Semana de Treinamento escrita por Carol McGarrett


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

E Elizabeth e Elena estão de volta!! Mas quem vai, na ausência dos casais super poderosos, aprontar será Ziva David e Derek Morgan.

Espero que gostem!!

Boa leitura.

P.S.: Como sempre, ficou enorme, mas não dava para dividir em dois capítulos!



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— Emilinda, pode ter a certeza de que vamos tomar conta da Eleninha e do Jack. Eles vão ficar bem! – PG me garantiu assim que coloquei os pés para fora de casa.

— Eu espero que vocês se comportem, principalmente você, Elena. – Ouvi Aaron conversando com os filhos.

Meu coração estava apertado, era a primeira vez que deixava os dois para viajar sozinha com Aaron.

— Emily, você TEM que ir! – JJ me disse. – Pelo bem todo o FBI, ninguém aguenta mais o mau-humor de vocês!

Arron saiu de casa, Jack deu um abraço nele e acenou um adeus para mim; Elena, agarrou a cintura do pai e tinha os olhos cheios d’água. Aaron falou alguma coisa no ouvido dela, ela concordou com um aceno de cabeça e depois se virou para mim, me deu adeus e entrou. Vi Derek a abraçando.

— Vão logo! – PG disse, me empurrando para dentro do carro. - ELES VÃO FICAR BEM! – Ela gritou no meu ouvido assim que fiz menção de voltar para dentro de casa.

Sim, eles iriam focar bem. Ou era isso que eu queria pensar.

Era a hora de nossa segunda lua-de-mel.

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Na frente do portão de embarque, olhei para o meu lado, Elizabeth tinha seus grandes olhos verdes arregalados.

— Vocês vão para Paris? – Ela perguntou.

— Sim. Paris.

— Tudo bem... – Ela mordeu o lábio. – Façam uma boa viagem! – Continuou sem muito entusiasmo.

Sim, estávamos deixando Elizabeth sob os cuidados da equipe. Tudo porque Ducky insistiu que tirássemos umas férias, de tudo e de todos. Talvez isso tenha algo a ver com o excesso de tapas na cabeça que Jethro anda distribuindo por aí, e pelo fato de que eu estou a um milímetro de arrancar a cabeça de alguém. Assim, Ducky usou o seu linguajar médico e nos ordenou uma viagem. De início ele disse quinze dias, era fora de cogitação deixar a nossa menina sozinha por tanto tempo, fechamos um acordo em oito dias.

E lá estava ela, parada, olhando para todos os lugares, menos para nós, calada a ponto de seu silêncio doer.

Jethro chegou perto dela e a puxou em um abraço, que ela imediatamente correspondeu.

— Você – ele disse para a filha – tome conta de todos, principalmente de Tony.

E era a mais pura verdade, era mais certo Lizzy tomar conta de Tony do que ele tomar conta dela.

— Pode deixar. – Sua voz em sussurro. Ela detesta ser deixada para trás. – E o senhor tome conta de mamãe.

Tive que conter o impulso de revirar os olhos. Era superprotetora comigo assim como o pai.

— Não faço sempre? – Jethro respondeu, dando um beijo no alto da cabeça dela.

Ela deu o mínimo dos sorrisos e veio me abraçar.

— Vou sentir a sua falta, mamãe! – Falou e enterrou a cabeça no meu ombro, pude sentir as lágrimas.

— Oito dias passam rápido.

— Quando não se quer... – Ela murmurou.

Nosso voo foi chamado. Apertei o abraço e, logo em seguida, ela deu um passo atrás, notei que ela engolia o choro.

Tony e Ziva prometeram cuidar dela. E eu não sei com qual dos três eu estava mais preocupada.

Jethro me pegou pela cintura, decidindo entrar, antes que ele mesmo ficasse.

Íamos para um descanso, deixando a pessoa mais importante para nós em solo americano.

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— Bem, agora que os Chefes já foram embora... – Tio D começou.

— Você é o chefe? – Perguntei desanimada.

— Estamos de férias, Elena. Animação, princesa! – Ele veio e começou a fazer cosquinhas em mim.

— Tio D, para! Eu não tô animada.

— Ela está com dor de cotovelo, porque a queridinha do papai ficou para trás dessa vez! – Jack veio me importunar.

— Vocês dois não comecem! – Tia JJ assumiu o papel de mãe substituta e nos encarou.

— Sim, tia. – Dissemos e ficamos quietos.

— Muito bem, agora que todos estão devidamente quietos. – Tio D tomou a palavra. – Tenho um comunicado a fazer.

 - Que é? – Tio Spenc perguntou desconfiado.

— Finalmente poderemos colocar essa pestinha aqui em um treinamento de autodefesa e sobrevivência!

Só pode ser brincadeira dele, né? Tipo, eu achei que ia ficar assistindo série até não poder mais.

— Aquele que você vem combinando com a Ziva desde.... – Tia JJ não terminou a frase, mas eu sei do que ela falava.

— Esse mesmo. Ouvi dizer que o casal poderoso NCIS-CIA também teve que sair de férias forçadas, antes que matassem alguém.

— Vai ser BAU e NCIS de novo! Adoro! – Tia Pen disse animada.

— Tia, isso é um campo de treinamento. Não dá pra ficar animada.

— Isso não vai durar, Eleninha. Não mesmo. No máximo um dia! – Ela piscou para mim e saiu para ligar para Abby.

Por que eu tinha a plena certeza de que talvez, eu não sobrevivesse a essa semana?

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— Então, Lizzy, o que vamos fazer nessa semana? – Tony me olhou pelo retrovisor e esperava ansioso pela minha resposta.

— Não sei.... tem alguma maratona de série para gente? – Perguntei enquanto olhava o céu, tentando decifrar se aquele avião era o que estava levando os meus pais para longe, para Paris.

— Nada de maratonas, de ficar comendo na frente da TV ou jogando videogames. Eu já tenho a programação da semana! – Ziva disse toda convencida.

Eu me arrepiei da cabeça aos pés, vi Tony arregalar os olhos.

— E essa programação seria... – Ele foi mais corajoso que eu.

— Campo de Treinamento. Gibbs vem me enrolando com isso, assim como Jenny. Então, nessa semana que os dois estão do outro lado do oceano, Liz vai aprender a se defender e a sobreviver, para que nunca mais aconteça o que aconteceu há dois anos!

Estremeci ao lembrar do sequestro.

— Você vai treinar a Liz? – Tony continuou por mim, já que eu estava em choque.

— Eu e Morgan. Ele vai trazer a Elena, ao que parece Hotch e Emily estão em uma segunda lua-de-mel.

— As duas encrenqueiras juntas, de novo? Você se lembra do Hawaii, não se lembra?

— Tony, vai dar tudo certo.

— Será que a Abby tem um caixão do meu tamanho? – Perguntei por fim. – Porque eu tenho certeza de que vou precisar de um!!

