Procura-se uma esposa escrita por mjrooxy


Capítulo 6
Capítulo 5




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— E no que eu poderia lhe ser útil? — Elizabeth ironizou, achando tudo aquilo um completo absurdo. — Nem nos conhecemos, como me enfiou no meio dessa bagunça?

— Como eu disse anteriormente; Elizabeth, sei que não tem nada a ver com as minhas questões. — Darcy fez uma pausa para procurar pelas palavras. — Porém, eu gostaria de pedir que me ajudasse a fechar esse contrato com as indústrias Chun. Não tenho planos de me casar tão logo e é uma exigência contratual que eu seja casado.

Lizzie o fitou com as sobrancelhas unidas, ainda sem entender.

— E daí você me anunciou como sua noiva, sem ao menos me consultar? — ela sorriu, um sorriso debochado. — E se eu tivesse te desmentido? Pensou nisso? Nós mal nos conhecemos! — Elizabeth exasperou-se. — Eu vim trabalhar não encontrar um marido, aliás, considerando que esse plano daria certo, não há outra mulher para assumir essa farsa? Uma que conheça previamente? — Darcy fez menção de responder, mas Elizabeth o cortou. — Isso nunca funcionará, todos irão descobrir que é um casamento arranjado e você perderá todo o prestígio da empresa, parou para pensar nisso?

— Não, para falar a verdade eu não pensei em nada quando cometi essa loucura. — Elizabeth riu, aquele homem sério e econômico em palavras da entrevista tinha feito algo tão impensado e irresponsável? Ela gostou. — Eu só estou ponderando a situação agora, com mais calma. Pois no momento que a vi, minha boca foi mais rápida que meu cérebro.

— Não creio! — Lizzie arregalou os olhos extremamente surpresa. — Você que demonstrou tanta seriedade no meu processo seletivo, fez algo tão irracional?

— Fiz. — Darcy suspirou prolongadamente. — Pela primeira vez na minha vida, eu enfiei os pés pelas mãos e agora não sei como sair dessa confusão sem tua ajuda.

Elizabeth olhou bem em seus olhos, quase tendo que levantar os pés para o fazer e, apesar da situação inusitada, ela viu sinceridade neles.

— Preciso te fazer algumas perguntas e quero que me responda com sinceridade. Acho que a nossa formalidade já foi para as cucuias mesmo. — essa foi a vez de Darcy rir. — Primeiro; por que eu? Seria mais fácil uma mulher que você conheça pelo menos um pouco, assim o teatro seria mais convincente, não acha? Não nos conhecemos direito, não temos intimidade alguma, como fingiríamos algo assim? Segundo; por que esse contrato é tão importante para você a ponto de sujeitar-se a isso? Terceiro; esses chineses vivem em qual século? Eu já estive na China e nem todos são tão conservadores. Você jogou pedra na cruz?

Darcy riu gostosamente com a última parte, o que fez Elizabeth acompanhá-lo.

— Vamos lá; de imediato, eu afirmei sem pensar sobre você ser minha noiva. Porque, bem... — ele enrolou. — Eu fiquei encantado quando a vi entrando na sala. — Lizzie franziu o cenho ao ouvir tal relato, mas não o interrompeu. Pelo contrário, aprovou seu motivo. — Entretanto, só estou refletindo agora que é minha melhor opção, justamente por não nos conhecermos. Já que será um contrato de casamento propriamente dito, sem intimidades, sem cobranças, é um acordo. Não consigo pensar como você, se eu e a pessoa tivermos algum vínculo de intimidade, as coisas podem se complicar e até mesmo serem confundidas por uma das partes, não acha? Não corremos esse risco, juntamente porque não nos conhecemos. — Elizabeth teve que dar a mão à palmatória. Pois fazia sentido. — E sim, eu me pergunto isso todos os dias, com tantos empresários eu escolhi bem os mais malucos da China! — Elizabeth riu novamente, Darcy não parecia ser tão ruim analisando-o por um ângulo mais propício. Às vezes é bom ampliar a lanterna, certo? — Porém, eu realmente preciso fechar esse contrato, Elizabeth. Preciso expandir a empresa, gerar novos empregos... Preciso assumir o risco. Aliás, já viu a crise que estamos enfrentando no Brasil?

Elizabeth fez que sim com a cabeça.

— Então estes são os seus motivos? — Foi a vez de Darcy concordar. — Me parecem justos e altruístas, só me responda mais uma coisa?

— O que quiser.

— Por que não encontrou alguém antes para esse suposto casamento arranjado, se não tinha jeito de fechar sem se casar?

Darcy passou a mão direita pelos cabelos nervosamente. Se fazia essa pergunta também. Contudo, jamais sonhou em propor tal coisa a qualquer mulher, nem entendia como estava expondo seus conflitos assim para uma desconhecida. Em contrapartida, jamais imaginou que tal desconhecida pudesse lhe proporcionar em alguns minutos de conversa, mais paz de espírito do que um banho morno, ou algumas horas de sono. Sobretudo, sabendo que nada o acalmava mais do que um banho morno, ou seja, aquilo era estupidamente curioso e também assustador.

