Yu Yu Hakusho: A Relíquia Perdida escrita por Ocarina, LuisaPoison


Capítulo 15
O chamado da relíquia


Notas iniciais do capítulo

Como estão, pessoal? Espero que tenham tido uma ótima virada de ano!
A fanfic está chegando ao fim, então bora curtir a reta final?

Boa leitura!



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Quando começou a recobrar a consciência,  Yue ouviu um estalido, ainda de olhos fechados. Tentou se mexer, sentindo-se incomodada com a posição desconfortável em que havia sido colocada. No entanto, não conseguiu. Ao levantar as pálpebras, a visão turvou-se. Precisou piscar algumas vezes consecutivas para conseguir despertar por completo, focando-se em cada elemento que a rodeava.

Yue arquejou assustada. Sentada no chão duro de uma cela, os seus braços e pernas estavam presos pelo que pareciam ser algemas, que, por sua vez, conectavam-se às paredes da prisão por uma cadeia de grossos anéis metálicos. Além disso, a sua cabeça doía devido ao contato forçado com a mesma parede que lhe servia de apoio. Confusa, ela tentou se lembrar do que havia acontecido. Depois que Kurama a defendeu de Shinohara, sentiu um golpe lhe atingir a nuca num ponto crítico. Ela desmaiou de imediato. A lembrança do ataque a fez protestar de dor, mas pelo menos não estava gravemente ferida.

Um novo estalido chamou a sua atenção. Foi então que Yue percebeu que na extremidade oposta da cela, Shinohara prendia Kurama. Quando o youkai—doninha fechou a última algema no pulso do kitsune — que aparentemente continuava desmaiado — notou que Yue estava já estava acordada. 

— Nos solte, Shinohara! — ela ordenou, puxando os braços para tentar se libertar dos utensílios que a prendiam. As correntes, porém, grossas e resistentes, não cederam à sua força. 

— Você nem sequer estaria presa, se não tivesse traído a sua própria raça.

— Eu não traí ninguém! Você está nos traindo!

— Eu? Reveja os fatos. Há anos que busco vingar o nosso Clã. Finalmente quando temos a chance, é você quem prefere desperdiçá-la.

— Vingar o Clã? Você não tá dando a mínima pros kamaitachi! — Shinohara arqueou as sobrancelhas, espantado com a acusação — Se realmente se preocupasse com a nossa raça, estaria focado em restabelecer a ordem que foi perdida. Em nos proteger e nos fortalecer. Ter me juntado à relíquia seria o suficiente para salvar o nosso povo, e você sabe disso. Mesmo assim, prefere insistir nessa vingança sem sentido! É um egoísta. 

— Sua estúpida. Você não tem ideia do que está dizendo. Todos nós sonhamos em nos vingar desse kitsune infeliz. 

— Como tem tanta certeza? Você perguntou aos outros o que eles realmente querem? Você está movido por um desejo pessoal, admita! A relíquia me mostrou, Shinohara. Existem outros kamaitachi espalhados pelo Makai, e todos eles o abandonaram. Eles já não concordavam com as suas ideias há muito tempo. Abandonaram o barco, porque sabiam que pra você a nossa raça já não era a prioridade.

— Cale a boca! — ele vociferou, irritado — É verdade que eles me deixaram como os covardes que são. Aos poucos os kamaitachi se dispersaram, porque não tínhamos mais nenhuma perspectiva de vida. Eles estavam com medo. Mas isso está prestes a mudar. 

— O que quer dizer?

— Quando você colocou a relíquia, todos eles sentiram. Não importa onde estejam agora, esse é o chamado que devem seguir. Os kamaitachi sobreviventes estão vindo para cá. Nós vamos nos reunir novamente e eu vou provar que você está errada — ele se aproximou de Kurama, a deixando sobressaltada.

— Não toca nele! 

