Abra Seus Olhos escrita por Lilindy


Capítulo 5
Capítulo 4 - Verdades


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao fim da fanfic! Obrigada você, leitor(a), que acompanhou a fic até aqui. Nos "vemos" lá embaixo.



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A chuva fina caía sobre o carro enquanto ele parava em uma rua desconhecida por Sophie. Sam e Dean olhavam para uma casa do outro lado. A Marshall não entendia o porquê de estarem ali. Zack não morava lá.

— Ele está naquela casa. — Afirma Sam.

— Eu não compreendo. — Diz ela, demorando alguns segundos á mais em sua observação sobre a residência antes de alternar o olhar entre os dois irmãos.

— Você entenderá.

Sophie nota a expressão séria e um tanto tensa de Sam enquanto ele troca um olhar com Dean e vira o rosto para frente logo em seguida. Por que ele estava assim? O mais velho então abre a porta e sai do carro. Sam faz o mesmo logo depois e a garota segue os dois na ação.

Sem esperar muito pelos irmãos, Sophie acelera um pouco seus passos ao atravessar a rua e subir na calçada da casa em questão. O coração da jovem estava aos pulos com a alegria de poder encontrar seu irmão de novo. Ela veria seu gêmeo, o abraçaria e os dois podiam implicar um com o outro novamente.

Os passos dela cessam quando Sophie avista, pela janela na frente da casa, uma figura nova ao lado do seu irmão. Uma mulher. o sorriso da garota se desfaz e dá lugar a uma expressão confusa e de dúvida.

— Mas... — A frase incompleta se desfaz no ar. A Marshall une as sobrancelhas quando a tal mulher deposita um beijo sobre os lábios do irmão. — Meu irmão não tem namorada e muito menos é casado. — Sophie então nota que os cachos castanhos que ela tanto amava em seu gêmeo não estavam mais lá. Os cabelos dele estavam mais curtos e os cachos haviam dado lugar á fios ondulados devido ao novo comprimento do cabelo. — Não pode ser... Como? — Ela se volta para Sam e Dean. Os dois em silêncio desde que saíram do carro. — O que está acontecendo? Quem é aquela mulher? — Questiona Sophie, apontando para trás com uma das mãos.

Sam deixa os seus olhos sobre a Marshall e permanece quieto por mais alguns instantes, antes de responder.

— É a esposa de Zack.

Sophie deixa sua boca entreaberta, não sabia o que dizer. Ela ainda sorvia a resposta do Winchester quando virou o rosto para assistir mais uma vez a cena dentro da casa. Zack trocava palavras com a mulher, os dois pareciam contentes um perto do outro. E a Marshall sabia reconhecer a felicidade no semblante do seu irmão quando tal sentimento transbordava de dentro dele. Sophie se volta para os dois irmãos, eles lhe lançavam um olhar de conforto, como se ela tivesse perdido algo ou coisa parecida.

— Sinto muito, Sophie. — Lamenta Sam.

— O quê? — Ela dá dois passos para mais perto deles. Sua expressão denunciava sua confusão enquanto ela balançava a cabeça negativamente.

A chuva ainda caía em forma de finas gotículas, a água molhando os cabelos e as roupas do trio, as únicas pessoas presentes na rua naquela hora da madrugada. Foi quando Sam voltou a se pronunciar.

— Há dez anos, você e seu irmão atropelaram a família Miller com seu carro. — Ele pausa, engolindo em seco enquanto Sophie sorvia as informações. — Zack sobreviveu.

— O que estão dizendo? — Ela se aproxima mais um pouco. Sua testa franzida enquanto olhava para os dois.

— Estamos dizendo é que não havia apenas três espíritos assombrando a rodovia 66. — Declara Dean a fazendo olhar para ele. Ah como ela odiava suas palavras diretas. — Há mais um. Ele é você.

“Mas o que diabos...” Sophie não teve tempo de completar seu pensamento, Sam já voltava a falar.

— Nos últimos dez anos, uma vez por ano, você aparece naquela rodovia. — O Winchester abre a boca para proferir mais outra sentença quando Sophie o interrompe.

— Não, isso não é possível. — Ela avança, passando pelos dois procurando se afastar deles. Aquilo não podia ser verdade. A Marshall se vira para os irmãos quando sai da calçada e atinge a rua. — Era o aniversário do nosso tio, vinte de abril de...

— 1995. — Sam completa.

— Sim. — A garota balança a cabeça de forma positiva algumas vezes.

— Sophie, estamos em 2005. — Diz Dean. A Marshall direciona o rosto para ele de forma lenta, sua boca entreaberta e sua expressão sendo um misto de dúvida, espanto e confusão.

E pela primeira vez, Dean parecia compassivo perante a situação. Ele a encarava com certo pesar, o Winchester podia ver os olhos azuis da garota marejarem aos poucos. 

— Oh céus. — A frase sai da garganta dela em forma de sussurro.

