A Primeira Garota escrita por Somebodytolove13


Capítulo 14
Minhas confissões


Notas iniciais do capítulo

Heyyyy, tudo certo? Mais um capítulo importante narrado pela Rachel, faberry tá crescendo. Espero que gostem, obrigada pela leitura e desculpe qualquer erro!



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RACHEL POV

RACHEL POV

Eu havia chamado Santana para uma conversa séria e estava realmente desesperada.

"Quando eu tive essa ideia brilhante?"

Ah, eu me lembrava... Logo após a performance de "Airplanes", no dia anterior, Shelby se aproximou de mim por trás e disse:

— O que está acontecendo entre você e Lucy?

Meus olhos se arregalaram e meu estômago se revirou como se tivesse levado um soco.

— Nós somos amigas agora. Por quê?

Ela riu levemente, balançando a cabeça negativamente. Sua mão foi colocada em meu ombro.

— Ah, por favor, filha, já passei por isso antes! Sei muito bem o que são esses olhares. O mais importante é: o que você pretende fazer com eles? Porque, pelo que sei, Finn ainda é seu noivo. 

Engoli em seco, nada saiu como eu queria.

— Não pense que Quinn e eu estamos envolvidas, nós não estamos. Às vezes é só difícil não olhar pra ela,- confessei- mas vou resolver isso, okay? Só preciso de um tempo para me decidir sobre o que fazer.- Suspirei, sentindo meu peito se encher de angústia, meu olhar pairando sob Finn, ele me trazia segurança, mas já não o via como noivo. Fiquei feliz por saber que podia contar com minha mãe, também pretendia contar aos meus pais o mais rápido possível, eu precisava resolver meu noivado o quanto antes. 

— Não pense que não estou feliz por você, mas converse com ele, okay?- Sua voz era dita como se eu não fosse a única apaixonada dessa história.- Vamos conversar sobre isso quando estiver pronta.

"Eu, Rachel Berry, apaixonada por Lucy Fabray, por que não soava estranho?"

Abracei minha mãe com força e, foi nesse momento, que vi Santana Lopez atrás de nós, a expressão chocada e os olhos brilhando convencidamente.

Escutei a porta ser aberta com pressa, o barulho ecoando pelo quarto.

— Bom saber que está tão ansiosa para essa conversa, Santana.

Senti-me desafiada desde minhas pernas cruzadas na cadeira ao meus olhos apertados.

— Saiba que tudo o que você contar, será por mim aconselhado, incluindo um compartilhamento com a Britt-Britt.- Ela disse, acomodando-se na minha cama, o rosto falsamente tranquilo.

Respirei fundo, sentindo meu coração bater forte.

"Como alguém se prepara para este tipo de conversa?"

— Adiantaria se eu dissesse que você escutou errado?

— Claro, assim como dizer que sou hétero.

Revirei os olhos. "Não acredito nisso".

— Então, quando ia me dizer que quer arrastar minha amiga para o lado colorido da força? Posso dizer que não me surpreendi por você ser bi, por sinal.- Completou a latina, os olhos fervendo em curiosidade.

Uma pontada atingiu minha cabeça.

— Não quero arrastar ninguém para nada, é só que eu ando confusa com tudo isso e-

— Já disse que não vai adiantar.

— OKAY!- Passei minhas mãos pela saia.-Vou ser sincera, certo?- Tentei juntar todas as pequenas peças em um desabafo convencente.- As coisas andam diferentes nos últimos meses. Minha relação com Finn anda muito desgastada, e estou cansada de ser controlada em todos os detalhes: não posso ficar até certo horário na rua, não posso cantar as músicas que quero no Glee, porque sei que vão me vigiar por uma semana, assim como a última vez. Eu estou mal agora, Santana, mas eu tenho certeza de que estaria pior sem Quinn. De certa forma, estou tentando me apoiar em qualquer coisa boa, e Lucy é, com certeza, uma delas.

A expressão da garota parecia distante, como se ela tentasse se lembrar de algo. A atmosfera repentinamente tensa.

— Você acha que pode estar se apaixonando por ela?

— Eu...Temo dizer que sim.- A frase ecoou em minha mente, virando meu estômago, o ácido subindo pela minha garganta. Santana olhou em meus olhos, estranhamente concentrada.- Mas eu nunca trairia Finn, nunca! É só que, depois do acidente, tanta coisa mudou, e eu, simplesmente, não consigo vê-lo como a mesma figura de antes, sabe? Tudo parece diferente, até os mínimos toques. Eles parecem tão inofensivos e amigáveis que, ultimamente, não consigo beijá-lo sem reparar nisso.

— Olha, sinceramente, nunca entendi como você acha que o garoto beija bem.- Revelou, com um sorriso de canto. Cruzei os braços.- Porém, Rachel Berry, tente focar em Quinn por um momento: o que você sente?

