Paternidade escrita por LadyKannie


Capítulo 5
Arco-íris


Notas iniciais do capítulo

Oie! Acho que essa pode ter uma taxa de lágrimas maior que os anteriores. Estou com vontade de fazer as pessoas chorarem hoje. Boa leitura!



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Mesmo que aquela fosse a sexta vez que olha para o relógio de pulso, Kentin não tem ideia de que horas são ou a quanto tempo está sentado naquela cadeira da sala de espera. Podem ter se passado duas horas ou dez, ele não tem certeza. Seu pé não para nenhum mísero segundo de bater no chão, mas ele não tem consciência disso.

O homem perdeu a noção do tempo, espaço e até mesmo da realidade. Para Kentin, o único lugar que existe no momento é o centro cirúrgico onde está sua esposa, do qual não tem notícias há muito tempo, pelo menos ele acha que é muito tempo. Seu único pensamento é que deveria estar com Coralie, não consegue se conforma com sua fraqueza, não estar com ela nesse momento é algo que Kentin nunca se perdoará. Poderia fingir que o único motivo para não estar na sala de cirurgia é porque foi impedido pela sogra, porém acredita que isso seria mais covarde ainda de sua parte, a verdade é que Justine, sua sogra, só o impediu porque sabe que se o pior acontecer ele não será de nenhuma ajuda para Coralie e nem para ele próprio.

Por todos esses anos fora dos pais que Cora tirou sua força e não dele. A cada aborto, Kentin se destroçava mais e não conseguia oferecer o conforto que a esposa necessitava. Apenas a ideia de mais uma vez ver os olhos dos médicos se tornarem nebulosos e os profissionais murmurarem um sinto muito ao invés de um parabéns pelo recém nascido fez o homem paralisar, a senhora não estava errada quando pediu que Kentin ficasse sentado ali ao lado do sogro. Ele realmente não sabe o que vai acontecer se novamente voltarem para casa sem seu esperado e amado bebê.

Quando o teste deu positivo, o homem até tentou ser indiferente, não criar muitas expectativas, afinal já havia dado positivo outras três vezes. Mas então a barriga foi crescendo, eles ouviram o coraçãozinho, descobriram que era uma garotinha, foram a cursos pré-parto e antes que percebesse Kentin começou a ter esperanças de que dessa vez tudo ia dar certo, porém o bebê está vindo com um mês de antecedência e isso com toda certeza não é um bom sinal.

— Kentin, já falei com seus pais, eles estão vindo, ok? — a voz de Elliot, seu sogro é ouvida, mas as palavras não são assimiladas.

— Hum...

Com um suspiro, o senhor percebe que não terá uma resposta diferente daquela.

As horas passam, ou não, Kentin acha que passou porque seus pais chegam. Sua mãe o abraça murmurando palavras que ele não entende, seu pai faz o mesmo e depois se sentam cada um de um lado agarrando suas mãos livres. Ele acredita que essa seja a forma de seus pais lhe passarem conforto, porém a única coisa que irá conforta-lo agora é Justine aparecer e lhe dizer que sua esposa e filha estão bem. Mas não acontece e mais tempo sem respostas se passa, se Kentin conseguisse perguntar qualquer coisa, sua pergunta séria quanto tempo estão ali.

E se tudo deu errado?

E se mais uma vez eles perderam seu bebê?

Como será para Cora enfrentar aquela dor novamente? Como será para ele?

E se eles estiverem fadados a nunca terem sua criança?

— Querido?

A voz de sua mãe traz Kentin de volta a realidade. Ele nota que todos o olham com expectativa e até mesmo com um sorriso discreto, então ele percebe que Justine está ali. O homem se levanta de sobressalto, os olhos verdes desesperados, ele precisa saber qualquer coisa.

— Como está a Cora e... — seu peito aperta mediante as possíveis respostas da sogra. — ... e a bebê?

Justine abre um luminoso sorriso.

— Bem, você está sendo solicitado no quarto para que nós possamos finalmente saber o nome da nossa neta. Parabéns, papai!

Soltando a respiração, que ele nem percebeu que estava prendendo, Kentin sentiu o abraço dos pais e do sogros, os retribuí meio no automático. E no automático ele segue para a sala indicada pela sogra, para falar verdade mesmo com os parabéns e sorrisos, ele não entende completamente que tudo deu certo, que eles agora tem um bebê.

Ao entrar no quarto, sua primeira visão é Coralie sentada na cama, depois vê um embrulho nós braços da esposa.

— Ei, amor! Olha como nossa garotinha é linda. Ela tem seus olhos.

Se aproxima devagar, pois tem medo de que se for muito rápido toda a cena se dissolva como um sonho. Quando está ao lado da cama, olha para o embrulho cor de rosa e sua ficha cai, assim como as lágrimas. Os cabelos da pequena são dourados, tão fininhos e os olhos de um verde profundo, Cora está errada, os olhos da filha são muito mais bonitos que o dele.

Dando um beijo nos cabelos dourados da esposa, Kentin percebe que nunca esteve tão feliz em toda sua vida, eles realmente acertaram ao escolher o nome da pequena.

— Então, como é o nome da nossa neta? E por que tem um arco-íris no bercinho e na mantinha dela? — com as perguntas, o casal percebe que não estão sozinhos com a filha no quarto.

O sorriso de Kentin é brilhante antes de falar o nome da filha e o significado.

— Hum... O nome dela é Beatrice, significa aquela que traz felicidade. E os bebês que nascem após uma perda como as que tivemos são chamados de bebês arco-íris.

A família sorri emocionada, nada parece mais apropriado para eles, a pequena Beatrice é o arco-íris de suas vidas após um longo período de tempestades.


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Notas finais do capítulo

Conheço pessoalmente dois casos de bebês arco-íris, dois casais muito próximos a mim a quem tenho grande apreço. Por isso resolvi usar essa situação para o Kentin, pois nem sempre quando alguém está pronto para paternidade/maternidade a criança vem de imediato. Alguns infortúnios podem acontecer na gravidez e mesmo que eles sejam extremamente dolorosos, o arco-íris sempre chega após a tempestade. Até a próxima!