Dainibotan escrita por HinataSol


Capítulo 1
Capítulo Único - Dainibotan


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal!
Estou aqui com uma oneshot shoujo.
:)



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Tudo começou duas primaveras atrás. Na primeira semana de abril, quando as aulas tiveram início na escola secundária de Konoha.

O primeiranista Uzumaki Naruto a viu assentada algumas cadeiras à frente, no auditório da Konoha Gakuen. Ele reparou nos compridos cabelos negros e brilhantes. Lembrava-se de, naquele tempo, tê-los achado quase tão bonitos quanto os vermelhos de sua mãe, Uzumaki Kushina.

Deslumbrado, durante quase toda a cerimônia de início das aulas, ele manteve seus olhos na figura dela, surpreendendo-se ao vê-la levantar quando ouviu um dos professores chamar pelo nome “Hyuuga Hinata”, a representante do, à época, segundo ano A.

Ela fizera um breve, porém belo, discurso. Recepcionando os kohais e discorrendo sobre o espírito de equipe para que todos pudessem ter um bom ano de estudo. Encerrando tudo com uma reverência e recebendo aplausos. A postura dela era perfeita e seus gestos comedidos.

Quando ele a via, pelos cantos da escola, seguia-a com o olhar, incapaz de desviar suas vistas.

Ao notá-lo, Hinata sempre sorria com gentileza e o cumprimentava com educação.

Naruto sentia que todo o seu ser se direcionava a ela.

Hinata era a personificação da graça e beleza e se alguém o dissesse que ela era a própria Amaterasu Omikame, Naruto acreditaria, pois, embora fosse discreta, olhar para ela iluminava tudo ao redor.

Passou todo o ano e, somente ao final do período letivo, Naruto percebeu que estava apaixonado por ela. E isso apenas depois de perceber seu imenso ciúme ao ouvir comentários sobre um veterano, da sala de Hinata, estar apaixonado por ela. Toneri Ōtsutsuki, um dos membros do brilhante clube de Iniciação à Física Astronômica.

Parecia injusto para Naruto que logo alguém da patente do Ōtsutsuki gostasse de Hinata. Enquanto o cara seria capaz de reproduzir fenômenos lunares em pedaços de papel para impressioná-la, o Uzumaki saberia apenas dar alguns chutes maneiros, que aprendera no clube de judô — no qual entrou somente por conta de Hinata participar dele — ou cozinhar alguns biscoitos com a receita que aprendera no clube de culinária — que também só entrou por Hinata estar nele.

Aliás, o único motivo para que se mantivesse nas aulas de culinária era por ver os sorrisos gentis e graciosos de Hinata quando ele cometia suas trapalhadas — como derrubar a tigela de farinha, deixar caírem cascas de ovos na massa ou colocar sal no lugar do açúcar — e receber a ajuda da senpai, claramente.

Pelo menos, não era o único garoto no clube. Além dele, participavam: Chouji, o comilão e Shikamaru, o preguiçoso. Seus amigos mais chegados.

Naruto era hiperativo e possuía déficit de atenção, então, comumente falava alto e se perdia em meio às explicações dos professores. E, mesmo sendo esforçado, quando chegavam os períodos de exames, ele ficava nervoso e ansioso. Durante as provas, ele tinha os famosos “brancos”. Suas mãos suavam e ele sentia seu coração gelar em expectativa com o resultado. Conseguiu avançar de classe com bastante dificuldade e, logo no início do seu segundo ano, a diretora Tsunade o chamou e recomendou aulas extras para que evitasse transtornos e frustrações com as notas.

Naruto riria se não estivesse apavorado. A verdade é que ele vinha realmente se esforçando. Estudando, ia dormir tarde e acordava cedo todos os dias. Não saia com seus amigos depois da escola e mesmo assim seu desempenho nas provas finais — do primeiro ano — não havia sido realmente satisfatório. Na verdade, quase ficou para trás.

Então, ele primeiro pediu ajuda a Shikamaru. O amigo de cabelos espetados era preguiçoso, mas extremamente inteligente. Todavia, antes de dois meses de estudo se completarem, perceberam que não havia evolução alguma. Naruto estava ainda mais embaralhado em meio à enxurrada de informações.

