Cupido, Traga Meu Amor escrita por Tricia


Capítulo 28
Uma Vida


Notas iniciais do capítulo

Continuando na vibe de Our Happy Ending vamos para o capítulo, não vou me alongar dessa vez, apenas digo, eu quero um Adrien para mim e talvez não serei a única.
Boa leitura



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“Quando olho para você

Eu esqueço da minha própria dor por um momento

Quero estar em seus braços

Só mais uma vez”

 

— Acho que a chuva estraga muitos possíveis planos – a cupido lamentou fitando a água que caia do lado de fora, o céu estava tão bonito antes e agora chovia fervorosamente. Quase a fazia acreditar que talvez as Divindades realmente soubessem de tudo que acontecia com tudo e todos e agora estava zombando dos dois mandando a chuva para estragar qualquer plano que pudessem desejar ao ar livre.

Encontros aconteciam em dias de chuva nos filmes, geralmente quando trabalhava preferia as tardes ensolaradas e noites estreladas. Passear na chuva dividindo um guarda-chuva só é romântico até certo ponto. Sabia pela experiência que organizar encontros em dias assim contava com uma grande possibilidade de constrangimento de uma das partes ou simplesmente fracasso.

Em seu primeiro e último encontro fracasso não deveria ser uma opção.

— Não necessariamente – Adrien pronunciou se pondo ao lado da mulher com os braços cruzados e uma expressão tranquila – Se troque para sairmos, nós definitivamente vamos ter o nosso encontro.

A tranquilidade e confiança do homem eram tanta enquanto a fitava que fez cupido manear a cabeça se dirigindo ao antigo quarto pondo-se a abrir as portas do guarda-roupa tornando a olhar as peças coloridas, desviando das vermelhas propositalmente – vermelho seria como colocar uma placa no corpo a lembrando o que é e talvez também tivesse o mesmo efeito sobre o loiro.

A saia azul solta combinava bem com a blusa branca lhe dando aquele ar gracioso que na Gabriel fora criado para si e que, de certa forma gostava verdadeiramente, talvez fosse como era no tempo que esteve viva.

Adrien a esperou pacientemente na sala, notou ao ver o homem sentado em uma das poltronas digitando coisas no celular com pausas realmente pequenas de tempo.

— Adrien – quando os dedos pararam o homem se virou um pouco o corpo para vê-la – Estou pronta.

— Você esta linda – o homem elogiou.

Com um aceno ele indicou a porta, saindo os dois lado a lado até estarem dentro da caixa de ferro esperando chegar ao estacionamento do prédio em silêncio. A cupido não pode deixar de se sentir aliviada em não ter ninguém dividindo o espaço dentro da caixa ou transitando pelo estacionamento para correrem o risco de terem novas fotos divulgadas para causar problemas ao homem.  

— O que faremos?

— É uma surpresa – o loiro respondeu com uma piscadela. Conseguia ver em seus olhos que não importava o quanto tentasse, ele não diria nada, então apenas se limitou a cruzar os braços observando as ruas que passavam, os estabelecimentos abertos e pessoas de guarda-chuvas nas calçadas até finalmente contatar que haviam chegado quando o homem se direcionou a uma vaga.

Com um guarda-chuvas grande ele estendeu o braço a convidando a estar embaixo quando abriu sua porta o que foi de bom grado deixando-se ser guiada até o suposto lugar de seu encontro.

Não era um restaurante como imaginou que seria.

 O ceio da cupido franziu com um estranhamento bastante visível enquanto soltava o braço do homem e dava passos a frente, rodando para ver tudo que lhe era exposto no hall de entrada da loja de vestidos de noivas.

— Por que estamos aqui?

— Vamos nos casar e viver uma vida – o homem respondeu com simplicidade sustentando um tom e uma expressão extremamente suaves. Uma mulher em um terninho preto surgiu para recepciona-los recebendo um aceno educado do homem que logo levou a atenção de volta para a cupido acenando para que fosse com a funcionaria ruiva.

— Você quer fugir?

O loiro riu.

— Veremos – dando dois passos ele estava novamente perto – Vamos viver o que temos.

Talvez fosse a empolgação do momento, talvez fosse toda a confiança que o homem emanava que a abraçava e estabilizava, entretanto, mesmo se não soubesse responder o porquê de suas ações a cupido sorriu balançando a cabeça com total concordância ao homem se direcionando para o lado da funcionaria que a esperava e a conduzia pelo lugar que era muito maior do que se quer poderia imaginar.

— Com base nas informações que recebemos previamente tomei a liberdade de escolher quatro modelos de vestido que acredito atender o seu gosto – a mulher dizia de modo cortes a levando ate a sala onde outra funcionaria loira estava rodeada por vestidos e espelhos com quatro manequins vestidos.

