Lições de Amor escrita por kicaBh


Capítulo 1
Lições de Amor


Notas iniciais do capítulo





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LIÇÕES DE AMOR

E o meu primeiro beijo? Quando meu marido me beijou a primeira vez achei que fosse desmaiar, eu estava gostando mas achava que ficaria grávida ali mesmo. Um riso geral foi ouvido.

Já eu fui surpreendida. Quando aquele italiano invadiu meu quarto e meus braços eu já sabia que não ficaria grávida com um beijo, mas fiquei com medo de ter que me casar com ele mesmo assim. Outros risos foram ouvidos.

E eu que vivia brigando por qualquer coisa? Quando nos encontramos no corredor da casa de Julieta e eu acho que eu, ou ele, foi se aproximando e pá, estávamos nos beijando. Eu não pensei em casamento, gravidez, nada, pensei somente em beijá-lo novamente. E quando ele sugeriu que se a gente não falasse não brigaria eu me lancei sobre ele. Elisabeta caiu na gargalhada ao relembrar seu encontro com Darcy.

Era por momentos assim que aqueles encontros valiam a pena. 

Hoje era dia de chá na casa de Ema.

A amiga não abria mão desta tradição inglesa, embora Elisabeta não fizesse ideia de onde este costume surgira. Nem ela, que morara quase 5 anos na Europa se preocupava com isso.

No entanto, Ema simplesmente criou o costume e agora algumas terças feiras, as 17h00 algumas mulheres se encontravam na casa da ex baronesinha, atual mulher do prefeito, estilista, para uma conversa feminina.

A princípio Elisabeta pensou que isso serviria para Ema vender seus vestidos, mas não foi só isso que aconteceu. Na verdade, Ema nunca abandonava a verve casamenteira e usava estas reuniões para saber sobre pretendentes e moçoilas elegíveis ao matrimonio do Vale do Café. Irmã de uma, filho de outra, assim ela formava os prováveis casais em seu mapa dos afetos. E claro, colhia informações para suas coleções de roupas, além de vender alguns vestidos.

Ema intimava a presença de Elisabeta nessas conversas dizendo que dali Elisa extrairia material para seus livros. Entretanto, Elisa achava que aquelas conversas eram maçantes na maioria das vezes. Eram infinitas reclamações sobre filhos, choros, fraldas e esgotamento. Causava mais enfado do que curiosidade em Elisabeta. Mas também surgiam conversas divertidas sobre intimidades de casal e dificuldades femininas.

Na parte da intimidade Elisabeta se divertia, mas nas conversas sobre esgotamento ela somente ouvia. Nada daquilo fazia sentido. Ela e Darcy se davam bem também neste aspecto da vida conjugal. Ele era um pai presente e a ajudava bastante nos cuidados com Thomas. Darcy gostava de dar banho e vestir Thomas, ensiná-lo a ver o mundo, o levava para a ferrovia e até se permitia algumas aventuras com o filho. Tudo isso ajudava Elisabeta a escrever e manter a vida organizada. Ela era a responsável por ensinar algumas lições, dar remédios e permitir as brincadeiras com os primos.

No início, Elisabeta achou que as mulheres reclamavam sem muita justificativa, mas depois começou a reparar nos maridos delas em reuniões onde eles iam e percebeu que boa parte dos homens não ajudavam em nada, mesmo que não possuíssem a fortuna e os muitos empregados que Darcy proporciona a ela.

Elisa se sentia uma privilegiada por não ter que passar, cozinhar, limpar, além de ter uma profissão e ainda ter um marido que cuidava do filho deles. Darcy não achava que era algo menor estar com Thomas, como parecia comum aos maridos das outras mulheres. Ele gostava de criar um laço de afeto entre pai e filho.

Ema também não podia reclamar, Ernesto ficou com os gêmeos durante o tempo que ela ficou na Europa vendendo sua coleção de roupas. Romulo também não ficava a desejar nesse quesito e cuidava de Mário sempre que Cecília precisava. Já Brandão claramente invertia com Mariana a função de protetor dos filhos, era ele, e não ela, quem colocava freio nas aventuras das crianças.

De todos, Camilo era o mais atarefado e por isso Jane ficava com a maior parte da educação do filho que eles tiveram. Jane não reclamava, mas via sua doce irmã intimar o marido a comparecer com o filho em todos os piqueniques dos rapazes. E ele nunca reclamava, ao contrário, olhava o filho com boa vontade e disposição.

