Doença do Amor escrita por Hi Aniki


Capítulo 1
O Remédio


Notas iniciais do capítulo

Para alguém que trouxe recentemente uma história de putaria e agora está trazendo uma toda fofinha, eu realmente migro de um tipo pra outro nos gêneros de fic :p
E pra dizer a verdade, essa é a primeira história de Kimetsu no Yaiba que eu comece mas só terminar agora (eu sou uma vergonha).
Mas enfim. Espero que gostem :3
História postada também no Spirit.
Boa leitura.



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Inosuke é um rapaz que foi criado por javalis em uma montanha, e por causa disso, não só seu tato foi apurado em um nível sobre-humano, mas também seu sistema imunológico é o que as pessoas chamariam de “saúde de ferro”. Em todos os seus 15 anos, o rapaz não lembra de ter ficado doente, nem mesmo um resfriado; assim como venenos – e remédios – não funcionam de forma eficiente em seu corpo. Inosuke, ao sair de sua montanha e interagir com outros humanos ao se tornar parte do Esquadrão de Exterminadores, vivia se gabando de sua ótima saúde; tinha um grande orgulho de suas características únicas. Não só com outros caçadores, mas também entre seu grupinho – Tanjirou, Zenitsu e Nezuko; era divertido ver a surpresa e admiração no rosto das pessoas.

Entretanto, ao passar dos dias junto àqueles garotos – e a menina demônio, Inosuke começou a perceber que se sentia estranho perto de Tanjirou. Quando ele era legal consigo, suas bochechas ficavam quentes; quando sorria para si, seu coração disparava; quando aquelas gentis, mas calejadas mãos tocavam sua pele, sentia seus pelos arrepiarem. Ao que Inosuke estava na presença do garoto com cicatriz na testa, ele sentia seu corpo esquentar, suas mãos suarem frio e seu estômago embrulhar. E isso incomodava p garoto com máscara de javali; se ficava todo estranho assim, deveria ter ficado doente, não conseguia pensar em algo diferente.

O quarteto estava em uma das Casas de Glicínias após uma luta contra um demônio; ele não era tão forte quanto os que já haviam derrotado, mas foi uma batalha demorada e exaustiva. Ao chegarem lá, viram que a Hashira do Inseto, Kochou Shinobu, estava no local e que estava ajudando a tratar de alguns caçadores que haviam enfrentado alguns demônios venenosos. Ao ver a mulher, Inosuke teve a ideia de falar com ela sobre sua doença; a mesma mexia com remédios, então saberia lhe ajudar.

De noite, depois de receberem roupas limpas, comida e futons, além de serem examinados por um médico, Inosuke esperou que a baixa mulher estivesse sozinha em um quarto só para si; e quando viu um caçador sair do cômodo, bateu na porta momentos depois. “Pode entrar”, foi o que ele ouviu, e nisso entrou no quarto, sendo recebido com um doce sorriso por parte da Hashira.

— Oh, boa noite Inosuke-kun. Precisa de alguma coisa? – Ela puxou a cadeira a sua frente como se indicasse que era para o garoto se sentar, e rapidamente obedeceu.

— Eu acho que estou doente. Você tem remédios para várias doenças, né Shinobu? – Ele falou sem rodeios e direto ao ponto.

— Bem, eu posso dizer que tenho um amplo conhecimento em farmacologia, então sim. O que você tem exatamente? – Ela ajeitou sua postura na cadeira.

— Eu não sei.

— Mas... – Ela disse após alguns segundos em silêncio.

— Mas eu me sinto estranho perto do Tanjirou, e só perto dele. Eu sinto minhas mãos suarem, meu corpo fica quente, minha cara fica vermelha e meu estômago embrulha. O que eu tenho? – Inosuke ser sincero daquela forma não era comum – assim como falar certo o nome do outro garoto, mas seu rosto ao revelar seus sentimentos a mulher era uma gracinha. Shinobu riu baixinho.

— Eu já sei o que você tem.

— Sério? O que é? – Ele parecia aliviado, animado e ansioso.

— Você tem a “Doença do Amor”.

