Sempre Em Minha Vida escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 12
Capítulo 12 — Família Paterna




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Depois da cena que aconteceu na sala, quando Emmett comunicou que levaria o filho a Raleigh para conhecer sua família, Rosalie deixou Joshua no banho e foi ao quarto dele preparar a mochila com itens para a viagem. O coração angustiado, se esforçando em não deixar as lágrimas rolarem.

Estava terminando, quando Joshua retornou usando seu roupão de banho com temas de dinossauros. Os cabelos úmidos grudados na testa.

— Mamãe.

— Oi, vida. — Ela olhou para ele. — Está tudo pronto. Também já separei a roupa que vai vestir agora.

Joshua parecia mais confiante uma vez que a mochila com suas coisas estava pronta. Começou vestir a roupa que a mãe escolheu, percebendo quieta demais, bem diferente de quando chegaram da rua.

— Mamãe?

— Oi, filho.

— Está triste por que vou viajar com meu pai?

— Estou feliz que finalmente estejam juntos. Que estão se conhecendo e se curtindo.

— Você não parece feliz. — Ele sentou na cama para calçar as meias e os tênis.

— Vou sentir sua falta, vida. Essa casa é tão vazia e silenciosa sem você aqui.

Joshua deslizou no colchão até estar pertinho da mãe.

— Mas eu já dormi na casa do Dilan, e você não ficou tão triste assim.

Rosalie bagunçou seus cabelos molhados.

— Pegue a escova de cabelos para mamãe terminar de te arrumar. — Reparou que Joshua não se queixou sobre deixar os cabelos perfeitamente alinhados. Foi buscar a escova de cabelos e entregou na sua mão.

— Mamãe — disse ele, com ela mexendo em seus cabelos —, eu posso pedir ao meu pai para te deixar ir junto. Assim, você não fica triste. E eu também iria gostar mais se você fosse.

Rosalie finalizou os cabelos dele, pondo as mãos em seus ombros.

— Não estou triste — reafirmou. — Estou feliz que está com seu pai e vai conhecer seus avós paternos e tia. Eles são pessoas maravilhosas. Todos eles. Você vai gostar muito.

Joshua sorriu, gostando que a mãe falasse bem da família paterna.

— Amo seu sorriso, vida.

— Eu sei. Você diz isso sempre, mamãe.

— Porque é verdade. — Apertou o rosto dele entre as mãos ao beijar seu rosto, esmagando os lábios bem na covinha de seu sorriso. — Pronto para ir?

— Mais do que pronto. Pronto e meio.

Rosalie levantou e colocou a mochila nas costas dele. Joshua disparou para fora do quarto sem esperar por ela ou mesmo lembrar-se de pegar o dinossauro de pelúcia que lhe fazia companhia todas as noites.

— Josh— chamou, mas ele já estava na sala com o pai. Foi atrás dele carregando a pelúcia na mão. O menino já estava junto da porta, de mãos dadas com o pai, prontos para saírem. — Esqueceu seu dinossauro de pelúcia, filho. — Se aproximou para entregar ao filho o objeto. Seu olhar encontrou o de Emmett nesse momento. Ele mostrou que não se importava quando virou o rosto. Desejou que não estivesse tão chateado. Era doloroso pensar que viveriam desse jeito. Ele estava com raiva, magoado. Ela, sofrendo por amor. Ainda que a separação fosse dolorosa era melhor que a rejeição.

— Obrigado, mamãe.

— Comporte-se — pediu.

— Eu sempre me comporto, senão você puxa minha orelha.

— Eu não puxo sua orelha.

Joshua sorriu. — Estou brincando.

— Não fique falando essas coisas por aí, alguém pode achar que é verdade. Não vá deixar seu pai maluco.

— Tá bom, mamãe. — Joshua respondeu rolando os olhos.

— Eu vi isso, Josh.

Ele se apressou abrindo a porta, correndo para o jardim. Emmett foi atrás dele. Rosalie parou no limiar da porta, e não pensou antes de fazer o pedido.

