mãe no sofá, os cotovelos apoiados aos joelhos, às mãos encobrindo o rosto.

— Mamãe? — sondou ao se aproximar.

Como não estivesse esperando, Rosalie afastou as mãos do rosto devagar.

— Desculpe — ele pediu. — Não queria que ficasse triste.

Ela abriu os braços convidando-o a um abraço. Joshua aceitou sem duvidar.

— Papai me fez ver que meu amor por você é maior que a raiva que eu estava sentindo — revelou durante o abraço.

Rosalie viu que Emmett se aproximava. Olhando no rosto dele sobre o ombro de Joshua, moveu os lábios agradecendo.

— Obrigada.

Emmett anuiu. Não estava ali para fazer intrigas, só queria poder ter a chance de conhecer a criança cujo descobriu a pouco ser o pai.

Joshua beijou no rosto da mãe. Recebendo um beijo estalo de volta.

— Você está grudando, vida.

Joshua abriu o seu melhor sorriso.

— É que meu pai me deixou tomar mais de um sorvete hoje.

— Na verdade, foram três. — Emmett entregou.

— Uau! Tudo isso?

— Eu perdi o terceiro — Joshua esclareceu. — Aí meu pai voltou na lá e pegou outro, então, foram quatro sorvetes. Só que eu tomei só três.

— E você diz isso com essa cara lavada.

— Não está lavada. Está grudenta. O monstro do grude — completou com uma risadinha.

A mãe apertou suas bochechas.

— Ah, e um carro quase que me atropelou no estacionamento.

O olhar alarmado de Rosalie foi direcionado a Emmett.

— Como assim?

— Isso tem a ver com o que te falei — Emmett esclareceu. — Sobre ele defender você.

— Ah — murmurou compreendendo. Embora ainda assustada com o que Joshua contou.

— Meu pai veio que nem um super-herói e me arrancou da frente do carro. Você tinha de ver mamãe. Foi muito louco. Irado!

— Não sei se queria ver isso não. Que susto, meu Deus.

— Papai também tomou um susto. E me fez prometer não fazer mais isso.

— Seu pai está certo, vida. Você não deve fazer isso.

Emmett sentiu um leve bem-estar ao ouvi-la se referir a ele cuidadosamente.

— Depois me colocou nos ombros dele — continuou Joshua. — Eu fiquei muito alto. Quase com a altura de um dinossauro.

— Uau! Parece que vocês se divertiram. E viveram juntos uma aventura, também.

— Foi mesmo.

— Por que você não vai tomar um banho agora? Tirar todo esse grude de sorvete e ficar bem cheirosinho.

— Tá bom.

— Lave atrás das orelhas.

Joshua ergueu as mãos com impaciência.

— Ela sempre diz isso — contou ao pai, seguido seu caminho para o banheiro.

Assim que Joshua saiu da sala, Emmett voltou a falar:

— Ele não se machucou, eu o peguei a tempo. O carro não estava em alta velocidade, estávamos no estacionamento. Não vai voltar acontecer.

— Que susto — sentenciou Rosalie. — Não quero nem pensar se algo tivesse acontecido.

Algum tempo depois, Emmett voltou a falar:

— Se você não se importar, eu gostaria de ficar até a hora de Josh dormir. Quero colocar ele na cama e ler um pouco para ele.

— É claro que não me importo. É o pai dele. Tenho certeza que Josh vai querer que faça isso. Sempre imaginou como seria ter você lendo para ele. — Ambos ficaram em silêncio. Ela, então, puxou assunto: — Imagino que não vai voltar para Raleigh hoje.

— Josh me pediu para levar ele na escola amanhã.

— Acho que ele não vai conseguir dormir de novo. Vai ficar a noite toda pensando nisso.

— Não precisa se preocupar com minha presença em sua casa. Assim que nosso filho dormir, eu vou atrás de um lugar onde possa passar a noite. Amanhã bem cedo estarei de volta para levar ele na escola.

— Não seja bobo, Emmett. Você pode passar a noite aqui. Não tenho um quarto de hóspedes, mas pode dormir no quarto de seu filho. Tenho um colchão inflável no armário que você pode usar. Só terá de encher.

— Não será necessário.

— Emmett, pelo amor de Deus…

A voz de Joshua soou no corredor. Levando Rosalie a interromper o que dizia.

— Mamãe, eu preciso de uma toalha.

Antes de se levantar para ir atender ao filho, deu uma última olhada no rosto de Emmett, custando acreditar que fosse fazer o que estava pensando.

— Estou indo, vida — respondeu de costas para Emmett.

Ele ficou na sala, sozinho, ouvindo partes da conversa dela com Joshua no banheiro. Ela perguntou se o menino lavou atrás das orelhas. Joshua respondeu que sim. Imaginou ele fazendo a mesma cara que fez quando a mãe fez o alerta ainda na sala.

