Um Segredo Entre Nós escrita por Emma


Capítulo 13
Quando Lou Lou finalmente conheceu seu papai


Notas iniciais do capítulo

Oie pessoal. Desculpem pelos erros, não revisei muito. Enfim, deixo vcs com o capítulo. Nos vemos lá em baixo haha



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“Eu poderia ficar acordado só para te ouvir respirar, te ver sorrir enquanto dorme, enquanto estás longe e sonhando. Eu poderia passar minha vida nessa doce rendição, eu poderia ficar perdido nesse momento para sempre...”

 I don’t want to miss a thing - Aerosmith

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Locksley se levantou da cama ainda muito reticente em deixá-la, poderia ficar ali a noite inteira apenas observando-a dormir, memorizando seus traços e feições enquanto seus dedos deslizavam pelo rostinho delicado e cheio de ternura. Quis poder parar o tempo naquele momento, como não possuía esse tipo de poder, apenas pegou seu celular e tirou uma foto da pequena, colocando-a subitamente como seu papel de parede. 

Era impressionante como estar com ela lhe trazia uma paz gigantesca, aquela boa sensação de ter um propósito de vida depois de uma provação, uma missão. E a sua era: fazer de Louise o ser humano mais amado existente sobre a Terra. Ele jamais permitiria que sua filha se sentisse como ele se sentiu enquanto crescia. 

Ainda com celular na mão, viu uma notificação em aberto de Zelena perguntando como tudo tinha andado e respondeu enviando a imagem de sua filha. Dois segundos depois que o visto azul apareceu, o aparelho começou a vibrar e ele escapou do quarto o mais rápido e silenciosamente que conseguiu. Observando que a porta do outro lado do corredor estava fechada, atendeu a chamada:

— Hey Zelena – sussurrou.

— Robin, eu acho você tem que fazer o exame de DNA, a menina é muito linda para ser sua – Locksley sorriu enquanto meneava a cabeça como se sua amiga pudesse vê-lo – pelo visto vocês resolveram as coisas... certo?

— Sim, nós esclarecemos tudo e amanhã eu conhecerei minha filha – Zelena pode sentir a satisfação dele em cada letra.

— Estou muito feliz por você – ela sorriu.

— Obrigado ruiva – agradeceu enquanto caminhava até a sala – eu preciso desligar agora, amanhã nos falamos melhor. Já está tarde e não quero acordar ninguém.

— Como assim não quer acordar ninguém? Robin Locksley aonde você vai passar a noite? – antes que pudesse responder ela continuou em um pequeno frenesi – OH MY GOSH! Você ainda está na casa de Regina, é isso? Vai dormir aí? – o loiro bufou, já imaginando o sorrisinho insolente no rosto de sua amiga.

— Pode parar com todas essas insinuações recheadas de entusiasmo, nada aconteceu e nada mais vai acontecer entre nós – afirmou com convicção. Faria assim até que se tornasse uma verdade – Nos perdoamos e decidimos conviver em harmonia pensando no bem estar da nossa filha, pra mim é o que importa agora.

— Ok, acho que foi uma decisão madura. A menina é o mais importante nesse momento – houve um segundo de silêncio e como se de repente tivesse se lembrado de algo, pediu – Ei, você nem me disse o nome dela...

— Louise.

— Como seu nome do meio...

— Sim – concordou nostálgico, bocejando em seguida e Zelena acabou achando melhor deixá-lo descansar.

— Vou deixar você dormir Robin, com certeza estás precisando. Me mande mais fotos de Louise quando puder e me conte como foi conhecê-la. Ah, avise quando estiver voltando para casa. Boa noite.

— Pode deixar que enviarei outras fotos dela. Boa noite – ele fez uma pausa e acrescentou – obrigado por tudo Zel.

— Não tem pelo que agradecer Robin. Sei que faria o mesmo por mim. Nós somos irmãos.

— Sim, nós somos – e não foram preciso mais palavras, aquele era um sentimento muito recíproco no coração de ambos.                     