Pudera ver algumas noivas chorarem emocionadas enquanto escolhiam seus vestidos dos sonhos para um dos dias mais importantes de suas vidas e achava particularmente bonita toda à situação, jamais imaginaria que seria a pessoa a querer chorar em tal momento se tivesse oportunidade, no entanto, conseguia sentir os olhos começarem a pinicar suavemente enquanto olhava as peças caras de tecidos brancos tão maravilhosos.

— O que acha deles? Se não forem de seu agrado podemos olhar outros.

Lentamente seus passos foram de encontro aos manequins, tocando o ombro coberto do primeiro vestido repleto de renda cobrindo todo o colo e braços, a funcionaria que estava ao lado dos manequins se adiantou em explicar os detalhes da peça seguido pelo do segundo mais simples buscando levar a atenção para as costas nuas e o terceiro de rendas transparente marcando o corpo, mas todo glamour deles se tornara mínimo quando seus olhos pousaram no quarto com uma saia de tule cheia e decote coração e mangas caídas que só poderia dizer ser usados por princesas de filmes infantis.

O tipo de vestido que qualquer menina que sonha em se casar gostaria de usar em seu dia.

— Gostou de algum deles senhorita, Dupain-Cheng?

— Quero provar o quarto.

— Boa escolha – a funcionaria loira soltou enquanto se dispunha a tirar a peça com a ajuda da outra e em questão de minutos suas roupas eram substituídas com a ajuda das duas mulheres pelo vestido bonito que parecia ter sido feito exclusivamente para si porque não havia nada que pudesse reclamar de ser grande demais ou apertado demais.

Era perfeito.

— Definitivamente a melhor escolha – a funcionaria ruiva comentou ao lado – Acho que podemos começar a trabalhar.

Atordoada com a imagem que lhe era dada pelo espelho de corpo inteiro a cupido apenas maneou a cabeça sem se importar se uma desconhecida a estava guiando para uma cadeira em frente a outro espelho e maquiagem era colocada em seu rosto e seus cabelos arrumados para acomodar uma tiara e um véu.

Como em um filme ela apenas se manteve ali sentada assistindo tudo acontecer a sua volta até poder finalmente levantar e ser novamente guiada pelo local até o que reconhecera como um estúdio fotográfico. Todo o estupor se fora quando seus olhos puderam pousar na imagem do homem loiro em um terno preto e elegante que a aguardava com os braços atrás do corpo.

— Você esta ainda mais linda – o homem soltou dando alguns passos em sua direção oferecendo uma mão que por puro reflexo correspondera o ato – Se não estivesse apaixonado já, provavelmente o faria nesse exato momento.

O homem levou a mão que segurava aos lábios depositando um beijo demorado.

— Resistir a você seria uma tarefa muito difícil de fazer. Não acho que conseguiria – devolveu com humor.

— Fico feliz em ouvir isso. O que acha que comemorarmos o nosso casamento, senhora Agreste?

Um sorriso involuntário surgiu na face da mulher perante a maneira que o sobrenome deslizava pelos lábios do homem e lhe soava tão bem e agradável aos ouvidos.

Marinette Agreste.

— Eu adoraria.

A terceira mulher que se apresentou como fotografa começou a dar instruções para as poses. Adrien conduziu a cupido ate uma escada branca rodeada por plantas a sentando em um dos degraus com a funcionaria ruiva ajudando a arrumar a saia enquanto o homem ocupava um degrau acima acomodando o corpo feminino contra o seu.

— Fazia algum tempo que eu não pousava para fotos assim, é como voltar ao começo – Marinette comentou baixinho se virando para o homem.

— Se pudéssemos voltar ao começo eu teria feito às coisas melhores – devolveu no mesmo tom.

— Como o que?

— Tentado te transformar em minha namorada ao invés de inventar ser minha modelo.

A cupido sorriu.

— Eu me diverti até sendo sua modelo especial. Tudo que diz respeito a você não me trás arrependimentos, apenas felicidade.

O loiro sorriu cobrindo seus lábios em um beijo doce que expunha toda sua devoção não apenas para si, mas provavelmente até mesmo para as pessoas que os assistiam.

— Pessoas apaixonadas são realmente fofas – ouviram a fotografa comentar na tentativa de traze-los de volta para a realidade do momento e com sucesso eles puderam trocar o cenário para um parecido com uma cozinha e as roupas de casamento por roupas típicas do dia a dia.

— Se tivéssemos nos tornado um casal desde o inicio e as coisas não fossem do jeito que são eu teria tentado aprender a cozinhar para poder cozinhar para você – Marinette comentou recebendo um aceno do homem que apoiava os braços em suas pernas o mais próximo que poderia na pose levemente insinuosa em que estavam com o homem sentado na bancada enquanto estava sentada no balcão.

— Eu comeria com prazer o que quer que você fizesse.

