CRY BABY - The Storyfic escrita por puremelodrama


Capítulo 10
Milk and Cookies




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 “Deixe cookies na mesa não mais tarde do que três horas, ou então...”.

 Melanie pensou que aquilo tudo não passava de uma grande brincadeira, não havia outra explicação plausível.

 Encontrara o bilhete sobre uma mesinha especialmente feita para crianças de possíveis meio metro de altura, e não sabia como a situação poderia ficar mais bizarra. Era um cubículo. As paredes e o chão eram de madeira, o que dava um toque assustador ao ambiente. Havia somente aquela mesa anã (na qual repousava um relógio e aquele bilhete ridículo), duas cadeiras (também anãs), um fogão muito simples e desgastado, um armarinho e uma cama. A pobre iluminação do quarto era provida por uma lamparina a querosene pendurada na parede, o que não ajudava em nada, considerando a escuridão daquele lugar.

 Havia mesmo sido raptada? Qual seria o próximo evento nesta sequência de acontecimentos surreais? Uma festa arruinada, a possível prisão de sua mãe (e quem sabe, de si mesma) e um sequestro por um sorveteiro da rua. Feliz aniversário, Melanie.

 O relógio marcava nove da manhã, o que significava que ela ainda tinha tempo até seja lá o que fosse acontecer às três horas da tarde. Seus olhos e narinas sofriam certa ardência, o que a fez imaginar se se devia à substância que o homem lhe fizera inalar para que desmaiasse. Como aquele paninho poderia tê-la deixada desacordada por umas quinze horas seguidas? Talvez ele tivesse a obrigado inalar mais daquela coisa enquanto dormia. Mas por que ele insistiria em mantê-la dormindo por tanto tempo? Para que precisava dela? Será que havia lhe abusado?! Melanie imediatamente procurou por marcas e pistas em seu corpo, mas nada parecia ter acontecido. Talvez apenas estivesse cansada pelos eventos do dia anterior. E como se já não estivesse cansada o bastante da vida, agora estava ali.

 O quarto não tinha janelas, só uma porta trancada. Porém, no meio de uma das paredes do cubículo, inúmeras tábuas de madeira presas à parede bloqueavam o que parecia ter sido alguma janela no passado. O que também parecia ter sido sua única chance de escapar. Imediatamente Melanie percebeu que de nada adiantaria tentar, estavam tão bem presas que temia machucar as mãos com farpas. Sentou-se na cama e se viu completamente ferrada. Não poderia gritar, o homem cachorro viria e a machucaria. Melanie estava sozinha, não seria procurada, não havia quem notasse o seu sumiço. A única coisa que poderia acontecer era Murcy sair pelas ruas gritando seu nome ao se deparar com a bagunça que Melanie havia deixado na casa, mas de qualquer forma, não poderia lhe encontrar, Melanie poderia estar do outro lado da cidade naquele momento, até mesmo em outro estado!

 Seu estômago começou a roncar, não poderia esperar que o homem lhe trouxesse comida. Era sua cativa, sua refém, não sua convidada. Resolveu procurar no armário. Farinha. Açúcar. Ovos. Nada que fosse comestível naquele momento. Porém, quase imperceptível, havia ali um pedaço de pão. Um pedaço de pão bastante suspeito. E se tivesse nele algo que a matasse? Resolveu deixar aquele pão ali, intocado. Mas voltou para pegá-lo quando a fome fez sua barriga doer. Resolveu arriscar, não era dos melhores que havia comida, obviamente, mas esperava que não a matasse como havia pensado.

 Fazia frio. Não havia cobertor algum, sua roupa ainda era o vestido esfarrapado de sua festa de lástimas. E então sentiu medo de novo, junto a uma súbita vontade de chorar. Seus olhos marejavam, mas chorar nada adiantaria. Precisava pensar em alguma forma de sair dali, mas como? Talvez pudesse agarrar de surpresa o homem cachorro quando ele aparecesse, se aparecesse. Não, não seria possível, ele era muito mais alto, e mesmo sendo bem magro, ainda era mais forte que ela. Quem sabe da próxima vez que ele abrisse a porta, ela poderia despistá-lo e depois fugir? Mas nem mesmo sabia onde estava, não conhecia nada do lado de fora do quarto, ele poderia alcançá-la facilmente. Eram muitos “mas”.