Por mistérios da vida, dona Ofélia teve 5 filhas e tinha 6 netos. Ah, sim, Randolfo também era um pai presente com o filho do Uirapuru e com o seu próprio. Mas Lídia, contra todas as expectativas, era uma mãe espetacular, uma mulher que dava conta da casa e da família sem ninguém encontrar defeitos. Ainda arranjava tempo para pressionar Randolfo a seguir adiante no exército em busca de promoções.

Suas irmãs as vezes iam ao chá de Ema, mas em geral o encontro das Benedito e Ema aconteciam em outras ocasiões, mais privadas, mais festivas. Mariana era quem adorava organizar estes eventos.

E como o Natal estava próximo, suas irmãs estavam cuidando dos enfeites e das festividades natalinas e Elisabeta estava no chá de Ema. Era o ultimo do ano e ela disse que Elisabeta não poderia faltar. Em janeiro Ema abdicava destes encontros para curtir com Ernesto e as crianças uns dias na praia.

No entanto, nesse grupo diverso que Ema reunia em casa, havia uma mulher que intrigava Elisabeta. Anna era esposa do vice-prefeito de Ernesto, Gonçalo, que era um homem bom, foi empregado de Xavier durante anos e não titubeou para contar as atrocidades que o fazendeiro cometia. Anna também era uma boa moça, mais ou menos da idade de Elisabeta e Ema, mas nunca foram amigas. A garota morava longe delas e sempre foi muito reservada. Ela havia se casado com Gonçalo a quase um ano e ainda não possuíam filhos.

Anna era calada e quando o assunto tendia para algumas pequenas confissões íntimas ela ficava vermelha e baixava os olhos. Não soltava uma palavra sobre seu casamento, de mal ou bem, mesmo diante de algumas mulheres bastante curiosas. Nestas horas Elisabeta se intrometia, vendo o embaraço da outra e contava alguma história divertida.

Mas esse comportamento chamou a atenção de Elisa e ela sentiu que Anna desenvolveu um certo afeto por ela, esperando proteção. Elas começaram a voltar para casa juntas e Elisa sentia que Anna ficava querendo confessar, talvez perguntar, alguma coisa a Elisa. A moça geralmente se sentava próxima a Benedito, ouvia suas considerações, ficava vermelha com as confissões femininas que Elisabeta fazia, mas quando outra mulher ia perguntar a ela alguma coisa, se agarrava a Elisabeta e sorria, ficando muda.

Ainda assim, quando se viam a sós, Elisa puxava assunto, Anna se esquivava. Mas hoje seria diferente. Hoje, Darcy estava com Thomas em São Paulo e não encontraria com Elisabeta no caminho e por isso Elisa resolveu acompanhar Anna até sua casa quando a reunião acabou.

—  

Foi um ano e tanto este que eu voltei ao Vale. O natal está chegando e apesar da neve ser maravilhosa, estar no Brasil com minha família é muito melhor. Hoje aprendi algumas receitas natalinas bem brasileiras que acho que Darcy e Thomas vão gostar. Estas reuniões de Ema são sempre surpreendentes, não acha? Elisabeta começou a conversa enquanto as duas jovens andavam em direção as suas casas.

Sim, muito estimulantes. Anna respondeu e olhou para baixo.

Elas caminharam pela estradinha com muitas árvores, Anna morava próxima a fazenda que era o lar dos Williamsons no Vale do Café, já que Darcy revendera a Ema a Ouro Verde. Tinha valor sentimental para ela.

Elisa tentou puxar assunto de várias formas, mas a cada resposta monossilábica que recebia pensava no que fazer. E percebeu que precisaria tentar outra tática.

Darcy e Thomas estão em São Paulo, voltam para o Natal. Não gosto de ficar tanto tempo sozinha. Era em parte verdade, estar longe dos homens de sua vida era custoso para Elisa. Toma um café comigo?

Eu não sei, bem.... É que Gonçalo gosta de encontrar o jantar pronto.

Hoje não é dia que ele e o prefeito jogam bocha com os funcionários da ferrovia? Era por isso que Ema marcava o chá, Elisabeta sabia. Eu posso ir a sua casa, se não for problema. Você prepara o jantar e eu te faço companhia, que tal?