Foi até a diretora novamente. Todavia, dessa vez por conta própria. Conversou com Tsunade e pediu que ela o indicasse alguém. Alegou que seus pais estavam dispostos a pagar por um professor particular, caso fosse necessário.

Tsunade ergueu as sobrancelhas loiras e estreitou os olhos castanhos. Ela sorriu um pouco ao ter um lampejo.

— Conhece a Hinata? Ela é a representante do terceiro A. Não sei se você sabe, mas... Hinata pretende ser professora e, bom, acho que ela não vai recusar a oportunidade. Ela já ajudou alguns alunos antes e devo dizer que ela vai ser excelente quando tiver os próprios alunos.

Naruto embasbacou-se. Ele não era tímido, mas não conseguia nunca falar com Hinata. Sempre que estava perto dela ele tinha a mania de estragar tudo com seu jeito atrapalhado. E, embora quisesse muito, temeu não conseguir estudar ao distrair-se com a presença dela. Seus longos cabelos negros e cheirosos e seus olhos brancos como a lua o dispersariam de certo.

— Eto... eu não sei... Não quero incomodar a Hinata-senpai. — Ele tentou uma justificativa qualquer.

Tsunade riu. Ela puxou um papel da gaveta, carimbou e assinou.

— Se não tiver coragem de pedir a ela como um favor, apresente isso a ela. Contará como atividade extra e será bom para o currículo dela no futuro. — A diretora piscou — Ao invés de pensar que será um incômodo, pense que a estará ajudando, Naruto.

Ele hesitou, mas aceitou.

— Hai! Arigatō, baa-chan!

E foi a partir daí que aconteceu.

Naruto esperou Hinata, encostado no muro da escola, e, quando ela saiu, entregou-a a carta da diretora.

A senpai arqueou as belas sobrancelhas e sorriu, confirmando que o ajudaria.

Ele a agradeceu com uma mesura, intentando fugir logo dali.

— Ei, Naruto-kun! — Hinata falou, antes que ele fosse embora. A moça olhou para o céu por um instante. Estava claro e o sol batia nas faces dela, deixando-a ainda mais bonita aos olhos dele. — Você também mora nessa direção, não é? Por que não vamos juntos e combinamos onde estudar?

Ele engoliu em seco e apenas balançou a cabeça, concordando.

Depois de a Hyuuga sugerir a biblioteca próxima a escola e ele aceitar de presto, seguiram em silêncio.

Com a bolsa apoiada sobre o ombro direito e o primeiro botão da blusa do uniforme aberto, Naruto a observou pelo canto dos olhos. Conquanto fosse um ano mais velha, Hinata era um poucochinho mais baixa do que ele. Ela segurava sua bolsa com as duas mãos em frente ao corpo cujo uniforme lhe caia perfeitamente e o usava estritamente como mandavam as regras: todos os botões da blusa branca fechados, o blazer por cima e a saia na altura dos joelhos.

Hinata era estonteantemente recatada e bela.

Já no início das sessões de estudo, ela percebeu que Naruto possuía grande empenho à proporção que possuía dificuldade. Era visível o esforço dele e a frustração por não conseguir absorver o conteúdo. O Uzumaki lia e relia os questionários, tentava e tentava resolvê-los, mas parecia impossível encontrar qualquer linha de raciocínio naquele emaranhado de letras e números.

Equações e inequações complicadas. Questões gramaticais além do seu entendimento. Ciências aplicadas. E tantas mais lhe embaralhavam a mente.

Ele lia os enunciados e, perdido, passava a bater com a borracha do lápis na cabeça e a esfregar os cabelos por não conseguir responder.

Mesmo assim, Hinata admirou-se de que, mesmo desanimado, ele não desistia.

Com gentileza, ela segurou a mão inquieta dele, retirando-a dos cabelos loiros e rebeldes, e o fitou com carinho. Naruto arregalou seus grandes olhos azuis quando a viu sorrir para ele e dizer:

— Não tem problema em você errar algumas vezes, porque eu sei que você vai conseguir depois. Você tem se esforçado. Em algum momento, isso tudo vai parecer fácil.