— O traz de volta para mim.

Emmett parou, olhando para trás.

— Josh estará de volta no domingo à noite. Não vou roubar ele de você como fez comigo.

Rosalie balançou a cabeça recusando-se aceitar o que ouviu.

— Não fiz isso.

— Não fique telefonando para meu número o tempo todo, querendo saber como está. Saberei cuidar de meu filho muito bem.

— Sei que vai cuidar bem dele. É uma boa pessoa e ama Josh como eu o amo.

— É claro que o amo. Josh era um sonho para mim até pouco tempo, enquanto para você, ele já era realidade.

— Não é justo pedir que eu não telefone. Josh nunca saiu da cidade sem mim. Essa vai ser a maior distância que já estivemos um do outro.

— Não foi justa comigo, Rose. — Ele ia levantando o dedo de forma acusadora, e acabou desistindo, após o modo como ela o olhou.

— Já pedi perdão. Não fiz nada com intenção de causar o mal.

— Claro que não — ele resmungou. — Tenha um bom fim de semana, Rosalie. Ela entendeu como uma cutucada por passar o fim de semana sozinha.

Não voltou olhar para trás a caminho de onde estava estacionado o carro de aluguel. Nem mesmo quando se afastou da casa, levando Joshua com ele para Raleigh.

[…]

— E se não trouxer Josh de volta? — questionou a mãe ao telefone. — Se levá-lo com ele para Nova Iorque? Se me impedir de estar com meu filho?

— Emmett não vai fazer isso. Pare de pensar tão negativo.

— Emmett me odeia agora.

— Quanta besteira — se queixou Esme. — Emmett não te odeia. Só está magoado. Logo tudo isso vai passar.

— Mamãe… Consegui ficar todo esse tempo longe dele porque tinha nosso filho comigo. Mas, se tirar Joshua de mim, eu não poderei suportar.

— Emmett seria incapaz de fazer qualquer coisa que magoasse Josh. Sabe disso melhor que ninguém.

— E quanto a mim?

— Fique exatamente onde está. Estou indo te fazer companhia.

[…]

Rosalie abriu a porta da frente poucos minutos após a ligação ser finalizada, para encontrar a mãe do outro lado. Não temeu evidenciar suas angústias um só instante.

— Ele vai tirar meu filho de mim… — O tempo todo se movimentando pela sala, deixando claro que não sabia o que fazer. — Isso vai acabar com minha vida.

— Pare com isso — Esme exigiu. — Está ficando paranoica.

— Emmett levou Josh com ele para Raleigh.

Esme segurou seu braço conduzindo-a ao sofá onde se sentou.

— É em Raleigh que a família dele vive. Por isso levou Josh para lá, para conhecer a família paterna. É direito deles, pai e filho. Não pode impedir.

— De verdade, estou me segurando para não entrar no carro e sair atrás deles agora mesmo.

— Pois trate de se segurar. Uma atitude impulsiva como essa só serviria para gerar conflitos com o pai de seu filho e a família dele. Joshua não é apenas nosso, sempre soube disso.

Rosalie respirou fundo, soltando o ar devagar.

— Não posso evitar sentir medo. O pai de meu filho me odeia nesse momento.

— Emmett não te odeia. Meu Deus! Olhe as coisas que está dizendo. Ele e Josh estão se conhecendo. Quem não o conhece e te ouve falando assim, imagina que está formulando uma vingança.

— E se for assim?

— Não estou te reconhecendo Rose.

— Medo, mamãe. O medo está me enlouquecendo.

— Em seu coração, sabe que Emmett jamais vai separar Joshua de você. Esse medo todo tem outra razão de existir.

Rosalie olhou a mãe como não soubesse o que estava falando.

— Agora que ele voltou fazer parte de sua vida, não quer perdê-lo uma segunda vez. Foi por esse medo, de não poder ficar com o pai de seu filho depois do que fez que adiou tanto o encontro dos dois.

