PoV Edward

Cochilei em cima dos papéis pelo que parecia ser a terceira vez naquela tarde, Carlisle pigarreou e me olhou com uma cara nada agradável.

— Edward, mano, você não prefere descansar um pouco? Você não me parece bem… - Se Emmett, aéreo como sempre, percebeu que havia algo de errado comigo, então eu estava de fato acabado de cansaço pra valer.

— É só uma enxaqueca, não estou me sentindo muito bem desde que acordei.

— Tudo bem, filho. Vamos parar um pouco, tome um remédio e vá se deitar. - Carlisle reuniu os papéis na mesma e nos deixou a sós. Foi apenas o tempo de Emmett confirmar que ninguém nos ouvia para ele começar o bombardeio de perguntas:

— Quer dizer que você se encheu de cachaça, dormiu fora e agora dá a desculpa da enxaqueca? Me conte tudo.

— Primeiramente: que fofoqueiro. E depois, eu tive uma noite excelente, mas dormimos muito pouco e teve muito álcool… - Não consegui controlar o bocejo - Eu sequer peguei o número dela, Emm. E ela era tão linda e colecionava coisas de super heróis, você acredita nessa coincidência? - Aquilo não saía da minha cabeça, era como um quarto de uma criança de 7 anos, mas de uma forma super legal.

— Agora pronto, você vai ficar todo emocionado só porque é parte da Liga da Justiça e a garota tem umas decorações geeks vocês estão destinados um ao outro? - Emmett debochou, mas ele me olhava curioso, esperando por mais informações.

— Tudo que eu sei é que ela se chama Isabella, nós tivemos momentos incríveis que não, eu não vou te contar - Emmett deu um muxoxo, uma criança contrariada no corpo de um homem daquele tamanho -, eu queria ao menos ter o contato dela. Você acha que a Rose faria esse favor para mim?

Emmett levantou, revirando os olhos.

— Eu tenho uma lista de razões pelas quais isso seria uma péssima ideia, desde o fato de você ser uma pessoa ocupada, que viaja o tempo inteiro, até sua falta de ética em obrigar minha esposa a descobrir informações privadas de cidadãos americanos. Mas eu sou seu irmão, então vou te ajudar. Quantas Isabellas existem em Seattle? Não deve ser tão difícil.

Eu não ia deixar Emmett saber o quanto aquela menina tinha mexido comigo, nem mesmo ela deveria saber, já que nem meu nome verdadeiro eu usei. Vai ver eu não servia para esses casos de uma noite só. De qualquer forma, não tinha muito a perder.

Meu celular tocou, um dos produtores do filme novamente. Confesso que quando Carlisle me conseguiu o teste, eu não estava nem um pouco confiante, a quantidade de atores experientes de Hollywood que tinham naquele set foi suficiente para me fazer suar frio. Qual não foi a minha surpresa quando eles marcaram uma chamada de vídeo me parabenizando e dizendo que o papel era meu e eles estavam animados para ver caras novas em personagens consagrados.

Como se não bastasse o peso do mundo inteiro sobre mim, é claro.

Era sim a realização de um sonho, qual é: que garoto nunca quis ser o Batman? Dona Esme era testemunha dos meus inúmeros aniversários e Halloweens fantasiado como algum super herói, posando orgulhosamente para as fotos. E era mais ainda a realização do sonho de um jovem ator saído de Chicago que mal conseguia papéis em comerciais e pequenas séries de TV, ser parte de um blockbuster esperado pelo mundo todo.

As críticas viriam, o hate também, eu não era ingênuo a ponto de achar que ia ser amado logo de cara. A produtora decidiu divulgar ontem a noite a notícia nas mídias sociais, e tínhamos ido beber para comemorar. Entre a liberação do meu nome como o homem morcego e acordar na cama de Isabella, eu ainda não havia conseguido verificar meu celular direito, apenas as mensagens urgentes de Emmett perguntando onde eu estava.

Aquela não era hora de pensar na parte negativa. Esfreguei meus olhos, sentindo os efeitos das poucas horas de sono começarem a cobrar seu preço. Fui para o quarto já tirando os sapatos de qualquer jeito e me jogando na cama. Pensei em Isabella de novo, e seu corpo quente do meu lado de madrugada, o cabelo espalhado no travesseiro.

Eu precisava vê-la novamente.

