Internamente Evans escrita por psc07


Capítulo 2
Capítulo Um




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O despertador tocou, mas Lily já estava acordada. Ela tinha o hábito (péssimo, ela considerava) de acordar muito cedo quando estava ansiosa ou nervosa para alguma coisa.

O primeiro dia do rodízio de cirurgia definitivamente era algo que deixava Lily ansiosa.

Depois de passar por um longo rodízio de clínica médica, ela mal podia esperar para finalmente passar pelo que ela tanto amava.

Com um sorriso, ela se levantou e foi para o quarto de Marlene garantir que a garota também estivesse acordada – chegar atrasada simplesmente não era uma opção.

—Lene, tá na hora! – Lily disse, abrindo uma pequena fresta da porta.

—Lily, são 5 horas e 20 minutos da manhã. Você está delirando? – Marlene respondeu.

—Você sabe que temos que chegar antes, Lene!

—Não vamos passar pacientes hoje, Lil. É o primeiro dia!

—Você concordou com a hora ontem.

—Eu não estava com sono ontem.

—Eu vou preparar alguma coisa para a gente comer, mas só se você se levantar – Lily negociou (ela não gostava de usar o termo ‘subornar’). Marlene xingou a amiga, mas a promessa de café da manhã era muito boa para ser ignorada.

Lily se apressou para fazer as tapiocas que Marlene tanto gostava – uma de queijo e presunto e outra de requeijão e peito de peru – devorou um sanduíche e botou a água na cafeteira, indo tomar banho e se arrumar.

A mochila já estava pronta desde o dia anterior, na cadeira ao lado da roupa previamente escolhida. Lily não gostava de molhar o cabelo de manhã pois enquanto estivesse no hospital usaria um rabo de cavalo, então o banho que tomou foi rápido. Quando voltou para a cozinha já vestida, Marlene estava lá, menos animada que ela.

—Não adianta ficar tentando me animar, garota – Marlene disse logo que Lily se sentou ao seu lado – Você está indo para seu paraíso, mas você sabe o quanto eu odeio essa história de cortar pessoas.

Lily apenas acenou com a cabeça e serviu café para a amiga. Estava checando sua mochila quando Mary apareceu, bocejando.

—Já estão saindo? – Mary perguntou, pegando uma xícara para tomar o café.

—Lily é psicótica e quer chegar antes dos pacientes – Marlene explicou, terminando de calçar o sapato.

—Não sabemos como é o esquema, então é bom sempre chegar cedo – Lily replicou. Marlene revirou os olhos e pegou uma garrafa térmica.

—Eu vou precisar de muito café, aparentemente.

Marlene foi acordando no caminho para o Hospital St. Mungo’s enquanto Lily dirigia e acompanhava a música do carro. Passaram pela frente do hospital, mas não tinha vaga, então Lily entrou numa rua ao lado. O benefício de vagas de estacionamento no hospital não era concedido aos internos.

—Pelo menos achamos uma vaga mais perto – Lily comentou enquanto caminhavam para o hospital.

—Eu preferia meus trinta minutos a mais de sono – Marlene confessou. Lily sorriu. Sabia que o mau humor da amiga logo passaria – assim que o café fizesse efeito.

Como de costume em primeiros dias de hospitais novos, foram barradas na portaria por não estarem com crachá. O porteiro não sabia que naquele dia começaria um novo rodízio, então teve que ligar para o coordenador do setor de ensino – que, por ser 6h30min da manhã, ainda não havia chegado.

Elas provavelmente teriam ficado ali até a hora que o coordenador aparecesse, não fosse pela chegada de um médico, que viu Lily e Marlene ali e supôs corretamente que elas fossem do novo rodízio.

—Aquele imprestável do Filch deve ter esquecido de avisar – O médico retrucou – Mike, pode liberar o pessoal. Manda todos que chegarem para o auditório por favor, explica onde é. Desculpe pelo inconveniente, mas tenho que começar com eles às 7h em ponto.

—Sem problemas, Dr. Moody. 

O tal do ‘Dr. Moody’ aparentava ter uns 50 para 60 anos. Seu rosto tinha algumas cicatrizes, e Lily não pôde deixar de se perguntar onde ele as conseguira antes de desviar o olhar.