Desligando o celular, olhou ao redor da sala e viu que o sofá já tinha sido transformado em uma cama forrada com lençóis limpos. Tinha um edredom e um travesseiro. Ver aquilo o fez querer gemer porque parecia um oásis para seu corpo cansado. Robin se deitou e diferente do que pensava, não demorou para adormecer. Alguns minutos após se acomodar, não se viu afundado em um mar de e “ses”, simplesmente relaxou e deixou a sensação de pertencimento levá-lo até Morfeu.

Enquanto ele se afundava em um sono profundo, a algumas paredes de distância, Regina, que após vê-lo com Louise, tinha se refugiado na segurança de seu quarto, apoiou-se contra a porta, sendo inundada de todo tipo de sensações possíveis. Robin ali, acariciando a menininha deles era tão certo, o encaixe perfeito, a última peça daquele quebra-cabeça lindo, mas incompleto que era ela e Louise. O peito começou a subir e o coração a bater forte, parecendo uma marcação de tempo contra o peito. Era uma mistura de revolta, impotência e ela nem sabia contra quem ou o que exatamente. Vendo a tatuagem em seu pulso quis rir da ironia. Escrever seu próprio destino? Certamente aquela tortura não era algo que escreveria para si própria.

Quando ouviu a voz dele em sussurros, continuou ali e até prendeu a respiração. Quem era Zelena? Ele tinha uma namorada? Com certeza. Quem mais ligaria assim tão tarde e perguntaria sobre algo tão íntimo? E por que aquilo a estava incomodando quando não deveria? Soltou a respiração quando já não ouviu mais sua voz, caminhando lentamente até sua cama e se jogando ali. Precisava dormir, mas sabia que não conseguiria. Robin estava em sua sala e a partir da manhã seguinte, estaria em sua vida para sempre. Como seria dali em diante? Aquilo era algo que fugia do seu controle e não conseguir gerir alguma situação em sua vida a assustava demais, porque teria que contar com a sorte e com o destino, e esses dois não eram tão generosos com ela.                                                                                       



    * * *   



 Quando a manhã chegou, abriu os olhos estranhando o local e seu cérebro precisou de alguns segundos para se lembrar de onde estava, mas foi um insistente e maravilhoso cheiro de panquecas que realmente o despertou. Ele as adorava. 

“Estaria ele acordado mesmo? Porque definitivamente parecia um sonho se fosse uma outra realidade.”

Regina estava ali, preparando uma mesa com algumas delícias que fizeram sua barriga roncar. E ele nem sabia que estava com fome até ser seduzido por todos aqueles aromas. Se levantou tentando ser discreto, mas a mola do colchão dobrável o entregou ao ranger. “Dammit!”. De qualquer jeito ele imaginou que fosse impossível ela não o notar, uma vez que a sala e a cozinha eram um espaço aberto.

— Bom dia – ela foi mais rápida em cumprimentar – espero que tenha dormido bem – Regina se movia por sua cozinha com uma graça invejável, sendo totalmente multifuncional enquanto, ainda meio sonolento, o loiro tentava acompanhar seus movimentos – e me desculpe se te acordei com o barulho – ela lhe ofereceu seu melhor sorriso e ele gostou do quanto ela ainda parecia encantadora pela manhã. Mas repreendeu a si próprio. Deveria parar de pensar nela como se estivesse ao seu alcance, porque não estava – é que eu preciso preparar tudo bem cedo, Louise acordará daqui a pouco e tenho que adiantar o máximo possível de coisas antes de levá-la para escola e ir para o trabalho.

— Bom dia – ele lhe devolveu o sorriso processando tudo o que ela lhe dizia – não se preocupe, você não me acordou. Quer ajuda? – ofereceu, percebendo que talvez aquilo parecesse muito íntimo e ela dispensou com um acenou de cabeça.

— Obrigada, mas eu já terminei – ela deu a volta no balcão e veio até ele segurando suas roupas limpas e secas – porque você não vai se trocar enquanto eu faço a mesma coisa, então vamos acordar Louise e tomar café junto com ela, tudo bem? 

— Eu acho ótimo – sorriu acenando, pegando suas roupas e indo rumo ao banheiro.                                                        

 

* * *                                                    



Quando Regina voltou a sala, Robin estava sentado no sofá já arrumado, com o queixo apoiado nas mãos cruzadas. Tudo o que ele tinha usado na noite anterior estava dobrado sobre a mesinha de centro. A morena quase soltou um comentário afiado dizendo que finalmente ele tinha aprendido a dobrar os lençóis agora que não era mais um milionário, porém achou mais prudente não dizê-lo, poderia parecer rude uma volta que eles já não tinham a intimidade de antes.