Ele anuiu com a cabeça, tocado com o gesto dela. Mal conseguindo piscar.

Naruto não sabia, mas, naquele dia e nos próximos, ao chegar em casa, Hinata se empenharia preparando a aula do dia seguinte.

Ela passou a usar métodos mais dinâmicos com ele. Deixou de lado alguns textos complicados e fez maior uso da oratória. Entregou-lhe cartões coloridos com palavras-chaves e frases sintetizadas. Perguntas e repostas e associações engraçadas.

Sempre que ele errava algo, ela punha a mão sobre o ombro dele e sorria, falando-o para que não desistisse e, ao acertar, ela o parabenizava. Quando ele recebeu as notas das provas de meio de ano, Hinata chegou a pagar-lhe uma tigela de ramén por saber que era a comida preferida dele.

Quando Naruto pegou um resfriado, por ter voltado a pé durante a chuva do dia anterior, Hinata levou-o cópias das anotações de Shikamaru. Ela sentou-se numa cadeira ao lado da cama dele e tirou de dentro de uma sacola uma faca e uma laranja, descascando-a para ele.

Naruto lembrava-se do sorriso terno dela naquele dia. Ele sentiu uma sensação quentinha em seu peito. A sensação era parecida com a qual sentia ao chegar em casa e ouvir seus pais responderem seu “tadaima” com um “okaeri”, mas também era diferente. Era gentil, doce e amoroso; exclusivo de Hinata e ele. Um sentimento insubstituível.

E, mesmo febril, ele estava feliz.

A sra. Kushina, mãe de Naruto, havia preparado uma sopa para ele e, antes de entrar no quarto, reparou da porta aberta o olhar do filho sobre a moça e sorriu. Notou que o rapaz estava amando e sentiu-se feliz em ver que era a alguém como Hinata.

Nas provas médias, ele teve um desempenho bom. No final de ano, ótimo. Ele não gabaritou todas as provas, mas recebeu os melhores resultados de sua vida até ali.

Com um cachecol branco e verde no pescoço, naquele dia frio, ao saber de suas notas, Naruto correu até a sala do conselho escolar em que ficavam os representantes. Agradeceu Hinata por tudo que ela havia feito por ele até ali. Ele quase disse à Hyūga o que sentia, mas, ver os outros membros do conselho atrás dela, desconcertou-lhe.

Chegou o recesso de inverno. Naruto agoniava-se ao estar longe de Hinata naquele fim de ano. Ele estava melancólico. Seu lado piegas aflorado em meio à distância. Sentia vontade de vê-la em sua frente. As bochechas coradas, os olhos claros como cristal, os cabelos negros, o sorriso gentil e a graciosidade. Sentia falta do sentimento reconfortante que surgia nele ao lado dela.

Em janeiro às aulas voltaram e ele a reencontrou, mas estava próximo o fim do período letivo.

Passou fevereiro e chegou março.

Logo era primavera outra vez. Naquele fim de mês aconteceria a formatura dos terceiranistas; dentre eles, Hinata.

Naruto e seus pais foram e se assentaram ao lado da família de Hinata; Hyūga Hiashi, o pai dela e Hyūga Hanabi, a irmã mais nova.

Em meio aos alunos das duas turmas de terceiro ano, Hinata se destacava aos olhos do Uzumaki. Poderia dizer-se que somente a ela ele enxergava enquanto os formandos cantavam, em coral, o Hino Nacional do Japão. Houve também o chikai no kotoba (juramentos de despedida) e o kadode no kotoba (palavras de despedida). Seguindo todo o protocolo, houve as entregas dos diplomas e discursos dos diretores e professores.

No momento da entrega de presentes aos recém-formados, Naruto se colocou ao final da pequena fila dos que iriam presenteá-la. Ele não sabia o que dar a ela. Mesmo agora, não tinha certeza de seu presente. Quando chegou sua vez, ele respirou fundo.

— Naruto-kun, estou tão feliz que esteja aqui. — Ela exclamou, antes que ele conseguisse dizer algo.

O Uzumaki sorriu envergonhado e estendeu suas mãos a ela, oferecendo-a o regalo.