O som de suas vozes ficou mais elevada no instante seguinte, imaginou que estivessem no corredor, a caminho do quarto de Joshua. Em pouco tempo, não conseguiu perceber mais o que diziam.

— Seu pijama está em cima da cama filho.

— Onde está o meu pai? — Joshua caminhou pelo quarto, segurando a toalha enrolada na cintura com a mão. Foi pegar o pijama onde a mãe disse estar. Pegando também a cueca com estampa infantil.

— Ele está na sala. Esperando para ler para você depois do jantar.

— Ele vai me levar na escola amanhã — contou ainda enquanto se vestia. A manga do pijama enroscou em seu braço por conta da agitação em querer fazer as coisas depressa e voltar para junto do pai.

Rosalie se aproximou para ajudar.

— Posso convidar meu pai para jantar com a gente?

— Pode, sim. Só não sei se ele vai aceitar.

— Ele vai ficar até eu dormir. Vai ficar tarde para jantar em outro lugar. Ele, com certeza, vai querer jantar com a gente.

Como quem não quer nada, Rosalie se sentou na cama de Joshua. O menino penteava os cabelos. Quis fazer do seu jeito, mas acabou deixando que fizesse do jeito dele.

— Ele contou a você onde pretende passar a noite? — pediu.

— Quem? O meu pai?

Desesperou-se com Joshua falando tão alto.

— Fale baixo, Josh.

— Por quê?

— Não quero que seu pai escute.

— Mas por quê? — Joshua sussurrou.

— Ele te contou ou não?

Joshua chegou perto do ouvido dela e falou:

— Meu pai falou algo sobre um hotel ou pousada. Eu falei para ele que você trabalha em uma pousada. Mas que eu queria mesmo era que ele dormisse aqui, na nossa casa.

O coração de Rosalie se alegrou com a resposta do filho. Joshua queria o mesmo que ela, afinal. Ambos queriam Emmett por perto. A diferença é que ela não sentia que poderia deixar que soubesse.

— Você sabe se ele já fez a reserva?

— Não.

— Por que não pergunta para ele? Se ainda não fez, você pede para ele ficar. Você não iria achar legal se ele dormisse aqui?

Joshua deu um pulo.

— Irado!

— Então… — Rosalie dizia quando Joshua a interrompeu.

— Ele vai dormir no seu quarto?

— Não, vida. Ele vai dormir no colchão inflável, aqui no seu quarto. Isso se ele resolver ficar.

— Maneiro — Joshua comemorou com outro pulo. — Eu também iria gostar se ele dormisse no seu quarto. Igual vovó e vovô dormem juntos.

— O vovô e a vovó são casados — Rosalie lembrou.

— Eu ia gostar se você e meu pai se casassem.

Rosalie deu um tapa amigável em seu bumbum.

— Pare de inventar coisas. Vamos voltar lá para a sala ou seu pai vai achar que estamos evitando ele.

— Não estamos fazendo isso.

— Não mesmo — Rosalie respondeu de volta. Vendo o filho sair do quarto correndo.

— Não estamos te evitando — ouviu Joshua falando com o pai na sala. Bateu a mão na testa, pensando que ele não deveria ter dito. — Só estávamos conversando — ele completou.

— Sobre o que conversavam?

Ele pareceu interessado. Rosalie se apressou pelo corredor antes que Joshua acabasse falando demais.

— Então, filho… — começou, um pouco sem jeito. — Você já está com fome?

— Ainda não, mamãe. — Joshua sentou ao lado do pai. — Você vai ficar para jantar com a gente, não vai papai?

O olhar de Emmett encontrou o de Rosalie. Ele pensou se queria ficar o maior tempo possível na companhia do filho, teria de aceitar o convite. Mesmo que não desejasse brincar de família feliz com Rosalie, depois de ela ter o enganado como o enganou.

— Acho que vou aceitar sim.

O olhar que Joshua lançou a mãe deixou Emmett desconfiado de que teria sido a origem da conversa enquanto estavam no quarto.

Rosalie deixou os dois na sala sozinhos. Ficou na cozinha, passando o tempo mexendo no celular, embora, a atenção no que diziam na sala. Joshua estava contando ao pai como ele e a mãe costumavam brincar de parque dos dinossauros desde que era bem pequeno.

Não levou muito tempo, ouviu um forte grunhido que a teria deixado com medo se não soubesse de onde, ou melhor, quem estava fazendo tal som. Riu consigo mesma, Joshua havia conseguido fazer o pai participar de sua brincadeira favorita.

Imaginou o filho escolhendo o maior dos dinossauros para o pai interpretar.

Ouviu o grunhido de Joshua quase ser apagado pelo do pai. Joshua estava tão feliz em viver esse momento ao lado dele, que não teve como não resistir vê-los brincar. Só não esperava que Joshua fizesse o que fez.

— Você é o dinossauro que ataca a moça no parque, papai. Você tem de perseguir ela — insistiu quando o pai não se moveu.

