Embora tentasse não deixar parecer, Rebekah ainda estava um pouco assustada com a cena que havia presenciado na noite anterior, ela sentiu que a morte havia aparecido na sua frente e acenado pra ela antes de ir embora quando Evan salvou todos e saiu, ele havia sido muito corajoso naquela hora. Por isso, com tantos pensamentos em sua mente, ela não havia conseguido dormir direito naquela noite.

— O que foi filha? Parece cansada. - disse sua mãe, durante o café da manhã.

— É que eu não consegui dormir direito mãe... aquela viatura voando e o garoto  segurando como se o carro fosse feito de papel. - respondeu ela, comendo uma torrada.

— Ah sim, eu vi a notícia agora pouco. Foi  muita coragem dele. 

— Foi mesmo.

O resto do café seguiu-se em silêncio, seu pai estava na  cadeira à frente, lendo seu jornal. 

— Tava bom o café querido? - perguntou sua esposa.

— Sim, muito. Mas agora eu tenho que ir, tchau, amo vocês. - ele disse, se apressando e saiu.

— Ele está muito estranho ultimamente. - sussurrou Rebekah.

— Deve estar cansado também filha, o ocorrido de ontem á  noite deve ter mexido com ele também e tal. 

— É, deve  ser isso. Bom, já vou indo também! 

E levantou-se e saiu para a garagem indo até seu carro,  um Bugatti Veyron preto com cromado  e saiu pelas ruas de Curitiba à caminho da faculdade. Ao chegar lá, encontrou sua amiga, Mariana, na sala.

— Miga, tudo bem?  - perguntou Mariana.

— Está sim amiga, é que o ocorrido de ontem com a viatura  mexeu muito comigo sabe? O mesmo garoto que te salvou foi aquele que impediu a viatura de cair em cima de todo mundo? - disse ela.

— Sério? Então esse garoto é um super herói né? Porque me salvar da forma como me salvou  é bem mais fácil do que segurar uma viatura assim, com tanta facilidade.

— Eu acho impossível, são só coincidências, não credito nessas coisas de superpoderes. - riu Rebekah.

— Ah, eu acredito sim.

— Como toda fã da Marvel.

Ambas riram.

A aula segui normalmente até o momento do intervalo, Rebekah e Mariana saíram juntas e voltaram para a aula juntas também, Mariana decidiu não tocar mais naquele assunto de super herói pois sabia que Rebekah nunca acreditaria. 

 E assim,após a aula, Rebekah decidiu ir no shopping, não estava interessada em comprar algo, só queria fazer lá no shopping algo que a mantivesse com a cabeça ocupada e assim poder parar de pensar naquela cena. Ela nem conhecia o garoto e não conseguia parar de penar no ato de heroísmo dele, que força surreal ele tinha para conseguir segurar aquela viatura. Com certeza ele não era normal, mas acreditar em super poderes? Será?

Logo a aula acabou e depois de chegar em casa, ela não havia visto nenhum indício de ação do garoto, talvez Evan estivesse no seu fonoaudiólogo, o que ocupava demais a mente dele pra conseguir pensar em salvar a cidade. Depois de almoçar, esperou e foi ao seu carro novamente dirigindo para o shopping, onde  andou sozinha por vários minutos.

— Já sei, vou na livraria, deve ter alguma coisa boa lá pra me distrair. - pensou ela, que além dos livros da faculdade, adorava ler qualquer tipo de livro.

Ela então caminhou para a escada rolante, pois a livraria ficava no subsolo e ela estava no quarto e último andar depois de tanto passear.

— Não acredito!! - pensou ao ver que as escadas rolantes estavam cheias, tanto pra subir quanto para descer.

— Caraca, tá muito cheia! - pensou vendo as pessoas passando pelas escadas.

Rebekah  detestava andar em lugares muito apertados, por isso, precisou apelar.

Caminhou pro elevador e ele chegou uns quinze segundos depois que elas o chamaram.

—Vazio. - sorriu Rebekah e entrou no elevador, onde só havia mais uma garota, cabisbaixa, abraçando uns livros que provavelmente devolveria para a livraria. Quando o elevador fechou as portas e começou a descer, estava tudo bem, mas na divisa do quarto para o terceiro andar, um forte estrondo em cima do elevador fez com que as luzes se apagassem.

— Ah não, vai faltar luz no elevador agora? -  bufou a garota que estava ao lado.

— Calma,  às vezes isso acontece  comigo também, logo passa. - Rebekah tentou acalmar ela.