—Bom, garotas, sou Alastor Moody, sou o chefe da cirurgia aqui do St. Mungo’s. Vou fazer uma breve introdução com todos no auditório. Depois vamos para a enfermaria para vocês verem como funciona tudo, e vou apresentar vocês aos residentes.

Elas se apressaram para conseguir acompanhar o ritmo de Moody, que caminhava com passos firmes e velozes pelo hospital.

—Acho que vocês conhecem o St. Mungo’s, não é? 

—Sim, senhor, já passamos por aqui há dois semestres.

—Então não preciso fazer o tour, ótimo. Não falarei mais nada, para não me repetir – Moody disse, abrindo a porta do auditório. Marlene e Lily sentaram nas primeiras cadeiras enquanto Moody preparava algum tipo de apresentação.

Aos poucos o auditório encheu, e Moody terminou de arrumar o computador. Pegou um papel da pasta, conferiu que eram 7h e limpou a garganta.

—Vocês verão que eu prezo pela pontualidade mais que tudo. Dessa maneira, vou iniciar nossa apresentação pontualmente. Amos Diggory?

Moody olhava atentamente para cada um que respondia, dando a presença. Ele chamou Benjy Fenwick, Dorcas Meadows, Emmeline Vance, Fabian e Gideon Prewett. Quando chamou Lily e Marlene, demorou um pouco mais o olhar nas duas.

—Certo. Sejam bem-vindos ao rodízio de cirurgia. Sou Alastor Moody, cirurgião do aparelho digestivo e chefe da equipe de cirurgia do St. Mungo’s. Eu poderia estar em vários outros lugares ao invés de aqui, mas eu prezo pela educação, e gosto de ensinar. Contanto que vocês me mostrem que vale a pena ensiná-los, é claro.

Lily guardou um pequeno sorriso.

—Bom, a enfermaria funciona de maneira bem similar à enfermaria que vocês estão acostumados da clínica médica. Cada um ficará com dois ou três pacientes. Chegarão cedo, verão seus pacientes, farão a evolução e a prescrição, e às 7h30 mostrarão para os residentes responsáveis pelo paciente. Eles então irão conferir o que vocês colocaram, e comparar com o que acharam do paciente quando visitaram enquanto vocês faziam a evolução. Depois disso, os preceptores verão alguns pacientes mais interessantes com residentes e internos. Tudo isso deve ser concluído até meio-dia. Quem fica de tarde, seja para emergência, seja para o centro cirúrgico, seja para a o plantão de enfermaria, terá uma hora de almoço. Dúvidas?

Lily anotava tudo rapidamente, com medo de perder alguma informação. Moody explicava mais sobre o funcionamento, e o desagrado de algumas pessoas (como Marlene) com a grande carga horária do rodízio se era aparente.

Moody demonstrou como funcionava o sistema de computadores do hospital, distribuiu os crachás já com as fotos deles e ressaltou a importância dos crachás.

—Para estar aqui dentro, vocês devem sempre estar portando jaleco e de crachá, exceto no centro cirúrgico e na emergência, quando vocês usarão os pijamas cirúrgicos – Moody ressaltou. Então revirou os olhos – Não acho que preciso lembrá-los que esse é o único momento que os jalecos devem ser usados. 

Quando as instruções acabaram, Moody se disponibilizou para tirar dúvidas, convidando os internos a segui-lo para a enfermaria. Ele cumprimentava quase todos os funcionários no caminho com um aceno de cabeça.

—Esse aqui é o nosso andar – Ele disse quando chegaram – Todos os pacientes cirúrgicos ficam aqui. Cada quarto tem seis leitos, e tentamos distribuir de acordo com as especialidades. Essa aqui é a sala de prescrição. É onde vocês farão suas evoluções, as prescrições e discutirão os pacientes com residentes e preceptores. Vamos entrar para eu apresentar os residentes a vocês.

Lily olhou ansiosamente para os residentes. Os primeiros que lhe chamaram atenção foram três que riam em um canto: um deles tinha o cabelo castanho e, apesar da pele negra, parecia pálido; o outro tinha um cabelo preto liso, com aparência de que cuidava e muito dos fios, e olhos azuis; e o terceiro tinha cabelos espetados pretos e usava óculos redondos.