Minha mente começou a viajar pelas memórias da ex-cheerio. Uma garota loira andava pelos corredores, seus braços na cintura, dando-lhe um ar confiante, mas seus olhos caíram sob os meus, e seu andar parou, os braços um pouco frouxos. Várias outras lembranças me ocorreram: Ela chorava após ser exposta como grávida; lia concentrada seus livros durante os intervalos, encarando qualquer um que a interrompesse; ajudava Kurt e Mercedes em algumas tarefas, observada orgulhosamente por suas amigas; ficava entusiasmada a cada vez que alguém mencionava Harry Potter ou Star Wars, se controlando em seguida para não parecer exagerada; e, finalmente, Lucy Fabray dançava comigo em meu quarto, com o braço esquerdo de metal colado em meu corpo, o barulho de sua voz rouca claro perto de meu ouvido.

Nem havia percebido os olhos quase fechados quando respondi:

— Curiosidade, atração...

Escutei um suspiro anasalado encher meu quarto.

— Só isso?

— Paixão. Eu sinto uma paixão assustadora.

O que tinha dado em mim para confiar em Santana? Por favor, não me pergunte.

— Está uma confusão aí dentro, né?- Assenti.- Eu te entendo, realmente. Quando comecei meu relacionamento com a Britt, fui preenchida por dúvidas estranhas que nunca na minha vida pensei que poderia ter.- Um olhar bobo assumiu seu rosto.- O único conselho que te dou é para tentar ser consciente nesse momento, eu sei que é muito ver Lucy todos os dias e, sinceramente, devemos concordar que ela é bem quente, a Brittany também acha.- Arqueei as sobrancelhas, Santana riu.- Porém, você deve falar com Hudson antes de tudo, ser sincera com ele, pelo menos sobre o seu desgaste. Tenho certeza de que não será uma surpresa tão grande.

— As coisas não serão tão simples, mas eu vou conseguir, eu tenho que conseguir.

— Ótimo, valeu por compartilhar. Agora eu vou lá falar com a minha "totalmente confiável Britt". Fique bem, qualquer coisa me chama.

E tão rápido quanto chegou, a latina se retirou, cochichando algo sobre um terceiro olho mexicano e ela querer muito me juntar com Quinn. Deixei-a falando sozinha, minha cabeça queimando em exaustão. Eu odiava ter que fazer tudo parecer tão simples, quando era uma verdadeira bagunça. 

Saí do meu quarto, escutando alguns cochichos no caminho, tentei não pensar muito sobre o que havia acontecido. "Afinal, qual o problema em uma mulher noiva estar apaixonada por uma escondida do governo, que por sinal, nunca iria corresponder?? Nenhum, absolutamente nenhum".

Antes que percebesse, estava na porta do meu auditório, a porta preta brilhando aos meus olhos. Entrei no cômodo hesitante, sabia exatamente o que me esperava do lado de dentro e xinguei meu subconsciente por isso.

Deitada na beirada do palco, estava Quinn. A garota se levantou assim que ouviu o barulho da fechadura, a postura assustada relaxando-se imediatamente. Ela me acompanhou com os olhos, mantendo-se com as pernas agitadas, na capa de seu livro lia-se o título: "Aristóteles e Dante descobrem os segredos do Universo".

Sorri.

" O destino gostava de brincar com tudo, não é?"

— Não, você pode continuar lendo. Só vim para te fazer companhia.- Anunciei, chegando perto de Quinn e me sentando ao seu lado.

— Eu não acho que consiga voltar a ler agora.- Seu tom era baixo e profundo, meu corpo se arrepiou um pouco. A intensidade era tão assustadora, que, de forma irrefreável, corei.

— Bem, esse é um ótimo livro, deveria voltar.

— Pois é, Kurt me trouxe. -Disse, sorrindo enquanto olhava para o livro.- É interessante ver dois jovens se apaixonando assim: lentamente, descobrindo tudo de novo.- Seus olhos de avelã ergueram-se até os meus.- Acho que é um lindo amor, não?

— Arrisco dizer que é um dos melhores.

Trocamos sorrisos.

— Não, não vou conseguir voltar, definitivamente.- Vi a garota colocando o livro de lado, virando-se completamente na minha direção, as pernas cruzadas.

"Como ela não escutava meu coração?"

Um silêncio encheu o recinto, e me aproximei delicadamente, procurando algum assunto para abordar.

— Os meninos já estão chegando.

— Entendo.- Sua voz continuava no mesmo tom profundo, fazendo meu fôlego ser tomado gradativamente. Era impossível não observá-la, os cabelos rosa caindo em seu rosto em pequenos cachos, os olhos cheios de pequenas estrelas douradas, me prendendo com facilidade. Estávamos muito perto, mas só registrei esse detalhe parcialmente. "Será que ela não percebia?"

— Do quê você se arrepende durante o Glee?- Perguntei, sem qualquer consciência.

— Não ter tido mais duetos com você.- Era isso, eu não tinha mais fôlego, mas consegui soltar uma risada fraca.

— Não, tô falando sério...

