Girassol escrita por they call me hell


Capítulo 11
Passo em Falso


Notas iniciais do capítulo

Acabei ficando na correria semana passada e quando as coisas se acalmaram confesso que acabei adiando os capítulos por desânimo, já que são poucas as pessoas que comentam algo e eu gosto de saber o que acharam e o que precisa ser melhorado. Isso acaba me motivando a escrever. De qualquer modo, estou de volta e espero que gostem. :)



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— 11 —

 

Uma coruja invade a cozinha na manhã seguinte, trazendo um pergaminho. Visto que na noite anterior enviei notícias aos meus pais e a Gina, além de ter agradecido Fred pelas flores, ainda que sem jeito. Pode ser uma resposta de qualquer um deles ou algo completamente diferente, então tiro o bolo do forno e o deixo esfriar enquanto verifico de que se trata.

Meus lábios se curvam automaticamente em um sorriso assim que termino de ler. Fred está me convidando para jantar e por mais que eu adore a ideia, devo declinar. Não sei o que deu nele, mas não espero que as coisas vão por esse rumo.

Vou até o quarto, pego um pergaminho em branco e rabisco algumas palavras. A coruja dele aguarda ansiosa. Sirvo um pouco de água antes que ela parta e depois sigo confeitando meu bolo alegremente.

 

* * *

 

— E então? — George pergunta ao meu lado. Movo minha mão livre de forma a afastá-lo, pois quero ler a resposta de Hermione sozinho.

Ele desiste de espiar e vai pegar uma xícara de café, quando volta ainda tenho meus olhos fixos no pergaminho. Me rendo, vencido.

— Ela negou o convite.

George me olha sem entender.

— Bem, talvez ela esteja recusando por estarmos no começo da semana. Se ela está com uma grande confusão no trabalho, pode ser que não se sinta no clima para sair de casa — sugere ele. — Ou ela acha que você levou o beijo a sério e está envergonhada.

Eu concordo com essas hipóteses e mesmo se discordasse, não desistiria tão fácil.

— Talvez o jantar vá até ela então.

Ele dá um tapinha nas minhas costas.

— Cuidado, vá com calma.

Ela adorou as flores que mandei no dia anterior. Até mesmo disse que enfeitariam sua nova sala no Ministério.

— Vou descer para abrir a loja, não demore.

— Desço em um instante.

Pego um novo pergaminho e escrevo minha resposta. Não quero vencer Hermione pelo cansaço, só quero esclarecer que está tudo bem entre nós e que continuo a vendo como uma boa amiga.

 

* * *

 

O dia é cansativo. Além de fazer notas as anotações em minha sala, conheço alguns dos outros funcionários e áreas. Descubro que uma delas faz pesquisas sobre o tempo e seus efeitos sobre nós humanos, e acho isso extremamente interessante. Não vejo a hora de colocar minhas mãos em uma dessas pesquisas, mas não posso reclamar. Estou achando interessantíssimo o modo como as coisas se desenvolvem na minha sala.

Passo o dia observando as telas e fazendo anotações sobre elas, e o dia se passa sem grandes emoções. Mesmo que não faça ideia do que estou vendo, suponho que me será explicado em algum momento e que ainda não o tenha sido para evitar o compartilhamento de informações entre as diferentes áreas do departamento, o que estragaria o experimento em si, seja lá qual for a sua intenção.

Quando chego em casa no final do dia, tomo um banho demorado e não tenho coragem de cozinhar o jantar, então como apenas um pedaço de bolo. Vejo o último bilhete de Fred ainda em cima da pia da cozinha, onde o deixei após ler já com pressa para ir. Não tive tempo de respondê-lo ou me atrasaria, mas fico grata por ter pedido desculpas pelo incômodo e ter me desejado um bom dia de trabalho. Gostaria de dizer que não me incomodou em nada, pelo contrário, mas não sei se é uma coisa boa a se fazer.

Coloco um filme qualquer na televisão e me acomodo na cama. Assisto não mais do que quinze minutos antes que a minha campainha toque. Dessa vez, por via das dúvidas, visto algo mais apropriado antes de abrir a porta.

— Você negou sair para jantar, mas não disse nada sobre eu trazer algo — Fred diz diante da minha porta com comida chinesa em mãos.

Não ousaria dizer para que fosse embora, então o deixo entrar. Ele coloca a comida sobre minha mesa de centro, na sala, e nós nos sentamos no sofá.