Observando-o melhor pode ver que ele tinha um vinco de preocupação formado entre as sobrancelhas, se aproximou lentamente, chamando-o. O loiro parecia tão absorto em seus pensamentos que não a ouviu, então ela tocou seu ombro e ele se virou.

O tempo pareceu parar para o advogado que se distraiu daquilo que passava em sua mente com o quão bela Regina aparentava naquele conjunto de vestido preto e blazer vinho.  Sentiu-se perder o poder da fala, se tentasse gaguejaria com certeza. Seria muito difícil manter a promessa que fizera para si de não a querer quando ela parecia deslumbrante a cada vez que colocava os olhos nela. 

— Está tudo bem? – o chamado dela o trouxe de volta a realidade – você me parece preocupado – Robin abriu a boca, mas não foi em frente – é sobre Louise? Você quer esperar? – ele a olhou aflito, enfim falando:

— Eu só... E se eu não for bom o bastante? Se não conseguir atender as expectativas dela Regina? Se depois de me conhecer ela acabar nem gostando de mim porque eu não fiz nada direito... – a morena o interrompeu, sentando-se ao lado dele e tomando sua mão.

— Louise é só uma garotinha de cinco anos com um sonho de ter um pai. Eu poderia apresentar um presidiário e ela ficaria feliz – ele bufou olhando para o outro lado – olhe para mim Robin – pediu gentilmente, fitando-o com um olhar de compreensão e entendimento – você acha que eu não tive e tenho esses mesmos medos? – o vinco de confusão apareceu outra vez em sua testa – no passado, eu me perguntava como faria? Como conseguiria orquestrar estudo, trabalho e um bebê, sabe? Me senti culpada quando precisei deixá-la com a babá e ir para a faculdade... Foi muito difícil, mas acho que me saí bem – acrescentou com modéstia.

— Ela me parece uma garotinha fantástica, isso é mérito seu – Robin não conhecia Louise ainda, entretanto, não era difícil reconhecer uma criança bem tratada, feliz, amada e com certeza aquela menina era tudo isso.

— Obrigada, todavia, me questiono sempre se estou fazendo bem. Se lá na frente Lou Lou não vai me odiar e eu descobrirei que fiz tudo errado, que na verdade fui uma péssima mãe – estremeceu e depois balançou a cabeça como se expulsasse o pensamento – Isso me assombra sempre. 

— E como você faz? Como consegue encarar o medo e ir em frente? Estou apavorado – confessou. E Regina pode ver toda aflição que o consumia através de seus olhos.

— Você quer saber como ter certeza? – ele a olhou balançando a cabeça até que fez a pergunta:

— Sim, como? – pediu ansioso pela resposta.

— Não existe um “como” – a morena sorriu da sua expressão horrorizada – Minha terapeuta me disse que nós só precisamos dar o nosso melhor por eles e para eles. E amá-los. Eles não precisam de muito, precisam da gente, de se sentirem importantes, pertencentes. É isso que tento fazer todos os dias com Louise. Que ela se sinta amada, querida e espero assim fazê-la feliz. Ninguém é perfeito, nós vamos errar, claro, mas podemos sempre pedir perdão e recomeçar.

— E se eu acabar sendo horrível como meus pais? – suspirou abaixando a cabeça.

— Não acredito nisso, você não tem nada a ver com eles – afirmou com convicção – agora que eu sei toda a verdade sobre o que aconteceu entre nós, tenho mais certeza sobre o quão íntegro você seja – Robin viu quando os lábios dela se curvaram em pesar – Me surpreende que o fruto tenha caído tão longe da árvore, mas você ter decidido viver a vida que estais vivendo agora, já mostra muito do seu caráter.

— E se ela não gostar de mim...? – virou o rosto e a fitou. Os olhos azuis estavam lacrimejantes, mas ainda sim estonteantes, tanto que fora obrigada a suspirar.