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No outro dia cedo, bem cedo, antes mesmo que as galinhas acordassem, Ziva apareceu já toda trabalhada na guerreira israelense – mil facas escondidas sob a calça cargo e blusa camuflada, cabelo preso em um coque, botas de combate e arma na cintura -  na porta do quarto de Liz. A pobre ruiva só soube cair da cama de susto.

Pelos lados de Manassas, as coisas não estavam muito diferentes, Derek tinha acordado Elena na base do balde de água fria, já que ela tinha, deliberadamente, virado para o outro lado e recomeçado a roncar.

Mal sabia as duas encrenqueiras que Derek Morgan e Ziva David eram dez vezes piores que as duas juntas em seus melhores dias.

E, depois de quase uma hora de choro, gritaria, pedidos de joelhos para ficarem em casa, uma doença sendo fingida – Elena – e uma ameaça em ligar para o todo poderoso Marine – Liz – as duas foram arrastadas para dentro dos carros, juntos com suas bolsa de sobrevivência – que não tinham nada de extremamente útil na visão das duas.

Elas, assim como as equipes e Jack que foi arrastado para isso também, estariam completamente incomunicáveis. Sendo Derek responsável pela avaliação física da BAU e Ziva da NCIS. Enquanto que Elena e Liz seriam treinadas para nunca mais serem as vítimas, ou caso alguma ameaça chegasse perto demais, elas saberiam na hora como neutralizar o inimigo.

Enquanto as filhas pediam clemência antes mesmo de chegarem ao local de treinamento, os dois casais começavam a curtir as férias, mal sabendo o que seus filhos estavam passando.

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Na verdade, o campo de treinamento seriam os que os agentes do FBI usam como pista e os que os Fuzileiros usam no Estaleiro. Em resumo, as equipes estavam familiarizadas com o ambiente, as duas meninas e Jack nem faziam ideia de que isso existia, ou faziam, só queriam não pensar no sofrimento.

— Vai ser muito simples! – Morgan começou – Esse campo aqui, como muitos sabem, dá em um parque de Quantico, e aqui, treinaremos a sobrevivência por quatro dias. Os quatro dias finais será de resistência no Estaleiro.

Ziva deu um passo à frente e continuou:

— Não pensem que será fácil, não será. E eu vou garantir isso. Quanto a vocês – ela se virou para os três assustados adolescentes – terão uma dupla. Contudo isso não significa que terão vida fácil, não terão. Farão tudo o que todos os agentes fazem.

Jack e Elena se entreolharam. Liz engoliu em seco.

— E eu achando que o mau-humor do papai era a pior coisa que se tinha notícia. – Elena falou para o irmão.

Quando Ziva acabou de falar, Tony parou do lado de Liz, claramente tentando proteger a garota. Já JJ e Matt vieram para perto de Elena e Jack.

Eram boas duplas, se sobreviveriam, só o tempo diria.

A primeira tarefa – somente para aquecer, como Morgan havia falado – era fácil. Uma corrida pela pista de 10 Km do FBI.

— Só isso? – Reid perguntou.

— E quem reclamar tem que dar três voltas. – Ziva cortou.

Elena olhou para JJ.

— Tia, foi um prazer ter te conhecido. Vou começar a me despedir desse mundo.

Qualquer pessoa com um excelente preparo físico – como os dos dois treinadores – faz esses dez quilômetros em quarenta minutos.

Bem, Matt e JJ, assim como Luke, Tara e Torres fizeram. Tony deu a desculpa de estar esperando a Liz, apesar da garota estar correndo mais do que ele. Elena deu um jeito de reclamar o caminho inteiro. Jack se perguntava o motivo de estar ali. McGee disse que era o rei do computador, não precisava correr tanto. Ellie era a nerd que veio da NSA, lá não tinha isso. Reid e PG olharam um para o outro e desistiram no meio do caminho, junto com Abby. Aquilo ali não era para eles, eles eram os cérebros da BAU e do NCIS, afinal de contas.

Duas horas e três gênios sendo empurrados até a linha de chegada depois, todos tinham sobrevivido ao primeiro desafio. E o dia só estava começando.

 - Eu juro que eu vou morrer! Como podem ser tão animados? – Elena reclamou enquanto estava esperando o almoço.

— Ninguém nunca morreu nos testes do FBI, já pararam no hospital, porém nada grave. Vamos sobreviver, Elena. – Reid garantiu.

Lizzy permanecia quieta. Tinha perdido a capacidade de reclamar no quilometro sete.

Jack se surpreendeu por estar gostando do desafio. Quem sabe ele não poderia começar a treinar mais para participar do triatlo junto com o pai?

— Não vai falar nada, Ruiva? – Torres tentou puxar conversa com a filha de seu chefe.

— Por que eu não me enfiei no trem de pouso daquele avião? Agora eu estaria em Paris! – Ela reclamou.

— Paris pode esperar! – Ziva disse e entregou o almoço.

Todos eles olharam para a “comida” com cara de espanto.

— E isso aqui é? – Ellie perguntou.

— Ração do exército. – A israelense falou.

Todos levantaram a sobrancelha.

— Pelo visto vou morrer de cansaço E de fome!! – Elena suspirou.

— Odin me leva logo! – Liz pediu.

— Exageradas! Vocês vão nos agradecer um dia! – Derek passou bagunçando os cabelos da morena.

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O segundo dia foi quase uma reprise do primeiro, pelo menos no quesito “acordar”. Todos dormiram à céu aberto, melhor dizer que tentaram. Quando o cansaço bateu de vez foi que conseguiram dormir propriamente dito, porém o dia já estava amanhecendo.

Ziva não perdoou e deu o comando, Derek pegou a mangueira e acertou em um por um. Os gritos, xingos e palavrões foram ouvidos até longe.

— Isso! – Ziva gesticulou para os agentes molhados – é para vocês aprenderem que devem estar sempre atentos.

— Como eu vou estar atenta, se eu estou com sono? – Liz reclamou.

— E com fome! – Elena completou.

— E ensopada e com frio!! – Penelope fez coro.

— Bem-vindas à vida real! – Derek disse com um sorriso no rosto.

E todos foram testados, em mais uma corrida, agora com obstáculos. Nem todo mundo tinha altura para pular pelos obstáculos, assim, Elena e Liz simplesmente se arrastavam por baixo, sem nem pensar em fazer o esforço de pular. Reid, muito convenientemente, levou um tombo. Um joelho machucado, e ele foi liberado do restante do sofrimento.

Penelope e Abby, sabendo disso, trataram de fingir uma contusão. Abby, esperta como só, deu à amiga colorida do FBI as dicas de qual músculo estava lesionado. E, assim, para evitar que as duas se machucassem de verdade, Ziva as liberou, com a seguinte condição:

— Vocês vão passar a semana aqui também. Nada de ficarem de beleza, ou, se preferirem, eu falo que fingiram e voltam para o treinamento. – O sorriso de quem iria arrancar o couro das duas, evidente em seu rosto.

Diante dessa pequena ameaça, as duas concordaram solenemente.

