Até que eu vá embora escrita por Pollyanna Felberk


Capítulo 5
Capítulo quatro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/783966/chapter/5

Manter contato com Giovanni depois daquela notícia foi ainda mais difícil. Eu não deixava de pensar se as coisas poderiam ter sido diferentes se a minha decisão tivesse sido outra, se eu não tivesse demorado tanto. Poderia ter sido eu no lugar daquela mulher? Eu sabia que não chegaria a lugar algum pensando em tudo aquilo, mas não conseguia parar de pensar e, principalmente, encontrar uma solução para a situação que eu me encontrava.

Foi por isso que algumas semanas depois reuni toda a minha coragem e enviei aquela mensagem que há muito tempo já rondava minha mente.

"Você vai casar com ela?"

Segurei a respiração por breves segundos enquanto ele digitava.

"Não, em relação a isso eu tenho certeza."

Suspirei aliviada e quase sorri.

"Entendi."

Foi só o que respondi, apesar de querer dizer muito mais coisas. Pelo menos nessa questão ele estava sendo sensato, assumiria o filho e daria tudo o que ele precisasse, mas sem se prender àquela mãe.

Nos últimos tempos tínhamos conversado bastante sobre isso, mas até então ele não tinha sentado para conversar com ela. Eu, ainda interessada nele mesmo depois de tentar arrancar aquele sentimento do meu coração, só esperava um passe livre para dizer o que realmente sentia. Aquela resposta era quase isso, mas haviam preocupações mais urgentes no momento e eu tinha certeza que arranjar uma nova namorada não estava no topo das prioridades dele.

Uma semana depois a conversa aconteceu. Os dois foram juntos para uma ultrassonografia e logo que chegou ele me mandou mensagem dizendo que queria me encontrar para conversarmos. Naquele mesmo instante. Combinamos de nos encontrar em uma praça que tinha perto da minha casa. Pouco tempo depois estávamos cara a cara e ele tinha um aspecto muito melhor que da última vez. Parecia mais leve, como se tivesse tirado um peso enorme das costas.

—Como você está? - Perguntei assim que sentamos juntos em um dos bancos.

—Bem melhor, acho que as coisas podem se resolver.

—Tenho certeza que sim. - Correspondi ao seu sorriso.

—Sabe, Anna. - Ele fez uma pausa e pegou minha mão. -Eu conversei com ela hoje sobre tudo o que estava pendente. Ela está com dois meses de gravidez e eu a convenci a ficar com a criança. Mas eu deixei bem claro que não vamos casar, que eu não tenho qualquer pretensão de ter qualquer tipo de relacionamento com ela além do estritamente necessário como pais da criança. Então, está tudo certo e eu vou ser pai. - Ele suspirou ao final e vi a serenidade no seu sorriso.

—Você sempre quis isso, não é?

Ele apenas assentiu sem desviar os olhos da minha mão que ele ainda segurava. Meu coração se apertou. Era isso. Eu sentia a porta da sua vida se fechando e me deixando para fora. Aquele filho podia não ser o nosso fim, mas eu sentia que seria.

—Desculpa por tudo isso. - Só então ele me olhou, dessa vez muito mais sério.

Engoli em seco, tinha medo de chorar a qualquer momento e na frente dele não seria nada legal.

—Depois de hoje e depois de semanas de reflexão, eu finalmente compreendi que esse não é o fim da minha vida. Ser pai é como um sonho se realizando, mas dessa forma toda torta, eu continuo sozinho em outros aspectos da minha vida. E eu sei que é um pouco cruel pedir isso, pedir a alguém para lidar com um filho de outra mulher, mas eu preciso saber. Você quer tentar de novo? - Ele me olhava profundamente, e eu via em seus olhos toda sua esperança e receio.

Fiquei sem reação por alguns instantes. Apesar de desejar exatamente aquilo, era a última coisa que eu esperava. Tantos sentimentos em conflito dentro de mim. Aquela não era a melhor das situações, mas era o que tínhamos. Sentia-me triste, ao mesmo tempo que uma esperança branda me invadia. Quantas noites fui dormir desejando exatamente aquela reviravolta? E agora tínhamos a chance de um recomeço.