Além de fazerem barulho, o grupo chamava atenção por serem bonitos. O de olhos azuis era, sem dúvidas, o mais bonito, mas os outros dois não ficavam muito atrás.

Lily imediatamente se repreendeu. Ela não podia pensar nisso. Já era difícil o suficiente para ela conseguir o que queria sem se distrair com residentes bonitos.

Com uma sacudida de cabeça, ela focou em Moody de novo.

Ele estava apresentando os residentes. Os três que lhe chamaram a atenção, ela logo aprendeu, eram Remus Lupin, um R1, Sirius Black e James Potter, ambos R2. Moody também indicou Severus Snape, R1. Caradoc Dearborn, R1. Frank Longbottom, R2. Evan Rosier, R1. 

Moody também falou outros nomes, mas pela escala Lily ficaria com esses oito residentes, então focou em reconhecer os oito. Tentou não olhar muito para os que haviam lhe chamado a atenção de imediato.

Logo em seguida Moody se retirou para o centro cirúrgico, deixando-os com os residentes.

—Hm, sejam bem-vindos – James Potter falou, e Lily agradeceu a desculpa de poder olhar para o canto que estavam – sou James Potter, como Dr. Moody, disse. O rodízio aqui tem tudo para ser ótimo. Adoramos receber os internos...

—Assim não precisamos esperar o laboratório passar para descer as amostras de sangue – o que se chamava Sirius Black acrescentou com um sorriso sarcástico. James nem se virou para ele; apenas lhe deu um tapa de costas e ajeitou o jaleco novamente.

—... porque vemos sempre como oportunidade de conhecer novas pessoas, futuros médicos, e podemos ajudar vocês assim como vocês nos ajudam. Então espero que gostem. Sugiro que façam suas escalas de centro cirúrgico e emergência, além dos fins de semana. Depois dividam os leitos e aí vejam no mapa os residentes responsáveis e se dirijam a eles. Acho que é isso. Ah, hoje vocês não vão ver os pacientes. Já passamos todos.

Lily gostou do jeito levemente hiperativo do tal de James Potter. Era legal. Fofo, até. Observou até ele se virar para os amigos e acertar Sirius Black com um novo tapa, enquanto Remus Lupin apenas segurava a risada.

Depois disso ela voltou sua atenção para os colegas, que discutiam como deveriam fazer a divisão. Amos e Benjy tentavam fazer suposições a respeito de como seriam as escalas, enquanto Fabian apenas pedia para ficar com a sexta-feira de tarde livre.

Lily revirou os olhos. Tanta suposição não levaria nada adiante. Ela se levantou e foi em direção ao residente mais próximo; ele tinha cabelos negros longos, aparentemente oleosos, e um nariz em gancho. Ele estava no celular, digitando furiosamente.

—Hm, Dr. Snape? Estávamos nos perguntando se Dr. Moody deixou alguma ordem para organizarmos as escalas? 

Dr. Snape parou de digitar e apenas elevou os olhos, encarando Lily pelo que pareceu uma eternidade (mas que foram apenas cinco segundos) e crispou os lábios.

—Pergunte a Potter – Ele respondeu secamente.

Lily ergueu as sobrancelhas involuntariamente. Por que, ela se perguntou, algumas pessoas são simplesmente grosseiras com quem elas nem conhecem?

—Dr. Potter? – Ela perguntou quando se aproximou do grupo que ainda conversava. Os três se viraram para ela. Remus Lupin tinha um sorriso bondoso no rosto e de perto Lily percebeu que a aparência de palidez era ainda mais real, Sirius Black estava com as sobrancelhas erguidas e James Potter ainda estava no meio de uma gargalhada. Quando ele viu Lily, limpou a garganta e consertou os óculos.

—Apenas James, por favor...?

—Oh, Lily Evans – Lily disse com um sorriso.

—Lily. Como posso ajudá-la?

—Estamos tentando fazer a divisão mas não fazemos a menor ideia de como funciona. Dr. Moody deixou alguma instrução...?

—Ah, sim, entendo – Dr. Potter disse, limpando a garganta – Ele não deixou nada escrito, mas posso dar uma ajudinha.

Lily sorriu e agradeceu, lançando um pequeno sorriso aos outros dois. Percebeu Dr. Black murmurando alguma coisa para Dr. Lupin, que segurou um riso e deu um tapa no amigo.

