Isso não é uma carta de suicídio escrita por Beykatze


Capítulo 1
Mãe


Notas iniciais do capítulo

Não revisei muito bem porque tinha que postar logo pra não perder o prazo, então me desculpem qualquer erro ou confusão.
Boa leitura ♥



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“Mãe,

Me desculpe por ser assim, sem paciência e explosiva. Sei que não é minha culpa, na verdade somos muito parecidas e eu sei que é disso que você tem mais medo.

Mas não se preocupe, eu aprendi com as explosões como da vez que minhas colegas não conseguiam escolher entre futebol e vôlei e eu gritei com elas e tento me controlar ao máximo. Entretanto não tenho muito o que fazer. Eu guardo tudo tão fechado que, quando enche demais, as correntes que guardam esses sentimentos arrebentam e essas coisas ruins jorram de mim.

Além disso, você mesma não os controla bem ainda, com quarenta anos. Vez ou outra faz com que eu me sinta uma merda com apenas um olhar reprovativo. Eu sinto muito, mas não sou perfeita.

Me desculpe por aquela vez que briguei com você naquele passeio na praia.

A praia era linda, me lembro bem. A água azul cristalina, as ondas brancas espumando quando batiam nas rochas claras. Tudo naquele lugar era belo e o ar tinha cheiro de sal e diversão. Estávamos felizes. Então eu comecei a me sentir muito mal. Eu sentia que não podia ser chata para não estragar as coisas.”

Naiara parou o movimento do lápis bem apontado. A lembrança daquele dia fazendo trazer a tona lágrimas salgadas que correram pelos olhos. A garota tomou cuidado para que não tocassem o papel e manchassem sua letra.

Piscou algumas vezes os olhos castanhos para afastar o choro, puxou os cabelos marrons, lisos e curtos para trás da orelha e voltou a escrever.

“Entretanto, a pressão que eu fiz em mim mesma para não estragar as coisas me deixou uma pilha de nervos pensando que você me odiava e que estava com raiva de mim por ter feito qualquer coisa.

Me desculpe por gritar com você quando, nesse dia, me empurrou. Estávamos dentro do mar e você me empurrou e eu fiquei furiosa e fui absurdamente ridícula e desrespeitosa. Acontece que uma água viva estava ali e você me empurrou para que ela não me queimasse. Eu não a vi, mas depois que você explicou magoada eu fiquei com tanta vergonha que nem mesmo consegui me desculpar e sai da água.

Depois disso fiquei me odiando muito pelo modo como falei.

Me desculpe por esse dia e por todos os outros.

Mas mãe, eu peço desculpas principalmente por me odiar. E eu peço isso porque sei o quanto você me ama e amou.

Me desculpe por me odiar até perder o ar e por não conseguir me olhar no espelho. Me desculpe por querer sumir e por ter tentado me matar. Eu sei que isso te quebraria, então não me desculpe por ficar a madrugada vomitando os comprimidos.

Me desculpe por me machucar e desejar fazer isso, me desculpe por cada corte, cada soco, cada ação contra mim. E me desculpe por você não saber. 

Sinto muito todas as vezes que eu surtei quando você quase viu minhas cicatrizes correndo ou iniciando uma conversa alta e aleatória, eu devia te contar, mas não consigo. Isso te mataria e eu não posso viver sabendo que te fiz mais mal.

Então, mãe, no final disso eu só quero pedir desculpas por tudo. Espero ser uma filha melhor daqui pra frente e espero cumprir suas expectativas.

Eu te amo

E me desculpe."

Trêmula, Naiara levantou da cadeira preta acolchoada e foi para a cozinha respirar um pouco. Era um domingo nublado e frio e estava sozinha em casa, já que sua mãe estava na casa de sua tia. Olhou ao redor do cômodo silencioso e, para se distrair, resolveu fazer um lanche.

Abriu os armários buscando algo para comer, mas no final optou por fazer um bolo. Pegou farinha, ovos, manteiga, chocolate em pó, fermento, sal e açúcar e bateu a massa. Colocou tudo em uma forma untada e deixou no forno em seguida.

Voltou ao quarto mais leve depois de cozinhar e sentou novamente, pegando um novo papel.


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