— Eu duvido muito que ela não goste de você Robin – segurou seu olhar enquanto dizia cada palavra significativamente e lhe deu um belo sorriso – Você verá que ela tem tanto de você. Conversa com todos os estranhos que vemos na rua e adora os velhinhos. Ela sempre foi a sensação em todos os parquinhos que íamos, os vizinhos a adoram e eu sempre fico de olho porque eles lhe dão doces escondidos de mim – Locksley sorriu já podendo imaginar a pestinha chegando em casa com os bolsos cheios de doces clandestinos.

— Ela me parece uma garotinha cheia de personalidade e muito doce. Não sei explicar, porém eu já me sinto tão envolvido por ela... – aspirou como se tentasse encontrar as palavras.

— Posso imaginar – respondeu ainda sorrindo. Podia entender o sentimento. Era impossível não se apaixonar por Louise. No seu caso tinha sido amor ao primeiro movimento dentro dela e depois, novamente, à primeira vista – Ela é tudo isso. Uma matraquinha sociável apaixonada por música, como você – apertou sua coxa, de maneira casta, encorajando-o – não tenha medo. Só dê o seu melhor, ok?

— Ok.

— Eu vou na frente acordá-la e dizer que tem uma surpresa na sala a esperando – o loiro concordou e Regina seguiu rumo o quarto de Louise.

 

 

  * * *

 

 

Regina se sentou na borda da cama de Louise, a menina ainda estava bastante adormecida, era uma dorminhoca como o homem em sua sala. Sorriu, admirando-a. Sua filha era adorável, um anjo enviado dos céus para ela. Acariciando seus cabelos, começou a distribuir beijos em seu rostinho. Lou Lou iniciou a sorrir, mesmo de olhos fechados, aproveitando o carinho que recebia.

— Ei preguicinha, é hora de acordar. Tenho uma surpresa para você na sala – ao ouvir a palavra surpresa, a menina rapidamente abriu os olhos e se sentou na cama, deixando toda a manha de lado.

— O que tem na sala para mim? – pediu coçando os olhinhos – Você finalmente trouxe minha girafa mamãe? – os azuis brilharam em expectativa.

Regina sorriu, tocando a ponta do seu nariz:

— Não bebê, mamãe já disse que as girafas precisam ficar na casa delas, na savana africana. Se trouxermos uma aqui, ela se sentiria triste longe da família dela – explicou e Lou Lou fez um bico – A surpresa é outra.

— Ah – exclamou decepcionada.

— Mas a surpresa na sala é outra coisa que você tem pedido há muito tempo para a mamãe... – fez um pouco de suspense e a menina a olhou com uma carranca de interrogação muito igual a sua.

— O que mamãe? – bateu o indicador sobre os lábios pensativa e Regina quis apertar sua bochecha porque ela parecia um bolinho de tanta fofura.

— Por que você não vem descobrir comigo? – ficando em pé, a tomou no colo, levando-a até a sala.

Quando as viu apontar no corredor, Robin se colocou de pé, as mãos suando de ansiedade. Louise fixou seu olhar nele, curiosa. Engoliu a seco, tentando decifrar o que tanto ela observava. Quando eles estavam a poucos centímetros de distância, ela desceu do colo de sua mãe, parando a sua frente e erguendo a cabecinha para encará-lo. Ele que sempre fora cheio de palavras, se sentiu mudo, não sabia o que dizer, abriu a boca algumas vezes e recuava, até que ela questionou algo que o pegou de surpresa.

— Você é o moço com a tatuagem de leão ? – o loiro acenou um pouco perdido – Robin – acrescentou orgulhosa – eu me lembro viu só? – a menina fez um movimento engraçado com as sobrancelhas e ele sorriu – você é o amigo da minha mamãe que vimos ontem.

— Sim, eu sou – deu ênfase no nome – Louise – ela sorriu e ele piscou – viu só, também me lembro.

— Você veio tomar café da manhã com a gente? – olhou de sua mãe para ele em busca de uma resposta. Todavia, a morena se mantinha silenciosa, apenas observando-os e perto o suficiente para dar-lhes o apoio que fosse preciso.

— Sim, sua mãe me convidou, porque eu queria conhecer você melhor.