— Eu não sabia o que te dar... Mas, quando vi essas flores, achei que combinaria com você... fiquei em dúvida se dava flores de plástico pra não murchar logo ou de verdade porque são mais bonitas... Bom, acho que dá pra ver que eu não consegui decidir já que trouxe as duas. — Ele coçou a cabeça quando ela aceitou as flores.

— São lindas. Arigatô!

Naruto a fitou por alguns instantes. Os traços delicados de Hinata o deslumbravam. A expressão dela era serena e gentil, seu sorriso tímido e os olhos amorosos.

— Eu... — Ele começou, mas desistiu. Baixou um pouco os olhos e iniciou outra fala — Hinata, quando você se formar e estiver dando aulas... e depois também... não se esqueça de mim... você promete? — Ele coçou a bochecha, encabulado.

— Hai! Eu nunca vou esquecer você, Naruto-kun. Eu prometo — ela respondeu sem hesitar — Você sempre será o meu melhor aluno, o mais dedicado. Nunca vou esquecer você.

— Arigatô — ele resmungou baixinho e se despediu — Eu... vou indo agora...

— Espera! — Hinata o pediu. Ela corou e desviou os olhos — Queria te pedir uma coisa... Na verdade, duas. — Falou.

Naruto balançou a cabeça, concordando.

— O quê?

— Eu... primeiro... quero pedir que não me esqueça também — Ela murmurejou e fez o real pedido — E... você poderia me dar o seu botão?

Naruto arregalou os olhos, pego completamente de surpresa com aquele pedido.

Ele colocou a mão sobre o peito, apertando a camisa do uniforme, a roupa que os alunos usavam nas formaturas. O comum era as garotas recém-formadas pedirem o botão de alguém que gostassem ou admirassem, de alguém que havia contribuído para o aprendizado, alguém como um senpai. Mas Naruto não se considerava ser nada disso. Hinata o era, ele não.

Ele afrouxou o pulso e olhou para o botão. O segundo botão dourado. Aquele que ficava mais próximo ao coração. Ele o circundou com o dedo e o destacou da camisa e estendeu para ela com meia lentidão.

Quando Hinata tocou sua mão, para poder pegar o botão, ele externou seu questionamento em um murmuro.

— Por quê?

Não entendia por que ele.

Havia tantos outros garotos para os quais ela poderia pedir. Que poderiam significar mais para ela. Por que logo a ele?

A resposta dela foi simples e cheia de significado.

— Porque eu gosto muito de você.

— Hinata... — Titubeou ele — Isso deve ser um sonho.

Não foi capaz de acreditar.

Hinata franziu o cenho, formando um vinco entre as sobrancelhas, acima do nariz.

— Naruto-kun, por que está se beliscando?

— Porque é incrível demais! Não tem como alguém como você corresponder meus sentimentos. Você é incrível demais, Hinata. E eu... sou atrapalhado demais...

— Corres... ponder? — Ela balbuciou surpresa, ignorando as palavras negativas que ele proferiu sobre si mesmo.

Foi então que Naruto reparou. Ele entendeu que o “gosto muito” dela era romântico e acabou confessando que gostava dela.

Ele fitou seus olhos nos dela, prendendo-os na imensidão azul e branca dos olhares. Hinata segurava os buquês e apertava o botão contra o peito.

— Hai... — A voz saiu baixinha quando ele resolveu admitir. Não combinava consigo dizer algo que não fosse verdade. Sua mão estava espalmada contra o peito, sobre o coração, perto de onde havia tirado o botão. E ele acrescentou com o suki — Eu gosto de você, Hinata. Você está aqui no meu coração... Quando eu te olho, sinto que posso continuar porque sei que existe alguém que está acreditando em mim de um modo que nem eu acredito. Alguém que acredita que eu vou conseguir mais do que eu espero.

— Naruto-kun... — A voz dela saiu meio soprada. Não imaginava que ele se sentia dessa forma em relação a ela.

— Mas... você é minha senpai e agora está se formando e não vamos mais nos ver direito... Não achei que valia a pena fazer você perder tempo com coisas assim.

Hinata o olhou com ternura.