Um gemido de puro desgosto se fez ouvir.

— O que eu faço? — Deitou a cabeça no colo da mãe, sentindo que poderia chorar a qualquer instante.

Esme afagou seus longos cabelos louros.

— Seja paciente, meu bem. Dê tempo ao tempo. Não tome decisões precipitadas. Fez isso uma vez e não deu certo. Permita Josh e o pai o tempo que precisam juntos.

— Emmett não quer mesmo que eu ligue. Como vou ficar o fim de semana longe de meu filho e não ter notícias dele? Como? Considerando que é a primeira vez que está com a outra família. Não é tão fácil assim.

— Emmett não tinha que te pedir isso. Você também não é a pessoa mais indicada para reclamar uma atitude errada. Tem uma coleção delas.

Rosalie fez menção de se levantar. Esme gentilmente pôs a mão em eu ombro fazendo ficar exatamente onde estava.

— A única coisa que pode fazer, é esperar.

— Não vou conseguir.

— Tente fazer alguma coisa legal com suas amigas. Use esse tempo de maneira positiva para você. Vá a uma festa. Qualquer coisa que não faça há muito tempo.

Pensou a respeito. Era uma sugestão interessante.

— A única amiga que tenho que não é casada e com filhos pequenos, é Alice.

— Então chame Alice para ir a algum lugar com você. Vão ao cinema. Vão dançar. Meu amor, você é jovem. Encare esse fim de semana de forma positiva. Vá se divertir na companhia de sua amiga.

Rosalie pareceu mais tranquila, depois do que disse Esme.

— Obrigada por sempre me ouvir. E me dar os melhores conselhos.

— Sou sua mãe. É meu dever te dar bons conselhos. Já tem Alice para ajudar nas loucuras.

— Levaria você comigo para curtir uma noitada, mas certamente meu pai teria uma crise de ciúmes — brincou.

— Com certeza ele teria. — Um sorriso fácil desenhou seu rosto.

Rosalie voltou a sentar, as pernas dobradas embaixo do corpo.

— Vou ver com Alice se ela tem algo marcado para essa noite. Se bem que, conhecendo Alice como conheço, largaria qualquer compromisso em família para ir a uma festa. Isso se ela puder me arrastar junto. Vem tentando isso há muito tempo.

[…]

Emmett se surpreendeu com o como as poucas mais de duas horas de viagem passou sem que fosse notada. Viajar com Joshua foi fácil e divertido. Conversaram o tempo inteiro e riram algumas vezes. Tanto pai quanto o filho querendo saber mais um do outro. Gostaria que a viagem houvesse sido mais longa.

Desligou o motor do carro chegando ao destino, em Raleigh.

— Chegamos! — declarou. Viu Joshua olhando pela janela a casa da família paterna. Saiu do carro com Joshua ainda se desprendendo do assento de elevação no banco de trás. Pegou a mochila e o dinossauro de pelúcia dele.

— Foi nessa casa que você cresceu? — Joshua perguntou quando já estava fora do carro, olhando a fachada da casa.

— Foi aqui que passei parte de minha infância e adolescência.

— Legal! Meus avós e tia estão lá dentro agora?

— Com certeza contando os minutos para te vir passar por aquela porta.

— Então vamos, papai.

Emmett sorriu para ele.

— Vamos, filho.

Joshua caminhou na frente do pai, ansioso por conhecer aquela parte da família. Parou na metade do caminho, olhando para ele.

— Posso tocar campainha?

Emmett sinalizou com a mão.

— Faça isso — assistiu Joshua correr até a porta da frente, dando um salto ao tocar a campainha. E outra vez olhou para trás.

— Vem papai! Eles podem abrir esta porta a qualquer momento.

— Toque mais uma vez — sugeriu. E, Joshua, animado, deu outro salto apertando o dedo à campainha.

[…]

Joshua recuou ao perceber que, do outro lado, alguém mexeu na fechadura. O olhar concentrado na maçaneta, aguardando o momento que os veriam.

