Filho, Meu Filho escrita por unalternagi


Capítulo 4
Capítulo IV. As palavras estão chamando


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!

Temos uma passagem de tempo aqui, sugiro que contem pela idade ou dos gêmeos ou do Riley, enfim...

Abri um novo spin-off dessa história, chamado "Pequenas Mentiras" e vou tentar explicar para vocês como vai funcionar, mas faço isso nas notas finais.

Espero que gostem!



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Capítulo IV. As palavras estão chamando

A partir do momento em que chegaram a Londres as coisas se tornaram mais simples, desde Edward decidir seguir a carreira da pediatria até Bella se interessar por seus próprios estudos enquanto, juntos, eles criavam Riley em uma casa um pouco distante do centro da cidade, não muito elegante, mas apenas confortável o bastante para que os três tivessem uma boa convivência.

Edward tinha acordado já havia alguns minutos, encarava ao seu lado a linda mulher, estava reparando o quanto ela tinha mudado desde que eles se conheceram, a confiança que ela desenvolveu em si mesma, o amor e carinho que aprendeu a oferecer, tanto a Riley quanto a Edward, a parceira completa que ela era e, mais do que apenas aquilo, ele viu os fios dourados muito bem cuidados fazerem bagunça contra a fronha escura do travesseiro dela.

A expressão relaxada demonstrava o nariz mais anguloso, as maçãs do rosto mais cheias junto com a pele mais brilhante, bem cuidada, já sem nenhuma escoriação em seu rosto havia anos, nenhuma sombra do passado perturbador que Edward ainda não conhecia por completo e já não sabia se precisava conhecer.

Porque eles estavam bem e estavam juntos, ela tinha ficado com ele pelo tempo todo. Juntos, passaram em terapias separadas e depois em uma para casais, por ideia de Bella, e ele gostava do que a terapia tinha trazido a eles, a intimidade e o companheirismo, mesmo que nunca tivesse tido relações sexuais, os beijos e carícias que ela dava a ele, até mesmo um olhar mais cheio de afeto o enchia e ele se sentia bom o bastante, sempre seguiria o ritmo dela e estava grato por ter sido convidado a entrar naquele planeta tão misterioso que era Bella.

O celular no criado-mudo ao lado de Edward na cama soou alto e ele fechou os olhos rapidamente, tentando deixar o rosto mais tranquilo o possível para que ela acreditasse que ele ainda dormia.

Sentiu Bella se remexer na cama e então bufar, se esticando por cima dele para alcançar o celular. O barulho cessou e Edward continuou a respirar de forma ritmada, sentindo Bella sair de cima dele.

—Você deve saber que esse truque não cola mais há anos - Bella murmurou com a voz rouca pelo sono e Edward riu, entregando seu disfarce.

Abriu os olhos devagar encarando os olhos sonolentos ao seu lado, Bella sorria debochada para ele e ele a abraçou, escondendo seu rosto no cabelo cheiroso.

—Então, é seguro afirmar que se atraca em mim, diariamente, por livre e espontânea vontade? - ele perguntou debochado e ela riu o empurrando.

—Não podemos nos atrasar - ela lembrou se levantando da cama.

O pijama era confortável e bem comportado, mas Edward conseguia enxergar cada curva de sua esposa. Sorriu quando Bella virou e o pegou a encarando, ela então corou, segurando a risada.

—Eu vou tomar um banho, se quiser tentar acordar Smiley, acho que o preguiçoso vai dar um trabalho para isso já que ontem vocês ficaram assistindo TV até tarde - ela brigou e Edward sorriu, angelicalmente.

—Eu o acordo - ele prometeu e Bella entrou fechando a porta do banheiro.

Edward não a ouviu trancar a porta, mas ouviu a água do chuveiro ser ligada e, apenas aquilo, já era um passo gigante para eles, a confiança contida naquele pequeno gesto significava o mundo para Edward.

Acordar Riley foi mesmo uma atividade que demandou bastante tempo e paciência de Edward, mas ele conseguiu e, com pressa, foi tomar banho e se arrumou para ir para a clínica que ele tinha aberto com Carlisle. Era pequena e atendia, principalmente, pessoas carentes que não tinham dinheiro para ir ao hospital, era o que Edward mais gostava de fazer.