Dr. Potter seguiu Lily até os outros internos e começou a explicar o esquema do hospital. Lily tomou para si a responsabilidade de anotar – e isso definitivamente não era uma desculpa para não encarar o residente.

Agora sabendo como proceder, as divisões finalmente começaram a tomar forma. Claro que havia (como sempre, Lily pensou com um suspiro) uma grande confusão para definir que pegaria os plantões nas sextas e fins de semana. 

Lily tinha a impressão que iria se formar e ainda estaria nessas divisões.

—Dr. Moody me enviou uma mensagem dizendo que estão livres por hoje, exceto os de plantão de enfermaria e centro cirúrgico. O almoço é fornecido no refeitório, e preciso do nome das 3 pessoas que ficarão hoje pela tarde agora para passar para ele.

—Hoje é Amos Diggory, Dorcas Meadows e Benjy Fenwick – Lily disse, olhando para a escala que ela tinha escrito. Dr. Potter acenou com a cabeça.

—Obrigado. Seria bom nós termos essa escala, se vocês não se incomodarem em compartilhar – Dr. Potter continuou – E seria bom também se eu tivesse o número de um de vocês, para se tiver algum problema... – Ele continuou, olhando entre o celular que puxara do bolso para Lily. A ruiva estava prestes a se oferecer, mas foi interrompida.

—Eu posso dar meu número, sem problemas – Emmeline disse rapidamente, se levantando e indo para o lado de Dr. Potter, que parecia levemente desconcertado – E quando Evans terminar de passar a escala para o computador eu posso lhe mandar também.

Lily revirou os olhos e concordou dando de ombros. Marlene, que estava ao seu lado, segurou o riso. Parece que as duas haviam pensado o mesmo.

—Er, obrigado...?

—Emmeline Vance.

—Obrigado, Vance. Bem, então os que não têm nada, estão liberados. Vou mandar por Vance a divisão de leitos e um pequeno manual de como são as visitas aqui. Lembrem-se da pontualidade. Dr. Moody é muito apegado ao horário. Até amanhã, pessoal. Os que ficarão de tarde, se quiserem nos acompanhar numa discussão...

Lily observou Emmeline jogar o cabelo de um lado para o outro enquanto dava o número para Dr. Potter e revirou os olhos, terminando de arrumar as suas coisas. Marlene, que não havia tirado nada da mochila, já estava de pé esperando.

—Nem foi tão ruim hoje – Lily comentou enquanto elas caminhavam pelo hospital. Marlene fez uma careta.

—Nenhum primeiro dia é exatamente ruim, Lily. Mas amanhã já vai começar. Acordar antes do sol é quase um pecado, sabia?

—Você fala isso como se não fosse acordar cedo. Residência de neurologia é tão puxada quanto a de cirurgia, Lene.

—Eu sei. Mas pelo menos acordarei para ver os rostos das pessoas, e não seus intestinos.

Lily revirou os olhos e não respondeu. Do mesmo jeito que Lily não gostava de oftalmologia, Marlene nutria um certo ódio por cirurgia – não adiantava dissuadir nenhuma das duas do contrário.

—Você vai tentar colar nas neurocirurgias, pelo menos? – Lily perguntou enquanto tiravam os jalecos para sair e davam boa tarde para o segurança.

—Lily Evans, só existe uma coisa que eu odeio mais que cirurgia, e é neurocirurgia.

Lily riu. Ela realmente não entendia algumas coisas em Marlene. Pelo menos Lene tinha acordado o suficiente para começar o discurso de que “neurologia é a especialidade superior”. Lily já sabia as falas e argumentos de cor.

—Eu preparei o almoço ontem – Lily disse quando chegaram em casa e Marlene foi direto para a cozinha. Mary geralmente almoçava em casa dia de segunda-feira, então elas resolveram esperar pela amiga.

—Como foi o primeiro dia do rodízio? – Mary perguntou quando as três começaram a almoçar.

—Foi normal – Lily respondeu – Muitas instruções, muitas divisões, então nada de medicina mesmo.

—E os... médicos? Residentes? Sei lá como fala – Mary disse com uma careta.

—São todos ótimos, pelo que percebi – Lily respondeu, depois franziu a testa – bem, exceto por aquele R1, o tal do Dr. Snape. 

