Na luta da vida escrita por Bitz111


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo conta um pouco da história da Lu.
Eu espero que vocês gostem!!!



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Pov Anna

A noite passou tão rápido que quando me dei conta eu já estava no carro do Vini. Por incrível que pareça ele era muito mais legal do que eu imaginei. Achava que ele era apenas mais um conquistador, mas ele se mostrou um cara bem legal depois que nós conversamos um pouco. Ele me abordou no caminho para o vestiário e perguntou se eu queria ir pra outro lugar onde nós teríamos “privacidade”, ele disse provocador e eu fiquei me perguntando se aquilo dava certo mesmo com as meninas.

—- Desculpa Vini, eu não jogo nesse time, se é que você me entende – Falei rindo da reação dele. Na hora ele mudou de postura e começou a rir

—- Meu Deus!! Me desculpa, eu meio que percebi mas precisava tentar. Sabe como é!

—- Ta tudo bem. Mas obrigada pelo convite

—- Disponha... E Anna, caso você queira saber... A Lu é atacante nesse time que tu joga – Falou piscando e me deixando extremamente vermelha.

Eu sentia que aquilo era o começo de uma amizade. A informação do Vini fez com que o monstrinho que dava pontadas na minha barriga desse uma cambalhota e eu não conseguia evitar o sorriso.

No bar o Vini foi muito legal também, apesar de saber que não ia me arrastar pra cama. Na verdade, todos foram muito legais comigo, mas eu sentia o olhar da Prof me queimando de vez em quando e me sentia bem com isso. Mas na hora que ela levantou e foi dançar com o Felipe eu percebi que estava esse tempo todo prendendo o ar.

—- Fica calma bb – O vini sussurrava no meu ouvido

—- Eu to calma bb – Respondia no ouvido dele

—- Ela ta com ciúme da gente. Ta quase voando na minha cara – Disse rindo e apontando para uma Luana que nos encarava

—- Não ta não. Ela só ta dançando.

Ele passou a noite toda falando essas coisas no meu ouvido até que eu quase comecei a acreditar que a mulher mais bonita da noite estava realmente com ciúme. Mas tudo foi por água a baixo quando uma mulher mais velha chegou e sentou na mesa como se fosse dela.

—- Eai Julia!!! – Todos cumprimentaram a mulher e eu senti ela me olhar curiosa

—- Essa é a Anna. Ela começou hoje na turma, mas você não vai acreditar!!! – Falou o Pedro MUITO animado – ELA VENCEU A LU!

—- Meu Deus!!! Então você deve ser muito boa mesmo. A Lu vive se vangloriando que ninguém ganha ela

—- Imagine, foi sorte de principiante. É um prazer conhecer você

—- O prazer é meu, eu sou a namorada da Lu, não sei se ela já falou de mim – Disse simpática.

Puta que pariu!!! Como assim namorada??? O Vini estava do meu lado jurando que a prof estava interessada em mim, eu sou besta demais por acreditar nisso. É obvio que uma mulher daquelas vai ter uma namorada, eu devia ter imaginado e não ter criado expectativas. “Pelo amor de Deus Anna, tu conheceu a menina ainda agora e já ta com expectativas.... Tu é muito sapatão mesmo”, uma voz dentro mim mesma falou e eu percebi a besteira que tava fazendo.

Assim que a Lu sentou na mesa eu puxei o Vini pra dançar, o que foi meio difícil porque ele era bemmm mais alto do que eu. Mas até que deu certo, a gente encontrou um ritmo e quando cansou tomou umas cervejas sozinhos no bar. Eu descobri que ele tinha um amor de infância, uma menina que ele namorou dos 13 aos 15 anos, mas que um dia os pais dela se mudaram e a levaram para o outro lado do país. Ele nunca mais teve notícias e nunca superou. Descobri que ele trabalhava no corpo de bombeiros e que havia se formado no início do ano enfermagem.

Eu contei que havia acabado de me mudar para a cidade e que estava em um hotel até alugar um lugar pra mim. Falei que ainda não conhecia muita gente na cidade e que foi um alivio quando me chamaram para sair naquela sexta, afinal eu não estava afim de ficar em casa. Contei do assalto e de como eu fui parar no boxe, omitindo a parte em que eu fui apenas por causa da prof. E no fim da conversa ele me convidou para morar com ele e eu recusei. Ele não aceitou, disse que eu devia ir passar a noite lá na casa dele e conhecer o Apê.

—- Bora Anaa!!! O meu antigo colega de apartamento se mudou e eu preciso de alguém pra dividir as despesas. Eu sou organizado!! Juro e sou muito legal

—- Ta bomm, eu vou lá hoje, mas não garanto nada – Respondi muito animada, eu já estava levemente alterada.

Nós voltamos para a mesa bêbados e a tempo de ver todos se despedindo. Eu tenho quase certeza que sequei a prof e a mulher do lado dela. Mas não lembro direito. Saí de lá abraçada no Vini e sentindo que aquilo ali era só o começo.

Pov Luana

Nós chegamos em casa e eu estranhei as luzes apagadas, passei o caminho todo tentando elaborar o termino do meu relacionamento, mas a minha cabeça voltava sem parar à novata indo embora abraçada no Vini. Eu sei que ele não tinha culpa de nada, mas quando eu lembrava dela entrando no carro dele o meu estomago revirava um pouco. Volta e meia Julia me olhava pelo canto do olho como se estivesse me analisando. Eu não conseguia livrar a minha cabeça daquela anã.

—- Amor, a gente precisa conversar! – Falou assim que entraram em casa

—- Precisamos mesmo?? – Perguntou Julia, manhosa e começando a tirar a roupa para desviar a concentração da lutadora.

