Natal Desfeito escrita por Beykatze


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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CONTINENTE AMERICANO

19h 58m 43s 07mm

23/dezembro/2235

Sobre as nuvens

Papai Noel varria os céus com seu trenó puxado pelas renas mais devagar do que gostaria, pois uma de suas companheiras havia sumido. Os elfos não sabiam dizer se tinha fugido ou sido roubada e já era impossível constatar aquilo porque muita neve havia caído, cobrindo o chão com uma grossa camada de, pelo menos, sete centímetros de gelo.

Assim, embarcou em seu transporte com uma rena faltante na esperança de aquele animal não fazer uma falta muito significativa, afinal, nunca tiveram tanto peso para carregar. Sobrevoando o continente Americano, sem nenhuma baixa, viu que as renas davam conta do serviço.

Lá de cima, pode ver alguns borrões no chão, que se pareciam com crianças, e começou a descer o trenó, na direção de onde, décadas antes, tinha sido uma bela praça, com brinquedos coloridos, flores e pequenas árvores.

Chegando mais perto, Noel percebeu que algo estava errado com aquelas crianças, pois não pareciam se mover e nem acenar para ele, como era de costume. Já imaginava o que tinha acontecido: mais um ataque entre facções que deixara inocentes feridos. Tinha ouvido falar de muitos destes durante seu sono, pois Lifhe sempre ia até ele lhe atualizar dos acontecimentos no continente.

Com o mundo um caos, todas as regiões se dividiam em facções que prometiam cuidar de sua população, mas volta e meia entravam em guerra umas com as outras e as pessoas inocentes que saiam perdendo.

O trenó de madeira tocou o chão cheio de entulhos com um tranco e Papai Noel saiu dele, caminhando lentamente até as crianças, constatando que estavam todas mortas. Seis pequenos jovens, todos com marcas de estrangulamento. Noel não conseguiu olhar aquilo muito tempo e voltou para as renas limpando lágrimas nos olhos.

***

CONTINENTE AMERICANO

20h 03m 21s 47mm

23/dezembro/2235

Residência em ruínas

Sonia preparava a janta: pepino em conserva e cenouras cozidas. O pepino tinha em estoque, pois começara a fazer quando a situação ficara ruim; e as cenouras tinha roubado de um vizinho que as cultivava.

Arrumando os alimentos na mesa com pratos e talheres meio sujos, chamou o filho e o marido para comer. Os três, acomodados, começaram a comer quando uma batida à porta fez Sonia se levantar.

A mulher estremeceu ao imaginar que seria o vizinho, do qual furtara as cenouras, a aguardando com uma arma, pronto para acabar com sua vida desesperada. Engoliu em seco e perguntou:

—Quem é?

Não que a porta fechada da casa caindo aos pedaços a protegeria de qualquer coisa, mas ainda assim passava uma falsa sensação de proteção.

—Hohoho, feliz natal!

Sonia, com a testa franzida, abriu a porta. Seria o Papai Noel? Assim que encarou o visitante, soube que não era.

Vestia-se com as mesmas cores e peças, mas em nada se assemelhava ao bom velhinho. Aquele homem tinha olhos sombrios, e, para quem vive em guerra há muito tempo, sua maldade era de fácil reconhecimento.

Fechou a porta com um estrondo na cara do homem e gritou.

***

CONTINENTE AMERICANO

20h 04m 03s 24mm

23/dezembro/2235

Ruas imundas

Papai Noel dirigia seu trenó pelas ruas, desolado com sua recepção feita por crianças assassinadas quando ouviu um grito desesperador vindo de uma casa. Deixou o transporte ali mesmo e correu para a direção do som estridente.

Chegou em uma casa em ruinas, as paredes caindo e com buracos, a porta de madeira que nem mesmo encaixava na parede suja. Entrou sem pedir permissão e encarou a cena mais estranha de toda sua vida:

Dentro da casa, um Papai Noel estava de pé e uma mulher gritava com as mãos dele em seu cabelo, como se tivesse a arrastado para dentro. Assim que Noel verdadeiro chegou, o outro largou os cabelos, deixando a mulher cair no chão e rastejar para longe.

O monstro vestido de bom velhinho tinha olhos sombrios e profundos, suas mãos eram deformadas, com dedos tortos e inchados e seu rosto expressava ódio. Apenas isso e mais nada.

—O que é você? –Papai Noel indagou surpreso.

—Papai Noel- Respondeu o falso se aproximando do outro.

—Não. Eu sou- Riu. Talvez aquilo fosse apenas um mal entendido, talvez fosse um homem fantasiado e querendo assustar as pessoas.

—Só pode existir um- Rosnou se lançando sobre o outro com o punho em riste. O verdadeiro, surpreso, desviou por reflexo e chutou as costas do outro, lançando-o de cara no chão sujo.

A mulher corria porta afora com um homem e uma criança quando os punhos dos dois voltaram a se encontrar, agredindo os pedaços de pele que encontravam em seus caminhos. Com um golpe no nariz do falso, Papai Noel, ao invés de tirar sangue, arrancou um naco de neve.

Surpreso, acabou recebendo um golpe no estômago, se recuperando rapidamente.

Aquele ser era feito de neve, como suas renas. Só conseguia pensar em qual elfo poderia ter feito tal atrocidade impensada e criara aquela monstruosidade.

Deixou o outro na sala e correu pela pequena residência buscando uma arma, finalmente encontrando um pedaço forte de madeira, que serviria como bastão improvisado. Aguardou a chegada do companheiro e acertou-o em cheio na cabeça com sua nova arma.

Na parede, explodiu neve branca, espalhando-se por todo o chão, e o Papai Noel falso desabou sem vida, derretendo no chão da casa.

***

CONTINENTE AMERICANO

20h 25m 21s 15mm

23/dezembro/2235

Praça

Com toda a população próxima reunida, Papai Noel explicava o acontecido e algumas pessoas velavam as crianças mortas com flores coloridas e cheiros fortes.

Contou que estava condoído com a miséria em que eles viviam e que faria o possível para ajudá-los para que saíssem daquelas circunstancias. Talvez demorassem meses, talvez anos ou até mesmo décadas, mas Noel continuaria a ajudar as pessoas dos continentes da melhor forma que conseguisse.

Enquanto discursava, entregava os presentes para seus respectivos donos e distribuía os produtos de higiene, remédios, alimentos e etc.

Queria ver os humanos felizes, sabia que o que fazia era pouco, a verdadeira mudança tinha que vir dos governantes e daqueles que oprimiam os outros, mas mesmo assim tentava dar uma chance a eles como podia.

Papai Noel viu, nos rostos de todos, alegria e esperança quando recebiam os presentes. Sentiam que tinham uma chance nova de lutar por suas vidas.

Uma criança foi até ele e o agradeceu por dar o remédio “do coração” que seu pai tinha que tomar, mas que já tinha acabado fazia alguns meses. Para Sonia Papai Noel dera a melhor coisa que ela poderia querer sem nem mesmo saber disso, a mulher ganhara sementes e terra boa para plantar, chorando sobre os presentes assim que os viu.

Noel terminou sua tarefa e voou pelo mundo inteiro, distribuindo os donativos para todas as pessoas necessitadas e, assim que chegou em sua casa, combinou com Lifhe e os outros que faria aquela ação uma vez ao mês até que todos tivessem condições de lutar por si sós.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da história :D
Até uma próxima
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