— Bem...- Ela se afastou enquanto pensava. Agradeci mentalmente.- Depois do que já falei, acho que me arrependo de ter sido cega demais em relação a coisas que estavam na minha frente.- Eu não deveria achar que isso era alguma espécie de indireta, mas meu coração se inundou de expectativa.- E você, senhorita Berry, qual seu maior arrependimento?

Não precisei pensar muito para chegar em alguma resposta.

— Ter ficado presa no que me fazia confortável e não conhecer nada de novo, além de todo o meu egocentrismo. Acho que faço isso até hoje.

— Eu te entendo.

Todo o meu corpo formigava em uma ansiedade descontrolada, mas eu tentava me manter sã e não sair correndo.

— Espero ainda ter tempo para recuperar meu tempo perdido. Ouvi dizer que as manifestações contra o governo estão cada vez maiores em Washington e Miami, eu estou tão feliz! Os jornais avisam que tudo pode ruir ainda nesse ano e minha mãe avisou que as votações podem retornar em breve. Então, você pode voltar e tentar NYADA esse ano, e eu poderei cuidar do meu futuro. Não é maravilhoso?

— Sim, com certeza. É tudo o que quero.- Suspirei, era difícil me apoiar nesse sonho, mas ele se tornava casa vez mais forte em meu peito.- Por enquanto, quanto mais jovens recrutarmos melhor. Schue disse que talvez o Glee Club feche no próximo semestre e ele passe a dar mais aulas de espanhol.

— Mercedes me avisou.- Ela falou, sua expressão assumindo-se triste, assim como a minha. Ela sacudiu a cabeça como se tentasse evitar o assunto, a mão esquerda metálica de fechando com força.- Obrigada por tentar ajudar de alguma forma, acho que todos estão felizes pelo seu projeto.- Ela laçou-me um sorriso triste, mexendo-se desconfortável no palco, os olhos percorrendo o auditório e parando nos microfones com esperança.

Eu não sei o que aconteceu comigo, mas quando vi, estava a poucos centímetros do rosto de Quinn, chegando mais perto a cada segundo. A garota expressava confusão, mas ela não se distanciava. Uma corrente elétrica atravessou meu corpo, e pude perceber que todos os reflexos de ser uma pessoa apaixonada: os batimentos irregulares, o calor do corpo, a hesitação e o reconhecimento. Era desesperador, mas tão reconfortante.

Finalmente consegui beijá-la, mas para a minha tristeza e alívio, o havia feito na bochecha. Esforcei-me para ver a figura de Finn em minha mente, não porque queria que ele estivesse ali como minha pessoa, mas porque eu simplesmente não podia machucá-lo desta maneira. Afastei-me relutante. Quinn havia prendido a respiração e parecia que ia me perguntar algo, suas mãos apertando as minhas.

" O que estava pensando? Lucy Fabray não se interessava por meninas, certo?"

Escutei o barulho de passos agitados na minha direção. Santana passava por mim, com Brittany ao seu lado. Os olhos da latina estavam furiosos e Brittany parecia desesperada para falar qualquer coisa com Quinn, que não parecia prestar atenção. Atrás delas, Finn, Puck e os outros membros surgiam, prontos para o mais novo ensaio. Estava confusa e demorei para raciocinar qualquer outra coisa.

Senti a mão de Santana me puxar pelo ombro, quase me fazendo cair do palco. Ela me escondeu em um canto atrás das cortinas e disse baixinho, provavelmente querendo gritar de irritação:

— Okay, Berry, pare aí mesmo! Olha eu até adoraria ver meu Faberry em ação, mas você ainda tem um requisito a cumprir, lembra?- Acompanhei seus olhos, que apontavam para Finn, meu coração se apertou com força.- Agora não faça isso de novo, nem chegue perto de fazer!

— Não viaje, Santana! Eu não ia fazer nada!- Falei automaticamente, com o rosto muito vermelho.

— Nem venha com esse papinho para cima de mim. Tome cuidado, garota!- Ela se virou de costas e deu um sorriso falso na direção das meninas.- Olá, ex-loira oxigenada, sobre o que estão falando?

Vi Finn vir até mim com um sorriso de lado, os ombros meio caídos e os olhos confusos.

— Está tudo bem? Você está pálida...- Ele parecia tão ingênuo.

— Sim, claro. Não se preocupe.- Peguei suas mãos e dei um beijo em sua bochecha, ficando na ponta dos pés. Abracei-o com força, o peso da culpa se alastrando pelo corpo e minha respiração tornando-se tremida e falhada. A cena repetia-se várias vezes, presa na cabeça, meu corpo ainda sensível pelo "efeito Quinn".- Bom te ver.

Analisei o grupo que se formava na ponta do palco, nunca tinha ficado tão aliviada por ser interrompida.


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Notas finais do capítulo

Ficaria muitoo feliz se me falassem o que estão achando. Aceito qualquer dica. Até o próximo capítulo!



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