Emmett viu a ansiedade no filho se tornar um grande sorriso assim que a avó, Carmen, surgiu no outro lado da porta. Viu-a olhar o neto antes de olhar em seu rosto, reconhecendo no menino, traços da criança que viu nascer e crescer. O sorriso alcançou seu rosto refletindo em seus olhos. E os braços foram abertos para receber Joshua.

— Oh, meu Deus — murmurou. — Ele se parece tanto com você e com a mãe.

Emmett sinalizou para Joshua ir em frente quando buscou sua aprovação.

— Você é minha avó Carmen?

O sorriso no rosto da avó se tornou ainda maior.

— Sim, sou sua avó. E estava com muita vontade de te conhecer.

Joshua se lançou nos braços dela com desembaraço.

— Também queria muito conhecer você, vovó.

Carmen ficou emocionada ao ser chamada de vovó, as lágrimas nos olhos revelaram isso. Mesmo Joshua tendo sido impedido de estar com eles durante todo esse tempo, mesmo tendo Renesmee, que sempre esteve perto, a menina ainda não sabia falar. De um jeito ou de outro, a vida se encarregou de fazer com que Joshua fosse o primeiro.

— Onde está todo mundo? — ele perguntou. — Meu avô Eleazar, minha tia Isabella…

A avó chegou para o lado, sem deixar de segurar sua mão.

— Estão esperando por você lá dentro.

Emmett anuiu ao olhar a mãe. Entrando na casa logo atrás deles, carregando as coisas do filho. Viu Joshua olhar ao redor com alegria. A família havia preparado uma pequena festa para recebê-lo. A faixa desejando boas-vindas pendurada na sala, balões brancos e azuis enfeitavam as paredes ao redor.

O avô paterno se mostrou emocionado. A tia abriu um sorriso deixando claro quanto era bem-vindo. Edward segurava a filha do casal, que brincava com um balão azul.

— Ele é um gato — disparou Isabella. — Não tenho dúvida alguma que será sucesso entre as garotas, quando alcançar a adolescência, tanto quanto o pai foi. E ainda é.

— Você é minha tia?

— Sim, eu sou sua tia. A tia favorita e também a mais bonita.

— Você é a única tia que tenho.

Isabella gargalhou, tomando Joshua em um abraço.

— Adorei ele — admitiu.

— A tia mais legal de todas — disse Joshua, ganhando o coração de Isabella de vez.

— Não vamos devolver ele a Rose. Ele agora é nosso.

— Vai assustar o menino desse jeito — Edward lembrou.

Joshua olhou para ele, imaginando quem era.

— Você é meu tio?

— Sim. E esta menininha aqui é sua prima, Renesmee. Diga “olá” ao primo Josh, Nessie. — Ela falou qualquer coisa na linguagem de bebês e a família achou graça.

Joshua segurou na mão da prima.

— O nome dela é bem diferente — concluiu. E para a bebê disse: — Adorei que tenho uma priminha como você, tão fofinha. — Renesmee mostrou com a mão os balões enfeitando a casa. — Você gosta de balões? — comentou Josh. — Eu também. — Ele olhou a tia, cheio de expectativas. — Depois, Renesmee e eu podemos estourar os balões?

— Todos que quiserem — a tia garantiu.

Eleazar chegou a dizer:

 — Você lembra muito seu pai quando tinha sua idade.

— Minha mãe diz que tenho muita energia.

O avô sorriu. — Com certeza tem. — E abraçou o neto. — Seja bem-vindo, Josh. Não sabe o quanto todos nós desejamos conhecer você.

— Tem bolo de chocolate e torta de mirtilo, esperando por você — Edward contou.

Joshua deu um pulo.

— Adoro torta de mirtilo e bolo de chocolate.

— Sua avó quem preparou. Um passarinho contou a ela que você gostava.

— A vovó Esme também faz guloseimas.

