Recomeço escrita por Val Rodrigues


Capítulo 1
Capítulo Unico


Notas iniciais do capítulo

Enjoy!



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Um ano de namoro. Seis anos de casamento. Dois anos após o casamento começamos a tentar. Varias e varias tentativas para engravidar sem sucesso. Exames e mais exames. O resultado me quebrou. Eu não podia engravidar. Tratamentos sem sucesso.

No inicio, ele estava sempre presente. Me apoiava, me dava força, me animava. Depois de um certo tempo, o fardo ficou pesado. Suas ausências começaram a aumentar. Discussões intermináveis. Horas e horas fora de casa.

Não éramos mais um casal. Éramos duas pessoas que dividiam o mesmo teto. Sem conversa, convivência, nada. Apenas o vazio.

Encostei a cabeça no vidro e deixei mais lembranças me tomar.

 

— Eu sinto muito. O tratamento não teve o sucesso esperado.

— Você esta brincando? Levantei me sobressaltada.

— Isabella calma. Edward pediu em sua calmaria costumeira o que me irritava ainda mais.

— Para você é fácil falar. Não é você que tem que se submeter a remédios, agulhas e tratamentos o tempo todo.

— Eu nunca pedi que fizesse isso. Gritou levantando-se.

— Como é? Eu faço isso por nós dois. Por nossa família.

— Você ao menos percebe que não existe nós dois há tempos? 

— Então por que você continua aqui? Joguei a verdade em seu rosto.

— As vezes eu também me faço esta mesma pergunta. Esbravejou.

 

.........................

 

Desci as escadas ainda de pijama. Era sábado e eu necessitava urgentemente de descanso.

O trabalho, o tratamento e as noites insones consumiam minhas energias.

O cheiro de café encheu meu nariz assim que pisei na cozinha.

— Bom dia. Ele disse quando percebeu minha presença. _ Café? Perguntou me estendendo uma xícara. Assenti aceitando-a.

— Pensei que estivesse no Escritório. Disse após provar a bebida fumegante.

— É sábado. Ele disse como se explicasse tudo.

— Isso não te impedia. Devolvi. Há meses que ele trabalhava aos fins de semana.

— Eu sei. Mas eu pensei que talvez pudéssemos aproveitar e passar algum tempo juntos. Como antes.

O encarei por um momento e soltei um longo suspiro. Poderíamos ser como antes?

— O que é isso? Perguntei mudando o rumo da conversa. Não queria brigar.

— Vamos fazer um piquenique. Temos lanches, água. Suco. Tudo o que precisamos bem aqui.

Pisquei surpresa. Há tempos não fazíamos isso.

Edward parecia ouvir meus pensamentos.

— Vamos fazer algo diferente desta vez. Ele falou me estendendo a mão. 

Apertei a sua em resposta.

O sol estava alto. Encontramos uma árvore generosa em sombra e nos aconchegamos ali. Toalhas no chão. Lanches no fim.

Encarei suas orbes castanhas e depois nossas mãos entrelaçadas. 

— Nunca mais vou soltar sua mão. Prometeu e meu coração aqueceu. Mesmo ferido ele ainda batia por Edward Cullen.

.....................

 

— Tenho medo Edward. Revelei meus pensamentos horas mais tarde ao nosso piquenique e ele me apertou contra si. Incrivelmente estávamos passando um tempo juntos sem gritos, cobrança ou exigências.  _ E se o tratamento não der certo novamente? Havia decidido tentar mais vez.

— Vai dar certo desta vez. Temos que manter a esperança. Querendo calar meus pensamentos, o beijei. Ele segurou-me a ponto de me olhar nos olhos. _ Sei que tudo isso é difícil para você, mas estamos juntos nessa. E ali pude ver todo o amor e o arrependimento.

O beijei novamente. Mãos afoitas. Boca faminta.  Edward sorriu aplacando minha urgência. 

Corpos entrelaçados enquanto a lua brilhava do lado de fora. 

— Não vou desistir de nós dois. O ouvi sussurrar antes da escuridão me tomar.