—Em compensação, Dr. Potter não tirou os olhos de você, Lil – Marlene comentou com um sorriso. Lily revirou os olhos.

—Calma, me perdi. R o quê? Dr. Potter? – Mary interrompeu – Eu faço letras, não entendo esses vocabulários de vocês!

—R1 é o primeiro ano do residente, R2 o segundo, e assim vai. Dr. Potter é um R2, e foi ele que explicou algumas coisas pra gente, a pedido de Dr. Moody – Lily explicou – Moody é um dos preceptores.

—Preceptor é tipo o professor do hospital né? – Mary pediu confirmação. Lily sorriu e ergueu o polegar.

—De qualquer modo, Dr. Potter, o R2, não tirou o olho de nossa ruiva – Marlene disse. Lily revirou os olhos.

—Foi porque eu fui falar com ele a respeito da escala. Apenas isso.

—Emmeline nem perdeu tempo, né – Marlene comentou rindo com Lily. Mary franziu o cenho.

—Emme deu em cima do R2?

—Praticamente implorou para ser a interna que iria pegar o número dele – Lily contou – Bem, Dr. Potter não parece ser muito mais velho que a gente – Ela ponderou.

—E é uma gracinha – Marlene acrescentou.

—Preciso de imagens! – Mary pediu. 

—Depois do almoço a gente procura no Instagram ou no Facebook – Marlene sugeriu – Agora conta como anda seu TCC?

Mary fez uma careta.

—Ainda falta terminar a discussão, que é basicamente a maior parte – Mary disse com um suspiro – E ainda revisar tudo. 

—Então ainda longe?

—Longe. Mas, tipo, longe que já pode ser medido em semanas sem confundir a cabeça das pessoas.

—Ah, evolução! – Lily disse com um sorriso – antes você contava em meses como aquelas mães de primeira viagem!

—Mal posso esperar pelo dia da apresentação – Marlene comentou – Deus sabe que suas apresentações de Power Point são maravilhosas, e eu quero ver você esfregando na cara de Umbridge quão maravilhosa você é.

A orientadora de Mary, Umbridge, parecia ser uma mulher doce de início, e por isso Mary pedira para ser sua orientanda – mas com o passar do tempo Umbridge mostrou que na verdade não era nada doce; pelo contrário, era cruel com os orientandos apenas pelo prazer de ser, além de exigir coisas que não eram de competência dos estudantes.

Sabendo disso, tanto Lily quanto Marlene compartilharam do ódio que Mary nutria por Umbridge, e além de querer o sucesso da amiga, queriam também ela mostrasse a Umbridge o quanto era capaz.

Depois de Mary compartilhar o chocolate que havia comprado no caminho para casa, as três foram estudar. Marlene estava revisando neuroanatomia para o estágio que fazia, enquanto Lily relia seus resumos sobre as doenças cirúrgicas mais comuns, e Mary trabalhava duro no TCC.

Dividir o apartamento era muito bom para as garotas. Lily e Mary eram amigas desde o ensino fundamental, e deram a sorte de terem passado numa faculdade na mesma cidade, apesar de não ser a mesma que moravam previamente.

No dia da matrícula ela escutou Marlene comentando que estava procurando duas pessoas para dividir o apartamento em que morava com seu primo Paul. Lily pediu licença e disse que tinha interesse.

Desde então as três conviviam em perfeita harmonia, tão unidas que deixava Paul louco. Claro que ainda havia pequenas discussões como sempre ocorre quando se divide um apartamento – de quem era a vez de lavar os pratos, quem deixara a roupa suja acumular – mas em geral, elas se davam muito bem, deixando de ser apenas colegas de quarto para serem grandes amigas.

A rotina das garotas estava tão estabelecida que elas pensavam seriamente se ocupariam o quarto deixado por Paul quando ele terminou a faculdade.

Lily sabia que tinha uma sorte imensa de ter Marlene e Mary em sua vida. Ela não podia querer amigas melhores, que sempre estavam presentes, aturando os estresses de provas que cercavam as três na vida universitária.

Tão bem se davam que tinham que estudar em quartos separados para não se desconcentrarem, exceto quando Lily e Marlene faziam revisão para uma prova muito importante; nesse caso, elas se juntavam na sala e ficavam fazendo perguntas uma para a outra.