O lorde Williamson não se incomoda? Diante da cara de espanto de Elisabeta, ela continuou. Ir a casa de um casal que seu marido não tem intimidade. Anna perguntou e Elisabeta teria rido com gosto ao pensar se Darcy brigaria com ela pelo jantar não estar pronto ou que ela fosse a casa de uma amiga. Mercedes era uma governanta maravilhosa e Elisa era dona da própria vida e das próprias escolhas.

Não. Darcy e eu não temos este tipo de problema. Na verdade, eles tinham poucos problemas. As vezes alguma empolgação excessiva de Elisabeta sobre algum assunto, o que demandava que ele a fizesse botar os pés no chão. Um excesso de trabalho dele em São Paulo, ficando longe deles. E alguns pontos específicos da criação de Thomas. Darcy era inglês, formalidade era tudo, mas Elisabeta gostava que Thomas fosse uma criança normal, sem tantas regras. Eles tentavam compreender o ponto de vista do outro, mas as vezes uma discussão acontecia. Nada que qualquer outro casal também não passasse. Somos livres para frequentar as casas dos amigos, sem precisarmos dar satisfações. Talvez seja esse o ponto, Elisabeta pensou. Talvez ele a prenda em casa. Mas se isso for um problema para você, marcamos outro dia.

Não, de forma alguma. Na verdade, meu marido quer mesmo que eu converse com você.

Oh ! Elisabeta exclamou.

Sim, eu gostaria de uma ajuda sua para um assunto privado. Venha, eu não quero falar aqui na estrada. A garota puxou Elisabeta com medo que alguém as ouvisse.

A casa de Anna era um brinco, pequena, em um dos lotes da fazenda de que foi de Xavier. Ele plantava café nas horas vagas da prefeitura e era um homem por quem Ernesto tinha imensa consideração.

Elisabeta percebeu que não havia nada fora do lugar, uma casa de quem não tem filhos, ela pensou. Mesmo com toda a educação que eles davam a Thomas havia sempre uma marca de pé sujo, um pano fora do lugar, indicando que ele era criança e aprontava das suas.

Elisa também não era dessas mulheres obcecadas com casa organizada. Essa era função de Ema, que cuidara da decoração da casa de Elisabeta e Darcy no Vale. A primeira dama havia feito um trabalho e tanto, de acordo com os pedidos de Elisabeta, tudo simples e objetivo. E um pedido especial de Darcy, uma cama de casal grande o bastante para ele e para os filhos.

Ela quase ficou em dúvida se havia algo dela em sua casa mas se lembrou que a casa dela e de Darcy era livre. As pessoas podiam chegar, ficar, sentar em qualquer lugar, dividir as refeições. E não raras vezes ela promovia uma roda de poesias ou de contos. Darcy também, para priorizar Thomas, fazia algumas reuniões em casa e ela havia providenciado para ele um escritório aconchegante e discreto, como era da personalidade do marido. Apenas uma almofada vermelha viva destoava do lugar, para lembra-lo da esposa.

Voltando a realidade, Elisabeta e Anna foram para a cozinha onde a anfitriã já havia deixado a lenha queimando e legumes picados para uma sopa. Elisabeta viu a nova amiga colocar a panela com água e tempero no fogo, pegar os legumes e tampar.

Então colocou água e açúcar num bule, o que Elisabeta concluiu que ela faria um café.

Anna, não é necessário. Eu falei do café para puxar assunto, não é preciso.

Eu gosto muito mais de café, Elisabeta.

—  Que Ema não nos ouça então. Mas eu também. E as duas riram do segredo compartilhado.

Anna fez o café, serviu Elisabeta e a sopa já estava adiantada quando ela resolveu encarar Elisabeta de frente.

Eu não sei por onde começar, Elisabeta. Ela falou timidamente, dando para perceber o coração acelerado. Sem saber se pegava nas mãos da amiga para acalmá-la, se abraçava, Elisabeta se manteve distante e disse apenas :

Respire fundo, Anna. Estou aqui para ouví-la. Elisabeta olhou a moça diretamente nos olhos. Ela via os olhos castanhos de Anna ficarem úmidos, mas ela não baixou o olhar. Viu a amiga respirando fundo, tomando coragem. O que quer que a incomodasse, ela estava querendo resolver.

Como funciona a intimidade de vocês?  Ela baixou os olhos antes de continuar. Eu percebo como você fala sobre isso nas reuniões de Ema, sempre com bom humor. E me perdoe, não foi por querer, mas na última festa na casa do prefeito Ernesto eu estava no quarto e vi você e seu marido se agarrando.