 Melanie adormeceu sem perceber, nem sabia como era possível, considerando que estava congelando. Era uma hora da tarde quando despertou. Havia dormido tempo demais, e, com isso, nem pudera acompanhar a chegada do prato que repousava na mesa. O homem devia tê-lo deixado ali enquanto dormia. Melanie se aproximou e pôde identificar uma tentativa de sopa de carne com legumes. Não estava com boa aparência. Melanie pegou a colher ao lado e experimentou um gole de sopa, era no máximo comestível. Assim que terminou, deitou-se mais um pouco antes de começar a fazer os tais cookies que seu sequestrador gentilmente exigira. Não compreendeu o propósito daquele pedido, mas não arriscaria descobrir o que aconteceria se não o fizesse. Será que o homem cachorro não sabia fazer cookies e precisara sequestrar alguém que sabia? Era a sua teoria. Mas como ele poderia ter certeza de que Melanie saberia fazê-los? Provavelmente teria outra razão.

 Faltava uma hora para as três. De má vontade, Melanie retirou todos os ingredientes do armário e os jogou em cima da mesa. Felizmente, tivera sorte em possuir certa sabedoria na arte de fazer biscoitos (um vislumbre na página vizinha a da receita de bolo). Havia uma vasilha, uma forma e uma colher para que lhe auxiliar, então, começou jogando os ingredientes na vasilha.

 Mexeu e mexeu pensando o quão ridícula era aquela situação. Perdeu-se em seus pensamentos odiosos a ponto de suas mãos começarem a doer. Largou a vasilha para descansar, e ao fazer isso sentiu algo caindo no chão. Melanie fitou seu lado direito e lá estava o veneno para insetos. O veneno! Aquele que havia se perdido no seu bolso e dos seus pensamentos antes da festa, o que nem mesmo chegara a usar. Viu ali a sua única esperança. Refletiu se daria mesmo certo, mas melhor arriscar do que nem tentar. Derramou parte do veneno na massa de biscoitos e misturou tudo novamente. Guardou o frasco de volta no vestido e rezou para que fosse eficiente o bastante para surtir algum efeito no homem.

 Depois de finalizar com fermento, moldou a massa em pequenos pedaços circulares com suas mãos. Preencheu a forma com um total de dez cookies, e em seguida colocou-os no forno. Jogou-se na cama enquanto esperava, e grande foi a sua surpresa ao ver a porta sendo aberta alguns minutos depois. O homem cachorro.

 Melanie sentou-se na cama e encolheu-se. Agora que a visão daquele monstro era real, seu medo era maior do que nunca. Sabe-se lá o que ele poderia fazer. Poderia espancá-la, ou até mesmo estuprá-la. Melanie se concentrou em não chorar e emitir som algum. O homem trancou a porta após entrar e guardou a chave no bolso de sua camisa. Ele trazia outra lamparina numa mão, o que possibilitava enxergar o quarto com mais clareza. Na outra mão levava uma caixa de leite, a qual depositou na mesa. Ele virou-se parar Melanie com um sorriso.

 — Não sinto cheiro de biscoitos, achei que tivesse deixado tudo claro no bilhete.

 — Acabei de pô-los para assar — Melanie tinha mais medo a cada palavra que ele pronunciava. O sorriso dele se alargou, e Melanie imaginou o que seria o “ou então” do bilhete, esperava não descobrir.

 O homem sentou-se na cama, ao seu lado, e a observou por um longo tempo, Melanie nem ousava olhá-lo nos olhos. De repente, seus dedos se detiveram entre os fios castanhos da garota, onde passara a alisar lentamente. Foi o bastante para que as lágrimas de bebê chorão escorressem pelo rosto de Melanie.