Inosuke olhou para a Hashira confuso, e seu rosto denunciava isso, tanto que sua cabeça tombou de lado e cruzou ou braços. Ele pareceu pensar e tentar entender o que poderia ser tal doença, mas acabou desistindo momentos depois. Chegou a pensar em Kanroji Mitsuri, a Hashira do Amor, mas imaginou que a mulher não tinha nada a ver com o que ele tinha.

— Tá...mas tem cura? Você tem o remédio? – Ele parecia necessitado de uma solução.

— Existe sim um remédio – Shinobu disse e Inosuke abriu um sorriso – Mas eu não tenho ele. – Seu sorriso murchou.

— E quem tem?

— O Tanjirou-kun. – Inosuke ficou mais confuso ainda.

— Ele? E como é que ele tem o remédio e eu nunca notei? – O rapaz parecia emburrado, e Shinobu só achava graça.

— Esse remédio é diferente dos comuns. Ele não é de beber ou de passar, assim como não é de se injetar com agulha. – Ela explicou de forma simples.

— Então como se usa esse remédio? Como faço pro Monjirou me dar ele? – Inosuke estava começando a ficar irritado com as charadas da mulher.

— Você vai ter de falar com o Tanjirou-kun sobre os seus...sintomas. Tenho certeza que ele vai te dar o remédio. – O sorriso da Hashira era levemente estranho.

Acreditando que não tinha mais nada a tratar com a outra, Inosuke se levantou, agradeceu, se despediu de Shinobu e saiu do quarto, indo para o que estava dividindo com seus amigos. Falar para o Kamado mais velho sobre seus sintomas? De que exatamente isso iria ajuda-lo? Apesar de não ter certeza do motivo de ter que fazer isso, Inosuke acreditava que, como Shinobu havia lhe dito, ela estava certa; a mulher era muito inteligente, sabia o que falava, e confiava nela. Entretanto, agora não era o melhor momento para isso; primeiro por todos estarem cansados depois da última batalha, então seria melhor fazer isso um outro momento; segundo que o loiro estava por perto, e do jeito que ele era escandaloso e tapado com uma audição absurda, poderia ser zoado pelo mesmo caso descobrisse que está doente. “Ora, mas você não é o Chefe Inosuke, o Rei da Montanha, que diz que nunca fica doente?” Zenitsu certamente diria algo assim.

Ao que estava em frente a porta do cômodo, adentrou o mesmo sem rodeios, visto que a luz da vela estava acessa; Zenitsu estava brincando com Nezuko de alguma coisa que Inosuke não conhecia, mas também não estava com vontade de descobrir. Tanjirou estava deitado no futon olhando a irmã e o outro brincando com um leve sorriso quando viu Inosuke passar por ele e colocar a máscara de javali.

— Bem-vindo de volta Inosuke. Onde estava? – Perguntou se virando para si.

— Fui falar com a Shinobu. – Tentou pensar em alguma mentira, mas a frase saiu acidentalmente.

— A Hashira do Inseto? – Zenitsu deixou a brincadeira de lado por um instante, prestando atenção nos outros rapazes. – O que alguém como você poderia ter a tratar com ela? – Perguntou de forma divertida.

— Não é da sua conta ô dente de leão. – Falou ríspido, virando o rosto.

Zenitsu por um instante não entendeu o que o outro quis dizer, mas quando a ficha caiu, ficou irritado com a comparação que Inosuke havia feito entre seu cabelo e a plantinha.

— Ok meninos, sem brigar por favor. – Tanjirou disse calmo para tentar apaziguar o ar de briga entre os amigos. Nezuko murmurou algo e parecia não querer ver uma briga. Zenitsu deixou o Hashibira de lado e voltou a sua brincadeira com a menina oni.