Porém, a calma durou pouco, pois do nada algo se desprendeu de cima do elevador e ele começou a cair muito rápido.

— AI MEU DEUS!!! - gritou Rebekah, se segurando no corrimão do elevador.

Do lado de fora, as pessoas que viram o elevador descendo rápido, pois ele era de vista panorâmica, ficaram desesperadas, as garotas poderiam morrer lá dentro caso algo não fosse feito logo. 

— Gente, chamem os seguranças! - gritou alguém na fila pra pegar o elevador no primeiro andar.

Rebekah se deixou levar pelo pânico e fechou os olhos, esperando o impacto, ela certamente morreria ou correria sérios riscos naquele momento quando isso acabasse. A garota ao seu lado desmaiou de pavor, mas ela tentou se manter firme e acordada. As pessoas olhavam e gritavam pelos seguranças para que eles ajudassem, mas não haveria muito tempo, pois  o elevador já chegaria logo no subsolo em cerca de segundos. 

Mas, nem tudo estava perdido, pois alguém apareceu lá no subsolo empurrando todo mundo que via à sua frente, derrubando muitos.

— Ei garoto mal-educado, pede licença! - reclamou um cara, se levantando.

— Ai meu braço.  - resmungou outro.

Logo Evan chegou na porta e todos ficaram pasmos quando viram ele abrir a porta do elevador com as duas mãos sem fazer o menos esforço e logo entrou no cubículo onde Rebekah descia rapidamente, ergueu as mãos pro alto e o elevador chegou na mesma hora. o baque foi tão grande que Rebekah caiu no chão, ainda meio zonza. Evan colocou o elevador no chão calmamente e o mesmo abriu a porta automaticamente. mesmo tonta,  Rebekah pôde ver a silhueta preta dele se aproximando e então, desmaiou.

Evan a pegou no colo e a tirou de lá.

— Esperem! Ninguém se aproxima! - disse um segurança  enquanto outros dois colocavam a faixa quadriculada em amarelo e preto na frente do elevador.

— Podem sair, está tudo bem agora. - disse outro segurança, mais magro e alto.

Um terceiro segurança carregou a outra menina inconsciente para fora do elevador enquanto Evan, num momento de distração enquanto os policiais evacuavam o local, saiu rapidamente dali e correu para uma das saídas de emergência do shopping, mas enquanto subia, olhou para a garota inconsciente em seus braços, preocupado, será que estava viva? Ou será que ela estava morta por causa do impacto grande que ele causou no elevador? Rapidamente, sentou-se na escada e, ainda com ela no colo, pôs a mão em seu peito, o coração batia, era só questão de esperar que ela acordasse.  Seus olhos brancos voltaram a ficar azuis enquanto ele acariciava seus cabelos esperando ela acordar. Era uma menina linda, cabelos longos, os lábios tão carnudos, nunca vira uma garota tão linda assim na sua vida nem mesmo quando morava em Londres ou Bristol. Ele ficou por um bom tempo ali, acariciando e admirando a beleza da garota, até que ela finalmente acordou e se assustou quando o viu.

— Onde estou?  - perguntou ela, se levantando, mas ao ver as escadas ao seu redor, percebeu onde estava. - Você me trouxe aqui? 

Ele apenas assentiu, sem falar nada.

— E a outra garota que estava lá?

Ele deu de ombros, pois havia ido deixada com os seguranças.

Rebekah então, se recompôs e saiu do colo dele meio sem graça.

— Obrigada por me salvar mas... não gosto muito de colo. - riu ela sem graça e ele deu um sorriso torto.

— Como é seu nome? - ela perguntou mas ele ficou sério e mudo novamente - Não sabe falar ou não quer me dizer? - ele continuou calado e parado, a encarando.

Ela ficou tão desconfortável com ele a olhando tanto que se levantou.

— Érr.. bom, já melhorei então, estou indo!  Tchau. - riu ela saindo pela porta e voltando ao shopping que só olhava ainda para o elevador. 

E agora? Para onde ir?  Qualquer direção que ela tomasse ia encontrar algum curioso que ia querer lhe encher de perguntas. Ela não tinha problemas em responder, mas aquele não era o momento apropriado, certo? Por isso, teve de voltar e subir até o estacionamento pelas escadas da saída de emergência, onde, por algum  motivo, o garoto não estava mais lá, talvez tenha ido ver como estava a outra garota. Então foi até seu carro e dirigiu pra fora do shopping, ou tentou, pois estava com o pensamento a mil. 

Mas, ao chegar na saída, a mesma estava bloqueada também,  obviamente por causa do acidente do elevador. E agora?