 A menina chorava alto, suposições hediondas do que poderia acontecer em seguida passando pela sua mente. O homem, que num susto havia se levantado, tentava desesperadamente acalmá-la. Ele dizia baixo para que ela parasse imediatamente. Aquilo fez Melanie imaginar que o lugar onde se encontravam não poderia ser uma área muito afastada da cidade, mas sim onde ele tivesse vizinhos que poderiam escutar o que se passava ali dentro. Melanie parou e o homem deu um suspiro de alívio.

 — Calma! Não precisa chorar! Como pode chorar quando em poucos minutos vamos comer biscoitos deliciosos?

 Melanie, choramingando, resolveu arriscar outra pergunta em resposta, mesmo sem a certeza de que ele a responderia.

 — Por que você me trouxe para cá?

 Ele olhou-a com pena.

 — Ah, minha querida... Não fique assim, agora está tudo bem, você deveria ser grata.

 “Grata?!”. Como ela poderia ser grata por estar metida naquela situação? Que maluquice estaria aquele homem dizendo?

 — Como é?

 — Eu te salvei! Estava frio lá fora, mas agora nós podemos brincar aqui! Como você estava triste, pensei que isso poderia te animar — o homem retomou seu grande sorriso. — Mas é claro, não podemos brincar antes de comer, mamãe sempre me disse que para isso temos que ter energia.

 Mesmo que se esforçasse, Melanie não conseguia encontrar qualquer sentido nas palavras proferidas pelo sujeito. “Eu fui sequestrada para brincar?”. Qual seria o significado real de tudo aquilo?

 — O quê? — a cada minuto que se passava, a confusão de Melanie aumentava ainda mais.

 — Eu tenho um monte de brinquedos aqui! Eu tenho bonecas, carrinhos, massinha — o aumento de sua hiperatividade acompanhava o número de palavras que saíam de sua boca. —, mas eu não tenho ninguém para brincar comigo...

 Toda a sua felicidade fora sugada de uma só vez ao término da frase, o rosto do homem expressava tristeza enquanto ele voltava a cabeça para o chão. Quanto a Melanie, perplexidade poderia definir exatamente os seus sentimentos naquele momento. A garota não conseguia inferir se o que acabara de ver fora pura encenação ou tivera a intenção de ser séria. De qualquer forma, as circunstâncias eram totalmente bizarras e sem qualquer lógica. Havia chances de a personalidade abobalhada do homem lhe assustar mais do que a sua posição de sequestrador.

 — Como... é?

 — Desde que nasci nunca tive ninguém para brincar, mas agora eu tenho! — sua felicidade voltara a dominar seu ser. — Mas chega! Podemos falar depois, traga os biscoitos para a mesa.

 O homem se sentou em uma das cadeirinhas da mesa, esperando. Melanie ainda o fitava sem ideia de como agir perante o novo comportamento daquela criatura. Ao olhar da garota, ele não parecia mentir, ou simplesmente o fazia muito bem, mas caso contrário, ele era maluco! Completamente doido! Como alguém poderia perseguir uma menina de onze anos, a trancar num quarto escuro minúsculo e então justificar o ato dizendo que queria uma companhia para brincar? Onde estaria a família daquele homem? Como ele poderia ter vivido todo esse tempo sem que ninguém notasse o quanto ele era pirado da cabeça? E como poderia tal inocência repentina causar tanto medo?

 Receosa em despertar a ira no homem, Melanie abriu o forno e checou os biscoitos.

 — Ainda não estão prontos — disse.

 — Traga-os aqui — ele, por sua vez, não pareceu ligar para tal fato e manteve sua animação.

 — Mas podem ficar ruins, temos que esperar...

 — Mas se demorarmos muito, não teremos tempo para brincar! Não haverá tempo! — respondeu, exaltando-se enquanto batia os punhos na mesa.

 Melanie pegou-se fitando o homem e seu provável transtorno de bipolaridade, como se já não aparentasse ter transtornos o suficiente. A garota retirou a forma de biscoitos quente com a barra da saia de seu vestido esfarrapado e os colocou na mesa. Depois sentou-se na cadeira, nervosa devido a incerteza do que aconteceria dali em diante.

