Era apenas mais um dia normal no Sunny e os gritos de Zoro e Sanji podiam ser ouvidos por todo o navio. Aquilo poderia irritar outros tripulantes, particularmente a navegadora que revirava os olhos irritada. Mas, Brook estava tranquilo, apenas sentado em frente ao piano. Costumava fazer isso quando estava querendo compor, como se a música fosse se escrever magicamente sozinha. Logo desistiu de esperar a inspiração voltar e começou a dedilhar suavemente nas teclas, embora não tivesse dedos, pois já estava morto.

Era uma melodia bastante familiar, uma de suas músicas de sucesso em sua breve e muito bem-sucedida carreira como Soul King. Uma canção que compôs especialmente para um acontecimento que o tocou bastante em seu tempo com os chapéus de palha.

Entretido com a própria música, não percebeu quando um certo cozinheiro deixou de gritar com o espadachim e se aproximou do piano. Quando finalmente terminou a música, notou Sanji à sua frente, um sorriso nos lábios e uma xícara de chá nas mãos. Brook apreciava o quanto o cozinheiro daquele navio era atencioso, sempre se preocupando com as necessidades de todos a cada hora do dia.

“Não precisava, Cook-san.” Disse cordial, como sempre.

Sanji não se deu ao trabalho de respondê-lo, apenas tragou o cigarro, fitando o piano.

“Essa sempre foi minha música favorita sua.” Sanji soltou inesperadamente e Brook ficou lisonjeado por Sanji ter ouvido seu trabalho enquanto estiveram separados e espantado com a escolha do chef.

“Mesmo?”

“Sim. Acho que é muito romântica...”

“Yohohoho. Eu diria que é minha música mais romântica.”

Acontece que Brook havia feito aquela música justamente baseada na relação conturbada do cozinheiro com Zoro, e no que viu há dois anos em Thriller Bark quando ambos estiveram tão dispostos a dar a vida um pelo outro. Não que jamais fosse dizer isso a algum dos dois, claro.

Tinha muito apreço pela sua vida, mesmo já estando morto.