— Não se preocupe. Não vou fazer nada, ainda. — ele sorriu, malicioso — Incrível, não é? Mesmo depois de tudo, esse maldito continua vivo. Mas é melhor assim. Decidi que vou matá-lo diante de todos. Só assim estaremos livres do passado que nos atormenta até hoje. Você verá como cada um de nós vai vibrar com a morte desse kitsune. Quando a cabeça dele rolar no chão e o seu corpo jorrar sangue, nós vamos comemorar. É o que todos nós queremos.

— Não seja tão idiota! — a voz de Yue tremulou — O que acha que os outros dirão quando souberem o que fez comigo?! Acha que ficarão felizes em saber que você prendeu a legítima herdeira real? 

— Já pensei nisso. Eu tenho certeza que conseguirei convencê-los de que o kitsune foi muito hábil em te fazer uma lavagem cerebral. Eles entenderam que eu não tive outra alternativa a não ser prendê-la aqui, para o seu próprio bem. Vamos mantê-la em cativeiro pelo resto de sua vida, se for necessário. Só assim você e a relíquia estarão em segurança.

Shinohara saiu da cela, fechando as grades em seguida. Yue não conteve o choro, desabando em lágrimas.

— Não pode fazer isso! — ela gritou, observando-o se afastar até desaparecer de vista — Por favor, não…

Desesperada, Yue assumiu a sua forma youkai, puxando braços e pernas com a sua força máxima para tentar se soltar das algemas, porém, as correntes anexadas a elas eram muito fortes. Ao ver que era inútil, projetou então as foices nos braços, tentando pelo menos romper aquele metal, mas também não obteve sucesso. Ela amaldiçoou a si mesma por nem sequer saber manejar direito as suas próprias armas.

— Você não vai conseguir — Yue encarou Kurama, que agora tinha os olhos abertos, presos em sua direção — Isso não é um metal comum como no mundo dos humanos. É um material infinitamente mais resistente. 

— Kurama! — ela gritou, ignorando por completo a informação que lhe fora dada. A vontade de quebrar aquelas correntes e abraçá-lo foi tanta que Yue quase deslocou os braços, projetando-se para frente — Você está bem?! Meu Deus, eu achei que tivesse morrido. Você me protegeu e Shinohara te atingiu…eu fiquei com tanto medo...achei que era o seu fim...achei que..

“Achei que fosse te perder”, ela pensou. Calada, preferiu não dizer aquilo em voz alta. As lágrimas continuavam a escorrer pelo seu rosto.

— Eu estou bem. 

— Você não deveria ter feito aquilo! Shinohara não ia me matar. Ele não pode. Precisa de mim viva para usar a relíquia. 

— Eu sei disso, mas tive que impedir que ele te atingisse mesmo assim. Era o único jeito.

Ela franziu o cenho, confusa.

— O único jeito de me fazer perceber que eu estava mesmo do lado errado? — perguntou, tentando entender — Que você sim estava querendo me proteger? Se foi isso, funcionou. Mas tenho minhas dúvidas se essa foi uma boa ideia.

Ele sorriu, contrastando com o seu semblante cabisbaixo.

— Na verdade não foi por isso. Mas era o único jeito, entende? Eu tinha que fazer aquilo, porque me recuso a ver você ferida. Mesmo que o golpe não fosse letal, se eu tivesse deixado aquilo acontecer, jamais me perdoaria. Prefiro arriscar a minha vida do que ver o seu sangue derramado.

Ela paralisou, sem saber como reagir. Yue tinha entendido perfeitamente o significado daquelas fortes palavras. Os sentimentos de Kurama estavam claros, tanto quanto ela queria que os seus próprios estivessem. 

— Mas agora você está nesse estado — ela se lamentou — Me perdoa, por favor. É tudo culpa minha. Eu estava com raiva. Achei que você soubesse da minha real identidade desde o começo, que estivesse brincando comigo por todo esse tempo. Fui uma idiota por acreditar no Shinohara. Mas eu nunca quis que ele te matasse, eu juro.