Que quarto ? . Elisabeta pensou, verdadeiramente envergonhada. Ela precisava falar com Darcy sobre isso. Eles ainda gostavam de fugir das festas para se agarrarem um pouco, era divertido e muito excitante. Mas era necessário tomar mais cuidado, ela não gostaria que isso fosse de conhecimento público. Percebendo o embaraço, Anna continuou.

Me perdoe verdadeiramente, foi sem querer. Eu estava me sentindo mal e procurei um quarto para descansar, no entanto, ao entrar eu fiquei encantada pelos vestidos das crianças da primeira dama, então fiquei no toucador admirando-os, quando vocês entraram. A face de Anna ficou corada e Elisabeta de repente agradeceu aos céus.

Ela se lembrou da situação. Darcy estava fora havia muitos dias e ela estava com muita saudade dele, muita mesmo. Como agora, ela pensava. E agora ainda havia Thomas. Ela também estava com muitas saudades do filho. Mas naquela noite Darcy a provocara e ela o convenceu a se encontrarem num quarto da casa de Ema, não era nada demais, apenas uns beijos mais molhados, já que ele havia chegado de São Paulo direto para a confraternização na casa do prefeito. Entretanto, eles não assimilaram bem as mudanças da casa, motivo da festa, e entraram no quarto da filha de Ema. Por isso, quando eles perceberam o equívoco, Darcy apenas a pressionou contra a porta, beijando-a devidamente, e saíram. Graças aos céus, imagina ter que explicar para Anna algo mais comprometedor.

Olha, Anna, eu entendo que você não deveria ter visto isso e .. E Elisabeta não aceitaria um puxão de orelhas sobre isso. Darcy era seu marido e eles estavam num local privado, mas Anna falou antes dela terminar a frase.

Oh não, eu não vou fazer uma reprimenda. Na verdade... ela parou a frase e se levantou, virando de costas para Elisabeta, para continuar sem olhar para ela, sem conseguir continuar. Eu quero ... eu quero... eu quero......

Bom, você já viu mais ou menos como funciona para nós. Eu e Darcy sentimos saudades um do outro, de estarmos juntos, e as vezes não conseguimos controlar. Não é assim com você e seu marido?

Anna não respondeu, nem foi preciso. E por isso Elisabeta continuou com medo de estar diante de uma mulher que passava pelo mesmo que Julieta Bittencourt havia passado, um homem abusador e violento, que nunca respeitou os desejos dela.

Anna, seu marido te machuca? Elisabeta já ia se inflamando. Não deixaria impune, falaria com Darcy, com Ernesto, com quem fosse, mas não deixaria uma mulher sofrer assim como Julieta.

Deus me livre, Elisabeta, não. Gonçalo é um homem respeitador. É por isso....isso... isso que eu queria dizer, ele tem medo de me machucar. Anna respirava fundo enquanto abaixava a voz para continuar. E quando eu vi Darcy te prendendo na porta aquele dia, eu .... você sabe, o seu marido é um homem muito alto, intimidador.

Você achou que Darcy me machucaria?

Não exatamente, você não pareceu com medo, Elisabeta. Mas eu percebi que eu e meu marido... nós ... nós somos diferentes dos outros casais, especialmente de casais como você e o lorde Williamson..

Elisabeta ficou pensando no que Anna querida dizer. Como ela e Darcy eram? Ema gostava de ralhar com ela dizendo que eles eram insaciáveis, mas a própria Ema e Ernesto também se divertiam bastante. O mesmo com Mariana e Brandão, Cecília e Romulo, até a doce Jane e Camilo tinham suas aventuras. Ela e Darcy não eram diferentes, os anos de relacionamento só faziam a intimidade ficar melhor. E sempre havia muita disposição para aprender coisas novas sobre o outro. Recentemente ela descobrira que Darcy desenvolvera um gosto por paredes e ela andava se divertindo em passar as pernas ao redor dos quadris dele enquanto o sentia dentro dela. Outra situação para agradecer que naquele dia que Anna os viu eles não chegaram a este ponto. Elisa devia estar olhando Anna de forma estranha, porque a garota estava nervosa.