O ruivo tentou falar com o moreno após isso, mas o mesmo apenas se deitou e cobriu o corpo todo com a coberta de forma emburrada e murmurou que iria dormir. Tanjirou suspirou mas respeitou o espaço do amigo, afagou-lhe as costas com gentileza e desejou uma boa noite ao rapaz, que agradecia por estar virado para o lado contrário e com o rosto coberto, pois ficaria com vergonha em revelar suas bochechas coradas. Inosuke ficou acordado por mais algum tempo, prestando atenção no que acontecia no quarto e não muito tempo depois os outros jovens resolveram dormir; os meninos em seus futons e Nezuko em sua caixa. Tirou o rosto de dentro do lençol e observou a face serena de Tanjirou enquanto ele dormia e não pode deixar de pensar que ele era bonito. Bom, seria melhor ele próprio descansar, pois iria pensar em como falar com o outro pela manhã.

 

{...}

 

O sol mal havia começado a raiar no horizonte quando Inosuke despertou com toda a energia recarregada em seu corpo; ele sempre acordou cedo e iniciava suas manhãs junto ao sol. Olhou para os garotos dormindo e decidiu que seria melhor não acordar eles, especialmente Zenitsu, então se levantou e saiu do quarto o mais silencioso possível, tinha de pensar em como iria contar a Tanjirou sobre seus sintomas. Pensou em ir até o quarto de Shinobu e pedir algum conselho, mas imaginou que ela iria ficar brava em ser acordada tão cedo; para dizer a verdade, não havia ninguém de pé fora Hashibira, o que fez o mesmo bufar um segundo, mas depois se recompôs e decidiu que iria treinar, usar a cabeça demais nunca foi coisa sua.

Algum tempo depois os anfitriões da casa despertaram e a propriedade começou a se mexer; a comida começou a ser feita, as roupas lavadas ou recolhidas e seus hóspedes despertados, incluindo Tanjirou e Zenitsu, que estranharam a falta de Inosuke no quarto. “Espero que o maldito porco não coma toda a comida.”— Zenitsu esbravejou ainda sonolento e se levantou, o Kamado mais velho o acompanhou, curioso em onde seu amigo poderia estar, mas sabia que ele estava pela propriedade pois seu cheiro estava próximo, então não era um problema.

Não seria de fato um problema se Inosuke desse as caras durante o café da manhã, coisa que ele não fez, o que preocupou Tanjirou por um instante. Enquanto procurava o garoto javali pela casa, perguntou á uma das meninas que trabalhava na casa e a mesma informou que o rapaz estava treinando e que não queria ser incomodado, mas que já havia comido. Essa atitude do ouro era no mínimo estranha e suspeita; pelo o quanto se conheciam, Inosuke nunca deixaria a chance de tentar roubar comida sua ou de Zenitsu durante as refeições, e se fosse treinar, seria em algum lugar onde todos pudessem vê-lo para que ele se gabasse depois. Então sim, Tanjirou estava preocupado se Inosuke estava bem e quis ir à sua procura, mas se a menina disse que ele não queria ser incomodado, iria respeitar a decisão do garoto; cedo ou tarde – esperava que fosse o quanto antes – Inosuke voltaria. Tanto Tanjirou quanto Zenitsu já estavam recuperados, mas Inosuke não havia dado as caras para irem embora juntos. Ele ainda estava na propriedade, mas não havia aparecido ainda.

— Melhor você ir atrás dele Tanjirou. Se eu for o porco vai ficar irritado comigo e não quero ele gritando na minha orelha, agradeço esses momentos de paz nessa manhã. – Zenitsu disse com as mãos cobrindo as orelhas, com uma face misturada entre alívio e desgosto.

— Hm, realmente, acho que vou fazer isso. Inosuke está agindo estranho desde ontem a noite. Eu já volto, tome conta da Nezuko por mim. – O ruivo disse tirando a caixa das costas e a colocando com cuidado no chão.

— É claro Tanjirou. – O sorriso do Agatsuma não o convencia muito das intenções do rapaz, mas sabia que ele não faria nada.

Seguindo o cheiro do amigo por dentre as árvores da propriedade, Tanjirou chegou até um pequeno jardim ornamentado de forma delicada e bela com os mais tipos variados de flores, e sentado no meio delas estava Inosuke, com um semblante pensativo, quieto e sem a cabeça de javali. Ele sabia que o outro tinha noção de sua presença, mas não disse ou fez nada ao primeiro momento, nem quando se aproximou e se sentou ao seu lado. Queria perguntar ao garoto se ele estava bem, mas quando virou o rosto para encará-lo, as grande íris esverdeadas de Inosuke o fitavam com uma firmeza estranha, mas também havia uma pitada de um sentimento confuso.