Antes que o sono me vencesse, peguei o celular e mandei uma mensagem para Rosalie:

"Já te falei que vc é a melhor cunhada do mundo?"

Não precisei nem esperar para receber a resposta que eu queria, eu tinha muita sorte de ter Rose e Emm na minha vida. Rosalie Hale era presidente de um dos maiores institutos de pesquisa em tecnologia dos Estados Unidos e prestava serviço para o FBI, a CIA, a NASA e até órgãos internacionais. A mulher era loira, linda, deslumbrante e uma gênia da computação. Além de ser uma cozinheira fantástica, Rose tinha o talento para hackear qualquer coisa que você precisasse.

"meu ursão já falou comigo, bruce wayne. até o jantar vou ver o que consigo para você."

"você é a melhor, te amo!"

"aceito seu pagamento em forma de autógrafo do dicaprio, bjs"

Mal consegui colocar o celular no criado mudo antes de apagar. Sorrindo feito um bobo.

—xx-

PoV Bella

— Calma, Bells, respira e tenta ser coerente. Vamos de novo: eu entendi que tem a ver com o Batman, café, festa…? - Alice me olhava como se eu fosse uma forma de vida alienígena falando uma língua completamente nova.

— Alice, presta atenção: lembra de ontem a noite? O garoto da boate? - Ruborizei lembrando dos detalhes da noite passada - Nós dormimos juntos, foi incrível, Allie. Mas até aí tudo bem.

— Frases que precedem a desgraça… - Alice riu.

— Depois que nós tomamos café, ele precisou ir embora. Então eu sentei pra assistir televisão e tavam falando do novo Batman… e apareceu uma foto dele na TV, Alice! Eu transei com a porra do novo Batman! Qual a chance disso acontecer comigo?

Alice me encarou por uns três segundos antes de rir feito uma mula.

— Bella, você ficou doida? Olha o que você tá falando - ela enxugava as lágrimas que escorriam do canto do olho -, como assim você e o Batman? que droga você usou a noite passada?

Eu levantei para buscar o notebook; claro que eu já tinha ido revirar a internet, pelo amor de Krypton, eu era parte da fanbase tanto da Marvel quanto da DC no twitter, eu sabia que estavam em processo de escolha para o próximo Batman, mas a notícia saiu ontem a noite, quando eu estava…

Com Edward.

Ele se apresentou como Anthony e eu não tinha motivo para desconfiar que ele teria mentido o nome. Mas depois de assistir a matéria sobre ele na TNT, fui direto para o Google e tudo fez sentido: Edward Anthony Masen Cullen era a nova promessa de Hollywood, e a internet estava surtada com o anúncio. Enquanto os machos nerds enchiam o saco, a maioria das pessoas estava animada para ver o trabalho de Edward, que até então só tinha atuado em papéis pequenos.

E eu havia sentado a noite inteira naquele homem. Que fase, Bella.

Mostrei tudo a Alice e ela me olhava boquiaberta.

— Puta que pariu, Bella! Como você conseguiu essa proeza?

— Alice, eu não sei, eu não sabia… - Bella começou a rir de nervoso, de novo. Aquilo era surreal - Nós sequer trocamos números de telefone.

— A pessoa troca fluído corporais e não troca telefone, que situação hein, minha consagrada?

— Ai Allie, ele é famoso, você acha que ele vai acreditar em mim? A partir de agora, qualquer uma pode ser uma fã doida ou alguém tentando se aproximar dele pra subir na vida, essas coisas.

Alice tirou o notebook do colo e me deu uma sacudida:

— Isabella Swan, se você sequer cogitar ficar emocionada por macho eu mesma vou te encher de porrada. E outra, agora é ainda mais fácil de localizar ele. O que tá me deixando curiosa aqui é: foi tão bom assim a ponto de te fazer ir atrás dele?

Eu não queria dizer a Alice que alguma coisa em Anthony… Edward, que seja, me deixou afetada. Que eu queria vê-lo, só mais uma vez, só para saber que aquilo foi real.

— Ah, Alice… acho que é só coisa de ego, eu queria ver ele de novo, mas nada demais.

— Nada demais e você desesperada? Não minta para mim, Isabella! Tudo bem, eu sou sua melhor amiga e vou te ajudar, vamos ver como achar esse homem.

Bella suspirou, sem querer criar esperança, mas já pensando em atualizar seu user do twitter pra selinakylle.