De onde vêm os bebês? escrita por Mileh Diamond


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Socorro, faz tanto tempo que eu tô no mesmo fandom que agora me sinto estranha :'V Se Nat King está lendo isso, tem toda a permissão para ignorar, mas se eu conseguir pelo menos mais uma pessoa para flipar comigo por uma família linda, perigosa e com problemas de comunicação, aí o dia está ganho ♥

Sem mais delongas, boa leitura!



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Anya era uma menina inteligente para uma criança de sua idade. E aprendia coisas cada vez mais rápido com a habilidade que tinha de ler mentes.

Mas havia coisas que ela ainda não sabia e que simplesmente não conseguia entender.

Ela sabia que havia crianças que sempre estiveram com seus pais e aquelas que eram adotadas como ela. Ela também tinha uma memória um tanto vaga sobre bebês nos laboratórios onde cresceu, então sempre achou que bebês eram feitos por cientistas.

Mas desde que começou a frequentar uma escola normal, com crianças normais (e frescas) e pais normais (também frescos), ela se deu conta de que nem todo mundo era um experimento científico secreto do governo igual a ela.

Afinal, como se faz um bebê?

Era isso que ela resolveu descobrir naquele dia, nem se dando conta de que estava prestes a perturbar enormemente a paz da manhã de sábado.

Ultimamente era raro ter os dois adultos em casa com ela, então Anya faria questão de aproveitar a oportunidade. Se bem que, entre sua mãe e seu pai, ela sabia que mães sabiam sobre os mistérios da vida muito mais do que os pais. Yor não seria diferente. E foi por isso que Anya interrompeu a lavagem de louça da mais velha com uma pergunta simples:

— Ma, como que faz um bebê?

Yor quase fez um copo escorregar de sua mão para a pia e, de onde estava, Loid interrompeu sua leitura do jornal para prestar atenção à conversa.

— O-O que? - a morena perguntou sentindo suas bochechas corarem. Quem sabe ela tivesse entendido errado e Anya tenha questionado algo menos complicado?

— Como que faz um bebê? - Anya repetiu a pergunta com olhinhos brilhantes e curiosos. - Tipo, onde fica a fábrica? Dá pra fazer em casa?

 

Aquilo fez a mulher rir, dissipando um pouco do nervoso constrangimento que estava passando.

 

Deve dar, eu só não tenho experiência, ela pensou. Yuri nunca fez esse tipo de pergunta...

 

Anya ouviu aquilo e franziu o cenho. Experiência? Tinha que treinar para fazer um bebê?

 

— Eu posso ajudar, Yor.  - Loid resolveu se meter na conversa, abaixando o jornal. - Anya, sente-se aqui.

A menina fez um bico descontente. Seu pai mentia demais e complicava até as coisas mais simples, ele não ia conseguir explicar aquela dúvida mortal!

Mas, pelo visto, era o que teria para hoje, pois Yor pareceu um tanto aliviada por estar dividindo aquela tarefa com alguém.

"Será que ele vai usar a história da abóbora?" Ela pensou com um risinho. "Loid parece ser muito sério para isso."

 

A careta de Anya só aumentava. O que abóboras tinham a ver com aquilo?

 

Ela já estava sentada junto à mesa quando foi a vez de Loid pensar alto demais:

"A metáfora da semente para explicar sexo deve servir, mas acho melhor tentar outra abordagem..."

Anya agora não entendia nada com nada.

 

E Loid não parecia perceber aquela confusão, já que começou calmamente:

 

— Um bebê é...

 

— O que é sexo? - ela não conseguiu evitar a pergunta, sentindo que aquela palavra era um ponto determinante no assunto.

 

Uma palavra tão estranha e poderosa que fez sua mãe ficar ainda mais vermelha e soltar um gritinho. Loid, em toda sua sabedoria de agente secreto, também pareceu perdido por alguns segundos, piscando os olhos para se situar.

— ...O que? - ele perguntou em voz baixa, não acreditando que uma criança de (em tese) seis anos teria conhecimento de mundo para saber sobre aquilo. Mesmo que a criança fosse Anya.


