Paternidade escrita por LadyKannie


Capítulo 3
Ciclo da Vida


Notas iniciais do capítulo

Oie! Voltei e dessa vez com o Lys sendo papai. É triste? Sim, mas fazer o que?! É a vida. Espero que você faça uma boa leitura!



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Lysandre observa as pessoas se afastando lentamente, Leigh de braços dados a Rosalya é quem mais se destaca para o homem mais novo. Ele quer conversar com o irmão, buscar apoio como fazia quando eram crianças, mas provavelmente o mais velho também esteja em busca disso e por isso não seria justo que Lys fosse se lamentar para o irmão, pelo menos não no momento.

Uma mão toca na sua, não precisa se virar para saber que é a mão de Linn. A esposa tem sido seu apoio na última semana, ela preparou e organizou todo o funeral, pois nem ele ou Leigh conseguiam pensar nisso.

— Pronto para ir, Lys? — sua voz é serena, ela é um bote salva-vidas nesse mar revolto.

Lysandre vira-se para esposa, forçando um sorriso triste e Linn leva a mão ao rosto dele, acariciando gentilmente.

— Acho que sim. — Lys olha ao redor notando que a filha não está por perto. — Onde está Laura?

Linn gesticula com a cabeça para direita, Lysandre acompanha com o olhar e vê a garotinha sentada de baixo de um árvore mais a frente, com seus cabelos loiros quase brancos destacando-se na paisagem. Lys se afasta da esposa e caminha por entre as lápides até  chegar a filha, Laura é pequena, mas isso não quer dizer que ela não saiba que tem algo errado. Ao se aproximar se senta do lado da menina, que encara o tronco da árvore com uma expressão séria de mais para uma feição infantil.

— Que carinha é essa, querida? — Lysandre tenta não soar tão triste, mas falha miseravelmente.

A menina para de encarar o tronco e passa a encarar o pai, a expressão dela não muda, permanece séria.

— As pessoas não podem virar estrela. _— a voz infantil concluí simplesmente como se estivesse dizendo a coisa mais óbvia, o que de fato ela está, exceto que suas palavras não fazem o menor sentido para Lysandre.

— O que? — Lys está de luto, mas a constatação óbvia e tão obstinada de Laura o faz se esquecer disso por alguns segundos.

— As pessoas não podem virar estrelas, é impossível. — vendo que seu pai continua não entendendo o que ela está falando a menina completa. — A mamãe disse que a vovó virou uma estrelinha do céu, mas as pessoas não viram estrelas.

Finalmente Lysandre entende, eles ainda não haviam conversado sobre morte com Laura, não sabiam exatamente como tocar no assunto e a garota nunca havia demonstrado interesse. Acabaram chegando a conclusão que quando a hora chegasse eles usariam a metáfora das estrelas, dizer que a pessoa falecida virou uma estrelinha é lúdico e daria a oportunidade de Laura olhar para céu e pensar em quem se foi. Mas Lysandre não imaginou que a primeira vez que a explicação fosse dada a filha ele não estaria presente, estava tentando aceitar a sua própria maneira que agora também perdeu a mãe. Parece que a metáfora não funcionou para filha, então o que dizer a ela? Talvez a verdade, mas será que alguém tão pequeno entenderia o peso da morte?

— É uma maneira de dizer, Laura. — Lys vasculha em seu cérebro palavras para tornar mais fácil o entendimento da criança. — O que a mamãe quis dizer é que a vovó não está mais aqui, ela não vai mais passear, nem ir nos visitar, nem nós vamos até a casa dela porque ela não está mais lá. Porque a vovó... Porque ela morreu.

A expressão ainda séria de Laura se suaviza, a garota está absorvendo o que foi dito pelo pai.

— Quer dizer que eu nunca mais vou ver a vovó? — o desespero infantil é palpável, por isso Lysandre coloca o braço ao redor da filha.

— Não, querida, sinto muito! — enquanto fala o homem puxa a garota mais para ele.

Os olhos desiguais de Laura marejam e as lágrimas passam a escorrer pelo rosto alvo da menina.

— Por que? Eu quero ver a vovó!

Lysandre quer dizer que realmente não sabe o porquê e que seu maior desejo é ver os pais novamente, mas isso só confundirá a cabecinha de Laura. Já que a analogia das estrelas não funcionou, Lys irá usar um dos filmes favoritos da garota.

— Lembra do Rei Leão? — a garota balança a cabeça enquanto funga. — É o ciclo da vida, as pessoas nascem, outras morrem e a vida continua. As coisas são assim, a vovó viveu uma vida longa e feliz, junto com todos nós, agora nós temos que nos despedir porque ela se foi, mas sempre vamos ter as lembranças de tudo que fizemos com ela. Tudo bem ficar triste ou com raiva, eu estou triste, seu tio está triste e você pode ficar triste.

— Mas não é justo! — a menina diz entre lágrimas.

A vida dificilmente é, criança! Pensa Lysandre, porém não será isso que dirá a Laura. Ele apenas faz com que ela deite a cabeça em seu colo e acaricia seus cabelos ondulados, pode sentir as lágrimas da filha contra a perna. Vários minutos se passam até que Laura fale novamente.

— Eu sinto falta da vovó!

Lysandre sorri melancólico e lágrimas escorrem de seu rosto.

— Eu também sinto!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado e me deixe saber sua opinião. Até a próxima!