— Começarei a ser mais específica — brinco, provando um pouco do que ele trouxe para mim. Está delicioso, então o agradeço gentilmente.

— Como estão indo as coisas no trabalho? — ele me pergunta com curiosidade.

A verdade é que eu sinto falta dessas coisas simples como perguntar sobre o dia de alguém e contar sobre o meu. Fazia isso sempre quando morava com meus pais e era uma forma agradável de passar a noite, emendando assuntos.

— Cansativo e cheio de novidades. Eu estou gostando mais do meu novo cargo do que poderia supor.

— Fico feliz por isso. O Departamento de Mistérios deve ser um lugar louco de se trabalhar, mas no bom sentido.

Concordo com a cabeça, tendo a boca cheia.

— Eu adoraria poder falar sobre todas as coisas que tenho visto. É tão impressionante! Não poder falar muito sobre o meu trabalho é um pouco triste.

Fred coloca a mão nos meus ombros, me confortando.

— O importante é que você está descobrindo todas essas coisas. Logo fará algumas amizades por lá e poderá conversar sobre isso.
— Você tem razão, obrigada.

Ele faz um gesto como quem diz “eu sei que tenho” e me faz rir.

— Perguntei ao Ron qual a coisa toda por detrás desses girassóis — digo, me lembrando de como foi o dia anterior. — Ele imediatamente disse que era de um dos seus irmãos, já que me entregaram quando ainda estava na sua sala tomando café com ele e Harry. Foi constrangedor.

Fred ri alto, achando graça do meu desespero.

— Ele me mandou uma coruja logo pela manhã. “Por que você está mandando flores para Hermione?”.

— E o que você respondeu? — pergunto com uma expressão inconformada.

— A verdade — ele diz, mas percebe que isso não explica nada, então prossegue: — Que te mandei as flores porque tínhamos conversado na noite anterior e sabia que você estava nervosa sobre a entrevista.

Coloco minha comida de volta na mesa de centro e viro meu corpo de frente para o seu. Quero que ele preste atenção no que vou dizer.

— Fred, eu acho isso muito bonito e sou grata pelas flores, são lindas. Porém, eu não tinha esse objetivo quando te beijei aquele dia e...

— Eu sei — ele me interrompe, comendo com tanta tranquilidade que parece que comentamos o clima. — Não te mandei as flores por conta disso, pode ficar tranquila. Eu só achei que estaria nervosa pela manhã e quis que não focasse demais nisso tudo.

— Oh — sussurro, envergonhada por ter assumido algo. Porém, sei que é bom que tivemos essa breve conversa sobre, então tudo bem. — Me desculpe, não devia ter pensado isso.

— Está tudo bem, eu teria pensado o mesmo, acho — Fred dá de ombros, me deixando sem jeito. — Eu sei que você não está no clima, finalmente conseguiu sua promoção. Você já me conhece e sabe que às vezes brinco com as coisas, como sempre fiz, mas você não me deve nada e tudo bem. São apenas brincadeiras e se elas te deixarem desconfortável a partir de agora por conta do que ocorreu, é só dizer.

Admiro sua objetividade e como sei que suas brincadeiras já aconteciam vez ou outra antes desse beijo, não vejo qualquer má intenção nelas.

— Eu sei que um dia você vai gostar de mim e vai dizer “oh Fred, como pude perder tanto tempo?” — ele faz uma imitação péssima da minha voz, me provocando risos. — E eu direi “tudo bem, Hermione, vamos aproveitar o tempo que temos a partir de agora”. É simples.

Ao invés de contradizer, vejo que está brincando apenas para deixar o clima mais leve.

— Que bom que você já tem tudo programado — debocho, rindo outra vez.

— Não tenho pressa.

Ainda que ache tudo isso muito absurdo, não acho que ele tenha um real interesse em mim, a amiga sabe-tudo dos seus irmãos, e mesmo que tivesse não poderia proibi-lo disso. Concordo com ele, achando até que está sendo bem razoável. Não me cobra nada, nem faz jogos comigo, apenas é quem sempre foi. Isso é, de certo modo, até que atrativo. Talvez ele me ganhe mesmo um dia.

— Apenas preciso que você aceite fazer algo vez ou outra, para variar — ele ergue as sobrancelhas para mim e me sinto envergonhada por tê-lo dispensado antes. — Eu não vou fazer nada que você não queira, relaxe. Gosto de conversar e passar meu tempo com você. Desde antes de me beijar.