                                             

.....................

 

 

 

Meses depois...

— O que aconteceu depois? Minha terapeuta perguntou com seu costumeiro bloco de notas em mãos. Suspirei encarando o teto branco do consultório. Era difícil me abrir. _ Isabella você vem aqui há quase três meses, mas nunca passa deste ponto. Precisa colocar para fora aquilo que esta te ferindo. É como expelir um veneno, vai doer, mas é a única maneira de sobreviver.

— Eu sobrevivo doutora. É tudo o que tenho feito. Quis acrescentar. Como dizer que semanas após me prometer estar comigo Edward me deixou? _ Preciso ir. Levantei-me apressada.

— Ainda temos 30 minutos. Ela disse me olhando.

— Não importa. Agarrei minha bolsa e sai dali.

...............................

 

— Você parece melhor. Alice disse depois de me soltar do seu abraço apertado e me olhar demoradamente.

— Estou bem. Menti com meu costumeiro sorriso. Ela acenou e sentou-se em seu lugar. _ Por que me chamou aqui? Perguntei assim que ela sentou-se a minha frente. O aroma de café quente invadindo o local.

— Eu preciso te dizer algo, mas não sei como falar. Seu rosto mudou e ela encarou as mãos.

— Apenas diga Alice. Odiava ser tratada com tanta fragilidade. Especialmente por minha irmã mais nova. Eu deveria cuidar dela e não o contrario.

— Olha Bella, Jasper e eu pensamos muito sobre isso...

Jasper, irmão do Edward. Marido da minha irmã. Sim. O destino amava nos pregar peças.

A olhei impaciente.  Eu a amava, mas ultimamente, não parecia ser eu.

— Eu quero que saiba que nunca planejamos isso. Apenas aconteceu e agora...

— Alice... a interrompi. _ Vai dizer ou não?

— Eu estou grávida. Ela falou em fôlego só e meu coração afundou. Grávida. Minha irmã estava grávida. _ Bella...

— Parabéns. Soltei. Ela ficou a me encarar.

— Serio? Não esta brava?

— Não. Respondi e ela me abraçou mais uma vez.

— Estou tão aliviada. Foi um surpresa e tanto.

— Jasper e você merecem isso Alice. Fui sincera, ao menos isso ainda era eu. _ Aproveite bastante. Ela me olhou com os olhos marejados.

— Eu queria...

— Não Alice, não. Neguei a cortando. Sabia bem o que diria. Beijei seus cabelos e sai dali. Minha irmã não precisava me ver chorar.

...............................

 

Acordei suada e tremula. Lagrimas escorriam por meus olhos. O pesadelo voltando a minha mente. Tomei um banho quente me despertando por completo.

Praticamente invadi a sala da minha terapeuta com a recepcionista em meu encalço.

— Senhora por favor, não pode entrar.

Dra. Sandra ergueu os olhos de suas anotações e me encarou.

— Tudo bem Maria. Pode deixar.

Ouvi a porta bater atrás de mim e seu olhar me avaliar.

— Eu quero falar. Quero colocar para fora todo o veneno. Não sei mais quanto tempo posso conviver com isso. Disse a encarando. Falar com Alice fora o estopim.

 Com um gesto ela apontou a cadeira onde habitualmente eu me deitava.

— Muito bem Isabella. Sua voz soou ao meu lado. O costumeiro bloco em mãos. _ Vamos começar.

As palavras saiam engasgadas. Eu era dor, magoa e raiva. Dor pela incapacidade. Magoa por ele ter me deixado. Raiva por que eu sabia que a culpa era minha.

— Todos tem sua parcela de responsabilidade. Mas culpa é termo pesado demais. Ela falou quando parei de falar. Engraçado como o teto branco ainda continuava a me puxar.

— Edward merece alguém inteira. Não podemos criar uma família. Meu corpo idiota é incapaz de fazer isso. Externei minha raiva.

— Por isso você o afastou?

— Não o afastei. Ele foi embora. Rebati.