— De início eu pensava que eles excluíram essa cláusula do contrato, após constatarem que sou responsável e sei gerir muito bem minha empresa. — Elizabeth assentiu. — Só que as coisas foram saindo do controle de um jeito, enquanto eu via meu tempo se esgotando, que cometi aquela loucura há pouco.

— Isso foi bem arrogante da sua parte. — Elizabeth sorriu, sentindo-se comovida pelo desespero de Darcy, ele parecia realmente a beira de um colapso mental. — Achar que conseguiria mudar a opinião de alguém assim, provando seu valor. Nem todo mundo é influenciável dessa forma.

Darcy refletiu e constatou que, de fato, tinha sido um tolo.

— Parando para analisar, eu realmente fui empurrando com a barriga, até a situação escapar do meu controle.

— E eu posso pressupor que você odeia quando isso acontece, estou certa? — Lizzie o alfinetou propositalmente.

Estava divertindo-se ali, mais do que imaginava.

Adorava sair da rotina e o que era mais promissor do que um casamento por contrato? Ela poderia lucrar com isso também, pois havia de ir ao noivado da prima e sabia que seria bombardeada pelos parentes por estar solteira ainda. Não que se importasse; no entanto, enchia o saco ficar se explicando. Lizzie só queria mandar todos se lascarem, mas se continha. Afinal de contas, família a gente não escolhe.

— Você acabou de me conhecer e um dos meus defeitos já saltaram aos seus olhos. — Darcy riu, coçando a nuca. — Eu sempre tenho tudo sob controle, ou pelo menos tinha.

— Que chato viver assim, qual a emoção? — Elizabeth contrapôs.

— Acho que nenhuma, só que é mais seguro mesmo.

— Do que tem medo, Darcy? — a pergunta o pegou de surpresa, tanto que titubeou para formular uma resposta. Mesmo assim, Lizzie insistiu. — Qual o teu medo, Darcy? Viver? Ter situações que você não pode controlar? Não ter sempre a última palavra?

— Acho que eu temia propor casamento a uma funcionária que acabei de contratar. — ele brincou e Lizzie quase se acabou de rir.

— Sério que você tem senso de humor?

— Acredito que sim, só estava perdido em algum lugar aqui dentro. — Darcy sentia-se relaxado como nunca. — Entenda, Elizabeth. Eu não vou desrespeitá-la de forma alguma e se quiser entrar lá e desmentir tudo, eu pagarei o preço por minhas ações. Só queria que pensasse com carinho em toda essa loucura, você é minha única chance.

— E o que eu ganho com isso? — Lizzie falou mais brincando do que qualquer outra coisa.

Já havia tomado sua decisão.

— Se precisar do que quer que seja é só me falar, que eu providencio. — Darcy afirmou convicto.

— Agora está querendo me comprar? — Elizabeth retrucou, adorando confundir aquele homem.

— Não... — sua postura enrijeceu imediatamente. — Estou apenas garantindo, que se caso precise de algo, eu faço, em troca de sua ajuda.

— Eu estava só brincando. — ela sorriu estendendo-lhe a mão. — Todavia, sem dúvidas precisarei de sua ajuda também. Uma mão lava a outra, não é como diz o ditado? E, aliás, parabéns, Sr. Darcy. Hoje é seu grande dia de sorte, pois oficialmente nós somos noivos.

Enquanto isso, na sala dos acionistas, Beatriz soltava fogo pelas ventas. Darcy havia conversado com a assistente sobre a situação delicada que tinha em mãos. Ela estava ciente da pressão sobre o CEO; pois, além de sua assistente, era também uma amiga. Portanto, sabia que Darcy estava com problemas, ele não fazia o tipo que se abria com facilidade, ainda assim ela tinha certeza, mesmo sem entender uma palavra se quer do que fora dito outrora naquela sala, que seu patrão tinha enfiado os pés pelas mãos. Conhecia-o muito bem, bem demais para falar a verdade. Diante disso, faria de tudo para preservar sua sanidade mental. Beatriz tinha ciência da infame clausula no contrato que tanto atormentava Darcy. Só não entendia o porquê de ele não lhe pedir ajuda. Beatriz considerava-se a escolha perfeita para Darcy, já o conhecia, eram amigos, por que não? Entretanto, seu sexto sentido lhe dizia que Darcy apresentara Elizabeth como sua noiva, naquele momento, por isso a recém-chegada ficara tão imóvel e petrificada. Sentiu até certa raiva de Elizabeth, como ela ousara atravessar seu caminho daquele jeito? Ela deveria ser a escolhida, não uma zé ninguém que caiu de paraquedas na situação. Aquilo era muito injusto. Ainda por cima, imaginava Darcy tentando convencê-la a aceitá-lo e sentia ainda mais raiva. Beatriz o queria para si.

E faria seus sentimentos conhecidos, mesmo que tivesse de passar por cima de uma certa intérprete. Afinal, de forma alguma Elizabeth levaria a melhor sobre ela.

 

 


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