— Mesmo se eu fosse um desastre?

— Eu tentaria gentilmente te fazer aceitar fazer aulas de culinárias, poderia transformar em um programa de casal – Adrien argumentou.

— Boa tática.

— Obrigado por reconhecer.

Sob a direção da funcionaria ruiva a cupido minutos depois já estava de novo sendo guiada para frente do espelho trocando sua maquiagem sem uma boa explicação para o porquê da nova. Só conseguia franzir o ceio a medida que via o desenvolvimento da imagem nova que era montada.

— Esta pronta. Vamos.

A mulher a acompanhou apenas até a entrada da sala indicando que continuasse.

Ela o fez.

Um leve riso deixou os lábios de Marinette depois de passar pela porta e encontrar o homem sentado no sofá, trajando um novo terno preto e os cabelos acinzentados e bem penteados com o rosto coberto por uma maquiagem que o fazia parecer anos mais velhos.

Pelo reflexo do espelho ele a viu e sorriu se erguendo e dando passos lentos em sua direção.

— Você continua linda – ele elogiou.

A cupido olhou para a própria imagem pelo espelho, assimilando a falsa idade que a maquiagem lhe dava complementada pela peruca de fios brancos, o novo vestido branco era com mangas e praticamente nenhum decote, mas tão bonito quanto o anterior.

— O que significa isso agora, Adrien?

— Estamos comemorando o nosso aniversario de 50 anos de casados – o homem se colocou ao lado na frente do espelho abraçando-lhe pelos ombros – Tivemos uma vida inteira.

— E como ela foi? Conseguimos ser felizes?

O homem maneou a cabeça afirmativamente.

— Você foi o centro de felicidade da minha vida e eu o seu. Culinária se tornou um dos seus hobbys favoritos e você voltou a trabalhar como modelo por um curto período de tempo no começo, mas depois deixou para se concentrar em ser mãe dos nossos filhos. Sempre sabia dizer a coisa certa para eles – Adrien explicou com suavidade.

— Tivemos quantos?

 – Três; duas meninas e um menino. A mais velha é uma mulher das ciências e esta tirando o segundo PhD e nos deu um neto lindo que mimamos mais do que deveríamos, mas é o primeiro então tudo bem; O segundo quis ser modelo e depois resolveu arriscar a carreira de ator e esta indo bem também, costuma sempre mandar fotos do set para nós e é tão gentil quanto você conquistando muitos corações por ai, mas até agora ainda não nos apresentou uma namorada devidamente porque diz estar buscando a garota certa; A terceira é a minha filhinha que desde cedo foi mais grudada em mim e ia para empresa comigo sempre que podia e quando cresceu decidimos que seria a sucessora da Gabriel porque ela tem talento para os negócios.

— Tivemos sorte de ter bons filhos então – expressou, conseguia imaginar com facilidade as coisas ditas pelo homem em uma casa grande com porta-retratos de família e almoços e jantares com os amigos nos fins de semana e até mesmo as malas que ajudaria Adrien a fazer sempre que o homem precisasse viajar a trabalho pedindo que ele lhe ligasse quando chegasse ao destino apenas por garantia.

 Seria provavelmente a típica boa esposa e mãe sábia. 

— Cada momento foi mágico – a cupido se voltou para o homem tombando a cabeça para o lado o ouvindo continuar – Vamos comemorar o nosso aniversario de casamento como sempre fizemos em todos os anos?

— Eu adoraria.

Segurando a mão do homem ela se deixou ser conduzida para a sala com um novo cenário mais rustico de paredes escuras, um sofá de couro marrom com abajures em mesinhas dos lados e um grande tapete.

A fotografa sorriu-lhes voltando a se posicionar atrás da câmera e a mulher que sempre a conduzia a ajudava a se arrumarem no sofá cordialmente, a falta de tule na parte de baixo do vestido ajudava na arrumação na barra no chão dessa vez.

Deitou cabeça no ombro do loiro sentindo o polegar dele desenhar círculos na parte de cima de sua mão a deixando ainda mais relaxada.

— Obrigado por ser assim comigo – sussurrou sentindo a voz levemente embargada.

— Obrigado por me permitir conhece-la – Adrien sussurrou de volta – Se tivermos uma próxima vida eu vou procura-la de alguma forma, encontra-la e ama-la de novo.

— Nós seremos muito felizes nela – completou beijando o homem deixando que suas testas se tocassem ao final – Cada dia será como um milagre.

— Estamos prontos para começar?

Ambos sorriram se afastando minimamente para se voltar à mulher que os aguardava respondendo juntos.

— Sim.

 

 

“Se isso também não for possível

Apenas se lembre desse momento

Nossa noite bela e triste

Repleta de pétalas voando

Nosso final feliz”

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo
Até o próximo



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