 — Uau! Parecem deliciosos — o homem lambeu os beiços e já se preparava para pegar um biscoito da forma, porém, a voz de Melanie interrompeu seu ato.

 — Hã... Por que você não... Continua contando a história? — Melanie, por alguma razão desconhecida, se importava em entender o motivo de estar presa naquele lugar estranho e como poderia aquele homem ser tão... Peculiar. — Você disse que não tem ninguém, não é?

 — Parece que você gosta mesmo de falar, eu prefiro comer — respondeu o sujeito, rindo de uma maneira estranha. Mas o quê exatamente entre seus aspectos não poderia ser classificado como “estranho”? — Mas tudo bem, você é minha amiga e posso contar tudo a você.

 Melanie sabia que tudo acabaria mais rápido se simplesmente o deixasse comer aqueles biscoitos de uma vez e o matar envenenado. Porém, algo dizia-lhe para ouvir o que seu sequestrador teria a dizer, além disso, não poderia garantir que o veneno agisse efetivamente, nesse caso, ele poderia dizer algo que Melanie pudesse usar a seu favor.

 — Eu era pequeno e tinha brinquedos — continuou o homem, inquieto. — Eu os levava para a escola todos os dias para brincar, mas ninguém queria brincar comigo, nem as meninas, nem os meninos. Então eu voltava para casa, mas ninguém queria brincar comigo, nem mamãe, nem papai. Então eu vou brincar com você! — finalizou com uma risada.

 — Como assim? Por que ninguém brincava com você?

 — As meninas e meninos não gostavam de mim, mas tudo bem, acho que é porque eu tinha o melhor brinquedo. Mamãe e papai não gostavam de mim, mas tudo bem, acho que é porque adultos não gostam de brinquedos.

 Ele estendeu a mão na direção dos biscoitos, mas Melanie novamente o impediu.

 — Espera! Então eles tinham inveja de você? — “O que deu em mim para estar tão interessada dessa maneira?”.

 — Bem, uma menina uma vez me disse que eu era esquisito e que ninguém nunca gostaria de mim, mas tudo bem, eu acho que ela tinha ciúmes porque eu gostava da amiga dela. Mas vai ter que perguntar para ela! — o homem mantinha seu sorriso, apesar de sua narração evidenciar situações totalmente contrárias à felicidade.

 As peças do quebra cabeça ainda não se encaixavam bem. Melanie agora sabia um pouco da solitária infância do homem, mas nada que justificasse o fato de ser um adulto na faixa dos vinte anos que andava por aí sequestrando crianças para brincar. Até aquele momento, ele não parecera demonstrar qualquer interesse sexual pela garota, talvez não fosse um pedófilo, mas certamente possuía altos níveis de perturbação mental.

 — E os seus pais? Onde estão? — insistiu Melanie, esperando que as coisas começassem a fazer algum sentido.

 — Eles foram viajar! Quando eu tinha onze anos eles me deixaram naquele hospital grande da cidade e disseram que passariam um tempo em uma tal de Englatera para trabalhar e que, quando voltassem, me trariam muitos presentes! A tia Freda e o tio Jack cuidavam de mim. Tia Freda me deitava numa cama e me amarrava para que eu ficasse seguro, e então ela usava seus brinquedos de mental em mim, doía um pouco, mas era só brincadeira. Tio Jack conversava comigo todos os dias, ele me perguntava sobre a minha vida e vivia dizendo “Esqueça! Esqueça!”. Eu acho que tio Jack era meio doido, mas não conte a ele que eu disse isso — o homem pronunciou um “Shhh” baixo com os dedos nos lábios. — Houve um dia que eu senti saudade da minha família. Eu saí do hospital para encontrar eles na Englatera, mas não consegui achá-los. Então resolvi esperá-los. Acabei comprando um grande caminhão de sorvete muito bonito, você viu como ele é bonito? E eu vendo sorvete para alegrar as outras crianças e fazê-las gostar de mim. Quando mamãe e papai voltarem, ficarão muito orgulhosos quando virem meu grande caminhão de sorvete muito bonito. Os biscoitos vão esfriar.