Anna, cada casal constrói sua intimidade. Eu e Darcy estamos juntos a mais de 6 anos e nesse tempo nós fomos nos conhecendo, nos descobrindo. Você me disse que tem quase um ano de casada. Você e seu marido também já se conhecem melhor do que quando namoravam, não?

Sim, um pouco sim. Mas você não teve medo quando se casou?

Medo? De que exatamente?

Dos avanços do seu marido sobre você. Elisabeta gostaria de ter soltado uma sonora gargalhada, mas diante do constrangimento da amiga não teve coragem. Os avanços de Darcy sobre ela vieram bem antes do casamento, num arranjo tão pouco convencional que ela duvidaria que Anna compreendesse. E ela nunca achou que esses “avanços” causassem medo, ao contrário, cada vez que ela e Darcy quase sucumbiam ao desejo era como se algo dentro dela ficasse mais vivo. Medo jamais.

Então Elisabeta compreendeu.

Anna sempre tímida sem falar de assuntos femininos nas reuniões de Ema. Anna que era casada a mais de um ano e quando as mulheres falavam sobre filhos seus olhos se enchiam de pânico e ela perguntava para Elisabeta como Cecília havia agido com a adoção. Anna que viu ela e Darcy num momento de namoro e ao invés de não comentar nada, ou fazer uma piada, fez uma pergunta de quem achou que não era possível uma vida assim.

Seu marido não toca em você?  Elisabeta falou e Anna abaixou a cabeça em concordância. Como assim? Elisabeta pensava. Eles eram casados, ou seja, o ultimo motivo de resistência feminina já estava baixado. Anna, você toca nele?

Não. Por Deus, não. Eu não tenho coragem. E então Anna falou, como uma enxurrada de palavras firmes e confusas. Contou que desde o namoro o máximo que permitia era que seu marido pegasse em sua mão. Sua mãe também falou que homens poderiam querer se aproveitar e então a convenceu de se casar logo após 2 meses de namoro. Diante do casamento ela se viu pensando em ser mãe, gostaria de ter filhos, mas toda vez que Gonçalo chegava perto dela ele parecia pronto a perder o controle e ela se sentia com medo. Então o afastava. Ele compreendia e se sentia um pouco rejeitado, então quando ela voltou com as faces coradas após ver Darcy e Elisa num claro momento intimo ele perguntou se ela gostaria de viver momentos assim com ele. Ela disse que sim, mas não sabia como. O marido então sugeriu que ela conversasse com Elisabeta e perguntasse como ela e Darcy resolveram esse assunto. Que ele não sabia como se comportar, ele era apenas homem.

Elisabeta olhou para Anna sem saber bem como agir. Ela e suas irmãs não foram criadas para terem medo dos maridos, mas para se divertir com eles, como sua mãe se divertia com Seu Felisberto. Mesmo Ema, depois das regras impostas, só depois do casamento, coisa e tal, se divertia muitíssimo com Ernesto.

Então a Benedito pensou no que responder, mas antes que ela começasse, Anna a Interrompeu.

Minha mãe nunca falou comigo sobre um homem e uma mulher e meu marido tampouco sabe o que fazer. Como um marido passa a desejar a mulher?

Como um marido passa a desejar uma mulher? Elisabeta estava parada pensando. Na verdade, o marido já deseja a mulher antes de se casarem. Aliás, por isso a maioria dos casais se casam, para poderem dar vazão aos desejos.

Bem, eu acho que esse desejo existe quando um homem resolve cortejar uma mulher. Você deseja ao seu marido, Anna?  

Anna ficou pensando na resposta. Ela e Gonçalo conversaram poucas vezes antes do casamento, sozinhos, acho que nenhuma. Sempre sua mãe estava junto e no dia da cerimônia sua mãe apenas mandou que ela tivesse cuidado e não gritasse. Foi uma noite confusa, a noite de núpcias. Quando Gonçalo entrou no quarto com ela e começou a tirar a própria roupa ela teve uma crise de pânico e saiu correndo para o outro quarto da casa, trancando a porta. Gonçalo sequer perguntou para ela o que havia de errado, ela contou a Elisabeta. E se lembrou que durante estes meses, apenas uma vez, um dia, Gonçalo havia esquecido a toalha de banho e ela foi entregar a ele. Quando entrou no cômodo do banheiro ele estava em pé, nu, mexendo em seu membro antes de entrar na banheira. Foi a primeira vez que ela o viu inteiramente e admitiu que sentiu um rubor subir-lhe pelo rosto. Mas então saiu correndo e nunca tocou no assunto com ele.