Era verdade.

Ela era um ano mais velha que ele e era a Hinata-senpai. Enquanto ele ainda passaria o próximo ano na Konoha Gakuen, Hinata estaria ingressando na Universidade Senju Hashirama em outra cidade da província. Praticamente não se veriam.

Ela sorriu e retirou uma flor do buquê orgânico e o entregou.

— Não há problema! — Ela disse, visualizando o rosto dele, memorizando os traços bonitos do Uzumaki. — Porque eu não acho que será perda de tempo. E, não importa quanto tempo passar, Naruto-kun, eu vou te esperar.

Naruto arregalou os olhos, surpreso.

Hinata estava realmente retribuindo os sentimentos dele.

Não só isso. Ela estava dizendo que se dispunha a esperar por ele.

Ele se aproximou e a abraçou, apertando-a afetuosamente contra si, temendo que ela evaporasse num sopro e se desse conta de estar apenas sonhando.

— Hai! Por favor, espere por mim. — E afundou seu rosto nos cabelos dela.

— Eu vou!

Ele soube, então, que ela o esperaria. Que, outra vez, não desistiria dele. Era importante para ela e isso o fizera se sentir feliz.

— Eu prometo que terei seu coração.

— Você já o tem, Naruto-kun.

Aconchegou-a mais no seu abraço.

— Hinata, arigatô!

 

 

Capítulo Bônus: Tadaima!

 

Aquele era o seu primeiro ano lecionando para uma turma verdadeiramente sua.

Respirou fundo e abriu a porta, sendo recepcionado pelos alunos.

Poderia parecer que era a falta de costume, mas Uzumaki Naruto sabia que ele sempre sentiria aquela sensação quentinha em seu interior ao ver a classe se curvar quando ele chegava. Apesar dos poucos meses juntos, ele gostava de seus alunos e sabia que eles gostavam dele também.

Colocou a pasta sobre a mesa e retirou de lá os exames corrigidos. Arrumou-as na mão e bateu as folhas sobre a mesa para que ficassem alinhadas. Ele passou pela sala, distribuindo as avaliações, atentando-se às diferentes reações que os alunos tinham ao verem suas notas.

Naruto empenhava-se ao máximo para conseguir extrair todo o potencial daqueles estudantes que ele chamava de seus. Ele se sentia feliz em ver como a média da turma subia de uma avaliação para a outra. Mesmo que parecesse pouco, era incrível saber que fazia parte do processo de melhoria deles.

Entendia como Hinata se sentia agora.

Ao terminar de devolver as provas, ele foi até a sua mesa. Elogiou a turma pela melhora no desempenho e iniciou a aula do dia.

Aquela era a última aula antes do recesso de final de ano. Havendo passado mais da metade do mês de dezembro, fazia bastante frio naquele dia.

Quando a aula acabou, Naruto recebeu alguns comentários de “despedida” e saudações de ano novo antecipadas, retribuindo a todas com educação. Os alunos também pediam a ele que mandasse cumprimentos à Hinata-sensei. Aquela turma havia estudado com ela no anterior e isso o fazia sentir ainda mais a sensação de família ao vê-los.

Hinata havia encerrado seu expediente no dia anterior. Seus dias de leciona não eram todos coincidentes, infelizmente.

Depois de supervisionar os alunos que fariam a arrumação da sala naquele dia, Naruto, agora sensei, fechou a porta e seguiu até sua casa, a pé.

O cachecol vermelho o aquecia o pescoço em meio ao sopro gélido.

Ao chegar, retirou as sandálias e entrou. Disse “Tadaima” ao qual recebeu o “Okaeri” de Hinata-senpai, sua agora esposa, em resposta.

Sim. Esposa.

Naruto e Hinata haviam casado na primeira metade daquele ano e lecionavam na mesma escola até. A Konoha Gakuen, o lugar onde se conheceram.

Ao concluir o kōtōgakkō, Naruto decidiu que seguiria a mesma profissão que Hinata. Seria sensei e, do mesmo modo que ela foi capaz de ajudá-lo, queria fazer por outros jovens.

E, sim, ele foi o kohai dela na universidade também.