— Eu sei. Na verdade, tive a impressão que estava tentando me ajudar. Estou errado? 

— Não. Shinohara acha que sabe tudo sobre a própria raça, mas não sabe de nada. Os kamaitachi não querem mais essa luta. Eu queria que ele mudasse de ideia. Queria levar ele pra longe daqui, pra longe de você. Mas eu falhei. Desculpa...

— Você não precisa pedir desculpas. Eu é que lhe devo pedir perdão por tudo o que já fiz um dia, já que foram as minhas atitudes que geraram toda essa confusão. Não gosto de pensar nisso, até porque não tenho como voltar atrás e refazer os meus passos. O que está feito, está feito. Mas quero que entenda que hoje eu sou outra pessoa. Hoje eu não teria matado os membros inocentes do seu povo. Sei que fui cruel, Yue. Sinto muito que você tenha visto tudo o que fiz.

— Eu não vou mentir. Fiquei muito desapontada com você. Mas eu sei que você não é mais o mesmo. Suas atitudes no passado não condizem com o Kurama que eu conheci. E quer saber? Eu quero viver o presente. Pena que o presente é isso aqui — ela sacudiu os pulsos, chacoalhando as correntes presas à parede — Não consigo me libertar de jeito nenhum! Nem como kamaitachi.

Kurama assumiu a forma Youko, forçando as algemas em seguida. Assim como Yue, falhou ao tentar se soltar. Desistindo daquela abordagem, voltou então à forma humana.

— É mesmo muito forte. Não dá pra romper de jeito nenhum. Não usando força física.

— Como você pode dizer isso assim tão calmo? — Yue questionou indignada — Estamos ferrados!

Kurama riu, divertindo-se com a mudança de comportamento da princesa-doninha. Ele nunca a tinha visto perder o controle, mas até que gostou daquele seu jeito mais rude.

— Tenho certeza que lâminas kamaitachi conseguiriam quebrar as correntes. 

— Mas eu não consigo usar as minhas foices. Meus braços praticamente não se mexem.

— Não estou falando das foices, mas sim do vento. Sabe por que kamaitachi são tão temidos? Porque controlam o vento, Yue.

— M-Mas eu nunca fiz isso antes. Não vou conseguir.

— Se pensar assim, não vai mesmo. Precisa acreditar em si mesma. Tente, Yue.

Ela inspirou fundo, exalando o ar dos pulmões lentamente. 

— Isso. Concentre-se.

Yue fechou os olhos, elevando o seu youki. Sentiu então o ar a circundar, como se fosse parte de sua própria aura, acariciando a sua pele num toque leve e sútil. Ela o dissipou e lâminas de vento desgovernadas foram lançadas contra a parede em que Kurama estava apoiado, desenhando ranhuras praticamente imperceptíveis em sua superfície.

— Ai meu Deus! — ela exclamou — Eu quase te acertei!

— Não tem problema. Na verdade, quero mesmo que mire em mim. Nas correntes que me prendem.

— De jeito nenhum. Eu vou acabar machucando você!

— Não subestime a si própria, Yue. Shinohara já fez isso ao te deixar aqui. Ele acha que você não é capaz de sair dessa sozinha. 

— E se ele estiver certo? 

— Mas acontece que você não está sozinha. Eu estou aqui pra te ajudar. Ele não levou isso em consideração. 

— Mas é que…

— Faz o que estou dizendo e você vai conseguir. Você sente o vento, não é?  Ele vai fazer tudo o que você mandar. Concentre a sua energia demoníaca o máximo que você puder e não a deixe se dissipar sem um direcionamento. Precisa se focar em um ponto específico, no seu alvo. Só depois que você o visualizar, lance o golpe de vento. Lembre-se, você tem domínio sobre o ar que nos circunda. Para os kamaitachi, isso é inato.