— Combinado. Aceitarei convites nos dias em que não estiver muito cansada do trabalho.

Ele sorri vitorioso.

— Nesses dias eu posso simplesmente trazer comida, você só terá o trabalho de abrir a porta.

Acho isso adorável, muito mais do que poderia admitir. Posso seguir o conselho da minha mãe de deixar as coisas fluírem ao mesmo tempo em que dou espaço para que Fred conquiste o seu espaço em mim e tenha o meu fixado em si. Parece ser o fim das minhas noites de solidão e pode funcionar bem se mantido de forma casual. Sem expectativas, sem promessas. Digo isso à ele que fica surpreso e, por momento, me detesto por ter feito isso. Poderia ter esperado mais um pouco, mas, na verdade, o que mais eu poderia esperar? Já havia conseguido minha promoção, que era meu foco até então, e ele já deixara claro que estava tudo bem entre nós.

— Ainda que eu nem sempre saiba controlar o que digo, me deixe saber se algo for desconfortável para você. Não quero ultrapassar a linha, apenas garantir que tenhamos um bom tempo juntos quando acontecer.

Eu o adoro por isso. Sem esse peso de um possível futuro padronizado sobre nós, eu o beijo. Um beijo mais curioso, mais intenso. Não demora muito para que esqueçamos da comida chinesa e viremos um emaranhado no meu sofá. Ele se enrosca comigo, me puxando para o seu colo e segurando meus quadris com firmeza. Nós respiramos fundo entre um beijo e outro, nossos lábios sempre se tocando mesmo durante as pausas. 

Porém, não avançamos além disso. Não há problema nenhum em transar sem termos um relacionamento, mas eu ainda não estou pronta para esse próximo passo, mesmo que não seja uma puritana sobre isso.

Então paramos de nos beijar e rimos, ambos sem graça. Por mais que esteja ligeiramente envergonhada, me sinto bem sobre tudo isso e não é como se estivesse sendo forçada a algo.

Voltamos a conversar e a comer, e posso ver que Fred ainda está surpreso. Há um sorriso bobo no seu rosto e estou quase certa de que deve haver um igual no meu. Aproveito o clima leve para fazer um convite:

— Gina me convidou para ir ao Três Vassouras amanhã, se quiser se juntar a nós, está convidado.

Ele pensa por um momento e se aproxima ainda mais, me selando os lábios rapidamente.

— Graças a Merlin — me diz e eu não posso evitar rir outra vez. — George me expulsou de casa amanhã por querer cozinhar para Angelina. É claro que ele não vai cozinhar nada, só comprar algo pronto, mas a intenção é o que importa.

Eu só posso balançar a cabeça para ele, vendo como são bobos. 

 

No dia seguinte, trabalho como de costume e o dia se vai sem preocupações. Quando chego em casa no final do dia, tomo um banho demorado, como algo e perco cerca de meia hora arrumando meus cabelos e escolhendo uma roupa. Quando me vejo pronta na frente do espelho, sinto que é demais e solto os cabelos e troco o vestido por um jeans confortável com camiseta. Está frio lá fora, então apanho um casaco e saio.

Depois de aparatar, encontro Gina e Harry em uma mesa, e me sento com eles. Pedimos três cervejas e fazemos nosso brinde inicial, o qual eles oferecem à minha admissão no DDM.

— Convidei Fred para se juntar a nós, espero que não se importem.

Gina dá de ombros.

— Fez bem em chamá-lo, ele disse que George o tinha expulso de casa hoje.

Sem entender, Harry apenas nos encara.

— George vai fazer um jantar para Angelina no apartamento deles — ela esclarece.

— Ah sim.

Mal terminamos de falar sobre e iniciamos o próximo assunto, e Fred surge, nos cumprimentando e pedindo sua cerveja.

— Obrigado pelo convite — ele diz e ergue sua caneca para brindarmos outra vez.

O último que chega é Ron, o membro original do nosso quarteto, e ele está aborrecido. Percebo pela forma brusca com a qual tira o casaco, o colocando nas costas da cadeira. Ele olha diretamente para Fred e depois para mim.

— O que é que está rolando entre vocês?

Meus lábios se abrem, mas não tenho tempo de responder, pois Harry é mais rápido.