Foi para a cozinha encontrando Bella fazendo uma pilha de panquecas e sorriu ao lembrar o quanto demorou até que ela começasse a cozinhar coisas que eram comestíveis, mas, naquele ponto, ela já cozinhava melhor do que ele.

—O que está lendo? – perguntou a Riley depois de beijar sua cabeça e ir preparar a mesa para que os três pudessem tomar café-da-manhã juntos.

O morro dos ventos uivantes, a mamãe disse que foi o primeiro livro que você a deu – o garoto contou para o pai, distraído com o romance em sua mão.

Riley já tinha onze anos e estava ainda mais bonito do que a primeira vez que Edward o encontrou. Os olhos eram bem castanhos, mas ainda haviam as pintinhas verdes tão características dele, a pele translúcida imitava a de ambos os pais e, o cabelo loiro, foi o tom perfeito do que Bella tinha conseguido chegar depois de anos tingindo o cabelo.

O nariz do garoto era o mesmo que o de Bella e, com o amadurecimento de seu rosto, as pessoas começavam a dizer que ele era a cara de Edward, o que causava tremendo orgulho nos dois.

—Foi mesmo e, eu acho que é o favorito dela – Edward disse e Bella sorriu de canto, sem realmente responder – É o meu, ao menos – o homem contou para o filho que sorriu, voltando a ler o livro com mais vontade ao saber aquilo.

Do sotaque inglês até o estilo de roupas, Riley era uma cópia fiel de Edward e sempre tentou ser. Admirava o pai mais do que qualquer outra pessoa e, sim, também amava Bella muito, mas Edward era tudo o que o menino queria ser.

Edward ligou a televisão em um volume baixo para ver as notícias do mundo quando terminou de colocar a mesa, a sala de jantar fazia conexão com a sala num ambiente bem amplo e claro, eles gostavam de ver as primeiras notícias do dia antes de trabalharem.

—Amor, sabe onde o meu pai estará hoje? – Edward perguntou meio distraído com o resultado de um jogo de baseball qualquer que passava na televisão.

—Ahm, hoje ele vai para o hospital, tem uma cirurgia importante depois do almoço, por quê? Precisa que eu o peça para passar na clínica? Eu acho que consigo algo antes, se eu reagendar... – ela começou a pensar na agenda do sogro enquanto terminava a última panqueca.

Quando o assistente de Carlisle se formou, deixou o cargo para começar sua startup e hoje era um pequeno empresário bem conhecido por Londres, então – com muito incentivo do marido, sogro e cunhados – Bella fez um curso de informática e mais alguns outros de capacitação e hoje era, o que Carlisle gostava de chamar, de melhor assistente pessoal que o médico já teve.

—Não, eu só queria saber – Edward comentou e ela desligou o fogão indo para a sala.

Uma nova notícia aparecia na televisão e as coisas aconteceram de forma meio simultânea.

Bella chegou à sala, a foto de uma mulher desaparecida brilhou na televisão da sala deles, Riley comemorou as panquecas, o prato que Bella segurava caiu ao chão acabando com a animação de Riley e cortando os pés descalços de Bella enquanto o pote de geleia sujava a calça clara que ela tinha escolhido vestir.

E, apesar de Edward ter visto tudo como que de camarote, mesmo com tudo o que teve que registrar em um curto período de tempo, a coisa que mais causou aflição foi na mudança imediata que aconteceu no semblante de Bella.

—Ah não! – Riley se chateou.

Bella continuava encarando a televisão, perplexa demais para se mover.

—Bella – Edward chamou, o cenho dela franziu.

—Aumente o volume – ela pediu e Edward o fez, tentando entender o que acontecia.

... ock, famoso surfista, é o noivo dela e é o principal suspeito do desaparecimento até o presente momento. A última vez que ela foi vista foi em um resort no Havaí onde os dois haviam ido passar as férias e, agora, a polícia apura todos os fatos.

Os comentários a seguir foram ignorados pela mente de Bella, Havaí.

Era perto demais.

—Bella – Edward chamou pela quarta vez, já ao lado dela, tão próximo que ela deu um pulo com a aproximação que, para ela, foi tão repentina – Você está sangrando, vamos limpar isso – ele disse e ela assentiu, devagar, a notícia já acabara e agora falavam sobre a previsão do tempo para a semana, Bella ainda presa no rosto conhecido.

Riley fechou o livro depois de marcar a página e ficou emburrado com a perspectiva de ficar sem café.