— Sophie, estávamos pesquisando sobre o acidente antes de a encontrarmos. — Inicia Sam. — A família Miller estava indo para a cidade, provavelmente em busca de suprimentos ou algo assim, quando o acidente aconteceu.

O irmão mais novo omitiu o fato de que treze acidentes ocorreram na mesma rodovia nos últimos dez anos, sendo que seis foram fatais. Todos causados pelo mesmo motivo: uma mulher que aparecia no meio da estrada pedindo ajuda.  Sophie não precisava desse peso sobre ela.

— Conversamos com seu irmão. — Diz Dean. A Marshall sentia em sua voz um tom de compreensão que não existia ali antes. — Ele disse que você dormiu ao volante e acabou batendo no carro dos Miller.

Dean não contou que ele e Sam foram visitar Zack para saber onde Sophie havia sido enterrada. Para má sorte deles, o gêmeo da garota havia dito que a irmã tinha sido cremada.

Sophie sorvia aquilo com pesar.

— Mas e os Miller? — Sua voz saiu quase que inaudível.

— A cada ano eles puniam alguém pela morte deles. — A Marshall olha para Sam. — Eles o perseguiam, o torturavam. E a cada ano, esse alguém era você.  — O irmão mais novo proferia cada palavra com calma, seus olhos sobre a garota.

— Eu... Eu não me lembro de nada disso. — A dela saiu voz saiu embargada.

— Por que você não podia ver a verdade, Sophie.

Ela entreabriu a boca, encarando Sam. Foi quando algumas frases fizeram-se presentes em sua mente. 

“Alguns espíritos só veem o que querem.” Era isso o que Sam queria dizer ao falar tal coisa para ela na rodovia?

— Então... Era por isso que eles não me deixavam sair da estrada? — Ela olha para Dean, o irmão mais velho soltando um pouco de ar enquanto a encarava. — Porque eu... — Uma lágrima deslizou sobre sua bochecha direita. — Porque eu os matei. — Mais uma lágrima cai. — Eu os matei e a mim também.

Os Winchester ficam em silêncio enquanto a Marshall olhavam para os dois. Seu estômago parecia se revirar perante á ideia, perante aquela constatação. Oh céus, ela estava morta!

Sophie dá alguns passos á frente, se sentando sobre a calçada da casa de Zack, um pouco mais distante da janela. Era doloroso pensar que seu irmão não a podia ver ali na frente de sua casa. Mesmo que Zack já estivesse se recuperando da perda, superando aos poucos o fato de não poder mais ter sua irmã ao seu lado, ter uma visão da irmã morta agora não seria nada bom para ele. Mas Sophie ainda precisava se acostumar à ideia. Ela nunca mais veria o seu gêmeo, não podia.

Ela olha para o horizonte, os primeiros raios de sol invadindo o céu, quebrando a escuridão.

— Por que não me contaram assim que me viram? Por que só agora? — Ela volve seu olhar para os irmãos.

— Não teria acreditado em nós. — Responde Dean.

— E porque precisavam de mim como isca. — Afirma Sophie, não escondendo sua chateação. Já estava tudo indo de mal a pior, poupar palavras não adiantaria de nada.

O Winchester mais velho abre a boca para dizer alguma coisa, mas olha para o outro lado logo depois.

— Precisávamos de você. — Sam toma a palavra. Sophie coloca as mãos na cabeça, os dedos passando entre os cachos. Mais duas lágrimas percorrem a pele morena da garota. — Sophie, a trouxemos aqui para você poder seguir em frente.

— Mas o Zack... — Ela olha para Sam e depois vira o rosto para a casa. — Talvez se eu contar á ele... — Mesmo sabendo que era uma ideia idiota e estúpida, ela não a conseguia tirar isso da cabeça. Foi então que outra frase de Sam ecoou em sua mente.

        “Alguns espíritos não se libertam. Eles não se desapegam.”

Desapegar. Era isso que Sophie precisava fazer. Mas era tão difícil, doía tanto.

— Contar á ele o quê? — A voz de Sam a faz volver o rosto para ele. — Que você o ama? Que sente muito? Sophie, seu irmão já sabe disso.

Ela se levanta.

O vento agora soprava ameno e fresco, a chuva já havia cessado. Sophie ainda ponderava sobre seu próximo passo.

— Olha, se você quiser entrar lá, não vamos impedi-la.

— Mas seu irmão ficará traumatizado. — Afirma Dean, suas palavras diretas mais uma vez presentes. Ele faz uma pausa antes de prosseguir. — Para sempre.

Sophie olha para ele, sabia que Dean falava a verdade. A Marshall desvia o olhar para um ponto aleatório, pensando. Sam olha para o irmão, Dean apenas lança para ele uma expressão meio que dizendo “É a verdade.” O Winchester mais novo nada disse ao outro, mas volveu a atenção para a garota.

— Zack já se despediu de você, Sophie. Agora é sua vez. — Ela o encara e Sam podia sentir o turbilhão de emoções que a jovem tinha dentro de si. — Este é seu assunto pendente. — O Winchester sabia que ela se recordaria da conversa que tiveram no quarto, na casa dos Miller.