— Eles são amigos, como nós todos aqui. Fred se juntou a nós quando você disse que não poderia vir, então o convidamos novamente — diz e agradeço mentalmente por não ter especificado que o convite, na verdade, foi feito por mim. — Não há razão para você pensar qualquer outra coisa.

Ron, porém, não se dá por vencido.

— Seria melhor ouvirmos isso dos dois, não acham? — rebate ele.

Eu e Fred nos entreolhamos. É um momento complicado, pois não quero mentir para os meus amigos, mas também não acho que o "algo" que existe no momento entre nós seja o suficiente para colocarmos na mesa agora. Estou pronta para dar uma resposta, mas Fred se adianta, talvez por não querer me colocar nessa situação. Esses são os seus irmãos e sempre serão, independente do que ocorrer.

— Hermione e eu somos apenas amigos — diz ele, encarando Ron. — George está deixando as coisas cada vez mais sérias com Angelina e confesso que estou me sentindo um pouco de lado, então estou procurando distrair minha mente passando mais tempo com vocês e está sendo bom para mim. 

— Sendo assim, tudo bem — Ron diz, ainda que não pareça menos irritado. — Não quero ser o último a saber das coisas.

Sei que isso é uma pontada em Harry e Gina, que noivaram há dois anos e mantiveram isso em segredo de Ron durante muito tempo, por medo da reação dele. Todos nós sabíamos disso e quando fazíamos qualquer tipo de menção, ele esboçava que Gina era muito nova para se casar e que por mais que Harry fosse como um irmão, achava que ambos deviam viver um pouco mais antes desse compromisso, para que não fosse uma decisão movida por um sentimento adolescente. Eu o compreendia, mas ao mesmo tempo achava boba a sua tentativa de controlar o que não lhe dizia respeito.

Gina se ajeitou na cadeira, incomodada, e bebeu sua cerveja. Eu podia ver o vermelho tingindo levemente o seu rosto. Por um momento achei que lutaria contra seu impulso de não levar desaforo para casa, mas ela não resistiu por muito tempo, mesmo sabendo que isso complicaria as coisas com o irmão.

— Talvez você devesse cuidar mais da sua vida e parar de opinar na dos outros — ela disse, forçando um sorriso. — Ninguém quis opinar no seu relacionamento com quer que seja, isso devia ter te ensinado algo. Se Hermione e Fred um dia quiserem ficar juntos ou com outras pessoas, o seu papel como amigo e irmão é estar ao lado deles nos bons e maus momentos, e não dizer o que deveriam ou não fazer com base na sua experiência que nem é tão grande coisa.

Ouch. Olho Fred outra vez e sei que se a situação fosse outra, ele com certeza iria zombar o irmão. Entretanto, ele fica em silêncio, pois essa não é a sua deixa e a situação é muito mais séria dessa vez. Harry também não ousa dizer nada, pois foi o mais magoado pelo comportamento de Ron no passado e sabe que a esposa pode ter sido um pouco dura demais, mas está apenas se defendendo.

Ron se levanta, apanha o casaco e nos deixa sem dizer nada. Por mais que a situação não seja a melhor, respiramos aliviados por não ter se estendido além do necessário. Estou triste pelo fato das coisas terem sido dessa forma, essa devia ser uma noite divertida.

— Vai ficar tudo bem, ele precisava ouvir isso — Gina quebra o silêncio, levando uma das mãos até as costas de Harry em um carinho reconfortante.

— Espero que ele reflita e entenda isso até segunda-feira — ele suspira ao dizer. — Sei que ele precisa aprender isso alguma hora, mas não quero mais estresse no trabalho do que o usual.

Eu os assisto com tristeza e sei que farei o necessário para garantir que tudo fique bem entre eles. Afinal, são os meus melhores amigos.

— Obrigado por ter falado com ele, Harry — Fred disse, mudando um pouco o foco, mas ainda dentro do assunto.

Eu aceno positivamente em concordância.

— Não precisa agradecer — ele diz, pedindo outra rodada de cerveja para todos nós — Não me importa se vocês dois são apenas amigos ou se estão indo devagar, apenas quero que sejam felizes e saibam que Gina e eu podemos dizer às vezes que gostaríamos de vê-los juntos, mas é apenas porque queremos o melhor para vocês.

Depois de ouvi-lo, me sinto emocionada e decido dizer a verdade.

