A Herdeira escrita por Nany Nogueira


Capítulo 8
Conhecendo o reino




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Dora, Felipe, Jorge, Victor, Açucena e Jesuíno embarcaram num navio rumo ao Brasil no dia seguinte à conversa com os novos reis.

Anita e Heitor despediram-se com a convicção de não se tratar de um adeus, mas de um até logo. 

Os pais advetiram os filhos que mesmo à distância dariam suporte para o momento da fuga. 

Tão logo despediram-se dos pais, os jovens já foram chamados para a primeira reunião com Rei Augusto, a qual durou o dia inteiro, pois eram muitos os assuntos dos reino dos quais os novos reis deveriam tomar conhecimento. 

Ao final da reunião, Anita e Heitor se sentiam tontos e despreparados, mas Rei Augusto garantiu que iria auxiliá-los em tudo. Por isso, os jovens resolveram nomeá-lo conselheiro real e secretário para assuntos gerais do reino.

Saíram do gabinete real ao anoitecer, jantaram, famintos que estavam e foram se recolher.

Heitor tirou a camisa na frente de Anita, desesperado para colocar o pijama e dormir. A moça ralhou:

— Não deveria se desnudar na frente de uma dama.

— Eu só tirei a camisa, não foi a calça.

Anita corou ao comentário dele.

— Mas, se te incomoda, não tornarei a fazer - vestindo rapidamente a parte de cima do pijama.

— Não me incomoda, só não acho certo, já que não somos marido e mulher de verdade.

— Como queira - pegando a calça de pijama e indo se trocar no quarto de vestir.

Anita deu um tempo e depois bateu na porta do quarto de vestir, dizendo:

— Eu posso entrar? Preciso vestir a minha camisola.

Heitor saiu já trajando o pijama completo:

— Vou ao banheiro enquanto se troca.

Anita se trocou rapidamente e voltava para o quarto quando esbarrou em Heitor, que não deixou de reparar no traje sumário dela.

— Esse quarto às vezes parece muito pequeno - comentou ela. 

— Posso dormir em outro quarto, são tantos por aqui.

— Não há necessidade... Poderiam desconfiar...

— Você que sabe. Boa noite! - pegando as cobertas e o travesseiro sobre a cama e dirigindo-se ao quarto de vestir.

— Boa noite - respondeu ela, e se deitou.

Anita ainda dormia profundamente quando foi acordada por Heitor nos primeiros raios de sol. Ela murmurou:

— Me deixa dormir, mãe. Tá cedo.

— Eu não me pareço nem um pouco com a sua mãe, Anita - falou Heitor, enquanto a sacudia, rindo.

Ela acordou e se sentou na cama, assustada:

— Por que me acorda desse jeito, seu chato! - pegando o travesseiro e batendo nele.

— Você não vai sossegar enquanto não estourar esse travesseiro de penas de ganso em mim, né? - rindo. 

— Não vou - concordou ela, séria. 

— Anita, levanta e se arruma logo.

— Quem é você para me dar ordens? Tenho sono e ainda é muito cedo!

— Dois jovens reis de Serafia têm muito trabalho a fazer e se não começarem bem cedo não darão conta.

— Rei Augusto dará conta, sempre deu. Somos reis de mentirinha, lembra?

— Tudo é muito de mentirinha nessa história. Mas, o povo de Seráfia é de verdade e eles precisam de nós. A guerra fez estragos e nós podemos ajudar.

— Podemos, mas não queremos.

— Sério que você é tão egoísta assim? Eu tinha uma imagem completamente diferente de você, mas estava enganado. Fique dormindo, eu vou sozinho.

— Espere! - disse Anita, segurando firme o braço de Heitor, que se arrepiou ao toque da jovem - Eu estou cansada, com sono, nosso dia ontem foi exaustivo. Mas, tudo bem, eu te acompanho, também quero ajudar o povo de Seráfia no pós guerra.

— Ótimo! Eu te espero na mesa do desjejum.

Anita assentiu com a cabeça.

Mais tarde, os dois estavam no gabinete mapeando a população de Seráfia, estudando cada região, a produção de riqueza e as áreas em maior necessidade.

Almoçaram e partiram para a pesquisa em campo. Foram pessoalmente aos bairros mais carentes da Capital serafiana. 

 

Os dois jovens ficaram estarrecidos com o que viram. Acostumados à pobreza e à seca do sertão nordestino, não imaginavam presenciar o mesmo num rico Pais Europeu, porém devastado por anos de guerra.

A população necessitava recebia seus reis com grande cortesia, se desvelando para fazer boa figura nas suas modestas casas. 

Os dois voltaram mudos ao Palácio, perdidos nos próprios pensamentos. O silêncio só foi quebrado no jantar, quando Rei Augusto deu maiores explicações da real situação do reino, deixando os jovens ainda mais preocupados.

No quarto, Anita comentou com Heitor:

— Eu fiquei mexida com o que vi hoje.

— Eu também e muito! Aqui parece pior que o nosso Sertão. Pensei que o desejo de um reino unificado fosse capricho dos revoltosos, hoje eu vi a importância disso para o povo, que não suportava mais a divisão e a guerra.

— Eu senti o mesmo e me compadeci. Senti vergonha do nosso luxo e fartura enquanto o nosso povo passa fome. Tive vontade de doar tudo que temos a eles.

— Não resolveria, são muitos pelo País. Vimos uma ínfima quantia. Além disso, a riqueza do Palácio é importante para a política interna e externa, sem contar que precisamos fortalecer com recursos nossas forças armadas e demais instituições.

— Como você é bom político, Heitor! Parece o meu pai falando. Aprendeu tudo isso enquanto plantava batatas? - provocou ela.

— Eu ajudo na Fazenda da tia Antônia as famílias necessitadas que ali plantam para gerar renda, aplicando os meus conhecimentos do curso de agronomia. Mas, eu estudo muito mais que a terra se você quer saber.

Anita caiu na gargalhada: 

— Te ofendi, foi?

— Nem um pouco, não me ofendo com criança.

Anita subiu a camisola, deixando as coxas a mostra, provocando,  perguntou:

— Quer dizer que você me vê como uma criança é?

Heitor deixou o olhar escorregar para as coxas da moça por um minuto, mas se conteve, desviou o olhar e disse:

— Vou dormir, boa noite! 

Ela percebeu o desconforto dele e sorriu. 


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