No final do dia, Ziva apareceu com algumas folhas e várias bússolas.

Os que restaram se entreolharam, o que a ninja doida tinha aprontado dessa vez.

— A última tarefa de hoje vai durar até amanhã pela manhã. – Ela começou a distribuir os objetos. - Vocês serão guiados até o meio desse parque. De lá, terão que se localizarem usando esse mapa, essa bússola e as estrelas.

— Peraí! Tempo!! – Você vai nos soltar no meio do nada e teremos que voltar? De noite? – Ellie tinha os olhos arregalados.

— Sim.

— E as duas também vão? – Luke perguntou. A essa altura, tendo Jack se saído tão bem, ninguém se preocupava mais com ele.

— Por que não? Eu era mais nova do que elas quando meu pai me soltou no meio de Israel e eu tive que voltar para casa, sozinha, só com uma bússola! – Ziva respondeu normalmente, como se uma prova dessa fosse a coisa mais normal a se fazer com duas garotas de doze anos.

— Zee-vah! Calma! – Tony pediu. – Isso não é certo! E se tiver um maluco no meio desse lugar? E se algo acontecer com elas? Será você quem vai contar para os furiosos pais e iradas mães? Porque tenho certeza de que não serei eu.

— É! Isso não dá pra fazer!! – Elena concordou. – Eu mal sei onde fica o Norte! Como vou entrar no meio do mato e voltar com vida? E se eu encontrar um urso? Ou se eu cair em um buraco? Ou pior, tiver um serial killer e ele me achar a cara da sua próxima vítima? - Ela continuou fazendo drama.

Ziva olhou para Elena com cara de poucos amigos e filha do casal poderoso do FBI recuou um passo.

— Lizzy? Você sabe onde fica o Norte. – A israelense afirmou e a ruiva só confirmou com a cabeça. – Tem medo de se perder?

A ruiva pensou e pensou. De se perder, ela não tinha. Era uma lobinho, sabia se virar, mas ela tinha medo duas coisas...

— De me perder não... – Liz deixou a frase solta.

— Mas... – Derek a instou a falar.

— Eu tenho medo de aranha. E de barata... – Ela afirmou ficando vermelha.

— Pelo amor de Deus! Isso vai ser resolvido hoje! Nessa noite! – Ziva perdeu a paciência e começou a liderar o grupo para o meio da mata fechada.

— Eu já nem sei onde estou! – Elena sussurrou.

— Indo para sudoeste. Não sei exatamente onde. – Liz respondeu à amiga.

E o grupo andou por quase metade da noite até que chegaram em uma clareira.

— Aqui acaba o segundo dia e começa o terceiro. – Morgan falou. Vocês têm que chegar até a sede do FBI até amanhã às oito da manhã. Boa sorte!

Elena olhou para JJ, as duas não muito certas de onde deveriam começar, por fim a loira se localizou e guiou a garota pelo meio das árvores.

Matt, Luke e Jack seguiram o caminho sem nem olhar para trás. Tara foi reclamando pelo caminho que ela achava correto. Torres disse qualquer coisa sobre como sabia se movimentar em uma mata fechada por já ter trabalhado infiltrado na América do Sul e foi embora. Ellie ficou parada no meio das tochas pensando se valia a pena começar a gritar. McGee sendo chefe dos escoteiros, sabia o caminho normalmente. Tinha sobrado Tony e Liz.

— Eu sei me guiar com esse mapa e com a bússola. – A garota garantiu. – E eu sei que você é péssimo nisso, Tony. Me segue, seu papel é um só.

— Qual, Pestinha?

— Deixar todas as aranhas e baratas bem longe de mim.   

Tony deu um sorriso de lado. Isso ele poderia fazer.

O sol raiou e os meninos chegaram até o prédio do FBI, todos eles muito feliz e contentes por terem andando tanto sem terem se perdido.

Tara não demorou e deu as caras logo depois. JJ e Elena, assim como Tony e Lizzy – que resgataram a perdida Ellie  no meio do caminho – chegaram pouco antes das oito da manhã.

Contudo, nem tudo eram flores.

No meio do caminho, Elena tropeçou em um galho de árvore que ela não tinha visto, resultado, caiu e lá se foi um joelho ralado. Na hora ela tinha sentido uma picada, mas não viu nenhum outro bicho por perto, e deixou pra lá. Mesmo assim JJ parecia preocupada, ela já conhecia a sobrinha bem demais para saber quando ela fazia drama e quando não. E como Elena vinha esfregando a mão mais do que o necessário, ela pediu para olhar, realmente não tinha nada, nem mesmo uma picadinha ou um pontinho vermelho.

— Tia JJ, eu estou bem! É sério!!! Olha só, não tem nada!! Nadinha!! – Elena deu uma voltinha e mostrou a palma das duas mãos. – Só sinto dor nos meus pés, mas é de tanto andar!

— Se você diz, mas qualquer coisa em avisa, ok?

— Pode deixar! – E a menina foi tentar arranjar um lugar para se sentar, enquanto Ducky – que fora chamado para cobrir qualquer emergência – limpava o arranhão.

Um pouco mais afastados, mas não menos cansados, Tony e Lizzy estavam tentando ter um café da manhã de verdade, pelo menos um que não incluísse ração. Foi quando tudo aconteceu.

Em uma hora não estava lá, na outra sim.

Lizzy estava escorada em uma árvore, saboreando uma deliciosa – nem tanto assim – barra de cereal, Ziva tinha acabado de confiscar o chocolate quente que ela e Tony tinham contrabandeado. Enquanto mastigava devagar aquela coisa sem sabor algum, Tony olhou para ela e estava pronto para soltar uma piada quanto a falta de sorte deles quando ele viu.

Enorme. Peluda. Cheia de Patas. Descendo no tronco da árvore e em direção à ruiva.

Tony não sabia o que fazer. Se ele arrancasse a menina dali, ela, pega de surpresa, poderia torcer o pé nas pedras. Se ele pedisse que ela não se mexesse, ele sabia que ela iria fazer exatamente o contrário. E, se ele pedisse para ela calmamente não olhar para cima e sair dali ela notaria no tom de voz dele que tinha algo errada e iria, como sempre, reagir com exagero.

Ele optou pela terceira opção, mas nem chegou a abrir a boca. Logo que Tony se levantou para conversar com a ruiva, o vento ficou mais forte e uma rajada varreu o local. E a aranha despencou.

Despencou bem no braço de Elizabeth.

Quem viu a cena de longe – todo o resto que já vinha prendendo a respiração por conta da situação que poderia sair dali – ficou imóvel.

Liz, ao sentir que algo caíra em seu braço, virou sua total atenção para ele e...

— Lizzy, não. – Tony pediu com a voz mais mansa que tinha.

A ruiva estava petrificada.

— Liz, eu já vou tirar ela daí. Fica quietinha. – Ele falou enquanto procurava qualquer coisa que pudesse fazer de vara para tirar a aranha do braço de Elizabeth.