— E você trouxe uma surpresa pra mim? – Robin encarou Regina não entendendo o que a filha queria dizer.

— Eu eh... – Regina riu. “Ele precisaria de tempo para se acostumar com a senhorita pidona”.

— Lou Lou, não se pede pelas surpresas, elas chegam até você, lembra? – repreendeu a filha gentilmente. 

— Ok – revirou os olhos de uma maneira muito divertida que levou até mesmo o advogado a sorrir discretamente. Ela se pareceu um pouco mais com Regina ao fazê-lo. Pelo visto também odiava ser repreendida – Desculpa Robin, mamãe quem disse que tinha uma surpresa pra mim na sala – bufou dando de ombros como se não tivesse feito nada demais.

— A surpresa é uma coisa que eu vou contar para você, algo que descobri ontem enquanto conversava com sua mãe – piscou.

— Eu achei que vocês tivessem brigado ontem – sussurrou olhando de soslaio para a mãe – porque eu vi vocês dois chorando – a pequena se sentou e bateu no espaço vago ao seu lado. Um convite para que se acomodasse perto dela e ele foi de bom grado.

— Na verdade – entrando na onda, Robin começou a sussurrar também – eu chorei ontem porque descobri uma coisa muito importante... – fez um pouco de mistério.

— E o que foi? – pediu curiosa. Buscando vez ou outra os olhos de sua mãe que lhe oferecia um sorriso como quem dizia: “tudo bem bebê, converse com ele.”

— Se lembra que você me disse que achava que seu pai tinha uma tatuagem como a minha? – Louise acenou – e se eu te disser que na verdade, depois de conversar com sua mãe, eu descobri que sou sim o seu papai... – revelou ainda meio inseguro se era o momento certo. Porém não enrolaria mais.

— Sério Robin? – as írises azuis iguais as suas cresceram em surpresa e entusiasmo – Você é meu papai? – perguntou ainda incrédula, mas já pronta para exultar de alegria. Ela finalmente teria seu paizinho? Entretanto, como se temesse algo, inquiriu – Tem certeza absoleta? – Regina que observava tudo em pé alguns poucos metros atrás do sofá onde eles estavam sentados, se segurou para não rir e não a corrigir pela palavra errada. Uma vez não faria mal. Não atrapalharia aquela interação crescente entre eles.

— Nós temos os mesmos olhos azuis, as mesmas covinhas – sorriu divertido para evidenciá-las – E eu sou o moço com a tatuagem de leão, não sou? – mostrou o antebraço com o símbolo.

— Mamãe? – questionou ainda reticente em aceitar aquela doce verdade pela qual ela tinha esperado tanto tempo.

— É verdade meu amor – sorriu confirmando com os olhos já banhados de emoção.

— Pera aí – pediu dando um salto do local aonde estava sentada – eu acho que sei como ter certeza – se virou e saiu correndo de volta para seu quarto. Locksley fitou Regina, pedindo por uma resposta, porém ela apenas deu de ombros sem saber o que a filha fora fazer.

Alguns rápidos minutos depois Louise estava de volta, subindo no móvel estofado com pouca destreza, já que carregava consigo uma caixinha de papel decorada com glitter nas mãos. Decorada com a caligrafia desenhada que ele sabia ser de sua mãe, escrita “Os tesouros” e o nome Lou Lou estava escrito com letras cursivas que entregavam serem de uma criança, certamente dela. Rapidamente a garota abriu o objeto e tirou uma polaroid igual àquela que ele carregava na carteira. Ela colocou a foto ao lado do seu rosto, estudando-as, olhou mais uma vez para sua mãe e recebeu um aceno de confirmação, finalmente exclamando feliz:

— Você está barbudo e foi difícil te reconhecer – confessou acariciando com as mãos a barba que ele havia cultivado ao longo daqueles anos, o encarando com os olhinhos cintilantes – mas finalmente você me encontrou! – Louise lançou-se nos seus braços e Robin a tomou no colo, abraçando-a. Sua filha o apertou o máximo que conseguiu, encostando a cabeça em seu ombro. Robin sentiu a garganta secar de tanta emoção. Fora impossível não começar a chorar.