Gonçalo não pareceu envergonhado. E eu confesso que eu gostei de vê-lo daquele jeito, confiante. Mas somente quando vi você e seu marido eu entendi que é possível se divertir com estas liberdades. Anna concluiu e Elisabeta sorriu. Era possível se divertir muito, ela bem sabia. Ela, por ex, adorava admirar Darcy se tocando. Ainda mais quando ele o fazia dizendo que pensava nela e no que gostaria que ela fizesse com ele. Anna ficou um pouco escandalizada quando Elisabeta contou que ela adorava admirar o corpo de Darcy, inclusive que uma das coisas que ela mais gostava era tomar banho com ele.

Eu tenho medo de não saber o que fazer. Anna respondeu tímida.

Anna, me escute. Seu corpo tem todas as respostas, mas eu posso te indicar alguns caminhos. E então Elisabeta lembrou de si mesma, do quanto ela e Darcy sabiam os caminhos que agradavam um ao outro. Ela não havia ficado com vergonha quando pediu a ele que a beijasse entre as pernas e ele disse que nada o faria mais feliz. Mesmo com as faces coradas de Anna, ela continuou dizendo que Darcy também a conduzia em momentos onde o prazer dele era mais urgente. Ele não sentia vergonha de colocá-la em cima dele dizendo que amava vê-la naquela posição.

Foi quando Elisabeta teve um click.

Enquanto dizia a sua amiga posições que ela poderia testar com seu marido, movimentos suaves para começar, Elisa de repente se lembrou que tinha o desejo de que ela e Darcy tentassem um novo movimento. Era ousado e ela sentia medo de ficar tão vulnerável, mesmo sendo completamente apaixonada por ele. Em Paris diziam que fazer amor de olhos vendados elevava o prazer a níveis jamais vistos e quando ela e Darcy viram uma venda numa das lojas que visitavam Elisa percebeu os olhos dele escurecidos de desejo, admitindo que seria estimulante tê-la sem saber o que ele faria. O desejo ficou guardado porque as viagens e o filho ocupava muito tempo deles, mas desde que voltaram ao Brasil Elisabeta pensava nisso. E agora, ele em São Paulo, ela estava com saudade, concluiu que não seria apenas Anna quem daria um presente ao marido. Mas isso ela não dividiu com Anna. Esse seria mais um segredo dela e de Darcy.

As amigas conversaram até que Gonçalo fizesse barulho por estar chegando e como Elisabeta não queria causar nenhum embaraço, se despediu dizendo para Anna começar com movimentos leves, tocar seu marido quando ele chegasse, o beijasse ainda que no rosto. Andassem de mãos dadas, namorassem com calma que a intimidade viria.

A amiga foi com ela até a porta, agradeceu efusivamente e disse que dali para frente pensaria em ser mais leve.

Darcy chegou de São Paulo com alguns dias de antecedência. Thomas e ele chegaram de surpresa numa manhã bem cedinho, o que deixou Elisa bastante feliz.

Seus homens. Os homens da sua vida.

Se a vida fosse generosa ela gostaria que em breve essa família crescesse. Ela e Darcy bem que faziam a parte deles, faltava a vida dar mais uma chance e cruzarem seus materiais genéticos e os brindar com uma linda garotinha. Mas ela só pensava na ideia, não tinha coragem de pedir nada a uma vida tão boa quanto a que ela já possuía.

Eu senti tanto a sua falta. Ela ouviu Darcy dizer em seu ouvido, enquanto ela via Thomas correr pelo quintal dizendo que estava com saudade das galinhas, dos patos e dos primos, exatamente nesta ordem.

Eu também. Foi o que ela repetiu enquanto se aninhava ainda mais nele.

Fiquei sabendo que a mulher do vice-prefeito conversou com você.

Ficou? Ela olhou curiosa para ele.

Não me olhe assim, no caminho eu fui interpelada por Ema que pediu para lhe dizer que as coisas na casa de Gonçalo vão muito bem, depois da sua ajuda. Elisabeta deu uma sonora gargalhada, explicando pra Darcy o que havia acontecido. E ele dizendo que Ema não havia entrado em detalhes, mas disse que Anna a encontrou num jantar e pediu para agradecer a Elisabeta os conselhos. Que as coisas estavam caminhando muito bem.