Acontece que, como todo mundo que tem muito medo de tudo, Lizzy não mexia, não falava, nem respirava. Ela só encarava aquela aranha imensa que estava começando a subir pelo seu braço.

— Ziva, eu preciso de qualquer galho bem comprido. E agora! – Tony não se atrevia a sair de perto de Liz, com medo do que ela poderia fazer.

Enquanto isso, a aranha estava quase no ombro da menina.

— ZIVA!! – Tony gritou.

Contudo era tarde. A aranha tinha colocado uma pata no rosto de Liz. E ela, tomada pelo desespero, começou a gritar e pular.

— Tira isso de mim!! Por favor!! Tira!! – Ela gritava aos prantos. E com o pulo, a aranha ficou presa nos longos cabelos ruivos da menina.

— Tio Tony!!!! Por favor!! – Ela continuou chorando.

Ziva chegou, mas como tirar o animal com um golpe sendo que estava no cabelo da garota?

— Eu disse que isso era uma péssima ideia! – Tony falou quando conseguiu fazer Liz ficar quieta.

— Tonnyyy. – Ela chorava.

— Anda, eu estou segurando ela. Coloque o seu treinamento ninja para funcionar e tire esse bicho do cabelo dela com suas mãos. – Ele falou em direção à namorada.

Ziva procurou e procurou, mas era tanto cabelo! A aranha deveria ter caído.

Foi quando Liz deu outro grito.

— NAS MINHAS COSTAS!!!! – Ela tentou sair correndo, porém Tony e agora Matt conseguiram segurá-la. Ziva, sem saber como fazer aquilo, apenas pescou a aranha por uma das patas, a última que estava para fora da gola da blusa da menina.

A israelense olhou para um lado e para outro, iria soltar ou matar o animal?

— Solta ela! – Abby veio dizendo.

Todos olharam para a gótica.

— Ela não fez por mal. O vento a derrubou. Solta ela bem longe daqui.

Ziva olhou para a aranha que se debatia em sua mão. Sem muito tato, afinal aquela aranha tinha deixado a pobre Lizzy aos prantos, simplesmente arremessou longe o problema.

— Ziva! É um ser vivo! – Abby protestou pela forma como ela tratou a aranha.

— Que quase matou a Lizzy de susto. Tem sorte de estar viva! – Ziva respondeu limpando as mãos.

— Como ela está? – Ouviram Ducky perguntar.

Elizabeth ainda chorava. Definitivamente o que ela falara na noite anterior não era mentira. Ela tinha mais do que medo. Ela tinha fobia.

— Vai ficar tudo bem. Tudo bem! – Tony tentava acalmar a ruiva que soluçava abraçada nele.

— Eu quero ir embora! – Ela pediu.

Todos se olharam. Ainda tinham mais dois dias ali, contudo, depois do tombo e da crise de fobia, eles poderiam ir para o Estaleiro.

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Com o terceiro dia sendo interrompido pelo problema da aranha, ninguém viu objeções de poder ir para casa e poder descansar. Afinal, até então, tudo estava indo bem. E mesmo assim, o treinamento do FBI não durava tanto tempo.

Com este dia de “folga” todos tiraram para descansar. Sabe-se lá o que Ziva e Morgan aprontaram para a parte final.

Elizabeth, ainda assustada com o incidente da aranha, não quis nem pensar em passar perto de qualquer parque.

Enquanto isso, na casa da família Hotchner, Elena não tinha parado de se coçar.

— Isso já está irritante! – Ela reclamou alto.

— O que foi, little princess? – Morgan perguntou.

— Eu ainda estou me coçando, mas não tem nenhum sinal de nada na minha mão!! – A garota olhou para a própria mão.

Morgan pegou a mão da sobrinha e guiando a garota até um ponto com a luz mais forte, não viu nada que pudesse indicar o motivo da coceira.

— Deve ser só porque ficou suja muito tempo! – Elena deu de ombros. – Ou é psicológico. – Ela riu e voltou para frente da TV.

E o dia passou tranquilo. Contudo Elena tinha um plano se formando. Pegou o celular e chamou a amiga ruiva.

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“Hei, medrosa!”

“cai fora!”

“mau-humorada!”

“não foi vc quem quase virou café da manhã daquele monstro!”

“nem era tão grande!”

“tchau”

“peraí! Nem falei pra que te chamei!”

“não quero saber, deve ser ideia mirabolante!”

“q tal se inventarmos qq coisa para não voltar para a parte 2 do treinamento?”

“boa sorte!”

“pq?”

“pq a Ziva esta igual a uma águia por aqui, ela sabe q ñ tem nada de errado!”

“engane ela!”

“eu gosto da minha cabeça onde ela está!”

“medrosa!”

“engane o Morgan!!”

“eu gosto da minha vida. Ñ nesse momento, mas eu gosto!”

“touché”

“com quem vc aprendeu isso?”

“em LA. Kensi e Deeks.”

“quanta gente q ñ conheço!”

“nem vai conhecer!”

“chata!”

“já tem um plano?”

“pensando....”

“error 404 – page not found!!”

“ñ tem graça, liz!!!”

“claro que tem, vc ñ vai achar um plano até amanhã! Não um bom o suficiente para parar essa dupla de loucos que Ziva e Derek viraram!”

“droga! Se meu pai estivesse aqui....”

“isso não estaria acontecendo? A queridinha do papai não pode sujar as mãozinhas?”

“com coisa que o seu pai iria te deixar no meio do mato!”

“sou uma lobinho! Ele já me deixou no meio do mato!”

“tanto faz!”

“e?”

“e nada! Não consigo pensar em nada!”

“hahahaha! Falei que ñ saia nada!”

“e vc, Elizabeth? Tem alguma ideia, Majestade?”

“bem... eu consigo fugir do estaleiro...”

“Ó que coisa!! É o mínimo, né? Vc cresceu lá, pamonha!!”

“e sei que o carro da equipe tá lá...”

“onde vc quer chegar?”

“eu sei dirigir, e sei fazer ligação direta.”

“isso tá ficando bom!!”

“É, está mesmo, bom para que eu conte para os pais das duas o que vocês estão bolando! Sim, sou eu, a Ziva. Acho muito bom as duas pararem de ficar inventando moda e irem dormir, porque eu vou acabar com vocês amanhã!

“ZIVA?! MAS ESSE É O CELULAR DA ELIZABETH?!!”

“Até segunda ordem, está comigo! Boa noite, Elena”

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Agora ferrou de vez! Vão nos vigiar até na hora de dormir!! Como foi que a Liz foi tão sem noção e não viu a Ziva?! – Elena pensava ao encarar a tela do celular.

Princess?

— Ahn.. oi tio D?

— O que aconteceu?

— É... a Ziva... mandando avisar para eu me preparar para amanhã. – A garota falou. Não era uma mentira, mas verdade também não era!

— É, vai ser interessante! – Derek sorriu para a sobrinha e coçou o queixo.