— Sim. Ele foi. Mas pense bem. Antes dele ir, o que aconteceu?

......................

Aquela pergunta era fácil de responder. Por mais que eu não quisesse admitir.

Reclamações. Brigas e mais brigas. Discussões intermináveis. Tratamento de silencio.  

— Acho me afastei dele o maximo que pude, por que eu sabia que chegaríamos ao fim. Admiti para mim mesma horas mais tarde na solidão daquele casarão enorme que no momento parecia fria e sem vida. Era exatamente assim que me sentia.

Não me movi quando escutei o barulho de chave na porta. A única pessoa que tinha uma copia era ele. Confirmei minhas suspeitas quando seu cheiro invadiu minhas narinas antes que meus olhos pousassem nele.

— Alice disse que conversou com você hoje. Ele começou me olhando. Permaneci a encara-lo. _ Você esta bem? Se aproximou quando não respondi. _ Bella. Esta me ouvindo? Ele abaixou a minha frente e tocou minha mão. _ Sua mão esta gelada. Eu vou pegar um cobertor. Levantou-se. Apertei minha mão na sua o impedindo de se afastar.

— Eu estraguei tudo não foi? Perguntei sem soltá-lo.

— Isabella... fechei os olhos. Ele só me chamava assim quando estava magoado.

— Eu sei. Abri novamente o olhando. _ Me afastei de você, briguei por motivos que não deveria, em parte por que o tratamento me deixava maluca. Ele fechou os olhos e suspirou sentando-se ao meu lado. _ Mas a verdade é que depois que eu comecei a perceber que não estava dando certo, eu soube que me deixaria.

— Como é? Edward perguntou me encarado. Agora ele estava bravo. _ Como pode dizer algo assim? Você me mandou embora repetidas vezes, ainda assim continuei aqui, fiquei ao seu lado, ate você gritar aos quatro cantos que odiava sua vida. Que Mim odiava.

Suas palavras foram como soco. Sim. eu havia dito todas elas em uma tentativa louca de afasta-lo.

— Para que? Não percebia que estava lutando por algo sem futuro?

— Você valia a pena. Falou por cima. _ Nos éramos felizes antes de toda esta loucura, lembra?

— Eu nem ao menos podia te dar tudo o que uma mulher pode. Por que insistia?

— Por que eu amava você. Eu amava o que tínhamos.  E por mais que você tente me afastar, diga que não quer me ver, ainda assim, eu continuo amando.

— Edward... murmurei interrompida por seus lábios nos meus. Sua mão em minha nuca me puxando para perto.  

Um beijo e tudo em mim despertou. Sempre foi assim e continuava sendo. Ele colou nossas testas. Colocou minha mão sobre seu peito. Batidas rápidas. Fortes.

— Consegue sentir? Ele só bate por você. Chorei ainda mais e ele me envolveu em seu abraço acolhedor.

Edward cuidou de mim. Me levou para o quarto e me fez tomar um banho quente seguido de um chá. Eu não disse nada. Apenas me deixei ser guiada. Pelo seu amor, pelo seu carinho. Mesmo que nunca pudesse estar à altura dele. Naquele momento eu precisava.

Adormeci no conforto dos seus braços.

............................

Acordei sozinha na cama. Olhei ao redor. Edward não estava em parte alguma.

Um envelope amarelo junto a um bilhete a mão atraiu minha atenção.

Recebi estes papeis ontem.                                                        

Se quiser me encontrar, estarei na nossa cabana.

Joguei o conteúdo em cima da cama revelando o formulário de divorcio. Meus olhos correram sobre os papeis sem assinatura alguma. Meu coração deu um salto quando notei uma passagem de ônibus junto os papeis. Para a nossa cabana. O lugar onde passamos nossa lua de mel. Onde comemoramos aniversários de casamento e outros momentos especiais. Onde ele disse que estaria.

Olhei as horas. Em impulso, corri pelo quarto jogando algumas roupas e produtos de higiene pessoais numa pequena mala enquanto calculava mentalmente quanto tempo ainda tinha antes de pegar o ônibus.