Yue o obedeceu, tentando recomeçar. Dessa vez, ao acumular a energia, não agiu por impulso. Abriu os olhos, focando-se nas correntes de Kurama. De repente, tudo parecia muito claro, e como se ela pudesse enxergar a atmosfera invisível aos olhos dos outros, ordenou o lançamento de suas lâminas de vento. Ao vê-las tilintarem no metal, se surpreendeu positivamente. No entanto, a animação durou pouco. Nada tinha acontecido, e Kurama permanecia acorrentado.

— Não funcionou!

— Você está indo muito bem! Só precisa juntar mais força, Yue. Não desista! — ele a encorajou, ignorando a decepção estampada em seu rosto.

Sabendo que a vida de ambos estava em suas mãos, ela não se rendeu. Foram necessárias mais algumas dezenas de tentativas até que Yue finalmente conseguisse atingir o ápice de seu poder. Quando enfim as lâminas de vento conseguiram romper as correntes que seguravam Kurama, ela relaxou, totalmente exausta. 

— Muito bem, Yue! Sabia que você conseguiria! — ele a parabenizou, conjurando a sua própria espada feita de plantas — Pode deixar o resto comigo.

Yue observou Kurama cortar as algemas que ainda prendiam os seus pulsos e tornozelos, livrando-se por completo daqueles objetos. Em seguida, com movimentos precisos, fez o mesmo com ela, a soltando por consequência. 

O kitsune a ajudou a se levantar do chão e, livres, os dois se abraçaram como se não se vissem há anos. Como se a saudade fosse infinita, insaciável. 

— Shinohara disse que os kamaitachi sobreviventes estão vindo pra cá! Ele quer te matar na frente de todos — Yue o alertou, preocupada.

 — Eu sei disso. 

 — Eu vou tirar a relíquia — Yue levou a mão livre até a jóia presa em seu braço, prestes a arrancá-la dali — Assim, todos os kamaitachi perderão a sua força. Shinohara não vai ser capaz de lutar de igual pra igual contra você.

— Não, Yue — ele a impediu, colocando a mão sobre a dela antes que Yue tivesse a chance de remover o bracelete — Isso não vai resolver nada. Essa relíquia é a sua herança. Eu roubei de vocês e agora quero devolvê-la. Quero que os kamaitachi se salvem da extinção. Pra isso, você não pode tirar a relíquia. Você é o futuro da sua raça.

— Mas com o poder do bracelete vai ser muito difícil derrotar Shinohara. Ele está muito forte.

— É verdade, mas dessa vez eu vou dar tudo de mim. Ele se engana se pensa que sou o mesmo de anos atrás.

— Então você ainda não mostrou sua verdadeira força? Achei que tivesse atingido o seu limite.

— Ainda não.

— Mas mesmo assim...e os outros kamaitachi? Não pode lutar contra todos eles ao mesmo tempo.

— Acredite, ter os outros kamaitachi aqui é a melhor coisa que pode nos acontecer. Isso vai acabar de uma vez por todas.

— Como pode dizer isso? Não estou entendendo.  

— Yue, você confia em mim?

A garota o encarou diretamente nos olhos. A cor esmeralda a hipnotizava, fazendo com que inconscientemente ela se aproximasse dele. 

— Confio cegamente em você — respondeu por fim, antes de ceder ao próprio desejo.

As respirações mornas se chocaram segundos antes de se unirem em um beijo intenso e recíproco. Enlaçados um no outro, ambos se esqueceram do mundo que os rodeava. Pelo menos por um momento, só os dois existiriam. 

Pelo menos por um momento, nada mais importava.

˜*˜*˜

Hiei decidiu mudar a abordagem. Cansado daquele jogo proposto pelos youkai—doninha, desistiu de atacar Ban. Aproveitando-se das rochas na planície, se esgueirou entre os obstáculos, desaparecendo do campo de visão de seu inimigo, tal como o próprio tinha feito anteriormente. A estratégia surtiu efeito. Ao perder Hiei de vista, Ban foi obrigado a se revelar, movendo o ar para provocar estrondos no cenário que, aos poucos, despedaçava-se em fragmentos menores. Quando os obstáculos haviam sido reduzidos a pó, Hiei repetia o ciclo.