Elena arregalou os olhos. Ela conhecia aquela expressão. E sim, se antes ela achava que estava perdida, agora ela tinha certeza.

— Acho que depois dessa eu vou até dormir! – Ela disse, se levantando e dando um beijo nos tios e tias. – Até amanhã. – Ela subiu as escadas se coçando.

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Logo que o sol saiu, todos estavam enfileirados no Estaleiro. Começava o quarto dia!

Estranhamente, toda a equipe da BAU se coçava. Todos tinha pegado a mania da Elena, que agora se coçava no pescoço também.

A equipe do NCIS estava prestando atenção no ataque da outra equipe. Todo mundo tendo uma ideia do que poderia ser aquilo, especialmente McGee.

— Será que é hera venenosa?  - Ele perguntou para Tony.

— Se fosse eles já estariam vermelhos! – DiNozzo respondeu.

— Talvez tenha sido pouca exposição! – Abby garantiu.

— Mesmo assim... eles estariam vermelhos!! – Ellie falou olhando para a turma.

Ninguém estava entendendo nada. E a coceira continuava.

— Eu que não encosto neles!! A cera da hera venenosa passa!!  - Torres falou.

— E isso coça pra caramba!! – Tim disse se lembrando de quando foi ele quem passou por uma situação dessas.

Lizzy parou e pensou que aquilo não podia ficar pior.

Mal sabia ela que podia. E ficaria muito pior.

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Ziva, agora estava realmente em seu ambiente. Era aula de defesa pessoal. A turma do NCIS fez de tudo para ficar com as duplas entre eles, ninguém se atrevendo a ficar se coçando.

Então, a israelense ia mostrando os golpes – em Tony, claro que ele seria o seu saco de pancadas – e todos iam repetindo até à exaustão.

— Anda logo!! Quero ver a força de vocês!!

— Não é quero ver a força de vocês!! – Ellie disse rindo!! – É que a força esteja com você!!   

Ziva ficou sem entender a referência... e com cara de boba.

Star Wars, Zee..vah!! – Tony disse quando ele conseguiu se levantar do tatame e conferir se nenhuma costela tinha sido partida no último golpe que recebera da namorada.

— Ah!! Aquele que eles viajam no espaço!! Que tem aquele com as orelhinhas pontudas!!

— Sim!! – Todos os nerds ficaram felizes ao escutar que Ziva estava familiarizada com a saga.

— Qual é o nome dele?! – Ela parou para pensar e todos os demais seguraram a respiração. Será que viria outro zivaismo por aí?

— Stop... Spop... Spock!! Acho ele tão lindo!!

— Ziva... – Liz a chamou.  – O Spock é de Star Treck. Não dá pra confundir as duas sagas. É uma blasfêmia, assim como confundir Os Vingadores com a Liga da Justiça. Você pode gostar de todo mundo, mas não pode confundi-los!

— Por que tudo aqui na América tem que ser confuso?

Torres ia abrir a boca para responder, contudo pensou melhor. Não valia a pena arriscar a vida.

— Vamos voltar para o treinamento? – JJ pediu vendo o clima.

— Claro, agora vocês vão aprender a bloquear o ataque de um ofensor. Venha Tony, me ataque.

Não deu dez segundos, Tony estava subjugado no chão, com o braço imobilizado em suas costas e Ziva segurando seu pescoço com um pé.

O restante da turma repetiu os movimentos. E cada vez que um caia no tatame era escutados os sons de “ais”, “aus”, “eitas”.

No final do dia não tinha um dos alunos – e isso incluía a cobaia – que não tinha um músculo sem doer.

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O quinto dia começou pior que o quarto. Derek assumiria a aula hoje. Estranhamente a coceira dele não tinha diminuído, e se olhasse bem de perto, dava para ver algumas manchas vermelhas nele. E mesmo sob os protestos de Ducky, ninguém parou.

Derek comandou um verdadeiro treino militar, com corrida, barra, flexões e abdominais. Dizendo que na parte da tarde teria a parte dois.

Quando foi a hora do almoço, Abby e Penelope, com pena da força e da situação de seus amigos, apareceram com um banquete.

Esquecendo-se que teriam que correr, pular, escalar e, ainda fazer abdominais de ponta cabeça, a turma inteira comeu até não poder mais.

Estavam todos satisfeitos e com aquela famosa preguiça de depois do almoço, quase dormindo, quando Derek chegou assoviando e mandando todo mundo entrar em forma.

Muito a contragosto eles se levantaram. Alguns tinham certeza de que tinham engordado uns dez quilos só com o almoço, e mais uns cinco com a sobremesa.

Derek não perdoou ninguém. Colocou a galera para correr. Subir escadas e descê-las. Preparou obstáculos para saltarem e passarem por baixo. Resumindo, ao final da tarde, todos eles estavam só o pó. Não só no quesito cansaço, mas também nas roupas. Estavam imundos.

— Eu tô morta!! – Elizabeth disse se jogando no chão bem longe de qualquer lugar que poderia abrigar uma aranha – Não tem um músculo meu que não está doendo!!

— Somos duas! – JJ concordou com ela.

— Aumenta a conta para três! – Ellie falou se sentando no chão e tentando alongar as costas. – Isso aqui é pior do que correr atrás de suspeitos.

Jack estava feliz da vida. Para ele todo aquele treinamento só provava o que ele já sabia. Ele conseguiria passar nos testes físicos para ser um agente do FBI.

Elena desmontou pelo meio da pista e ficou por lá, deitada, olhando para o céu e pedindo por clemência:

— Eu vou morrer!! Alguém chama o SAMU! Eu tenho a certeza que amanhã eu não levanto da cama.

 - Dramática! – Derek passou perto dela e a colocou em seus ombros – E como eu gosto muito de você, vou te dar uma carona até o carro!!

— É por coisas assim que eu faço drama!! – Ela riu feliz.

E assim, cinco dias tinham se passado. E dois casais já estavam planejando voltar para casa.

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O sexto dia veio com uma surpresa. Depois de verem o esforço de cada um para cumprir cada parte do treinamento – e de terem certeza de que ninguém, nem mesmo eles aguentariam mais um dia assim – Derek e Ziva declararam aquele como o último dia de treinamento.

E ele consistia em uma única prova.

Um desafio que envolvia raciocínio e resistência.

Cada um, sozinho, teria que seguir as instruções e achar os itens escondidos pelo trajeto. Quando tudo estivesse assegurado, teriam que resolver um enigma e, assim, conseguiriam destravar a tornozeleira que estava sendo colocada em cada um.

Todos eles pararam na largada. Mas nem todos seguiriam o mesmo caminho. Pouco antes de Derek sinalizar o início, Elena e Liz estavam conversando.

— Você está estranha! – Liz olhou assustada para a amiga.

— Estranha como? – Elena coçou o rosto.

— Está vermelha... cheia de manchas vermelhas! – Os olhos da ruiva estavam assustados.

— Deixa de ser louca! A única coisa vermelha aqui é o seu cabelo!!