— Oh meu Deus, então fomos observados enquanto namorávamos? Ele disse beijando todo o pescoço de Elisabeta enquanto Thomas brincava distraído no jardim.

Como agora. Elisabeta riu. Depois da conversa com Anna eu não pude deixar de pensar se não somos um pouco displicentes.

Você se incomoda? Ele a virou, colocando-a de frente para ele e a beijando devidamente.

Nem mesmo por um segundo. Eles continuaram se beijando até que o filho os chamou para brincarem juntos.

Thomas dormiu? Darcy perguntou quando Elisa entrou no quarto.

Sim. Ele ficou muito feliz com a viagem de vocês, mas meu coração se encheu de alegria quando disse que eu fiz falta. Ela ficou em pé olhando para ele.

Você sempre faz falta. Ele a chamou para perto, mas ela recuou, deixando-o curioso. Ela fez sinal para que ele olhasse debaixo do travesseiro e então ele encontrou uma venda. Ele sorriu sensualmente para ela, entendendo a sugestão. Ele se lembrou deles em Paris, Elisabeta maravilhada com a ideia de uma venda e ele dizendo que era algo que mexia com ele, a ideia de sua mulher completamente rendida aos seus caprichos. Na ocasião ela disse que ainda não se sentia preparada. Thomas era um bebê e eles ainda estavam se adaptando a rotina. Além do principal, Elisa não era submissa e Darcy sabia que a fantasia mexeria com este lado dela. Eles confiavam um no outro, ele nunca causaria desconforto a ela, mas ela gostava de comandar, falar o que queria e se sentia poderosa e isso deixava ele louco. Mas a fantasia não faria mal algum a eles.

Darcy pegou a venda e se levantou da cama, constatando que já estava com bastante desejo pela sua mulher por apenas pegar aquele pano. Sua Elisa por vezes tão mandona, totalmente entregue.

Então a minha mulher quer se render completamente a mim? Ele se aproximou lentamente dela, passando o dedo pelo braço dela, causando arrepio em ambos.

Eu já sou completamente rendida a você, Darcy. Ela falou maliciosa e ele encerrou a conversa a beijando. Ele refez a cena da casa de Ema, prendendo Elisabeta na parede. Não deixava de ser interessante saber que eles foram admirados por uma pessoa que sem querer viu ele demonstrando o desejo que sentia pela mulher.

Darcy terminou o beijo observando a mulher a sua frente. Sua esposa. Linda e disposta a estar com ele de diversas maneiras. Ele se sentiu o mais poderoso dos homens. Elisa fez um movimento para retirar a camisola, mas ele a parou, dizendo que naquela noite ela só iria sentir. Ela abriu os olhos assustada e por um momento Darcy achou que a brincadeira pararia ali, mas eles se olharam, travando uma conversa sem palavras enquanto Elisabeta cedia o controle para ele, como nunca antes.

Ele passou a venda sobre os olhos dela a vendo sorrir e certificando que não estava apertado ou incomodando.

Se não estiver gostando de algo, basta dizer. Elisa acenou positivamente, coração acelerado por não saber o que viria.

Darcy então fez o movimento de retirar a camisola de sua esposa. Fez o movimento lentamente, subindo o tecido pelo corpo da esposa e pedindo para ela subir os braços. Então desamarrou a roupa intima dela, deixando tudo cair pelo chão do quarto.

Darcy se afastou para observar Elisabeta. Sua mulher, nua em sua frente, linda, sem fazer ideia da cara que ele fazia nesse momento. Seu coração parecia que pularia pela sua boca, mas esta era uma experiência para durar. Ele observou os cabelos soltos de sua esposa, os seios pequenos que ele adorava, o abdome seco, as coxas grosas e os cachos castanhos protegendo o lugar onde ele se perdia.

Elisabeta se sentia um bicho de zoológico no escuro. Ela sentia que era observada, mas não via as reações de quem a observava. Sabia que Darcy adorava olhar para ela, pedindo muitas vezes para ela saísse primeiro da banheira porque gostava de vê-la caminhando até onde estava a toalha. Mas nestes momentos ela olhava para trás, para vê-lo sorrindo e então fazer um charme e sorrir de volta o chamando para perto. Ali não, ali ela estava a mercê de um olhar que ela só imaginava. E imagina o quão duro ele já estaria ouvindo sua respiração.

