Cupido, Traga Meu Amor escrita por Tricia


Capítulo 18
Chão Quebradiço


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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[Um anjo não tão inocente

Marinette Dupain-Cheng é um nome que esta cada vez mais em destaque atualmente e hoje não é diferente.

Fotos exclusivas mostram Adrien Agreste do lado de fora de seu prédio acompanhado de ninguém menos que Marinette Dupain-Cheng, a famosa “Anjo de Kang” como é conhecida no meio da moda desde sua estreia recente no circuito como a modelo principal em representar as peças criadas pelo ilustre estilista sul-coreano, Doon-Wook Kang, na parceria da marca Gabriel com a “Dong-Kang”.

A proximidade dos dois talvez fosse resultado do fato de que o próprio Adrien Agreste fora o responsável por trazê-la para os holofotes. 

Alguns boatos afirmam que a jovem modelo costumava receber tratamento especial em comparação às demais modelos por Kang, mas ao que parece talvez não seja apenas o sul-coreano que favorecia a inocente Anjo de Kang.

Podemos citar aqui também o fato da modelo ter recentemente estrelado um videoclipe do cantor Luka que é uma parceria com Nino, melhor amigo de Adrien desde o colegial como os dois sempre enfatizam.

Existe um boato circulando de que a modelo tem passado muito tempo no apartamento do Agreste mais jovem.

Se isso não é um sinal de favoritismo eu talvez não saiba o que é.]

 

Dizer que ele estava irritado seria um eufemismo. O caos viera tão rápido que chegava a assustar. Primeiro com os problemas dos fornecedores de tecidos chineses que deveria durar apenas alguns dias, mas acabara o prendendo por uma semana inteira, seguido por um escândalo envolvendo Kang e sua namorada após uma briga que culminou na garota criando uma rede de hates para o estilista e agora aparentemente ele era o centro do mais novo problema. Graças a Nadja Chamack e seu talento em explorar a vida dos outros em busca de furos.

— A equipe de relações publicas esta lidando com a situação e tentando saber quem foi a fonte de Chamack – Rose informou, os dedos deslizavam agilmente pela tela do tablete ao mesmo tempo que a empregada do hotel tirava o prato de comida que ele mal havia tocado. 

Chamack sempre seria uma pedra atirada na cabeça de qualquer um que pudesse elevar a reputação dela entre os membros da mídia parisiense.

 – Isso não vai mudar a situação agora – mesmo que ter um nome para esmagar para aliviar a dor de cabeça fosse bom para variar, mas as preocupações ainda estavam em Marinette que estava o ignorando. Nem mesmo a raiva que Gabriel poderia estar sentindo agora o incomodava no momento. Por quê? – Vamos apressar as coisas para voltarmos logo.

— Sim, senhor.

Quando a assistente de saltos de estampa se afastou um pouco para atender a ligação de alguém da Gabriel finalmente pode ceder um pouco para a ansiedade arriscando ligar mais uma vez. Ela não atendeu.

Meio dia até pisar em território parisiense e ainda não tinha nenhuma mensagem de retorno ou ligação da modelo.

Gorila estava o esperando no aeroporto levando Rose para o prédio da Gabriel para logo depois seguir para o prédio que morava. Não iria querer encarar o pai para piorar a dor de cabeça que estava começando a ter com toda a situação. E o grupo de pessoas com câmeras na entrada aguardando uma oportunidade de conseguir algo não ajudou em nada também.

Os passos pelo corredor foram rápidos e, ao entrar no apartamento a primeira coisa que fizera foi deixar a mala na entrada e correr para o quarto de hospede. A cama estava perfeitamente arrumada e ao abrir as portas do guarda-roupas pudera ver as roupas da modelo que estavam ali, não parecia da maneira esperada para alguém que fora embora, mas como desde o começo aquelas não eram as roupas dela antes de chegar...

— Adrien – Lisa surgiu na porta com o ceio franzido.

— Você viu a Marinette?

A mulher maneou a cabeça em negação.

— Quando eu cheguei ela não estava aqui. Como ela esteve ocupada antes com o trabalho, pensei que estivesse assim novamente. O que esta acontecendo?

— Eu acho que posso ter uma ideia.

A mulher o seguiu-o para fora do quarto até o escritório ficando na entrada enquanto o loiro contornava a mesa e abria a gaveta para encontrar a caixa no mesmo lugar, o suspiro de alivio ficou preso ao ver o vazio dentro desta trazendo uma resposta para uma nova serie de perguntas junto as constatações básicas:

Marinette foi embora;

Um escândalo envolvendo os dois pairava;

Ela provavelmente estaria com raiva;

 E se recusava a atender o telefone.

Pescando o telefone no bolso procurou rapidamente o número de Alya na lista de contatos. A morena atendeu no segundo toque com uma voz levemente exasperada, podia-se ouvir alguém falando algo atrás que não conseguira compreender.

— Preciso que ligue para a Marinette.