— Naruto-kun, está frio. Vá tomar um banho e venha comer algo.

— Hai, Hinata-senpai. — Naruto brincou.

Ele foi até a mulher, que mantinha uma colher de madeira na mão e o fitava com os olhos estreitos. Beijou-lhe a cabeça, arrancando dela um sorriso apaixonado.

Naruto foi e voltou já de banho tomado e roupas quentinhas, as pantufas lhe aquecendo os pés.

Ele assentou-se ao lado de Hinata no sofá. Envolveu-a em seus braços com carinho. Acariciou-a a barriga saliente e sorriu.

Sim. Hinata estava grávida.

Era inverno, logo Hinata faria aniversário. Três meses depois, o filho deles estaria nascendo.

Pela janela de vidro, eles puderam ver a neve que começava a cair lá fora.

Naruto gostava dos dias frios. A ideia de estar ao lado de Hinata, envolvidos em abraços quentinhos lhe enchia o coração. Aliás, ele gostava de todos os tipos de dias. Frios, quentes, de chuva, de neve. Hinata estar ao seu lado era o que importava. Todos os dias se tornavam melhores com ela ali com ele.

— Eu já te disse o quanto gosto de você?

Hinata sorriu, afetuosa.

— Hai! E eu já o disse que gosto muito de você.

Naruto a olhou com as sobrancelhas arqueadas, como se considerasse aquilo um desafio o qual estava disposto a ganhar.

— Saiba, então, senhora Uzumaki, que eu gosto muito mais de você.

— Hai! Hai!

Ela riu outra vez, sendo acompanhada por ele.

O riso de Naruto suavizou e tornou-se um sorriso e ele a olhou e disse:

— Quero estar ao seu lado sempre, Hinata. Todos os dias da minha vida.

Hinata o olhou admirada. Ela aninhou-se mais no abraço dele e afundou a cabeça no peito dele.

— Eu sempre vou estar com você.

Na sala havia um buquê de flores sintéticas e um quadro com flores prensadas. No quarto, dentro de uma caixinha especial, estava o botão dourado. O segundo botão. Aquele que ficava mais próximo ao coração. E, assim como havia entregado seu coração à Hinata, ele recebeu o dela.

Hinata estava em seu coração e ele estava no dela.

Ela esperou por ele e ele por ela.

E, ter alguém que o ama tanto, deixa-o tão feliz.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de dizer o que acharam para eu saber se vale a pena trazer mais fics assim.
Postei o "capítulo bônus" junto pois era pequenininho (777 palavras).

Nota: a última frase foi colocada propositalmente em um tempo verbal diferente do restante do texto. O intuito é passar a ideia de situação presente.
Kohai/senpai = relação entre calouro/veterano

Ao invés de “eu te amo”, eu usei expressões como “gosto de você” e “gosto muito de você” ao longo do texto e isso pode ser considerado meio seco. Mas os japoneses não são de ficar dizendo “eu te amo” (aishiteru). Eles consideram um termo forte e preferem demonstrar a falar. Então dizem mais o “suki” (que significa “gosto”) e o “daisuki” (que significa “gosto muito”).
A forma mais profunda de expressar que ama uma pessoa no Japão é o “koishiteru” e quase nunca é visto sendo usado. “Koishiteru” traz a ideia de amar a pessoa de tal forma que você deixe claro querer estar ao lado dela para sempre.
Nós que acompanhamos Naruto vimos a Hinata se declarar a ele. Naquele momento, ela usou o “daisuki” (gosto muito) e o Naruto usou o “suki” duas vezes de forma marcante dirigindo-se a ela, no momento da falha orgulhosa e na confissão em The Last.
Mas, reparando bem, o Naruto expõe o conceito de Koishiteru à Hinata bem no finalzinho do filme que é quando ele diz que havia descoberto o que ele queria. “Eu quero ficar junto com você. A partir de agora, para sempre, até eu morrer”.
E a Hinata também diz algo com o sentido de “Koishiteru”. Quando o Naruto diz para se segurar nele e envolver os braços em volta de seu pescoço, a Hinata diz “Sim, eu nunca mais vou te soltar.”
Profundo, não?

:D



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