—LILY, OLHA O CELULAR! – Ela ouviu o grito de Marlene vindo do quarto da garota. Lily costumava estudar com o celular no silencioso, para não ser atrapalhada pelos inúmeros grupos e redes sociais. Com um suspiro, Lily pegou o celular e abriu o grupo do internato para ver a mensagem de Emme.

 

Emme Vance 15:38

Gente, tô mandando a lista com a relação de leitos, residentes e internos que James me passou mais cedo. Os leitos tão com os nomes dos pacientes e a doença principal. James disse para estudarmos logo os quadros dos nossos pacientes para a visita amanhã

 

Lily abriu de imediato a lista enviada. Tinha ficado com três leitos: 4.2, 5.3 e 6.8, cada um em um quarto diferente. Também percebeu ter ficado com dois residentes diferentes, o que dificultaria um pouco a discussão, já que ficaria dividida entre os dois.

 

Lene 15:40

Emme, sabe se esses serão nossos residentes sempre ou se vamos mudar ao longo do rodízio?

 

Emme Vance 15:40

James disse que os residentes não têm leitos fixos como a gente, então suponho que vão mudar sim!

 

Lene 15:41

Ah, entendi. Valeu, Emme!

 

Lily 15:41

É, Emme, obrigada por intermediar para a gente!

 

Emme 15:41

De nada, meninas

 

Amos 15:41

A pergunta que fica é quem é esse tal de James

 

Emme 15:42

É o R2, Amos.

Qual é, você não prestou atenção?

 

Amos 15:42

Não mesmo

 

Lily decidiu que seria melhor deixar o grupo de lado antes de virasse uma longa discussão como ela sabia que esses dois tinham a capacidade, mas não conseguiu voltar a estudar porque nesse momento Marlene entrou em seu quarto.

—Ficou com quais residentes? – A morena perguntou, se jogando na cama de Lily, que virou a cadeira para encarar a amiga.

—Snape e Lupin.

—Uh, azar. Estou com Black e Longbottom.

—Esse nome Longbottom não me é estranho – Lily comentou, rearrumando o rabo de cavalo enquanto pensava. Marlene revirou os olhos.

—Claro que não é, ele é namorado de Alice.

—Alice...?

—Alice, R2 de pediatria, que entrou uns anos antes da gente e deu aquele curso de radiologia...

—Ahhhh, aquela loira que parece uma boneca de tão linda? 

—A própria – Marlene confirmou – E sabemos quem eles são porque ela sempre aparece com a camisa dele da época que jogava futebol.

—Ah! Lembrei agora. Certíssima. Que memória boa, garota – Lily elogiou.

—Alice é muito linda para ser ignorada – Marlene disse, piscando um olho. Lily riu e concordou – Você lembra quem é Black? Não consigo conectar nome com rosto.

—Hum, Black é aquele de cabelos pretos lisos e olhos azuis.

—O mais gato de todos?

—Esse mesmo.

Marlene sorriu de leve e Lily jogou uma almofada nela.

—Relaxa, garota, eu não vou dar em cima do R2. Nem que ele dê em cima de mim. Mas Alice, por outro lado, não é nossa residente...

—Marlene, você acabou de dizer que ela namora Longbottom, que é nosso residente – Lily disse, exasperada. Marlene franziu a testa e fez uma careta.

—Droga, verdade. Bem, melhor assim. Nós duas precisamos concentrar nos estudos pras provas de residência, não se esqueça.

—Não estou esquecida, de jeito nenhum. Quinta de noite já combinei com Emme e Benjy para nós quatro fazermos questões de provas.

—Você realmente vai chamar seu ex pra dormir aqui? – Marlene perguntou com as sobrancelhas erguidas.

—Graças a Deus temos um quarto vazio – Lily disse – E qualquer coisa eu durmo com você.

—Hum, se você fica confortável com ele dormindo aqui depois de tanto tempo.

—Fico sim, sem problemas – Lily disse, dando de ombros – Agora vai embora que Snape não foi com minha cara e acho que ele vai pegar no meu pé amanhã.

Marlene riu, mas fez como Lily pediu. A ruiva releu as patologias que teria de estudar para o dia seguinte, separou os resumos e pegou o computador para ler as revisões mais atualizadas.

Seria um grande dia.


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