Um banho rápido e uma ultima verificada na casa. Minutos depois estava em um taxi direto para a rodoviária.

O coração descompassado no peito. De alguma maneira queria o que poderia vir naquele fim de semana, mesmo que fosse um ultima vez.

O caminho foi longo e curto ao mesmo tempo.

Longo por que eu ansiava vê-lo novamente. Curto por que eu não sabia o que dizer quando seus olhos encontraram os meus.

— Você veio. Ele disse quando parei em frente a Cabana.

— Oi. Disse apenas. Nossos olhares se sustentando. 

Pingos de chuvas grossos começaram a cair e eu olhei para cima notando a chuva. 

— Vamos entrar. Ele disse segurando minha mão quando a chuva começou a nos molhar. Mesmo dentro da cabana não nos soltamos. 

Pelo contrário. Eu queria mais. Eu queria sentir aquele calor, o conforto dos seus braços. Largando minha bolsa no chão ao seu lado não pensei em mais nada a não ser beija-lo.

Edward segurou minha cintura e a surpresa foi substituída pela mesma urgência que eu sentia. 

— Senti falta disso. Ele murmurou me segurando. 

— Eu também. Confessei. E ele me abraçou ainda mais.

Sob seu toque meu corpo pareceu despertar. Intenso e saudoso. Era assim que reagimos um ao outro. 

Minhas subiam puxando levemente seus cabelos o trazendo para perto. 

Edward me ergueu em seus braços nos levando para o quarto. Sobre lençóis macios nos entregamos a chama que nos consumia.

Descansei em seu peitoral fazendo círculos imaginários.  O único som eram nossas respirações.

— Senti tanto sua falta. Ele murmurou beijando meus cabelos.

 _ Eu também. Repeti inebriada por seu cheiro. E recomeçamos nossa dança. Desta vez calma e intensa ao mesmo tempo. Edward sabia me tirar de orbita com seu toque, seus sussurros em meu ouvido nos levando a mais uma explosão. 

Descansei sobre seu peito deixando o sono me levar, era dia, mas seus braços ao meu redor e o barulho da chuva caindo foram o suficiente para me fazer adormecer.

Despertei com a claridade em meus olhos. Imediatamente senti falta do seu calor. A cama estava vazia mais uma vez.

Pela janela vi sua silhueta do lado de fora. Ele estava tenso ao telefone. Falava baixo e se movia de um lado para o outro. Um gesto típico dele quando ficava nervoso.

— Eu já disse que não posso falar agora. Sua voz soou ríspida. 

O barulho da porta atraiu sua atenção. Em um giro seus olhos encontraram os meus.

— Você acordou. Falou surpreso desligando o celular no mesmo momento.

O encarei. A conversa repassando em minha mente. 

— Esta tudo bem? Perguntei apontando o celular.

— Ah, isso? Ele perguntou erguendo o celular. _ Pode esperar. Não é importante. Quer comer alguma coisa? Perguntou desviando de mim e entrando na Cabana.

Engoli o choro. Quase podia ouvir minha mente gritar “eu avisei”.

— Na verdade, eu pensei em dar uma caminhada. Falei sem olha-lo. Precisava ficar sozinha.

— Bella... ouvi sua voz me chamar, mas não parei.

A passos rápidos caminhei para longe dali. As lagrimas já molhavam meu rosto.

 Burra. Burra. Burra.

Achou mesmo que poderia dar certo? Minha consciência zombou.

— Isabella... pulei com sua voz. _ Esta chorando. Constatou se aproximando. Dei um passo para trás. _ O que foi? Perguntou confuso.

— Quero voltar para casa.

— Pensei que fosse querer passar o fim de semana aqui, mas tudo bem. Vamos ver se conseguimos passagem.

— Nós não. Eu vou sozinha.

— Por que? Estávamos bem, não? Ele perguntou e desviei o olhar de seu rosto. _ Amor, fala comigo. Pediu.

— Você esta com alguém? Respiração ofegante. Coração aos pulos.