— Eu to tentando volta e meia desde que a noticia foi solta por Deus sabe quem que Chamack tenha como informante, mas ela não atendeu. As coisas estão turbulentas aqui e minha chefe veio me pressionar para tentar conseguir uma exclusiva com um de vocês. Isso tá com cara de competição Adrien pra ver quem chega em um de vocês primeiro — as palavras vieram rápidas, mas conseguira entender tudo.

— Se chegarem nela primeiro é possível que tentem detona-la – constatou com desgosto ocupando a cadeira e deixando a caixa na mesa – Você faz parte dessa indústria então conhece esse mundo tão bem quanto eu, Alya.

— A matéria sobre vocês aqui por enquanto esta nas minhas mãos, vou ver o que posso fazer e você terá que colaborar— o tom profissional e autoritário da amiga trazia um pouco de alivio de ter essa pessoa para confiar na atual situação.

— Eu faço o que você quiser, só tenta falar com ela. Eu fiz uma merda e agora a Marinette deve estar com raiva de mim.

— Oh? Que tipo de merda, Adrien?

— Do tipo de talvez ela não queira olhar na minha cara por um longo tempo.

Lisa que o ouvia em silêncio arqueou uma das sobrancelhas. Fazendo sinal para o lado de fora e saindo em silêncio do cômodo.

— Esse é o pior momento para vocês estarem em desacordo – Alya grunhiu do outro lado.

— Eu não queria que estivéssemos, pode acreditar.

Acabara ficando por mais alguns minutos dentro do escritório após encerrar a ligação. A realidade de que as coisas voltariam ao antigo normal antes de Marinette no apartamento caia lentamente.

O estupor que acabara entrando só foi quebrado quando ouviu o toque do celular e virá o nome da assistente na tela.

— Mais algum problema novo?

— Acabaram de me avisar que a Marinette esta aqui para assinar os últimos papeis do fim do contrato que ela não assinou antes.

— Inventa alguma coisa pra manter ela dentro da Gabriel até eu chegar.

— Sim, senhor.

Talvez as coisas não estivessem tão perdidas ainda.

 

~&~

 

Humanos às vezes tinham uma grande tendência a saber esconder quando estavam com inveja ou raiva, mas quando estavam com repulsa ou aversão, eles faziam tanta questão de mostrar que por um momento Marinette pode agradecer não fazer parte deles, ao mesmo tempo que sentia seu coração afundar pouco a pouco dentro do peito.

Todos que apenas a cumprimentavam agora tomavam seu tempo para olha-la e fazer comentários que poderia apostar ser trazidos com algum grau de maldade.

Humanos...

O fim estava bem à frente em papeis marcados ao final que eram estendidos pelo homem de aparência abatida, mas olhos analíticos sobre si que traziam um pequeno julgamento pela provável situação em que estava. Pela “experiência teórica” que possuía podia afirmar que todos os dedos acabariam sendo apontados no final para si como a pessoa de má-índole que seduziu o chefe para obter as vantagens.

O homem conferiu os papeis um a um em uma profunda lentidão antes de falar:

— Faltou um papel, espere aqui enquanto eu vou procurar porque ele não esta no meu computador infelizmente.

— Eu estou com um pouco de pressa.

— Não irei demorar – ele garantiu enquanto erguia-se da cadeira giratória. 

O celular estava no vibrador podendo senti-lo vibrando na bolsinha preta enquanto supunha ser Adrien ou Alya. Poderia até estar evitando Adrien, mas não sabia bem o que esperar de Alya perante a situação e tudo que poderia vir, precisava de tempo. Humanos tinham processamentos lentos quanto aos próprios problemas então por que também não poderia ter também uma vez quando estava tendo um?

 Suspirou.

De onde estava conseguia ver a foto de uma garotinha em um porta retrato azul na mesa e até uma bolinha ante estresse. Tantos minutos se passaram em que ficara no mesmo lugar imaginando o que as pessoas do lado de fora poderiam estar dizendo.

O celular tornou a vibrar.

Assinando as linhas marcadas, puxou um post-it amarelo que estava perto da tela do computador e escreveu um pequeno aviso de que voltaria – provavelmente não o faria – para assinar as coisas restantes.

Erguendo-se com a bolsa no ombro deixou a sala silenciosa para o corredor de pessoas transitando que a olhavam novamente enquanto passava. Não sorria, não conseguia. Só queria ir embora o quanto antes. Ironicamente a única pessoa que surgira em seu campo de visão brevemente fora Lila que deu de ombros gesticulando ao redor discretamente enquanto a fitava com satisfação antes de partir.

Por reflexo apertou a bolsa para conter a raiva.

Que o Universo nunca a mandasse ser a cupido responsável por encontrar alguém para Lila.

Precisava passar por alguma porta, mas com pessoas passando ao redor as coisas poderiam ser confusas e tudo que menos precisava era mais um problema para pesar em seus ombros.