— Nós estamos... indo devagar — digo e posso ver Gina entreabrindo os lábios em surpresa. — Não estamos namorando, não planejamos namorar, mas tem sido divertido tomar algumas cervejas ocasionalmente e passar o tempo juntos, então decidimos não ter pressa.

— Eu fico feliz por vocês — Gina diz e posso perceber que fala sério. — Você é a minha melhor amiga e eu não poderia desejar alguém melhor para um irmão meu. Espero que tudo dê certo entre vocês.

Fred me olha com uma expressão que não sei decifrar, mas seguimos a noite bem até que eventualmente o bar precisa fechar e somos colocados para fora. Saímos rindo depois de muitas canecas e me sinto levemente zonza.

— Há quanto tempo não fazíamos isso? — pergunto rindo.

— Desde que você e Gina saíram assim e aparataram na rua errada sem saber onde estavam — respondeu Harry.

— Eu gostaria de ter visto isso — Fred ri de nós duas, abraçando minha cintura com uma das mãos. — Mas vamos evitar que aconteça dessa vez, é hora de levar as moças para descansar.

Gina se aproxima e me abraça apertado, dizendo para que eu cuide bem do seu irmão, pois ele é o atual preferido. Depois ela o abraça e diz algo que não entendo, pois Harry se despede de mim.

Quando chegamos, vejo Fred com as mãos nos bolsos e me lembro de George e Angelina em sua casa, então faço o que sinto que deveria fazer e o convido para passar a noite. Ele diz que não quer me incomodar e que já planejou ficar em uma hospedagem na rua principal, mas insisto até que concorde.

Entro tirando os sapatos e vou até o quarto para vestir algo mais confortável. Olho os armários tentando decidir o que cozinhar e Fred, que aparatara até a hospedagem para pegar suas coisas, retorna algum tempo depois com elas em mãos e as coloca ao lado do sofá da minha sala. Também tem uma pizza consigo, o que evita que eu ligue o fogão.

A levo até o quarto e ligo a tv para vermos um filme, já que ainda não tenho uma tv na sala. Bato no colchão com uma das mãos, convidando-o para se sentar, e abro a caixa para pegar um pedaço. Ele vai até a sala colocar um pijama e depois senta comigo.

— Obrigado por ter contado para Gina — ele diz, comendo seu pedaço. — Isso torna as coisas mais fáceis e evita que se compliquem no futuro.

— Eu também acho, apenas senti que precisava ser sincera.

Um carro capota no filme e eu não entendo o que está acontecendo.

— Você acha que vai ficar tudo bem com a situação do Ron?

Penso um pouco e, para ser sincera, não sei. Já brigamos algumas vezes ao longo dos anos e tudo se ajeitou, mas agora que éramos adultos as coisas pareciam um pouco diferentes.

— Eu espero que sim, mas acho que vai levar um tempo. Ron e Gina são teimosos, então é provável que Harry e eu precisemos dar um empurrãozinho.

Deixamos o assunto de lado e comemos assistindo o filme em silêncio. Quando estamos satisfeitos, guardo a pizza na geladeira e vejo Fred se levantar para deitar no sofá, mas evito que ocorra.

— Você pode dormir aqui, está tudo bem.

Ele me olha desconfiado como se isso fosse um teste, mas ergo as sobrancelhas garantindo que estou sendo sincera, então ele volta. Apanho outro edredom no armário para ele e apago a luz, deixando apenas a claridade da tv a iluminar o quarto.

Ele beija minha testa e me puxa para deitar com a cabeça no peito.

— Não se preocupe, não vou passar dos limites.

— Eu sei que não, você é um Johnny.

Ele fica sem entender, então levanto a cabeça para que meus olhos encontrem os seus.

— Longa história.

— Eu tenho tempo.

Conto à ele sobre quando assisti Cry Baby com sua mãe e Ginevra, e sobre como apelidamos os garotos de Johnny. Ele não faz ideia de quem é Johnny Depp, então aponto para o pôster na lateral do meu guarda-roupas. 

— É um caso antigo, mas não precisa se preocupar.

Ele ri achando tudo muito divertido e entende o elogio.

— Posso abrir uma exceção para ele.

Nos beijamos devagar, seus lábios quentes pressionando os meus. Uma das minhas mãos estão sobre o seu peito e posso sentir seu coração bater na ponta dos meus dedos. Sua mão direita vai até meus cabelos e se entrelaça entre os fios, me deixando arrepiada.

Uma pequena borboleta voa ao longe, livre.


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