— Prepare-se Josh, agora serão duas avós enchendo você de guloseimas — Isabella foi quem falou.

— Eu posso ver?

— Claro — a avó respondeu. Ela segurou na mão de Joshua levando ele pela casa até estarem na cozinha. Os demais os acompanharam. Emmett deixou as coisas de Joshua no sofá e também foi para lá.

A mesa cheia de guloseimas fez Joshua soltar a mão da avó correndo para ver tudo de perto.

— Ainda não é meu aniversário — disse.

— São para sua festa de boas-vindas.

Joshua foi para o lado do pai.

— Eu posso comer um pouco de cada coisa? — pediu.

— Claro que pode. — Então, Emmett perguntou a mãe: — Não tem nada com amendoim não, não é?

— Não se preocupe. Tomamos todo o cuidado que sempre tivemos com seu pai.

Joshua ouviu e não pôde deixar de questionar o avô.

— Vovô, você também é alérgico a amendoim?

Eleazar colocou uma expressão desapontada no rosto.

— Jamais pude comer qualquer coisa com essa delícia desde que me descobri alérgico. Isso há muitos anos, quando era tão jovenzinho quanto você.

Joshua se mostrou contente em ter algo em comum com o avô paterno.

— Eu também vovô. Nunca posso comer nada com amendoim.

Isabella cochichou ao irmão.

— É oficial, não vamos devolver ele a Rose e a família dela.

Emmett se afastou como ouvir o nome de Rosalie fosse incomodo o bastante.

— Ela bem que merece. Por ter escondido ele da gente esse tempo todo.

— Papai — Joshua chamou.

— Oi, filho?

— Será que a mamãe vai ficar brava se eu comer tantos doces, sem ser dia do meu aniversário?

O pai bagunçou seus cabelos de um jeito brincalhão.

— Fique tranquilo. Qualquer coisa, eu resolvo com sua mãe depois. Vou te ajudar também comendo um pouco de cada coisa.

O sorriso de Joshua foi radiante. Ele se virou olhando a avó. 

— Obrigado, vovó. — Se virou num pulo para falar com Eleazar. — Você gosta mais de bolo de chocolate ou torta de mirtilo, vovô?

— Gosto um pouco mais da torta de mirtilo.

— Vovó, podemos comer agora?

— É claro, meu amor.

Emmett encontrou Joshua com um sorriso no rosto, se dividindo em olhar as guloseimas na mesa e a família que acabou de conhecer. Era certo que se sentia em casa. Tinha de agradecer a cada um deles depois, pela recepção calorosa que Joshua recebeu.

Desejou que Rosalie pudesse ver ele agora. Feliz ao lado da família que lhe foi negada nesses quase oito anos de vida. Pegou o celular registrando o momento. Mais um entre os muitos que vinha colecionando desde que teve a chance de conhecer o filho.

Pelo resto da tarde, Joshua esteve fazendo perguntas a cada um deles. Contando histórias de sua vida em New Bern com a mãe e os avós maternos. Dos amigos da escola e os colegas do time de futebol.

Ficando ainda mais empolgado ao conhecer o quarto que pertenceu ao pai na adolescência. Se mostrando deslumbrado com todos os troféus e medalhas que o pai conseguiu juntar durante a vida acadêmica. Comentou o desejo de chegar próximo ao mesmo número que o pai alcançou.

Adorou encontrar fotografias de Rosalie, da época da escola, quando eles ainda namoravam. Da mesma forma que ouviu da mãe durante esses anos, ouviu também do pai, quanto se amaram e foram importantes na vida um do outro.

Depois de comer tantas guloseimas, Joshua jantou muito pouco. Agora, recém-tomado banho, prestes a vestir o pijama, olhava outra vez o quarto antigo do pai. Emmett se encontrava numa chamada de vídeo, quando voltou do banheiro.

— Ei, carinha — olhou um instante onde Joshua estava. — Lavou bem atrás das orelhas.