— O que? O choque em seu rosto.

— Você. Esta. Com. alguém? Pontuei pausadamente. A raiva crescendo em meu peito, dele, de mim mesma. De toda aquela situação. 

— Do que é que você esta falando?

— Eu ouvi você no telefone mais cedo.

— Inacreditável. Ele murmurou encarando um ponto alem de mim. _ Quer mesmo saber? Perguntou e eu emudeci. _ Sim. Eu estou. Eu a amo mais do que tudo. Confessou. Dei um passo para trás. O coração afundando no peito.

— Você... não consegui concluir.

Edward cravou seu olhar em mim.

— Eu a amo desde a adolescência no ensino médio. Começou na escola. Namoro inocente. Vivi com ela quase todas as emoções da minha vida. Crescemos juntos. Amadurecemos juntos. Ele falava de mim? _ E agora não sei o que fazer por que ela não me quer mais em sua vida. O olhei. Lagrimas nos olhos.

— Ela quer sim. Segui sua deixa falando na terceira pessoa. 

— Então porque ela me pediu o divórcio? Seu tom era magoado.

— Por que ela acredita que você merece mais. Respondi. 

— Ela é uma boba. Ele disse segurando minha cintura prendendo meu olhar ao seu. _ Por que ela é perfeita para Mim. 

Lágrimas quentes escorriam por minhas bochechas. 

Eu o abracei e deixei minha dor, insegurança, incapacidade se esvaírem. Alimentei estes sentimentos por tanto tempo que eles estavam me consumindo, me roubando a vida, me escondendo as oportunidades de apreciar o que ao alcance de minhas mãos.

Edward nos conduziu a um banco de madeira em frente ao lago e nos sentamos ali, mãos entrelaçadas, descansei minha cabeça em seu ombro e ele me apertava em seus braços como se nunca mais fosse me soltar.  

— Eu nunca vou poder realizar nosso sonho de construirmos uma família. Murmurei quando a crise de choro passou. 

— Você e eu já somos uma família, Bella. Murmurou beijando meus cabelos. _ Alem do mais, há outras formas de aumentar nossa família.

— Adoção? Pensei que não gostasse da ideia. Relembrei suas palavras.

— Eu era imaturo quando conversamos sobre isso. Disse apenas.

— Não acho que estou pronta para um passo como este.

— Amor não quero que se pressione por mais nada. Esta bem? Não é certo, nem saudável se cobrar tanto assim. Neste momento, tudo o que importa é você e eu. Nós dois juntos. Sorri.

Eu amava aquele homem. 

— Você tem razão. Me aconcheguei em seu abraço.

............................

Nós estávamos sentados no sofá vendo um programa de perguntas e respostas na televisão.

Depois da nossa conversa no lago voltamos para s Cabana. Edward esquentou o almoço que ele tinha preparado mais cedo e só então eu notei o quanto estava faminta.

Edward alcançou o celular quando seu toque encheu a sala. E eu me preparei para sair de seus braços. Ele me olhou apertando minha cintura enquanto ouvia algo do outro lado, e ele riu me beijando.

— Claro que estou ouvindo. Mas eu preciso resolver uma coisa agora, conversamos quando eu estiver de volta na Segunda.

— O que? Perguntei cruzando os braços como uma criança birrenta.

— Quase esqueci o quanto minha linda esposa pode ser ciumenta. 

— Por que eu ficaria com ciúmes? Perguntei segurando o sorriso quando ouvi “linda esposa” na mesma frase.

— Então este bico aqui é o que? Beijou me mais uma vez. _ Não precisa sair só por que meu telefone tocou.

— Quis te dar privacidade. Argumentei. 

— Não preciso de privacidade. Preciso de você aqui. Exatamente onde está. O abracei depositando um beijo em seu pescoço e deitei minha cabeça ali.

— Minha terapeuta acha que tínhamos problemas de comunicação.

Revelei esperando sua reação.

— Você concorda com ela?

— Acho que sim. Nos últimos dias magoamos muito um ao outro e isso acabou nos afastando. Edward suspirou.