 O homem rapidamente tomou um dos biscoitos nas mãos e o enfiou na boca, como se temesse que Melanie pudesse interrompê-lo de novo. Depois pegou a caixa de leite que trouxera consigo e o bebeu em um grande gole, como se estivesse sedento há dias. Enquanto isso, Melanie o olhava fixamente, completamente sem palavras. Nunca imaginaria que tal história, recheada de tristezas e ilusões, saísse pela boca daquele ser até então considerado asqueroso e repugnante. O plano era certo e provavelmente eficaz, esperar que ele se deixasse levar pela conversa e demonstrasse suas vulnerabilidades, chamar a polícia e vê-lo sendo levado para a cadeia. Naquele momento, todas as intenções maliciosas de Melanie se dissiparam de sua mente. De certa forma, sentia-se comovida. A história do homem cachorro lhe causara algo, e esse algo desfrutara da prazerosa satisfação de revelar-lhe em seu ouvido o que era visivelmente óbvio, mas não digno da compreensão da garota: Ele é você.

 Não, maluquice! Completa maluquice. Aquele homem não passava de um sequestrador maluco, um desequilibrado mental que raptava crianças para brincar! Talvez outras crianças tivessem passado por aquele quarto antes de Melanie e sabe-se lá o que teria acontecido a elas. Ele era mesmo um doente, não era à toa que acabara abandonado em Rutledge pelos próprios pais. Sua história, apesar de comovente, havia furos. Como poderia ele escapar de um hospital daquela grandiosidade sem ser visto ou impedido por alguém?

 Melanie nem em mil vidas poderia ser comparada àquele homem pirado. Ele era apenas uma pessoa traumatizada com uma infância triste e solitária, uma alma de criança reprimida, membro de uma família que não se importava e não pensara duas vezes antes de abandoná-lo... Mesmo que não quisesse aceitar, não havia nada que pudesse contrariar o fato de que, sim, ela era ele. Ele, mais do ninguém que Melanie já havia conhecido, poderia entender o que ela enfrentava todos os dias de sua vida, na escola, em casa, em sua própria mente... Ele, mais do que ninguém, conhecia o verdadeiro significado da solidão, desejando todos os dias ter alguém que pudesse confiar para conversar e brincar. Ele, mais do que ninguém, conhecia o sentimento de viver em uma família que não era sua família, embora o homem não tivesse consciência desse ponto.

 O homem engolia seu quarto biscoito. Melanie continuava fitando-o sem dizer nada. Com os olhos marejando, seu único desejo era ficar ali para sempre, comendo biscoitos e brincando com o homem cachorro.

 — Me desculpe... — lamentou Melanie. Referia-se aos biscoitos, mas era tarde demais. — Eu ainda não sei o seu nome.

 — Ah, como sou desatento — disse ele de boca cheia. — Meu nome é...

 Como se uma figura monstruosa surgisse diante de seus olhos, o homem parou de falar e arregalou as orbes. A metade de um biscoito, que antes estava em sua mão, caíra no chão, sendo seguido de seu corpo tombando da cadeira anã. Melanie manteve-se imóvel, evitando olhar para o cadáver ao seu lado. Por fim, tomou coragem para levantar e ajoelhou-se ao lado do homem. Fechou com cuidado seus olhos abertos e tirou a chave do bolso de sua camisa, notando uma palavra bordada em letras azuis bem em cima. “Freddie”.

 Levantou do chão e destrancou a porta. Embora estivesse liberta, não sentia-se aliviada, não sentia-se feliz, não sentia nada que pudesse considerar um bom sentimento, como se de repente não quisesse estar liberta. Sem pressa alguma, procurou a saída da casa, que era simples, pequena e empoeirada, sem muita mobília. Quando enfim saiu de seu cativeiro, seus pensamentos insistentemente voltavam-se somente para o homem morto no quarto sem janelas. Ainda não descobrira quem governava o universo, mas seja quem fosse, pediu a ele ou ela que na próxima vida mandasse Freddie para o seu verdadeiro mundo, são e salvo, e feliz.


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