—Filho, pode preparar o seu cereal? Vou ajudar sua mãe a cuidar desses machucados e depois vou limpar essa bagunça, mas você não pode se atrasar para pegar o ônibus escolar – Edward lembrou.

Apesar da decepção, Riley era uma criança dócil, e concordou com o pai, tomando cuidado ao passar pela bagunça feita com a comida que ele tinha escolhido comer hoje.

Edward pegou Bella no colo, pensando que ela não conseguiria se movimentar e, estava certo no pensamento. A sentou na cama deles e foi até o banheiro pegar o kit de primeiros socorros, aquilo o fez lembrar de quando eles dormiram juntos pela primeira vez, há tantos anos, ainda na América.

Quanto eles tinham evoluído desde lá? Quanto se aproximaram?

Já não importava de forma nenhuma.

—O que aconteceu? – Edward perguntou ao voltar com as coisas que precisaria.

—Nada – Bella respondeu friamente.

—Por que se interessou por aquela matéria? Conhece aquelas pessoas? – ele perguntou sem se deixar abater.

—Não conheço ninguém – ela voltou a responder, seca.

Edward limpou os cortes, Bella foi para seu closet tirar a calça suja e voltou com uma saia justa, saltos altos e o cabelo preso em um coque bem feito. Edward sorriu ao ver o quão linda ela estava, mas foi impedido de elogiá-la ao perceber os olhos solitários com que ela o encarou.

—Pode me dar uma carona? – ela perguntou impassível.

Edward sentiu sua espinha gelar.

Uma coisa era lidar com ela completamente vulnerável, insegura, com medo, vestida com trapos velhos e com o olhar frio e confiante que tinha quando eles se conheceram, o completo oposto foi Edward lidar com ela naquele poder todo: as roupas alinhadas, o rosto perfeito e bem maquiado, a confiança exalando até no cheiro do perfume favorito dela.

Bella pareceu muito mais assustadora sob aquela nova perspectiva.

—Conversa comigo – ele implorou, percebendo que estava perdendo-a de alguma maneira.

—Devo pedir um táxi? – ela perguntou ainda inabalável.

—Eu te levo – ele falou e ela agradeceu, saindo do quarto.

Edward calçou os sapatos e deu o nó na gravata que tinha escolhido mais cedo.

Riley se despediu deles quando o ônibus escolar buzinou e Bella sorriu e beijou o filho o entregando seu lanche, como fazia todos os dias.

Ao menos Riley ainda era do grupo de pessoas que ela amava, Edward pensou.

O caminho para o hospital foi silencioso, Bella deu um selinho em Edward antes de sair do carro, mas não foi tímido, não foi com cautela, não foi Bella quem o beijou no carro.

Durante o dia todo, era naquilo que Edward pensava. Tentou ligar para ela algumas vezes no decorrer do dia e, em cada singular ligação, ela deixava ele cair na caixa postal. Depois da quinta vez ele começou a gravar mensagens, nenhuma foi escutada.

Aflito, ele pensou que, ao menos, era o dia dela de buscar Riley na escola. Negligência materna não era algo que entrava no conceito que ele tinha criado de Bella, então ele sabia que às seis da tarde ela estaria em casa e, foi com o pensamento, que ele seguiu durante o dia todo.

Às cinco e meia, Laurent ligou para Edward avisando que Riley estava com o rosto vermelho de mais, começando a ficar mais quente do que era o comum e foi quando Edward levou o golpe.

—Como assim? Onde ele está? – perguntou confuso.

Comigo. Bella me pediu que o buscasse hoje na escola. Ela não te falou?— perguntou o rapaz confuso.

Laurent estava começando a trabalhar com fotografia, principalmente para marcas de roupas e editoriais, adorava o que fazia e tinha os horários mais flexíveis de todos, além do mais, Bella tinha conhecimento que ele era discreto e a adorava então, o que ela pedisse, seria feito por ele sem problema nenhum, nem muitos questionamentos.

Com vinte anos, Victoria era uma excelente bailarina, com a disciplina e talentos ideias para ter sido aceita na melhor escola de Londres – e uma das melhores do mundo, ela era a mais ocupada de todos. Menos para Riley, para Riley ela achava tempo e disposição, mas era mais boca aberta, Bella também tinha aquele conhecimento.

—Quando ela te ligou? – Edward perguntou ansioso.

No almoço...