Joshua rolou os olhos ao responder:

— Minha mãe sempre faz isso. Pergunta a mesma coisa.

Emmett riu de sua reação.

— Ele está aí com você agora? — Joshua ouviu a voz feminina, com quem o pai falava na chamada de vídeo, perguntar. Olhou com desconfiança o pai, sentado na cadeira da escrivaninha do antigo quarto.

— Sim — Emmett respondeu, olhando outra vez para Joshua, que começou pentear os cabelos. — Ei, filho, vem até aqui dá “oi” a Gwen. Ela é uma amiga do papai. — Joshua não demonstrou interesse em conhecer a tal amiga, ainda assim, se aproximou para cumprimentar. Dobrou-se sobre o pai de maneira que conseguisse aparecer na câmera.

— Oi, Gwen— falou sem animação, em seguida, retornou ao outro lado do quarto. Emmett avaliou seus movimentos sem entender o que aconteceu com toda animação que veio demonstrando ao longo do dia.

— Ele é uma graça — Gwen chamou sua atenção para a chamada. O sorriso sempre no rosto. — Ele lembra muito você.

— Ele é o melhor que já fiz — falou olhando o filho.

— Não tenho dúvidas. Parece apaixonado pela paternidade, Emmett.

— Ele deve estar cansado, porque não está tão animado agora — lembrou.

— O motivo pode não ser esse.

— O que pode ser então?

— Ciúmes. Sou capaz de jurar que seu filho não gostou de te vir falando comigo.

— Com base em quê?

— Sei que pode chegar à conclusão sem minha ajuda.

Tornou olhar o filho, agora sentado na beirada da cama, olhando a fotografia antiga da mãe. Entendeu o que Gwen quis dizer. Joshua queria ele e Rosalie juntos. Não ele e Gwen.

— Falo com você em outro momento, tudo bem? — disse a Gwen. — Tenho de cuidar desse pequeno.

— Divirta-se — Gwen finalizou a chamada dando tchau com a mão.

Deixou o telefone em cima da escrivaninha, pegou um livro na prateleira e foi sentar perto de Joshua na cama.

— Ei, filho, posso ler para você agora?

Joshua se levantou e foi deixar a fotografia de volta no mural.

— Está chateado comigo? — tentou. — Gwen é uma amiga. Não é namorada do papai.

O suspiro de Joshua mostrou que estava aborrecido.

— Você também tem uma amiga, a Summer.

— Quero falar com a mamãe. — Ele voltou para a cama sentando recostada a cabeceira. — Uma chamada de vídeo — avisou, olhando sério no rosto do pai. — Igual você fez com a Gwen.

Era oficial, pensou. Joshua não gostou nada de encontrá-lo conversando com Gwen, ainda que por telefone.

— Okay — respondeu, sabendo que não poderia negar isso a ele. Voltou à escrivaninha pegando o celular outra vez. Deslizou o dedo na tela algumas vezes antes de entregar o telefone na mão de Joshua.

[…]

Rosalie usava o roupão de banho, sentada diante a penteadeira, se preparando para fazer a maquiagem de logo mais, quando sairia com Alice como sugeriu que fizesse a mãe. O toque do celular, chamando sua atenção para a cama onde o havia deixado antes de entrar no banho. Cogitou deixar cair na caixa postal, mas, o coração de mãe alertou que deveria atender. Deixou a base facial e esponja na penteadeira ao levantar.

Ao ver que a chamada era do número de telefone de Emmett, o coração palpitou e as mãos tremeram. Tinha pedido para não ligar, agora era ele quem estava ligando. Sentiu medo que algo pudesse ter acontecido a Joshua. Tocou em atender a chamada, mas, não foi o rosto de Emmett que ela viu na tela.

— Oi, vida — o sorriso foi automático e o sentimento de calmaria voltou ao seu coração.

— Oi, mamãe.

— Como você está? Está tudo bem? Você está se divertido? Como foi conhecer todos eles?

— São muitas perguntas, mamãe.