—- Sim... você sabe que sim, por favor... vem aqui, nós precisamos conversar. – Ela estava quase implorando por aquela conversa. Não aguentava mais guardar todos aqueles sentimentos e pensamentos que indicavam o fim do relacionamento, mas todas as vezes que tentava ter aquela conversa a outra usava algum artificio para adia-la. E no fim do dia, eu também não queria ter aquela conversa, então acabava me deixando leva.

—- Mas, amor... – Eu achei que ela iria continuar, mas quando ela me olhou nos olhos pude ver a tristeza. Ela sabia que o fim havia chegado. – Por favor, Lu. Nós podemos fazer isso amanhã.

—- Podemos sim.

Ainda ficamos um tempo em silencio nos olhando, então eu peguei a mão dela a levei para o quarto, nos deitamos na cama e eu a abracei por trás. Não sei por quanto tempo ficamos ali, em completo silêncio apenas ouvindo a respiração uma da outra. Não havia animo de fazer nada além de dormir e lembrar das coisas boas. Era uma despedida necessária, mas nem por isso deixaria de ser doida.

—- A gente viveu muita coisa juntas... é uma pena que tenha que acabar – Sussurei mais para mim do que qualquer coisa.

—- Infelizmente, eu achava que nós duraríamos para sempre.

—- Eu também!! É assustador perceber como as coisas mudam

—- Então o que você acha que aconteceu com a gente? Nós eramos tão jovens, tão apaixonadas... tão vivas!! Eu sinto isso que você sente, essa voz irritante que diz que o nosso lugar não é aqui, mas eu não consigo saber o porquê ela está tão presente. – Ela percebeu o primeiro soluço no corpo da companheira, então a apertou mais forte para lhe assegurar que ainda não havia ido embora. Não sabia como explicar o que sentia, nem se aquele sentimento tinha explicação.

—- Ju... Eu acho que o que mudou... fomos nós. As nossas vidas mudaram, nossos sonhos e objetivos também. Infelizmente nós não conseguimos mais nos encaixar na vida uma da outra. De repente ficou difícil demais manter o nosso relacionamento, você sabe disso.

—- Eu sei... mas porque dói tanto??

—- Porque o amor ainda está aqui, de um jeito diferente, mas ainda presente... – Respondeu sentindo as lagrimas começarem a surgir no canto dos olhos. – Eu não acho que o amor vá embora em algum momento, mas nós sabemos que não podemos ficar nos prendendo uma a outra e nos contentando com metade do que merecemos.

Nessa altura da conversa as duas choravam e soluçavam, desistindo de manter a calma e a racionalidade. Foram 2 anos namorando. Eram melhores amigas quando perceberam que havia um sentimento maior ali no meio, então um dia não aguentei e lhe disse que estava apaixonada pela morena alguns anos mais velha. O relacionamento cresceu e atingiu o seu ápice, mas após a formatura na faculdade as coisas começaram a desandar, as rotinas não encaixavam, as atividades não eram as mesmas e os gostos começaram a mudar.

Cerca de 6 meses atrás decidiram tentar morar juntas e ver se conseguiam dar um gás no relacionamento, mas a tentativa se mostrou falha. Convivendo no mesmo apartamento elas começaram a enjoar uma da outra, coisa que juravam que nunca aconteceria, mas aconteceu. As atitudes que antes eram fofas e engraçadas não tinham mais graça. Eu comecei a perceber o esforço que fazia todos os dias para manter o relacionamento nos eixos e comecei a pensar que talvez estivesse melhor sozinha.

A primeira vez que aquele pensamento atravessou a minha mente eu o enterrei tão fundo que até esqueci. Então, não muito tempo depois, ele retornou e eu fiz o mesmo. Mas chegou um ponto em que era cansativo demais enterra-lo e eu comecei a pensar na possibilidade, quando dei por mim não tirava o pensamento da cabeça e aquilo doía demais. Chegar em casa, jantar, beijar e transar com uma mulher por quem eu não sentia mais a mesma coisa de antes arrancava um pedaço da minha alma. Eu só não imaginava que terminar também iria arrancar um outro pedaço.

Dormimos chorando nos braços uma da outra.

Quando o sol nasceu percebi que ela não estava mais no quarto, me sentei na beira da cama ao mesmo tempo que ela saia do banheiro. No são da sala haviam caixas montadas que não estavam ali na noite passada.

—- Bom dia – Ela disse animada demais para alguém que estava terminando um relacionamento.

—- Oii.. Ta tudo bem? – Perguntei sem jeito tentando me situar.

—- Claro, as suas caixas estão aqui, se der eu quero que você saia do apartamento ainda hoje. – Respondeu como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo e não fosse demandar uma conversa sobre a mudança.

—- Mas Ju.... Como assim?? E as minhas coisas? As coisas que eu trouxe, que eu comprei??

—- Você quis terminar... essa é uma consequência. O aluguel ta no meu nome então eu fico no apartamento. Leva as tuas roupas e itens pessoais hoje, depois a gente decide o resto. Eu entendo o fim do nosso relacionamento, de verdade. Mas eu também acredito que se nós vamos terminar temos que fazer isso direito. Então, ... sem ofensas Lu, mas quando eu voltar do trabalho eu espero que você não esteja mais aqui.


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Notas finais do capítulo

Recentemente eu passei por uma situação parecida com a da Luana, de terminar um relacionamento por causa das mudanças da vida e não necessariamente de uma situação ruim no namoro. Você já passaram por isso?
O que vocês estão achando da história??
Deixem comentários para eu saber a opinião de vocês



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