O youkai de fogo sabia que poderia ter feito aquilo por conta própria, eliminando todos os esconderijos de seus adversários, mas preferiu usar o inimigo para isso. Sem perceber, o kamaitachi gastava a sua energia para destruir os rochedos ali presentes, enquanto Hiei preservava o seu youki, o guardando para o momento mais propício. Quando quase todas as montanhas e rochas já haviam sido destruídas, Hiei então procurou por Yusuke e Kuwabara. Sem aquele labirinto em seu caminho, foi fácil localizá-los. Com Ban em seu encalço, ele correu até Kuwabara na máxima velocidade que possuía. Pego de surpresa, Kazuma nem sequer sentiu a aproximação do amigo, pois estava completamente focado em tentar atingir Yami. Quando se deu conta, já estava sendo arrastado por Hiei. 

— O que pensa que está fazendo?! — protestou, sem compreender o que estava acontecendo.

Hiei não respondeu. Sendo perseguido por Ban e Yami, correu até Yusuke, tentando desviar das lâminas de vento que vinham pelas suas costas. Alguns golpes lhe acertaram, tal como atingiram Kuwabara. Ambos já feridos, quase foram retaliados quando os adversários agitaram as suas foices, propagando uma energia absurda pelos ventos. O corte foi tão potente que, ao lampejar, partiu o solo ao meio. Para escapar, Hiei jogou Kuwabara em direção a Yusuke, pulando em seguida para o lado. Alheio a tudo aquilo, enquanto enfrentava Hiro, Yusuke só se deu conta do que estava acontecendo ao sentir o choque da colisão com Kuwabara. Confuso, ele caiu no chão e, em seguida, se levantou irritado. 

— Qual é o problema de vocês?!

— O meu não! Do Hiei! Ele que me arrastou até aqui!

— Calem a boca, vocês dois! — Hiei retrucou — É melhor permanecerem juntos, se quiserem vencer essa droga de batalha. 

— O que quer dizer? — Yusuke perguntou, ainda sem entender.

— Será que você não percebe que não conseguiu acertar nem um golpe sequer? Estavam nos fazendo de idiotas até agora, se escondendo entre os obstáculos e nos fazendo gastar energia à toa. O melhor a fazermos é reuni-los no mesmo lugar. Vou acabar com os três de uma só vez. 

Yusuke hesitou. Ao olhar para os lados reparou que tudo estava destruído. Hiei tinha razão, Hiro estava brincando com ele, escondendo-se de um lado para o outro como um covarde. Mas agora, o cenário estava quase plano. Totalmente livre para a luta. Os três kamaitachi estavam completamente visíveis.

Agora não tinham mais onde se esconder.

— Era isso o que queria, então? — Ban perguntou a Hiei — Que eu destruísse as rochas e montanhas, enquanto você pulava de um lado pro outro como um imbecil? 

— Engraçado dizer isso, porque eu só estava imitando você — ele retrucou, arrancando uma expressão de ódio do adversário.

— Que seja. Vocês só conseguiram adiantar as suas mortes. Querem um confronto direto? É o que vocês terão a partir de agora! — Hiro disse, posicionando-se para o ataque.

Yami e Ban o imitaram. Em conjunto, os três uniram forças, movimentando os ventos para criar um enorme tornado, cujas extremidades agiam como lâminas afiadas. Era evidente que, se fossem atingidos, Yusuke, Kuwabara e Hiei, estariam mortos. Para piorar, a força de sucção do vórtice demoníaco era tanta que a qualquer momento os três podiam ser arrastados para dentro do tornado.