— Tantarou, eu quro falar uma coisa pra você. – Inosuke começou, se virando para ficar de frente para Tanjirou, que fez o mesmo.

— Claro Inosuke, o que é? Você está bem? – Mesmo que sua voz soasse preocupada, estava feliz em ver que seu amigo estava bem – aparentemente.

— Acho que estou doente. – A frase de inosuke pegou o ruivo de surpresa.

— Como? Eu achei que você nunca ficava doente. Está tudo bem?

— Eu não sei, só sei que me sinto estranho perto de você Gonpachirou. – As bochechas do mais baixo assumiu um leve tom de rosa, mas antes que o outro a sua frente dissesse algo, voltou a falar. – Quando estou perto de você, eu me sinto quente, minhas mãos suam frio, meu coração bate mais rápido e minha cara fica vermelha. Shinobu me disse que eu tenho uma tal de “Doença do Amor” mas eu não sei o que é isso, mas ela disse que você tem a cura pra essa minha doença. Então é melhor você me dar esse remédio ou vou te bater. – Ele estava meio irritado e meio constrangido em se abrir assim para o outro, suas sobrancelhas estavam franzidas e suas bochechas vermelhas, Inosuke era realmente bonito.

Por alguns longos segundos, Tanjirou ficou estático, de olhos arregalados e sem palavras, o que irritou Inosuke pelo silêncio do garoto. Apesar disso, ele se sentia mais leve depois de contar o que sentia ao outro, e antes que tentasse bater nele ou algo assim, Tanjirou sorriu meigo, o que fez Inosuke ficar mais vermelho.

— Entendo Inosuke...isso quer dizer que você gosta de mim. – O ruivo estava tímido em falar aquilo alto.

Por um momento, Inosuke arqueou uma sobrancelha, mas em seguida a ficha caiu e ele entendeu tudo. Maldita Shinobu, porque ela não disse isso desde o começo?

— M-mas então, você tem o remédio pra isso ou não porra? – Inosuke quase gritou, mas estava envergonhado demais para falar alto demais.

— Haha, claro. Feche os olhos. – Tanjirou pediu com gentileza, se aproximando do outro que fez o pedido, mesmo querendo perguntar a razão para tal.

Alguns segundos se passaram sem nada acontecer, até que Inosuke sentiu algo tocar seus lábios e uma sensação muito agradável passar por seu corpo. Ao abrir os olhos, viu que Tanjirou estava com os lábios colados aos seus; não sabia porque ele fez isso – nem o que aquilo significava, mas gostou da sensação. Os olhos avermelhados do outro se abriram e os dois se encararam rapidamente até que os lábios se separaram e um sorriso radiante se abrir nos de Tanjirou. Inosuke estava curado? Sentia que sim, ao mesmo tempo que ele ainda estava se sentindo engraçado, mas de uma forma boa.

— Estou curado? – O mais baixo perguntou depois de mais um momento em silêncio.

— Bem, acredito que sim. – Tanjirou se levantou e foi andando para onde Zenitsu e Nezuko estavam, sendo acompanhado por Inosuke. – Mas os sintomas podem...continuar. Caso esteja se sentindo estranho, pode falar comigo que eu te dou o remédio de novo. – Tanjirou segurou brevemente sua mão, o que causou uma leve descarga elétrica pelo corpo de Inosuke.

Bem, ele poderia estar ou não curado daquela doença, mas sabia agora que poderia usar de seu remédio sempre que quisesse, Tanjirou iria fazer isso por ele. Ainda bem que ele foi falar com Shinobu, do contrário nada daquilo teria acontecido, só precisaria perguntar a ela depois o que era aquela coisa de juntar os lábios que causava uma sensação boa.

 


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Notas finais do capítulo

E foi isso. Espero que tenham gostado e desculpa qualquer erro ^-^
Já desejo a você um Feliz Natal e Ano Novo ♥



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