—Sim. - Sorri, sem me conter. -Por favor, sim.

E antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, sua boca já estava na minha e seus dedos entrelaçados nos meus cabelos, se se tivesse medo que eu escapasse.

Talvez pela primeira vez na vida senti prazer de verdade em beijar alguém. Fui envolvida pelos braços dele enquanto sua língua dançava na minha boca com calma. Senti-me arrepiar com aquela sensação de que pisava nas nuvens e sabia que poderia passar o resto da minha vida ali. As coisas finalmente estavam se acertando.

—Você está melhorando nisso. - Disse ele colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha assim que nos separamos.

—Ai meu Deus, Giovanni! - Exclamei escondendo meu rosto nas mãos.

Ouvi a risada dele, tão contagiante, eu amava vê-lo dessa forma, despreocupado.

—É incrível ter você finalmente nos meus braços por sua própria vontade, eu já estava quase desistindo. - Havia um tom de humor em sua voz e dei língua para ele como uma criança. -Sério, meus maiores sonhos estão se realizando, serei pai e tenho você. É claro que seria melhor se fosse de outra forma, mas nem tudo é como a gente quer.

Ele suspirou, deixando transparecer um pouco de tristeza em seus olhos, mas aquilo logo sumiu. Eu estava calada, um pouco constrangida e um pouco triste. Não conseguia deixar de pensar em como seriam nossas vidas a partir daquele momento. Mas eu tinha os olhos dele sobre mim e precisava dizer alguma coisa.

—Já tem algum tempo que eu queria te dizer isso. - Desviei os olhos e olhei para minhas mãos em meu colo. -Desculpa por ter sido uma idiota por tanto tempo. Eu me arrependo muito, talvez as coisas tivessem sido diferentes, talvez você não estivesse nessa enrascada de ser pai tão jovem...

—Ou talvez a mãe fosse você. - Disse me interrompendo. Senti meu rosto ficando vermelho até a raiz dos cabelos. -Não fica pensando nessas coisas, esquece. Vamos pensar daqui pra frente, ok?

Assenti, mas foi preciso que os dedos dele levantassem meu rosto para que eu o encarasse. E mais uma vez olhava para aquelas pupilas dilatadas pela noite. Ou pela paixão. Ele não disso mais nada, e nem era preciso. Aquele olhar dizia tudo. E o beijo em seguida disse todo o resto.

Com autorização de Giovanni, alguns dias depois contei as últimas novidades para Carol e Bia e pedi desculpas pela forma fria e indiferente que vinha agindo depois que tive mais uma decepção por causa da insistência delas. Mas se eu tivesse ouvido as duas antes nada daquilo teria acontecido. Então contei também sobre o futuro filho do Gio.

—Ai meu Deus, você vai ser mãe! - Exclamou Bia com uma animação crescente.

—Mas de jeito nenhum! - Reclamei indignadas por ela ter entendido tudo errado, ou pelo menos eu achava.

Ela riu. Bem na minha cara.

—Quem você acha que vai ser a mãe dessa criança quando ela estiver com o pai? - Respondeu com sarcasmo.

Eu paralisei. Aquilo não tinha passado pela minha cabeça. Percebendo o meu quase surto Carol veio em meu socorro.

—Você está assustando ela. - Falou repreendendo Bia enquanto sentava ao meu lado e me abraçava. -Estamos muito felizes por você resolver se abrir novamente e dessa vez para alguém que realmente quer o seu bem.

—Obrigada, vocês são ótimas amigas. - Sendo abraçada por Carol, apertei a mão de Bia com carinho.

—E não se preocupe, estaremos sempre aqui pra te ajudar com o bebê. - Bia piscou para mim, segundos antes de ser atingida por uma almofada lançada por Carol.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Até que eu vá embora" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.