— Isso só pode ser brincadeira! — Kuwabara exclamou diante da coluna de ar que se desprendia das nuvens no céu. Seus pés inevitavelmente deslizavam pelo solo, por mais que lutasse para se manter no mesmo lugar — Vamos morrer!

— Que merda! — Yusuke disparou, sem saber o que fazer.

— Escutem — Hiei os chamou — Vou usar vocês de distração. Os kamaitachi são poderosos e muito rápidos, mas tenho certeza que, se conseguirmos atingi-los, eles perdem. É só questão de conseguir acertar o alvo. Yusuke, quero que dê um jeito de bloquear o tornado e então…

— Não! — Yusuke o interrompeu — Eu já entendi o que quer fazer, mas você nos usar de distração seria muito previsível. Eles não são assim tão burros! Tenho uma ideia melhor.

Yusuke sorriu. O tornado avançava violentamente até que, de repente, colidiu com um Leigan. O choque reverberou numa explosão, e a terra do solo se espalhou para todos os lados, criando uma gigante nuvem de poeira. Surpresos, os três kamaitachi se espantaram ao ver que, no mesmo instante, um enorme dragão negro voava velozmente em direção a eles, prestes a engoli-los por completo. 

Convictos de que poderiam detê-lo, os três se colocaram em posição de defesa. Assim como já haviam feito anteriormente, uniram o poder de suas foices para cortar ao meio o ataque adversário. O impacto, é claro, foi agressivo e devastador, mas, exceto por alguns ferimentos superficiais, os kamaitachi saíram ilesos. Antes que pudessem comemorar e partir para um nova investida, porém, Ban, Hiro e Yami foram surpreendidos novamente quando, uma silhueta surgiu inesperadamente dentre a sombra da imagem do dragão que se desfazia diante deles. 

Para garantir que atingiria os três ao mesmo tempo, Kuwabara projetou duas espadas dimensionais, dobrando a força de seu golpe. Os cortes longitudinais foram precisos e, devido a curta distância entre a arma e os alvos, o impacto foi brutal, levando os youkai—doninha ao chão no mesmo instante.

— Isso sim é corte de verdade, seus imbecis! — Kuwabara gritou, erguendo as espadas em sinal de vitória.

— Será que eles bateram as botas? — Yusuke perguntou, se aproximando para examinar os corpos. 

 — Não, estão vivos — Hiei respondeu — Eles são bem resistentes, mas devem ficar desmaiados por um bom tempo. 

— Mas é claro que vão! Ou acha que o meu ataque é pouca coisa? — Kazuma retrucou, tentando se gabar. 

Yusuke colocou a mão no ombro do amigo, satisfeito.

— Sabia que ia dar certo usarmos você pra isso. 

— Não tinha ninguém melhor — Hiei concordou, fazendo com que ambos arregalassem os olhos, surpresos. Jamais tinham escutado Hiei dizer qualquer gentileza, ainda mais para Kuwabara.

— Caramba, Hiei. Obrigado! — Kazuma se adiantou, agradecido.

— Espere eu terminar de falar. Não tinha ninguém melhor, porque nenhum adversário te leva a sério. Todos sabem que você é fraco, então nem sequer te dão atenção. Yusuke tinha razão quando disse que eles já esperavam o meu ataque surpresa. Foi melhor usar você. 

Kuwabara se enfureceu. Seu rosto queimou, tornando-se vermelho de tanta raiva.

— Fraco, eu?! Seu tampinha desumano...não pensa que não vi eles destruindo aquele seu golpe como se não fosse nada!

Kuwabara continuava exaltado, xingando em protesto. Porém, Hiei já não escutava mais. O youkai de fogo estava focado nas diversas energias malígnas que se aproximavam depressa. Haviam outros kamaitachi e, dessa vez, eles não estavam preocupados em se esconder. Era um aviso para todos os demais demônios e raças do Makai. A mensagem que queriam passar era clara.

Os kamaitachi estavam oficialmente de volta.


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