— Se você diz. – Liz deu de ombros.

— Eu nem acredito que sobrevivi a isso. Parece até aquela semana inferno dos Marines!! – Elena falou.

— Seals!! Os Seals são quem tem uma Semana Inferno! Se situa!! – Liz falou brava.

— Que seja, você me entendeu. E, além do mais, é você, e não eu quem tem que saber isso.

— Tanto faz, Elena! – Liz revirou os olhos.

Derek assobiou. Era hora do tudo ou nada.

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As primeiras pistas foram fáceis de serem coletadas. E quanto mais eles avançavam no caminho, mais eles notavam que todo aquele treinamento não foi em vão. Até mesmo os golpes de luta que Ziva tinha ensinado eram úteis de alguma forma.

Lá pelo meio do percurso, Elena começou a se coçar de verdade.

— Talvez Liz tinha razão... – Ela deu outra coçada no braço e parou para observá-lo. Um enorme calombo estava ali, parecendo um vulcão.

Elena deu uma olhada em seu outro braço, também estava coberto de calombos. Passou a mão no rosto, e só sentiu os calombos.

— SOCORRO!!! – Ela gritou desesperada!! – Eu... vou morrer!! – A menina se desesperou.

Derek e Ziva que acompanham de perto as meninas correram para ajudar Elena.

Quando eles chegaram perto dela, Ziva se assustou. A garota estava coberta de calombos e se coçava sem parar, além de estar completamente vermelha.

— Hera venenosa! – Ela falou para Derek. Temos que levá-la até Ducky!

E os dois correram com Elena no colo.

Contudo, os problemas só estavam começando.

Não demorou e JJ se viu na mesma situação, e, sendo mais experiente do que a sobrinha, continuou a andar, afinal era só coceira em excesso, nada que lhe prejudicasse a vida. Matt, Luke e Tara também estavam do mesmo jeito.

Não teve jeito, naquela noite em que Elena levara o tombo, ela esbarrara na tal hera venenosa, e sem saber, não lavou as mãos, acabando por passar um pouco da cera para todos eles. Como foi muito pouco, a reação foi retardada em dois dias. E agora, todo o time da BAU estava coberto de manchas vermelhas e calombos.

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Para ajudar Elena, Ziva e Derek acabaram deixando Elizabeth à sua própria sorte, não que tivesse alguma parte perigosa, não tinha. Ou quase não tinha.

Em um dos últimos obstáculos antes de chegar ao enigma, a peça que Liz precisava estava dependurada em uma árvore em cima de um enorme lago repleto de lama.

Liz parou olhou com atenção e decidiu que preferia subir na árvore a andar na lama. E assim o fez, primeiro deu uma boa olhada para ver se não tinha nenhuma surpresa desagradável, não vendo nada, começou a escalar a árvore.

Estava em um dos galhos mais altos quando escutou um barulho de algo se quebrando.

— Por favor, não me fale que foi esse...

Ela não teve tempo de terminar. E o galho em que estava quebrou. Tudo o que o Estaleiro escutou foi o grito dela.

Liz mal teve tempo de fechar a boca quando mergulhou no lago de lama. Quem diria que aquela coisa era funda!!

Enquanto ela se debatia para sair lá de dentro, Tony e McGee chegaram no local. De início não viram nada. Até que McGee chamou atenção de DiNozzo.

— Tony.. aquilo ali. – Ele apontou para dentro do lago.

Tony tentou chegar perto, assim como Ellie que tinha conseguido achar o lago e, quando estavam perto o suficiente... uma mão brota do meio da lama, uma mão segurando a tal peça.

Todos três deram um passo para trás. E cena toda parecia de um filme de terror barato.

Primeiro foi a mão, então um braço. Logo em seguida uma cabeça surgiu do fundo. Assim que a figura – que mais parecia a Samara – ficou de pé dentro do lago, eles descobriram quem era.

Elizabeth.

E ela tentava sair a todo custo do meio da lama. E a coisa ficava puxando-a para dentro. Com muito custo, a garota conseguiu limpar a lama dos olhos e da boca, para então falar.

— Pelo amor de Deus!! Alguém pode me ajudar a sair disso aqui! Esse poço já engoliu até o meu tênis!!

Tim estendeu um galho de árvore na direção de Liz, que o agarrou. Mesmo assim não foi fácil. Demorou uns bons quinze minutos para que Liz pudesse se sentar em uma raiz de árvore para descansar. A essa altura, a lama que cobria a parte de cima de seu corpo e sua cabeça já havia secado. E ela parecia uma integrante do exército de terracota!

Com muito custo, Elizabeth chegou até a linha de chegada. Foi a última! Mas, pelo menos, não tinha virado uma escultura de lama pelo meio do caminho.

E quando as duas garotas olharam uma para a outra...

— Fala sério! Gente! O que a Samara tá fazendo aqui? – Elena gritou, rindo do estado da amiga.

— Fica quieta, Baby. Você tá toda cor de rosa e bochechuda igual ao Baby da Família Dinossauro!! – Liz retrucou.

— Mas pelo menos posso me mexer!! – Elena mostrou a língua para a ruiva.

— É, mas não deve tá enxergando nada...

Foi quando JJ cortou a briga das duas.

— Acho que depois de tudo isso, podemos considerar o dia encerrado, né?

Ziva e Derek concordaram. E assim, cada um foi para suas casas.

Bem, a BAU entrou no carro e foi para a casa dos Hotchner, e por todo o caminho, Jack se vangloriou de ter sido o primeiro a chegar.

Enquanto a turma do NCIS decidia como iriam limpar a Liz, para que ela pudesse entrar em um dos carros. No fim não teve jeito, ela estava imunda, com lama ressecada por todo lado, iria suja assim mesmo e, quando chegassem em Alexandria, eles dariam um jeito.

— Mas ali só tem um jeito! – Ziva falou baixinho para Tony antes de entrar no carro.

— Só que ela não sabe! Não podemos jogar água quente, senão vamos escaldá-la. Vai ter que ser na mangueira de pressão!

— Na água fria?! Ela vai nos matar!!

— Deixa para se preocupar com isso quando chegarmos na casa do Chefe, Ziva!

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Quarenta minutos depois a equipe da BAU estacionava os carros na frente da casa dos Hotchners. E cada um que descia das SUV’s estava em um estado pior que o outro.

— Eu acho que achei algo na internet para diminuir esse inchaço e essa vermelhidão! – Penelope disse sem desgrudar os olhos da tela do celular.

— E o que é? – JJ perguntou se coçando.

— Uma mistura muito doida que serve para purificar a pele e hidratá-la. Dá para fazer em casa.

— Então, mãos à obra!! – Tara colocou marcha na turma.

E todo mundo foi para a cozinha fazer o tal inguento.

Com a coisa pronta, todos olharam para a vasilha. Tinha uma consistência pegajosa e uma cor horrorosa, pelo menos o cheiro era bom.

— Então. Quem vai ser a cobaia? – PG perguntou.