Emmett ficou sem jeito em interpretar diante Rosalie o grunhido feroz e o caminhar pesado do dinossauro.

— Ataque! — gritou Joshua impaciente com sua demora.

— Josh… — o pai murmurou, virando para olhar para ele.

— Agora você é um Espinossauro, papai. Tem de atacar.

— Acho melhor não — Emmett se recusou deixando Joshua decepcionado.

— Você não sabe brincar direito — lamentou o menino.

Emmett não aguentou ver a expressão de decepção em seu rosto. Então, com uma imitação teatral de um Espinossauro, partiu a caça à Rosalie. Ela sabia o que Joshua estava esperando, por isso entrou no papel da mocinha em perigo. Joshua estava novamente animado. Ele pulava no sofá, dizendo para ela aonde ir.

Bastaram os corpos dela e de Emmett se tocarem durante a brincadeira para fazer reviver a paixão entre os dois.

Rosalie sentiu mãos firmes segurar sua cintura. O calor corporal irradiando de um para o outro. O coração aumentando o ritmo das batidas. A respiração se tornar irregular. O olhar, concentrado um no outro, revezando apenas em olhar os lábios desejosos de um beijo.

Joshua estava de pé ao lado deles, a cabeça curvada para trás observando os dois.

— Vocês vão se beijar? — pediu de repente. O som de sua voz os tirou do transe. Fazendo com que se afastassem um do outro rapidamente. — Você não é mais um Espinossauro. — Joshua esclareceu. — Pode beijar ela — olhando para a mãe completou: — Mamãe, você pode beijar o meu pai.

Certa de que Emmett não queria isso, Rosalie se desculpou, deixando-os sozinhos outra vez.

Joshua se sentou no sofá sem fazer questão de esconder o quanto havia ficado desapontado. Emmett foi sentar ao seu lado.

— Seria legal se vocês namorassem — admitiu o menino.

Emmett passou o braço em volta dos ombros dele. Em outro momento teria concordado com Joshua, porém, diante tudo o que Rosalie causou ao mentir para ele, já não tinha certeza de querer isso.

— Você não quer mais brincar de parque dos dinossauros? — Em vez de falar da mãe dele, tentou trazer de volta o assunto que envolvia a brincadeira onde era mais seguro.

— Não. Já me cansei disso. Acho que vou pedir para minha mãe servir o jantar. — Ele levantou, deixando Emmett sozinho.

— Mamãe — Joshua chamou por ela a caminho da cozinha.

— Não, Josh… — ouviu Rosalie se recusar. Certamente pensando que o menino iria voltar com o assunto do beijo.

— Eu quero jantar agora.

— Ah — ela murmurou, sem graça. — Eu vou esquentar a comida que preparei no almoço e que ninguém comeu. Esse será o nosso jantar. Quando estiver na mesa, eu aviso.

Mais tarde, enquanto se preparava para escovar os dentes, Joshua contou que o pai aceitou ficar para dormir no colchão inflável em seu quarto.

O próprio Joshua ajudou o pai arrumar a dormida dele. Antes de ocupar o colchão no chão ao lado da cama do filho, Emmett deitou com o menino na cama de solteiro. Iniciando a leitura do primeiro livro que leriam juntos.

Rosalie passava pelo corredor quando a voz de Emmett chamou sua atenção para dentro do quarto do menino. A porta estava entreaberta, chegou mais perto tentando ouvir melhor enquanto ele lia para Joshua.

Foi exatamente como imaginou. Emmett era dedicado e divertido, fazendo Joshua rir com algumas de suas imitações de vozes dos personagens.

Estava tão focada no momento que Joshua estava vivendo ao ter o pai com ele àquela noite, que nem mesmo se deu conta em que momento Emmett encerrou a leitura. Quando deu por si, estava com a porta aberta diante seu rosto.

— É… — murmurou ele, imaginando o que estaria fazendo parada ali.

Rosalie chegou uns passos para trás, tentando disfarçar o mau jeito.

— Eu só queria dar um beijo de boa-noite nele — se viu dizendo.

Emmett prontamente saiu do caminho.

— Será que eu poderia pegar minhas coisas no carro e usar o seu banheiro para tomar um banho? — pediu ainda enquanto Rosalie passava por ele na porta do quarto de Joshua.

— Claro que sim. Vou deixar toalhas limpas no banheiro para você.

— Obrigado.

Quando Emmett se virava para sair, ouviu outra vez ela falar:

— Ele está tão feliz por você estar aqui — sinalizou Joshua na cama ao dizer isso.

— Também estou feliz por estar com ele.

— Fico feliz que esteja com nosso filho — ela emendou. — Nem consigo me lembrar de quantas vezes imaginei isso acontecendo. Foram tantas.

Emmett se retirou sem mencionar qualquer coisa. Deixando que pensasse o que quisesse sobre seu modo de agir.

 


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Notas finais do capítulo

Deixe um comentário para eu saber se você está gostando.
Obrigada por ter lido até aqui.
Beijo grande