— São mesmo, né vida? Desculpe a mamãe.

— Eu estou bem. Foi um dia muito divertido. Meus avós e minha tia são muito legal mesmo. Também meu tio Edward e minha prima Renesmee.

— Que bom que está se divertindo, vida.

— Só faltava você, a vovó Esme e o vovô Carlisle, e também o tio Jasper, para tudo estar perfeito.

— Amanhã à noite estaremos juntos outra vez. Já estou morrendo de saudades.

— Nunca estará completo, mamãe.  Se eu estou aqui, faltam vocês. Se estou aí estará faltando sempre eles.

— Logo você se acostuma.

Joshua reparou no roupão e nos cabelos presos no alto da cabeça num coque improvisado, que a mãe usava.

— Você já vai dormir mamãe?

Rosalie avaliou seu rosto, desconfiada que estivesse buscando informações que não fosse sobre ela dormir.

— Daqui a pouco — respondeu por fim.

— Também vou dormir daqui a pouco. Já dei boa-noite a todo mundo da casa. Agora estou no antigo quarto do papai. — Ela sabia, tinha reconhecido a cama e a decoração na parede. — Papai — viu Joshua olhando para o lado, depois falar: — Vem dar um “oi” a minha mãe.

Rosalie sentiu o coração se agitar. Levou a mão à cabeça desfazendo o coque ao arrancar o elástico. A imagem de Emmett surgiu na tela e, a julgar por sua expressão, não parecia muito a fim de falar com ela.

— Oi, Rose!— Moveu a mão na frente da tela, olhou o rosto de Joshua próximo ao seu, deixando claro que foi porque o menino pediu que fizesse. Viu Emmett deitar a cabeça ao travesseiro, o dinossauro de pelúcia de Joshua estava logo ao lado. Para desgosto de Emmett e para sua felicidade, Joshua deitou com a cabeça junto a dele. Dois pares de olhos exatamente iguais, azul como o céu num dia de verão, olhando na tela. Joshua contou sobre a festa de boas-vindas que os avós e a tia preparam. Quando já tinha dito tudo, finalizou com um aviso: — Vou pedir para o papai enviar as fotos para você. Tiramos um montão delas.

— Vou adorar ver como se divertiu.

— Te amo, mamãe.

— Te amo, vida. Amanhã à noite estaremos juntinhos de novo.

— Uhun — murmurou Joshua. — Tchau! — em seguida, disse ao pai: — Dá tchau para minha mãe. — Emmett se despediu de Rosalie com o mesmo animo com que Joshua falou com Gwen minutos atrás. Ainda o viu abraçar Joshua antes de a imagem se apagar e a tela ficar escura.

[…]

— Fez isso de propósito — Emmett acusou. E começou fazer cócegas no filho.

Joshua estava rindo ao lhe dar a resposta:

— Não sei o que está falando.

— Ah, você sabe sim, seu sapeca. — O menino gargalhou. — Está bem, seu espertinho, hora de dormir.

Joshua parou de barriga para cima, o pijama de temas de dinossauro, torto no corpo depois de tanto se contorcer.

— Você gostou de ver minha mãe?

— É hora de dormir.

— Me diga — insistiu o menino.

— É hora de dormir — Emmettt repetiu. Levantou da cama e encobriu Joshua.

— Você ainda não leu para mim, papai.

— Farei isso agora.

— Papai.

— Sim?

— Estou feliz de estar aqui com você.

— Também estou feliz em ter você aqui comigo. — Se curvou beijando a testa de Joshua. Pegou o livro outra vez, e sentou recostado na cabeceira da cama.

— Não vai me dizer mesmo, papai? — insistiu. — Está fugindo de minha pergunta?

Emmett não respondeu, em vez disso, deu início à leitura. Joshua viu o pequeno sorriso a ponto de se formar no canto de seus lábios. Cutucou as bochechas do pai como convidasse a covinha aparecer. Emmett conseguiu não se deixar influenciar mesmo ele provocando.

 


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