— É algo que temos que mudar então.

— Obrigada. Por não desistir de nós. Ele levou minhas mãos aos lábios.

— Pode fazer o mesmo por mim? Pediu me olhando. Acenei concordando.  _ Quando voltarmos na segunda vamos cancelar o pedido de Divórcio. Acenei mais uma vez concordando. _ E vamos fazer amor todos os dias. Só por que queremos. Gargalhei. Tinha sido uma loucura seguir os horários de ovulação. Tornou-se uma obrigação e um peso demasiado sobre nós dois.

Toquei seu peito sugestivamente.

— Eu tava pensando que a gente poderia começar agora. Edward riu com vontade.

— Está foi a melhor ideia que você já teve meu amor. E me beijou nos levando para o quarto.

...................................

 

Algum tempo depois...

Edward e eu caminhávamos muito bem no nosso relacionamento. Eu continuei com as consultas com minha terapeuta uma vez ao mês. Me ajudava a lidar com minhas ansiedades, incertezas e inseguranças.

Mesmo trabalhando muito, Edward estava bem mais presente e nossa união parecia aumentar ao longos dos meses.

Desde que deixamos a Cabana tivemos uma única briga causada por um ciúme bobo do Edward, o que de certa forma, me fez perceber o quanto ele se importava e nos fortaleceu ainda mais. Logicamente, eu não perdia a oportunidade de provoca-lo sempre que ele alegava que eu estava com ciúmes e acabávamos rindo da situação.

Quase um ano depois de reatarmos voltamos a ter a conversa sobre adoção. Foram semanas amadurecendo a ideia ate que finalmente, criamos coragem e nos inscrevemos no programa de adoção.

Sarah surgiu em nossas vidas em dia gelado de inverno. O telefone tocou enquanto toávamos uma xícara de chocolate quente e apreciávamos os cobertores no sofá assistindo um filme.

Junto com ela, Gabriel, seu irmão mais velho de quatro anos. Os dois haviam sido abrigados após sofrer abandono dos pais que pelo que sabíamos eram viciados. Edward relutou no inicio em adotar os dois, mas depois de uma conversa honesta, ele revelou que seu maior medo era que a criança não se adaptasse com ele, o que obviamente discordei. 

Dois dias depois, fomos busca-los no abrigo.

Sabe aquela sensação de ter o eu bebe pela primeira vez em seus braços? Foi exatamente isso quando conhecemos Gabriel. Todas as nossas inseguranças sumiram quando ali, na pequena sala, cheia de objetos coloridos, Edward e eu conversávamos com ele.

Menino tímido e um pouco ate amedrontado, não se abria facilmente e logo percebemos que ele precisava de nós.

Sarah tinha pouco mais de um ano o que facilitava as coisas.

Ainda lembro o brilho no olhar dele quando chegamos e mostramos o quarto. Edward abaixou se para mostrar os brinquedos e depois de um tempo conversando e brincando ele ganhou o primeiro abraço do filho e eu posso afirmar com certeza que foi ali, que nosso filho ganhou o coração do pai.

Voltei das lembranças vendo Edward a ensinar Gabriel a nadar. Sarah agitada batendo as mãozinhas na água como se fosse a melhor cois do mundo. Sim. Minha filha amava água. Era meu pequeno peixinho.

— Mamãe é grudento. Gabriel reclamou quando passei o protetor em sua pele pela terceira vez no dia.

— Eu sei filho, mas o sol esta muito forte. Expliquei continuando minha tarefa e Edward riu quando ele correu de volta para a água.

....................................

Encostei-me no batente do quarto observando meus pequenos completamente adormecidos exaustos pelo dia agitado. Um único pensamento se formando em minha mente. Gratidão. Sorri. Com toda certeza do mundo posso afirmar que valeu a pena.

Edward me abraçou por trás e descansei minha cabeça em seu peito.

— Feliz?

— Como nunca antes. Ele sorriu e me beijou.

FIM!


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Notas finais do capítulo

E entao? kkk