— Sim minha pequena – acariciou os cabelos dela – eu encontrei você e nunca mais a deixarei, ok? – selou sua promessa com um beijo em sua bochecha enquanto se derretia naquele afago. Regina também deixou algumas lágrimas caírem, aliviada. Sentindo seu peito bem mais leve. Louise por fim conhecia seu pai e vice versa. Não existia mais segredos entre eles. 


                                                                                                                                               * * *

 

 

Quando eles se afastaram do abraço, ainda emocionados, Regina (que já havia enxugado seu rosto) os chamou para sentarem-se a mesa. A hora avançava e eles tinham compromissos. Os três comeram em meio a sorrisos e Louise não parava de falar um minuto. Informando seu pai sobre cada detalhe da sua vida. Inclusive que amava música, sua banda favorita era Coldplay e Robin fez questão de mostrar o quanto estava feliz com aquela informação, lembrando-a de quando se viram no show.

— Acho que a gente estava predes...predestiado – tentou Lou Lou.

— Pre o que Lou Lou? – Regina perguntou não resistindo uma risada.

— Eu e o Robin, acho que a gente estava predestiado a se encontrar.

— Meu amor, acho que você quis dizer predestinado não? – ajudou ela.

— Isso mamãe! Belle me leu uma história outro dia, que tinha uma rainha e um ladrão que eram almas gêmeas e por isso estavam predesti-nados – disse a última palavra vagarosamente olhando sua mãe que sorriu orgulhosa.

— Também acho que estávamos predestinados lindinha – piscou afagando o rosto dela – E sou imensamente grato por isso.

O telefone de Robin tocou. Era David. Se desculpando explicou que precisava de dois segundos para responder a chamada. Regina acenou e o liberou para ir tranquilamente, olhou o relógio pendurado na cozinha nesse momento e disse que enquanto ele falava com o cliente arrumaria Louise para a escola.

— Ah não mamãe, quero ficar com Robin – protestou com um lamento. 

— Meu amor, Robin precisava conversar com o amigo dele, é importante. Mas ele estará aqui o tempo todo e vocês ainda poderão se falar mais um pouco. Ok?

— Ok... – buscou os olhos do pai e pediu – Você vai me esperar né?

— Claro Lou Lou, eu só preciso atender meu amigo, mas estarei aqui esperando por você – sorriu dando um beijo em sua bochecha. Deixando-a satisfeita.

Se desculpando com David, Robin tentou explicar sua complicada situação rapidamente. O outro loiro entendeu e perguntou se ele voltaria para Londres com ele no voo marcado para o final daquela manhã. Confirmou, tinha muitas coisas para resolver em Nottigham, porém, seu coração estava ficando em Paris, com sua garotinha. Aquilo seria uma tortura. Mas seria a solução momentânea. Daria um jeito de estar com ela. 

Ele sentiu dois bracinhos envolverem suas pernas e se despediu de Nolan, pegando-a nos braços. Ela estava vestida com o uniforme da escolinha. Encantadora com a jardineira azul escuro, meia calças brancas, sapatinho Mary Jane preto e uma mini camisa branca com gola Peter Pan.

— Você me esperou mesmo – falou feliz, enlaçando os braços ao redor de seu pescoço.

— Claro filha. Vou lhe dizer algo – ela o ouvia atenta – um homem que faz promessas a uma dama e as quebra, não é digno dela. O que eu te prometer sempre cumprirei – sorriu dando um beijo em sua têmpora – A propósito, você parece uma bonequinha vestida assim – elogiou e as bochechas dela enrubesceram um pouco.

— Obrigada – escondeu o rosto na curva do pescoço dele. Regina sorriu. Louise já estava encantada por Robin, estava até corando. Ela seria peça sobrando naquela história e não poderia negar que no fundo uma pontinha de ciúmes da filha começava a apontar. Não era acostumada a dividi-la com ninguém, mas estava tão feliz por ela, pelos dois na verdade que expulsaria aquela sementinha. Ambos mereciam aquele relacionamento e ela só tinha motivos para agradecer por algo que começou tão ruim estar acabando de modo tão tranquilo – então você promete que não vai mais embora?