— Me falaram. - ela deu uma desculpa rapidamente. Ma e Pa a ensinaram a mentir muito bem, mesmo que nem eles se dessem conta disso. - Que bebês têm alguma coisa a ver com isso aí.

Quem te falou? - Loid disse com olhos semicerrados. Mas que tipo de companhias Anya tinha? Não era o tipo de conversa que crianças da elite tinham na escola!

— Eu ouvi. - Mais uma mentira, mas com um tantinho de verdade. Com sorte, Loid não investigaria a origem da informação. - Então, tem ou não tem?

Loid ficou dividido entre querer saber mais sobre de onde ela tinha "ouvido" aquilo e realmente responder a pergunta. Se optasse pela primeira opção, provavelmente não teria uma resposta convincente e, se realmente quisesse a verdade, teria que recorrer a escutas que seguissem Anya para todo lugar e espiassem o que ela fazia na escola. Era ridículo e ele jurou que ele não faria aquilo novamente nem com ela nem com Yor. Mas atender às dúvidas infantis de uma forma que não afetasse sua inocência também era complicado.

 

Agente Twilight, como sempre, estava complicando aquilo mais do que devia.

— ...Tem um pouco. - ele acabou admitindo num suspiro, não querendo se passar por mentiroso e criando mal-entendidos futuros. - Mas não é a parte mais importante para... fazer um bebê.

— É, é um mero detalhe. - Yor ajudou assentindo. - Pequenininho. Quase insignificante.


— Hum. - ela não estava totalmente convencida, mas já era um começo. Se era apenas um detalhe, ela queria saber a parte principal. - Então, como que faz um bebê?


Para isso, Loid já tinha uma resposta muito bem ensaiada. Aqueles livros de como criar filhos serviram para pelo menos uma coisa.

— Bebês nascem quando um casal se ama muito. - ele respondeu convicto.

— Isso! - Yor concordou sorridente, feliz que pelo menos um deles podia explicar aquilo sem passar vergonha. - Uma mamãe e um papai que se amam muito usam esse amor para ter um bebê.

— Oh... - por algum motivo, aquilo ainda não era suficiente para ela. - E qual a receita? Tem que assar? Por na geladeira?

— A receita... pra fazer um bebê? - Era a vez de Yor ficar intrigada. Será que Anya via um bebê como uma massa de bolo que de alguma forma virava um ser humano?

 

— É, tem que ter um jeito! - a menina insistiu. - Amor é só o "ingridente".

— Ingrediente. - Loid corrigiu inconscientemente, coçando a nuca. Normalmente crianças ficavam maravilhadas com a parte sobre "amor" e ficavam quietas. Mas ele se esquecera de que Anya sempre era um ponto fora da curva. - Uh... Só os médicos sabem. A receita, quero dizer. A gente só vê o bebê pronto.

— Ah. - aquilo, por algum motivo, a decepcionou; sua animação inicial visivelmente apagada. Ela ainda fez uma última pergunta. - Dá pra fazer um bebê sem amor?

Os dois adultos se olharam por um momento, esperando encontrar a resposta para aquilo. Não para a dúvida em si, mas o porquê de Anya estar tão interessada no tópico, com questionamentos tão abstratos. Será que acontecera algo que a estava incomodando?

— Por que tantas perguntas, Anya? - Yor perguntou séria, mas não menos gentil, com preocupação genuína em seus olhos rubros.

A pequena se remexeu desconfortável na cadeira, como se de repente ela fosse o alvo de uma incisiva e profunda leitura de mentes.

— É que... É que eu sei que tem crianças sem Ma nem Pa. Eu queria saber como elas nascem.