Olhando para a parede de vidro conseguia ver o próprio reflexo em um vestido vermelho que passava dos joelhos com alças curtas que a fazia parecer uma boneca. Muitas humanas se sentiam poderosas quando vestiam essa cor e entrara como uma humana, portanto sairia como uma. De cabeça erguida.

E estava indo bem, cumprimentando as pessoas com acenos até ouvir o nome ser chamado e passos rápidos vindo em sua direção fazendo o corpo gelar.

— Marinette – o chamado foi repetido e, lentamente se virou-se para encontrar alguém que sem dúvidas não gostaria de encontrar no momento.

— Alix.

A cupido vestida em roupas igualmente vermelhas, mas em um estilo completamente diferente a fitava de forma estranha, talvez um pouco apavorada. Se ela estava assim como Marinette deveria se sentir?

 – Você precisa voltar, agora.

As pessoas ao redor ainda olhavam e o tom baixo da outra cupido era mais que bem-vindo.

— Marinette.

Os olhos de Alix se desviaram para o ponto mais atrás delas ao mesmo tempo que a respiração de Marinette era presa e apenas o rosto virava para ver bem ao longe Adrien e Rose andando na direção das duas. Ignorando esse fato a outra cupido puxou um dos braços de Marinette continuando:

— Marinette, o cupido-metre sabe sobre tudo isso.

— O que? – os olhos tonaram a olhar a colega de trabalho com exasperação.

— Nós precisamos voltar – repetiu Alix.

Adrien estava bem perto. Haviam se tornado o espetáculo da Gabriel a julgar pela maneira como as pessoas estavam paradas apenas observando a cena que se desenrolava, nem poderia julgar tal atitude mesmo que a irritasse profundamente.

— Preciso que confie em mim, Alix – fora tudo que conseguira sussurrar para a outra antes de ter Adrien e Rose muito próximos os encarando.

— Marinette – Adrien soltou quase que como uma oração, os olhos pousaram brevemente no pescoço onde pudera ver o colar de coração e, com um pouco de surpresa pudera ver um semelhante no pescoço da outra mulher que soltava o braço de Marinette mantendo-se atrás. Se as duas eram parentes, não possuíam qualquer traço que poderia assemelhar – Precisamos conversar, eu sinto muito pelo que fiz.

— Estaria mentindo se dissesse que não estou magoada com o que fez, não consigo encontrar uma justificativa plausível e sinto que não devo mais tentar.

 Qualquer que fosse a quantidade de conhecimento de Alix perante a situação já era assustadora o suficiente para correr o risco de lhe dar mais inconvenientemente e só podia rezar para Adrien também não o fazer.

Ele parecia abatido e só podia segurar a vontade de saber o porquê, se estava realmente relacionada a isso. Ver seus lábios se comprimirem a fazia acreditar um pouco que sim.

— Eu só quero uma chance para conversar com calma e explicar tudo.

— Infelizmente eu não tenho esse tempo.

— Com certeza não tem – ouviu Alix sussurrar atrás.

Como justo Alix fora ser a pessoa que descobrira esse segredo?

— Desculpe, mas não nos conhecemos – Adrien tentou, o mais educadamente possível – Eu sou...

—  Não acho que precisamos nos conhecer – Alix o cortou.  

Pedir para Alix ser educada era uma opção que Marinette sabia ser inútil, então tudo que pudera fazer fora manear a cabeça com um silencioso pedido de desculpas pelas boas maneiras da colega para Adrien e Rose.

— Mari – Adrien suplicou em um tom um pouco mais baixo dando um passo mais perto.

Um click atrás chamou a atenção dos quatro para o jovem rapaz desconhecido que segurava um celular, sob os saltos de estampa de onça a assistente correu para o rapaz que partiu as pressas.

— Me de sua mão – sem pestanejar Adrien obedeceu. Tirando a atenção momentânea do homem para a bolsa em instantes a cupido retirou o objeto tecnológico, colocando na mão que segurava – Você me deu isso.

— Não tem que fazer isso.

— Acho que estamos causando muitos problemas um para o outro no momento – continuou ignorando as palavras do loiro – É melhor não estarmos mais perto.

— Problemas podem ser resolvidos.

O celular tornou a vibrar exibindo o nome de Alya na tela.

— Eu estou dando a solução mais plausível para o momento – podia sentir os ombros tensos e um gosto ruim na boca – Fique bem, Adrien.

Se o chão em que estava pisando a frente era seguro Marinette não sabia, mas continuou andando com a cabeça erguida sem olhar para ninguém como um robô com a consciência que Alix estava um passo atrás em silêncio e a inconsciência de que o chão em que deixara Adrien se partia a cada passo que dava para longe.   


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, se alguém em algum momento esperou por gritos histéricos da Mari eu sinto muito desaponta-lo porque não acho que nessa situação ela faria isso. Acho que ela é mais do tipo que se encolhe ao invés de se exaltar, agora o Adrien por outro lado, como vocês acham que ele pode reagir daqui para frente? Me contem.
Bjs



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