Tendo em vista tudo o que ele fez a turma sofrer, por livre e espontânea pressão, colocaram Morgan como o testador. Passaram só um pouquinho na mão dele, vai que a coisa não dava certo e ele perdesse a mão, né?

Depois de esperar os trinta minutos – que não passaram nem com reza. Era hora de lavar o local com água abundante. E, assim que aquela mistura estranha foi tirada da mão do agente, não tinha mais coceira, não tinha mais vermelhidão. Os problemas deles estavam resolvidos. Era hora de todo mundo virar um ser pegajoso.

Não tinha um bom lugar para todos ficarem. E a mistura sujava tudo, só restou que todos fossem para a área da piscina e ficassem por lá.

Faltava passar o milagroso inguento em Elena, quando eles ouviram um barulho. Parecia uma mala sendo arrastada.

— Fala sério que eles chegaram mais cedo! Ainda temos mais dois dias. – Jack falou.

Elena arregalou os olhos. Ela já tinha a confirmação de quem chegara.

Emily parou na porta da cozinha e olhava desolada a sujeira pelo caminho até que sua mirada parou na turma do outro lado, todos próximos da piscina e estranhamente pegajosos e verdes?!

E no meio de todos, estava Elena. Metade do corpo coberto com a coisa verde e a outra metade inchada e vermelha.

— O que vocês fizeram com a minha filha?!! – Ela gritou.

— Está mais para o que ela passou para todo mundo. – Jack tentou contornar a situação.

Quando todos se viraram, deram de cara com Hotch que olhava assustado para os filhos e para toda a equipe.

— O que é tudo isso? – Ele perguntou.

— Hera venenosa! – JJ disse tentando acalmar os dois. – Mas não tem ninguém correndo perigo aqui. – Ela pegou Elena começou a passar o restante da mistura nos braços e rosto.

— E como vocês esbarraram nisso? – Emily parou na frente da filha e começou a passar a inguento nela.

— Bem... – Reid começou.

— É que... vocês sabem... – Penelope deixou no ar.

— Não sabemos de nada, acabamos de chegar! – Hotch falou observando Jack, vendo se estava tudo bem.

— Semana de treinamento. Todo mundo. – Tara cortou o mal pela raiz.

— Vocês mandaram a minha filha para o meio do mato?! – Emily explodiu.  

 - Foi só por uma noite. – Derek disse.

 - UMA NOITE?! – E todo o relaxamento das férias forçadas foi para o espaço. Depois que deu o tempo para que todos tirassem a mistura. Emily mandou um por um para casa, com a promessa de que só falaria algo quando estivesse mais calma.

Acontece que, diferentemente de como funcionou com Derek, Elena não se viu totalmente livre das manchas vermelhas, que agora pareciam mais uma catapora.

— Mamãe... – Ela falou da sala. – Não briga com eles. Foi até legal. Tirando o fato de eu ter caído em cima da hera venenosa, é claro! – Ela completou ao ver o olhar do pai e da mãe.

Hotch deu uma boa conferida na filha, ela estava bem, um tanto inchada e vermelha, parecia um baby da família Dinossauro, mas estava bem e não corria nenhum perigo. Mas lógico ele não diria nada disso a ela.

— Nunca mais você vai entrar nessas roubadas da equipe! – Ele falou por fim, abraçando os filhos que estavam sentados no sofá.

— Pelo menos eu não sai do Estaleiro parecendo a Samara... como será que tiraram toda aquela lama da Elizabeth?

— A turma no NCIS também estava no meio disso? – Emily se virou para a filha.

— Vocês não sabem de nada! – Jack garantiu e os dois pararam para escutar os perrengues que os filhos passaram.

Enquanto eles iam contando, tanto Aaron quanto Emily iam tentando evitar que os dois se coçassem até ferir.

Ao final do relato, ou melhor quando eles contaram como a equipe havia saído do treinamento, o casal só olhou de um para o outro e disse:

— Na próxima viagem, vocês vão conosco. Nada de ficarem à mercê das mentes de Derek e Ziva!!

— Por mim tudo bem, eu queria ter ficado e maratonado série mesmo! – Elena falou.

— A única coisa que você vai maratonar é o caminho para o quarto. E qualquer coisa que você sentir, nos grite. – Emily mandou a filha.

— Pode ter certeza que grita sim. Todo o Estaleiro escutou quando ela gritou que ia morrer, essa dramática! – Jack falou empurrando a irmã escada acima.

É, os Hotchners estavam em casa, com os mesmos problemas de quando saíram... mas pergunta se os dois trocariam isso por mais quinze dias de férias?

— Sentiu falta dessa bagunça? – Emily perguntou para o marido.

Ele só deu um sorriso de lado.

— Não me acostumo mais com a quietude. Não tem mais graça. E sabe de uma coisa? – Ele falou olhando para a esposa.

— O que?

— Eu queria ter visto esses dois se virando no meio do mato e depois penando na mão de Derek e Ziva.

Emily segurou a gargalhada.

— Agora temos uma boa barganha, Aaron. Elena não vai querer fazer nada disso nem tão cedo. – Ela deu um beijo no marido.

— Quem sabe isso não a tenha feito desistir da ideia de ser agente federal?

— Não. Só uma coisa muito pior pode pará-la. E essa não foi a pior das experiências... – Emily falou, parando na porta do quarto da filha para desejar boa noite.

— Na verdade, - Elena interrompeu os pais – Eu tava pensando em seguir outra carreira, outra bem longe de qualquer tipo de planta ou treinamento mortal.

— E qual seria? – Aaron perguntou para ela.

— Vocês acham que eu tenho talento para a atuação?

E por quinze segundos o futuro da filha em uma possível carreira cinematográfica passou diante dos olhos de Aaron. Nem por todo o dinheiro e fama do mundo ela iria fazer isso!

— Não. Definitivamente você não tem talento para a atuar, Elena. Mas você vai achar outra coisa. – Ele falou, dando um beijo na testa da filha e saindo do quarto.

Com a porta devidamente fechada, Emily escorou na parede oposta e olhou para o marido.

— Ciumento!! – Ela riu.

— Eu suporto a Elena como agente. Eu aguento cada perigo que ela possa enfrentar, porque eu sei que se ela for bem treinada nada de ruim vai acontecer, mas vê-la em uma tela... não! – Ele disse.

— Você não tem jeito! – Emily sorriu para o marido. – Acho que eu preciso tirar essas imagens da sua cabeça! – Ela puxou o marido para o quarto e trancou a porta!

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Elizabeth estava, para dizer o mínimo, congelada. A lama tinha secado em suas roupas e ela mal conseguia mexer a boca para reclamar da demora.

Era verão, ela sabia disso. Mas a água fria era realmente necessária?

— Ei!! Alguém?!!! – Ela tentou gritar, porém não foi mais alto do que um sussurro.

— GENTE!!!! – Ela tentou de novo.