— Filha – ele se sentou no sofá, colocando-a em uma posição que pudessem estar face a face – eu prometo que nunca mais vou te deixar por tanto tempo, mas infelizmente eu não moro aqui em Paris. E precisarei voltar para lá.

— Não! – ela se virou emburrada, cruzando os braços e torcendo o nariz. Pelo visto teria que lidar com a teimosia de Regina no final das contas. Louise a tinha herdado.

— Lou Lou... – tentou intervir a morena, entretanto ele pediu que ela ficasse aonde estava com um gesto, cuidaria daquilo sozinho. Movendo-se de seu lugar e sentando-se no espaço vago para onde a menina tinha se virado.

— Louise você pode olhar para mim? – olhou-o de soslaio, sem desfazer a carranca – Por que você está chateada?

— Porque você mal chegou e já vai me deixar! – ela continuou com o cenho franzido, mas os lábios iniciaram a tremer, denunciando que ela choraria.

— Oh darling girl, eu daria tudo para estar pertinho de você todos os dias daqui para frente. Mas eu não posso – Louise iniciou a chorar e ela a puxou para seu colo – mas isso não quer dizer que estaremos distantes...

— Não? – pediu duvidosa fungando.

— Não filha – enxugando suas lágrimas, explicou – nós podemos nos falar todo dia por vídeo chamada, eu virei todos os fins de semana ver você e faremos muitas coisas legais juntos.

— Você jura Robin? 

— Juro Lou Lou e eu nunca quebro uma promessa. É meu código de honra.

— Como o do Robin Hood? 

— Sim – sorriu acenando – como o dele.

Louise ainda estava temerosa e como se esperasse por aquilo, ela soltou:

— Eu vou sentir muito sua falta sabia?! – enquanto acariciava seus cabelos e pensava, notou algo e teve uma ideia. Como poderia dar a sua filha uma prova que voltaria? Estava ali, em suas mãos.

— Também vou sentir muito sua falta lindinha e quero dar a você uma prova de que voltarei – tirando a aliança que carregava consigo em seu dedo anelar destro, a fitou por alguns segundos, lendo a inscrição dentro e sentindo a nostalgia invadi-lo – muito tempo atrás eu dei um anel a sua mãe e ela deu um para mim, aonde estava escrito que éramos o futuro um do outro. Nunca imaginei que esse futuro seria você Louise, então, todas as vezes que você olhar para ele, quero que saiba que você é minha continuação, parte de mim e que eu sempre voltarei para você minha filha – colocando o anel na palma da mão dela, a fechou, beijando seu pulso, selando sua promessa.

Lou Lou estava com os olhinhos brilhando de lágrimas não caídas, como se tivesse entendido o significado do que ele tinha acabado de fazer. A garotinha abraçou o pai, encostando a cabeça no peito dele, recebendo acalento. Regina chorava uma outra vez, suspirando e agradecendo a si própria por não ter passado rímel aquela manhã, se não com certeza estaria igual a um panda. Seu coração dava saltos atrás de saltos. Ver Robin com Louise estava despertando nela sensações que ela nunca tinha experimentado antes. E ele era maravilhoso com ela. Eles combinavam tanto. Eras perfeitos juntos.

— Eu confio que você vai voltar para mim – Lou Lou olhou bem dentro dos olhos dele, com um sorriso brilhante, que ele descobriu ter o poder de apaziguar todas suas dores – papai – Robin beijou a testa dela emocionado, ouvi-la chama-lo de pai fora como se todas as notas se unissem em uma melodia harmoniosa, soando docemente um som que aqueceu seu coração a ponto de o derreter. E Locksley entendeu o que era aquela sensação. Amor. Aquela criança era sua carne e sangue, era o fruto (inesperado) do amor mais intenso que ele experimentara. Ele a amava. E não conteria aquilo para si.

— Te amo Louise, minha menina.

 

 

 

                                                                                                                                                      “Como o luar sobre a água e os raios de sol no céu, pais e filhas nunca dizem adeus”

Fathers and daughters – Michael Bolton

 


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? Por favor me digam, estou ansiosa pelo feedback desse capítulo Finalmente esses dois sabem que são pai e filha e nos próximos capítulos vcs vão poder curtir o desenvolvimento dessa relação. Mais uma vez obrigada e até logo



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