—Lau, preciso que dê bastante líquidos para Riley e o faça tomar um banho gelado, eu estou indo para casa, preciso falar com a Bella. Assim que conseguir falar com ela eu corro para vocês, mas não deve ser nada muito preocupante, ele tem essas febres às vezes mesmo – era emocional, Edward compreendia, e aquilo o preocupou ainda mais com relação à Bella – Qualquer coisa, se tentar falar comigo e eu não atender, ligue para o papai, sim? Pode fazer isso por mim?

Edward, o que está acontecendo?

—É o que eu também quero saber, pode fazer isso por mim?

Claro que sim.

—Fico te devendo – Edward anunciou antes de desligar o celular.

Avisou a garota da recepção que precisava ir para casa e que, qualquer emergência, os mandassem para o outro médico que estava ali. A clínica não estava tão cheia naquela tarde chuvosa.

Edward dirigiu de maneira perigosa para casa, a aflição o corroía como que sabendo que algo de errado estava acontecendo.

—Bella – ele chamou assim que destrancou a porta.

A casa deles estava toda apagada, aquilo era uma grande demonstração de que ela não estava ali, ela tinha pânico de escuro, sempre causou pesadelos nela a noite e, durante o dia, era o que ela mais evitava: ambientes escuros e muito fechados, por isso a casa toda era tão arejada.

Edward correu para o quarto deixando todos os pensamentos para trás. Acendeu a luz encontrando uma bagunça surreal lá dentro, Bella era muito organizada para que ele acreditasse que tivesse sido ela quem tinha feito aquilo.

Ocorreu algo a ele. Organizada e muito, muito responsável.

Com o pensamento, ele retirou o celular do bolso e ligou para o pai.

Edward, que bom, precisava mesmo falar com você— Carlisle disse assim que atendeu.

—Estou escutando.

Bella pediu que minha secretária cuidasse de minhas coisas por um tempo, agenda e tudo o mais. Farão uma viagem que se esqueceu de me contar? Sabe que não há grandes empecilhos, Bella deixou tudo para que a garota cuidasse de tudo por um tempo, mas eu estou com aqueles ingressos para levar Riley-

A cabeça de Edward girava.

—Pai, quando viu Isabella pela última vez?

Antes do almoço, ela veio passar meus compromissos do dia, mas entrei em uma cirurgia e...

Edward começou a se movimentar pelo quarto, procurar pistas, qualquer coisa. Carlisle estava falando ainda, mas Edward não escutava mais nada.

—Pai, eu preciso te ligar depois – foi tudo o que Edward disse antes de jogar o celular na cama.

No meio do quarto, completamente sozinho, parecia que ele tinha voltado nove anos. Como poderia? O que ela tinha feito?

No canto do closet a pasta de documentos deles estava revirada, ele foi até lá percebendo a falta do passaporte de Bella - que sempre estava junto ao dele, as coisas giravam.

Ele derrubou a pasta que espalhou documentos por todos os lados. O celular dele gritou na cama, ele não se importou. Começou a remexer as coisas dela, reparou que muita coisa tinha sumido, as roupas mais simples não estavam ali.

Correu para o banheiro e, no espelho, o bilhete que ela não deixou a primeira vez.

Desculpa. Eu preciso resolver isso.

Lembra que me pediu para que eu deixasse o passado no lugar dele? Eu tentei.

Desculpa. Falhei com você. Com vocês. Cuida dele por mim?

Apesar de todos os pesares, eu os amo. Com todo o meu coração. Os dois.

—M.

Com o ódio provindo da falta de tato dela de falar olhando para ele, justo quando o havia deixado novamente, que o amava, depois dos nove anos em que dividiram uma vida, Edward socou o espelho do banheiro tornando o recado de Bella em cacos que se misturaram com o sangue da mão dele na pia do banheiro.

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Pequenas Mentiras


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Notas finais do capítulo

Pois muito bem, é o seguinte.

Conforme a história for acontecendo, abrirei novos pontos de vista, mas é completamente a escolha de vocês que os leiam ou não porque, minha ideia, é que cada história seja independente (todas terão começo, meio e fim), a diferença é que, se querem entender e saber os pontos de vista de todos os envolvidos, será uma forma legal acompanhar tudo.

Espero as opiniões dessa ideia de história e, quero as apostas, o que acham que aconteceu com Bella? Por que ela foi embora?

Nos vemos já!