O dia amanheceu e parecia mais gélido que o anterior, mas despertaram tão felizes que isso não importou.

Fizeram panquecas e waffles para o quase almoço, pois descansaram bastante e acordaram tarde.

— Esse foi o melhor natal que eu já tive.- a ruiva comentou e todos concordaram com ela. Foi o melhor que todos eles já tiveram. Só queriam que Warrick estivesse ali com eles.

— Foi perfeito.- disse Sara com um sorriso, mas logo ele sumiu ao lembrar do amigo que se foi. — Mas não tão perfeito assim…- todos a olharam e perceberam o motivo.

— É, nunca vai ser 100% perfeito sem o Warrick.- concluiu Nick.

— Não podemos deixar a tristeza nos abater.- Gil mesmo tão triste quanto eles, por ter sido o único a presenciar a morte de Warrick, lembrando que ele morreu em seus braços, tentava passar conforto aos amigos. — Rick está olhando pela gente, e feliz por estarmos comemorando por ele.

— Gil tem razão.- disse o detetive erguendo a cabeça. — Vamos fazer ser o melhor de todos, por ele.

A conversa foi interrompida por duas chamadas de vídeo, uma no notebook de Sara, e uma no de Catherine. Eram Abby e Lindsey querendo vê-las para desejar feliz natal.

❆❆❆

Assim que acabaram o café e as chamadas, com o espírito de natal os rondando, eles abriram os presentes que Gil e Sara colocaram na decorada e luminosa árvore. Coisas simples, apenas adoráveis lembrancinhas. Registraram tudo, desde que chegaram, na câmera fotográfica de Sara.

Com esse mesmo espírito, correram até o lado de fora para se divertirem na neve. Greg deu a sugestão de irem montar bonecos de neve em frente a casa.

— O meu está muito torto!- reclamou Sara.

—  Que nada, está perfeito.- Grissom discordou lhe dando um beijo na bochecha.

— Tudo o que eu faço é perfeito pra você?- perguntou num tom divertido e riu quando Gil balançou a cabeça com a expressão mais fofa do mundo. Com isso, mesmo quase sem sentir os lábios por conta do frio, encheu o rosto dele de beijos.

— Tão fofos!- expressou Jim.

— Vamos acabar com essa fofura.- comentou Catherine com maldade na voz.

Gil e Sara então foram interrompidos, pois foram atingidos por duas bolas de neve. Arregalaram os olhos com o impacto e olharam pra trás pra saber de onde vieram.

Catherine e Jim tentavam segurar a risada, sem êxito, porém, seus sorrisos sumiram ao ver os dois amigos preparando o contra-ataque.

Assim, a guerra de bola de neve começou, e Nick e Greg foram "obrigados" a participar.

Risadas e mais risadas eram a melodia daquela quase tarde. Quem olhasse aquilo nunca diria que eram adultos passados dos trinta e cinco anos, profissionais que lidam com a morte e crimes num geral, sérios agentes da lei.

Mas cada pessoa precisa desse lado criança as vezes, brincar, se divertir, dar risada até a barriga doer, pois assim parece que os anos voltam e dá pra esquecer a dura realidade da vida adulta. O que seria da humanidade sem a alma infantil, sem gargalhadas e brincadeiras, sem aquela vontade de sonhar e acreditar? Acreditar que não importa o quão dura seja a realidade, o quão terríveis são as coisas que acontecem por aí, ou como o tempo passa e as responsabilidades aumentam, no fim, sempre tem um lado feliz, algo bom, com aquela pitada de magia.

Isso era o que mais conseguia se ver naquele momento de brincadeira: magia. A magia do natal estava ali naquele bando de adultos reunidos. Um momento mágico que jamais esqueceriam.

Gil e Sara não podiam estar mais felizes nesse natal, pois estavam entre amigos, e não só isso, em família. Sara nunca achava que teria uma família de verdade, ainda mais com colegas de trabalho. Já Gil sim, pois seu trabalho, antigamente, era o que mais importava pra ele, então supôs sim que ganharia uma família no trabalho, mas jamais imaginou que formaria uma com Sara, e formaram. Eram ele, ela e Hank, essa era sua pequena família. Mal sabia ele que essa pequena família ganharia mais um membro... e não era mais um cachorro.

A brincadeira parou e as risadas foram cessando.

— Preciso terminar meu boneco de neve, gente.- a ruiva comentou sorrindo e correndo até ele para concluir.

Gil ia fazer o mesmo, mas Sara o segurou pelo braço. A neve ainda caía suavemente e tocava o rosto da morena ansiosa como se tentasse acalmá-la.

— O que foi?- perguntou a ela tirando o floquinho de neve que caiu em seu nariz, em seguida ele tirou a luva e tocou seu rosto de porcelana.

— Quero te contar uma coisa... Eu estava esperando o momento perfeito pra isso.

Gil ficou curioso e ainda com a mão acariciando seu rosto ele comentou.

— É coisa boa então, eu presumo- sorriu.

— Acho que em breve teremos uma miniatura nossa fazendo bonecos de neve também.

Grissom ficou em choque com o que sua esposa havia acabado de dizer e ficou sem reação.

— Que foi, Gil?- perguntou Jim fazendo com que todos olhassem pra ele. — Parece que viu um fantasma.- brincou.

— Está falando sério?- o ex supervisor sentiu seus olhos umedecerem e nem sequer ouviu o que o amigo disse.

Sara também sentiu os seus querendo transbordar em lágrimas, mas segurou.

— Estou.- sorriu.

— Você está grávida?!- perguntou com todas as letras só pra ter certeza.

Sara assentiu e abriu um sorriso lindo ao ver a felicidade dele ao perguntar aquilo.

Todos ouviram arregalando os olhos e os sorrisos, o choque foi grande e a felicidade maior ainda.

— Ai meu Deus...- Gil a pegou no colo feliz da vida e deu uma rodopiada de tão realizado que estava com aquela notícia. Catherine chorou ao ver a reação dele. Gil colocou Sara no chão e segurou seu rosto com as duas mãos. — Obrigado.

— Por quê?- perguntou secando uma lágrima que escorreu.

— Por me fazer o homem mais feliz no mundo.

Sara sorriu com isso.

— Eu amo você.

— E é por isso que eu sou o homem mais feliz do mundo.- Sara sorriu mais ainda com essa resposta e lhe deu um beijo apaixonado.

A neve em Paris nunca foi tão linda quanto naquele dia. Os flocos de neve que caiam testemunharam a diversão, o amor, um casal apaixonado se beijando depois da notícia de um herdeiro, e o mais importante: a família reunida com o espírito natalino vivo e transbordando.

Nada melhor do que terminar aquele dia com um bom chocolate quente.

Assim que todos os parabenizaram trocando abraçados duradouros, a nevasca ficou mais forte e decidiram entrar para se aquecerem.

E assim seguiram o dia, com uma rodinha em frente a lareira, cada um com sua xícara de chocolate quente, contando histórias e imaginando o futuro com o novo membro da família que chegaria, enquanto a neve em Paris caía lá fora, ainda mais bela do que já estava.