Loid arqueou as sobrancelhas em surpreso entendimento, mentalmente se amaldiçoando por usar a explicação envolvendo "amor". Ele deveria ter pensado melhor, era o único ali a saber que Anya não era sua filha de verdade (E refletindo melhor agora, ele não sabia se era interessante que Yor soubesse que Anya era adotada. Ele já andava sobre uma rede tão fina de mentiras...). Dizer que crianças nasciam do amor dos pais quando Anya saíra de um orfanato de procedências um tanto questionáveis era cruel, ainda mais quando não sabiam nada sobre os verdadeiros pais dela. Quem garantia que eles a amassem de verdade? Como explicar ela ter acabado ali se pais devem amar seus filhos?

Loid cavara a própria cova com aquela explicação inocentemente infeliz. Mas a parte positiva e irônica é que ele sabia remediar isso graças a sua experiência como órfão.

— É muito difícil uma criança nascer sem amor. - ele disse se permitindo acariciar o cabelo dela como consolo. - Mas quando acontece, elas tendem a ser mais fortes e corajosas que as outras. São crianças muito especiais, pois elas têm que sobreviver sozinhas até que alguém cuide delas.

Havia algo subentendido naquelas linhas, algo que Loid temia dizer por revelar algo a Yor e também por significar um sentimento que até ele tinha dúvidas sobre o que significava.

Mas, por sorte, Anya lia mentes. E foi assim que ela entendeu de verdade o que seu pai quis dizer.

"Você não está sozinha agora. Nós vamos cuidar de você."

O brilho nos olhinhos verdes voltou, como eles estavam acostumados, apesar de não terem certeza do porquê. Normalmente, esse era o resumo da vida deles: as coisas davam certo, mesmo eles não entendendo nada.

Loid não esperava o abraço que se seguiu, mas correspondeu mesmo assim.  Dos três, Yor era a que menos estava a par da situação, mas ainda sorriu para a cena de carinho. Loid era um pai mais sensível do que deixava transparecer.

— Eu amo ter um Pa e uma Ma para cuidar de mim. - ela disse ainda contra o ombro de Loid. - Eu não queria ser nem forte nem especial, porque aí eu não ia ter vocês.


Loid congelou e Yor se derreteu, cada um por suas razões. Ela via naquilo uma declaração de amor de uma criança muito dependente dos pais. Ele via aquilo como um pedido desesperado de alguém que há alguns meses sequer tinha um sobrenome.

Agente Twilight nunca se perdoaria por deixar seus sentimentos atrapalharem uma operação. Ele com certeza não aprovaria a ideia de se apegar a uma garotinha que, em tese, iria embora quando cumprisse sua missão.

Twilight era Loid Forger agora. E Loid resolveu que não valia a pena pensar muito nisso.


— Você é especial sim, Anya. - Loid disse com um sorriso, afastando a menina um pouco de si. - Quem consegue ler quatro revistinhas de "Spy Wars" em menos de uma hora?

— Eu! - ela disse orgulhosa.

— Quem está melhorando em matemática e já consegue calcular frações de cabeça? - Yor disse entrando na brincadeira.

— Eu, eu! - ela disse acenando como se estivesse em sala de aula. - E eu aprendi a multiplicar! Fiz toda a tarefa sem errar e ganhei um "Parabéns" do professor no caderno!

— Você não tinha me dito isso. - Loid disse genuinamente surpreso. - Eu posso ver?

Oui! - ela disse antes de sair correndo pela casa atrás de sua mochila.

Yor não demorou para comentar o óbvio:

— Não acho que ela vá esquecer por completo a história dos bebês.

— Nem eu. - ele suspirou. - Na dúvida, eu confirmo que existe alguma fábrica mágica de bebês em algum lugar.


— Ah, Loid... - ela não aguentou e riu. A cada dia aquele homem estava se provando um bobo cada vez maior.


E ela ainda não se arrependera de ter se casado com ele.





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Notas finais do capítulo

E foi isso, gente! Espero que tenham gostado ♥ Por favor, inspirem-se e escrevam mais fics de Spy x Family, eu estou numa seca horrível de conteúdo desse povo, especialmente bebê Anya xD

Até a próxima!!

(((Agora eu volto para a rotina do fandom que sugou minha alma primeiro e não vai soltar tão cedo, bye)))



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