Estava sentada no jardim dos fundos da casa dos pais. Pelo menos tinha conseguido evitar que a casa inteira ficasse com um rastro de lama, acontece que nem Tony, nem Ziva, nem ninguém tinha entrado em um acordo em como eles iriam ajudá-la a tirar aquela lama.

 Depois do que pareceram horas, Ziva saiu da casa e parou do lado dela.

— Vai ter que ser na base do jato d’água. Isso aqui já ressecou demais. – Ela apontou para a lama no cabelo dela.

Foi então que Tony apareceu com a máquina de lavar carro.

Além de fria, aquilo iria doer.

Ziva estendeu uma toalha para que Liz pudesse tampar o rosto. Ali a água quente do chuveiro resolveria.

— Pense bem, depois que toda essa lama for embora, a gente prepara um bom banho de banheira para você!! – Abby soou otimista como sempre. – Daqueles cheios de espuma!!

— Eu só quero ficar limpa sem sentir frio!! – Liz disse batendo o queixo.

— Então se prepara, Pestinha. Lá vai! – Tony mirou e começou o banho frio.

— ISSO TÁ GELADO DEMAIS!! – Liz disse tentando pular fora do jato d’água.

— Fica quieta!!

— NÃO DÁ!! – Ela choramingou.

E, no meio do barulho do jato e os gritos de Liz, ninguém ali escutou um carro parar na rua e malas serem arrastadas.

Antes que qualquer um pudesse pensar em reagir, Jenny estava na porta da cozinha e Jethro estava desligando a máquina.

— O que está acontecendo aqui?? – A ruiva mais velha falou.

Lizzy iria tentar responder, mas só conseguiu bater os dentes de frio.

— Vocês têm cinco segundos! – Gibbs intimou a equipe.

— A versão curta: treinamento de sobrevivência, planejado e executado pela Ziva e pelo Morgan. – Tony disse.

Enquanto isso Jenny corria para a filha com uma toalha bem grande nas mãos.

— E precisavam afogar a minha filha? Afogamento simulado não está treinamento de agente federal! – Ela falou brava na direção dos seis.

— Estávamos tirando a lama dela. Ela quase afogou foi naquele lago de lama que tem no Estaleiro. – Abby falou mais o que precisava.

— Aquele em que treinam os Fuzileiros? – Gibbs perguntou encarando o time.

— Sim. – Foi Ziva quem respondeu.

E Jenny dava uma boa conferida na filha. Ela ainda estava com uma boa camada de lama pelo corpo, seu cabelo estava castanho escuro, ao invés de vermelho e ela tinha um pé calçado e outro sem tênis?!

— Cadê o tênis? – Ela perguntou para a filha.

Liz precisou de uns minutos para responder que o lago de lama tinha engolido o calçado.

— Eeeuu... eu popoppossooo ju...ju..jurar que...que...que lá den..dentro ti..ti..tinha um cor..cor...corpo! – Ela tentou brincar.

Jethro não sabia se estapeava a cabeça da equipe inteira ou se afogava os seis dentro do tal lago.

— Você vem comigo. – Jenny pegou a filha e levou para o banheiro. – Eu vou tentar tirar isso de você.

E, do lado de fora ficou o Chefe e sua equipe.

— Na segunda de manhã eu quero cada um de vocês com roupa de treinamento. Vão ficar seis horas de pé dentro daquela lama, e o primeiro que reclamar, vai ficar o dia inteiro. – Ele sibilou na direção dos seis.

— Até eu, Gibbs? – Abby perguntou enquanto rodava sua sombrinha nas mãos.

— Os cinco. E agora, todos, podem ir. Obrigado por não deixarem a minha filha morrer afogada na lama. – Ele falou.

— Mas Gibbs, você nem contou como foram suas férias! – Abby tentou protestar.

— Abbs, vamos embora. Temos a semana inteira para saber! – Ziva puxou a amiga pelo braço. Até Ziva tinha medo daquela encarada.

Levou um pouco de tempo e muita paciência para que Liz se visse sem toda aquela lama.

A lama tinha ido, porém tinha deixado um presente. Depois dos dois banhos frios naquela semana - não que ela tinha contado para os pais – o que ficou foi um resfriado. Dos bravos.

— Sabem de uma coisa? – Ela falou depois de uma crise de espirros. – Isso aqui pode ter acontecido, mas eu não vou desistir de ser agente federal não! – Ela falou convicta.

— Vamos ver se depois de segunda você vai pensar desse jeito! – Jethro desafiou a filha.

— Eu aposto que vou! – A ruiva era teimosa e tentou fazer uma encarada completa para o pai, mas os espirros e o nariz, já vermelho, impediram.

— Vem aqui sua teimosa! – Ele puxou a filha para escorar no ombro dele e quando ia beijar o topo da cabeça dela, desistiu.

— O que foi Jethro? – Jenny tinha chegado com uma caneca de chá para Lizzy e estava olhando curiosa para o marido.

— Lama. Ainda tem lama no cabelo dela!

Lizzy só afundou a cabeça no peito do pai.

— Antes lama do que uma aranha! – Ela disse.

— ARANHA?! – Jenny quase caiu sentada. Pelo jeito a toda poderosa da CIA também tinha medo do bicho.

— Mamãe, se a senhora estivesse lá, iria dar um treco. Foi horrível!! – A ruivinha continuou.

— Você está falando...

— Uma aranha caiu no meu braço, subiu até meu ombro, ficou presa no meu cabelo e tentou entrar na minha blusa. Eu vivi o pesadelo nessa semana!

Gibbs trocou um olhar com a esposa. Ah, a equipe dele iria pagar com juros e correção monetária por isso ter acontecido.

— Mas como foi Paris? Tenho direito a um presente?

— Vamos dizer que você tem direito de ir com a gente na próxima vez! – Jenny falou se sentando do lado da filha.

— Ficou sem graça sem você lá!

— Mas achei que vocês precisavam de férias de TUDO! Pelo menos foi isso que eu entendi que o Ducky disse.

— Não de TUDO. Do trabalho sim. Da família não. Mas o restante da nossa família não precisa saber disso... – Jethro deu um peteleco no nariz da menina.

— Bem, eu não vou contar... Acho que eles podem viver um filminho de terror pelos próximos dias. Eu tô morta de cansada. E resfriada.

— E pode parar com o drama, Elizabeth.

— Tudo bem, mas voltando no assunto, quando vocês vão voltar em Paris mesmo?

Os dois só souberam gargalhar da filha. Aquela ali não sabia ouvir um não de jeito nenhum!!

Quanto à equipe. Bem, eles bolariam um jeito de pagar o que tinha acontecido. Azar o deles que Jenny e Jethro conheciam muita gente. Talvez mandá-los para a verdadeira semana inferno não seria má ideia... 


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Notas finais do capítulo

Bem, eu não vou prometer não trazer essas duas de volta. Mas também não posso dar uma data de retorno. Esse universo entra em hiatus até que eu tenha outra ideia para juntar essas duas equipes!

Muito obrigada a quem leu! Tenham um ótimo 2020!

xoxo



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