— E o que devo fazer? — Ela questiona confusa. Os olhos marejados e algumas lágrimas prestes a cair.

Sam suspira antes de responder.

— Só... Se desapegue. — O mais novo sabia que não era tão fácil assim, mas ela tinha que tentar. — Se desapegue do Zack, de tudo. — Sophie fecha os olhos por segundos, o tempo necessário para as suas lágrimas caíssem de seus olhos. — Se fizer isso... Você vai seguir em frente.

— Mas vocês não sabem para onde. — Responde ela, chorosa.

O olhar de Sam era de compaixão. Ele para por alguns segundos.

— Não. — Outra pausa. — Mas Sophie, seu lugar não é aqui. Você já não sofreu o suficiente? — Ela não diz nada. — É a hora. É hora de ir.

A afirmação de Sam a fez fechar as pálpebras novamente. O vento ainda batia em seu rosto, movendo seus cabelos de maneira suave e reconfortante. Parecia até mesmo um carinho que servia para acalmá-la. Sophie se permite chorar, abrindo os olhos para encarar Dean e depois Sam. Ambos a olhavam demonstrando cuidado, pelo menos ao modo individual de cada um.

A Marshall vira o corpo na direção do nascer do sol.

Suas mãos estavam unidas e os dedos entrelaçados enquanto seus passos pelo asfalto escuro eram calmos. Ela ainda chorava, deixando as lágrimas deslizarem pela sua face. Lá no fundo, Sophie sabia que Sam e Dean estavam com a razão.

Ela deveria desapegar.

E por mais que doesse saber que não veria mais seu gêmeo, seu querido Zack, e por mais que ela sofresse ao saber que não mais conversaria com seus amigos ou com sua família e muito menos não exerceria sua profissão novamente, ajudando os outros, Sophie também sentia um vislumbre de uma nova sensação brotar em seu peito. Agora que ela sabia a verdade, agora que seus olhos estavam abertos, o sentimento de paz formava-se em seu peito.

Sua família ficaria bem, Zack ficaria bem. E quando seus olhos encontram o brilho do sol que ascendia pelo céu da nova manhã, Sophie soube, ela também ficaria bem.

Virando seu torso, a garota vê os dois irmãos observando-a. Ela lança um sorriso largo para os dois.

— Obrigada. — Deixando seu olhar sobre Sam e Dean por mais alguns instantes, Sophie se volta para o amanhecer.

A sensação de paz e tranquilidade agora já não era mais um vislumbre e sim um sentimento concreto que pulsava dentro do peito da Marshall. Ela fecha os olhos, apreciando tais emoções.

Os Winchester viram quando um brilho intenso mostrou-se presente na cena. O brilho invadiu o peito de Sophie e tão rápido como surgiu, desapareceu após cobrir todo o corpo da garota.

E agora, Sophie não estava mais lá.

Sam e Dean permaneceram ali, encarando o lugar onde a Marshall se encontrava segundos antes.

— Até que ela era legal, para um fantasma. — Confessa Dean. Se Sophie pudesse ouvir tal coisa.

Sam nada diz, parecia abalado com tudo que presenciou. Talvez estivesse pensativo sobre o que houve com a garota e onde ela estava agora.

— Acha mesmo que ela vai para um lugar melhor? — Questiona o mais velho, olhando para o outro.

— Assim eu espero.

 Ambos passam a assistir o nascer do sol. Dean pondera sobre o assunto.

— Acho que só saberemos quando chegar nossa hora, não é?

— Isso não importa Dean. — Tal frase dita pelo irmão, faz o mais velho olhar para ele. — Só a esperança importa.

Vendo que Sam estava mesmo abalado com tal situação, Dean decide amenizar as coisas.

— Tá legal, Haley Joel. — O mais velho dá uma batidinha no ombro do irmão. Sam olha para o outro Winchester. — Vamos embora.

O sol já estava um pouco mais alto no horizonte quando Sam vê Dean andar até o Impala. Ele lança um último olhar para onde Sophie estava antes de virar o corpo e seguir até o carro.

 

 


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Notas finais do capítulo

*Haley Joel (Haley Joel Osment) ator que interpretou Cole Sear, o famoso personagem do filme "O sexto sentido".

Bom, a fanfic chegou ao fim.
Como devem ter percebido, além do episódio 15 da primeira temporada (A Família Bender), usei como grande base para trama da fic o episódio 16 da segunda temporada (O Fantasma da Estrada).
Acho esse episódio bem legal apesar do plot twist não ser considerado muito surpreendente por muitas pessoas. Apesar de tudo, eu curto. Minha Sophie foi inspirada na Molly, a protagonista do episódio e usei minha interpretação de Sam e Dean dentro do mesmo episódio para descrever os dois na fanfic.
Como disse nas notas iniciais do primeiro capítulo, a fic serve mais como homenagem para a série. Contudo, espero que tenham gostado.

Qualquer erro de português, coesão, coerência ou de continuidade, podem informar. Até a próxima. Bjus, Lili ♥



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