A ereção quase tirava o foco de Darcy, mas era bom admirar sua mulher. Melhor era tocá-la. E foi o que ele fez, chegou sua boca perto da orelha de Elisabeta para dizer o quanto ela era linda. E para provar, guiou a mão dela até seu membro. Elisabeta sorriu enquanto o sentia tão desperto apenas por vê-la. Embora ela mesma se sentisse surpresa pelo quanto estava úmida nestes poucos minutos que ela não fazia ideia de como era observada.

Darcy beijou o pescoço de Elisabeta, mordendo, de leve, seus ombros e num movimento rápido pegou sua esposa nos braços andando até a cama e deixando que ela caísse no colchão. Ela soltou um sonoro “Uau” e ele não se intimidou. Preferiu não retirar suas roupas ainda, para se segurar.

Ele chegou por cima de Elisabeta com cuidado, passando por sua boca, se demorando nos beijos no pescoço e seios e foi descendo.

Elisa estava em sobrecarga sensória. Darcy já havia feito isso várias vezes, a beijado tão intimamente entre as pernas. Era algo que ela gostava, algumas vezes pedia. Mas ali, ela não sabia quando ele chegaria ao ponto, porque ele sugou seus seios, desceu por sua barriga e agora ela apenas sentia a respiração dele entre suas pernas. Seu cérebro não conseguia formular uma palavra e quando ela sentiu a ponta da língua dele invadindo-a foi um choque.

Deus, já tão molhada. Eu não posso resistir a isso, Elisa.  Foram as palavras de Darcy enquanto ele se deliciava no interior de sua esposa. Em geral ele sentia as mãos dela passeando em seus cabelos, o encorajando, mas dessa vez ela apenas apertou o lençol enquanto pedia para ele não parar.

Não parar era difícil para Darcy, mas ele queria chegassem juntos ao prazer e a julgar por sua esposa se remexendo e sua própria necessidade ele se afastou bruscamente de Elisabeta para retirar as próprias roupas.

Eu gostaria de te ver agora. Ela disse manhosa.

Realmente? Ou você apenas quer imagina o quanto eu te desejo nesse momento? Ele perguntou sabendo que se ela quisesse, a venda seria retirada imediatamente. Elisabeta pensou para responder e Darcy ficou parado esperando, o desejo não diminuindo, nem o dele, nem o dela.

Vamos, Elisabeta, diga se quer me ver ou me sentir primeiro. Ele falou com uma autoridade diferente, dono da situação, não vendo a hora de se perder em sua esposa.

Não consigo me decidir. Ela disse mordendo os lábios. Não consigo pensar em nada que não seja você dentro de mim.

Ele riu, se sentindo satisfeito. Não retirou a venda dela, ao contrário, posicionou-se em cima dela naquela cama e a penetrou de uma só vez, sem licença, sem controle, se movimentando com ela sem se preocupar com nada.

Elisabeta também não reclamou, tê-lo dentro de si era uma necessidade urgente. Muito mais do que vê-lo. Dessa forma também ela pode se soltar, fazer sons que nunca fez antes e pedir, sem o crivo dos olhos dele, que o queria mais fundo, mais dela.

Darcy se sentou sobre as panturrilhas na cama, a trazendo com ele. Desse jeito ela passou as pernas ao redor dele o trazendo ainda para mais dentro de si. Ela não imaginava ser traída tão rapidamente por seu próprio prazer, ondas a invadiram quando ele a ergueu e a posicionou de uma vez ao redor dele. Então sentiu ele perder o resto de controle que possuía, fazendo movimentos rápidos e certeiros até se derramar dela, a beijando no processo e retirando a venda dos olhos dela.

Eu te amo. Foi o que ela ouviu enquanto correspondia.

Um clarão encheu os olhos e a cabeça dela enquanto se beijavam e diziam o quanto se amavam.

Se Anna nos visse hoje ficaria chocada? Darcy perguntou, ainda ofegante do momento caloroso deles. Observando ao redor a cama que havia mudado um pouco do lugar original, mostrando a intensidade do momento. Além das roupas espalhadas desordenadamente pelo chão, o que seria corrigido somente mais tarde.

Ou correria para casa para fazer o mesmo. Elisabeta riu se aninhando nele, dizendo que o amava e celebrando esta forma nova de estarem juntos.

FIM


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Notas finais do capítulo

Feliz Natal !



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