Você por aqui? - Hayffie escrita por F Lovett


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez eu voltei bem rápido haha

Bom, sem muito me prolongar, vou deixar essa oneshot aqui (tinha começado ela no ano passado e pausei. Esses dias, quando tava finalizando a última que postei, encontrei essa e achei um final pra ela).

ENtão... boa leitura! :)



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A porta está bem na minha frente, mas, ao mesmo tempo, parece estar a quilômetros de distância. Levanto a mão para tocar a campainha, mas hesito, parando-a no meio do caminho. Ela fica pairando no ar, esperando um comando que não vem de imediato.  

Já estou aqui parada há mais de dez minutos e nem sinal de coragem para ao menos tocar a campainha. Mas e o que viria depois? Haymitch abriria a porta e me receberia de braços abertos, como se tudo estivesse bem? De todas as possibilidades, essa parece ser a mais distante. Quase um ano se passou desde que nos vimos e desde então não mantivemos tanto contato quanto eu gostaria. Tudo parecia estar na mesma, sem modificações, sem mudanças. Mas, de alguma forma, isso passou a me incomodar. Me incomodou de uma forma que me peguei pensando várias vezes na possibilidade dele ter encontrado alguém. E, bom... é isso o que as pessoas fazem quando se cansam de correr atrás, não é? 

Mordo o lábio com força e tento novamente tocar a campainha, mas não consigo. Ah, que droga, Effie!, digo para mim mesma. Que medo todo é esse? Você já está aí! 

Dou de ombros e vejo a casa de Katniss. Me pergunto se ela e Peeta ficarão chateados por eu não ter falado com eles e ter vindo direto para cá. Talvez nem tanto, visto que eles não sabem absolutamente nada a respeito do que houve entre Haymitch e eu. A não ser que ele tenha dito alguma coisa nesse tempo em que não nos vimos. 

Respiro fundo e pigarreio, levanto mais uma vez a mão e dessa vez toco a campainha. A coragem parece ir e voltar constantemente, voltando a me deixar inquieta. Olho para os lados em busca de algum sinal de vida, mas a Vila dos Vitoriosos está tão deserta como sempre foi. Volto a minha atenção para a porta quando penso ter ouvido o barulho de passos se aproximando. Passo a língua nos lábios, pensando no que dizer. 

A porta se abre. Haymitch surge e, por uma fração de segundo, meu desejo é sair correndo. Abro a boca, mas nenhum som sai dela. Ele apenas me encara, mas a surpresa é bastante notória.  

— Oi - é tudo o que eu digo.  

— Ei – responde, franzindo o cenho.  

O silêncio paira sobre nós quando nenhum consegue ir além do "oi". Desvio o olhar, sentindo o constrangimento começar a surgir, e olho a minha volta. Tento encontrar algo para comentar sobre, mas nada me parece interessante. 

— Está mais verde aqui, não está? - arrisco, mesmo sabendo que foi um comentário extremamente idiota. 

Haymitch acompanha o meu olhar e quando volto a fitá-lo, ele parece estar vendo por cima do meu ombro. 

— Está, sim. É a época - diz ainda com o olhar distante. Tento não manter muito contato visual. Não sei bem o que dizer a ele. - Por que não avisou que vinha? 

Olho para os meus pés, como se os sapatos fossem a coisa mais interessante para ver agora. 

— Achei que seria legal fazer uma... surpresa. 

— Bom... você me pegou desprevenido.  

Franzo o cenho e levanto o olhar, fitando-o novamente. Ele parece um pouco desconfortável e então a minha ficha cai: em momento algum ele me convidou para entrar e, mesmo conversando do lado de fora, ainda posso ouvir um barulho dentro da casa.  

Ele não está sozinho. É claro. Ele não iria esperar por mim assim por tanto tempo. Provavelmente está tentando seguir a vida, coisa que eu deveria ter feito há muito tempo e não fiz por covardia. Meu coração aperta e meu desconforto toma conta de mim. Cheguei tarde demais. 

— Tem alguém aí com você? - indago, sentindo minha voz vacilar um pouco e torço para que ele não tenha percebido. 

— Ah, é - diz Haymitch, olhando rapidamente para o interior da sua casa. - Hoje é dia da Hazelle vir aqui. Não sei se é bom você entrar agora... 

Mais uma vez o aperto. Meu coração erra uma batida e sinto vontade de sumir. Um fio de decepção passa por mim e, pelo visto, decide ficar um pouco. Dou um passo para trás involuntariamente. Minha mão vai até a alça da pequena mala que eu trouxe. 

— Ah... entendi. 

— Se quiser esperar na Katniss enquanto ela termina a faxina... 

— Faxina? - interrompo-o de imediato. Tento disfarçar a umidade nos meus olhos, mas está difícil.  

— É, Effie. Faxina – Haymitch repete. Acredito que minha expressão esteja de bastante confusão, pois logo Haymitch se interrompe, parecendo perceber algo além do que tento aparentar. - Espera... Você achou que...? - ele começa a dizer, apontando para dentro da sua casa, um pequeno sorriso brincalhão nascendo em seus lábios.  

— Não achei nada – me apresso em dizer. No entanto, Haymitch desata a rir e desce os degraus em minha direção. Um impulso me faz andar para trás, mas em vão. 

Haymitch para bem na minha frente, um pouco próximo. O sorriso ainda brinca um pouco no seu rosto, mas ele tenta controlar.  

— Isso foi o que eu estou pensando que foi? 

— Não sei do que está falando – respondo ainda com a voz um pouco falha. Dou de ombros, tentando não o olhar nos olhos. Isso não adianta muito quando sinto suas mãos pousarem na minha cintura. Me sinto obrigada a encará-lo, mesmo não querendo. 

— De todas as mulheres do mundo, você teve ciúmes da Hazelle 

— Claro que não - retruco sabendo que não fui convincente. — Não foi ciúmes. Eu achei que... - não termino a frase. Minha garganta fecha e luto contra essa vontade repentina de chorar. Ele parece ter entendido o que eu quis dizer. 

— Achou que eu tinha desistido de você? 

Encaro os meus pés, que parecem um pouco mais interessante. Estou mordendo a parte interna da bochecha em constrangimento. Abro a boca como se fosse retrucar, mas acabo achando melhor o silêncio.  

Haymitch sorri e envolve a minha cintura com os seus braços. Ele leva os lábios até o meu ouvido e os pelos da minha nuca se arrepiam com a aproximação. 

— Eu sei que faz quase um ano que a gente não se vê, mas eu não seria tão idiota de chegar a esse ponto - murmura, deixando os seus lábios encostarem lentamente no meu pescoço. Seguro os seus braços com força, tentando conter a minha vontade de agarrá-lo ali mesmo. Envolvo-o num abraço, como se tentasse recuperar todo esse tempo em que estivemos longe, e ele retribui com a mesma intensidade. Haymitch passa a beijar o meu pescoço e suspiro com a sensação. Seus beijos sobem aos poucos até os nossos lábios se encontrarem, repletos de saudade. Mantenho-me abraçada a ele como se isso me provasse que não estou em mais um sonho, que tudo isso é real.  

Haymitch desliza seus dedos pelas minhas costas, chegando até a ser delicado em alguns momentos. Até que nos afastamos um pouco e sei, sem precisar abrir os olhos, que nossos lábios estão inchados. Encostamos nossas testas e nos concentramos apenas nas nossas respirações por um tempo. Suas mãos de voltam a minha cintura enquanto afago os seus cabelos. 

— Eu senti tanta falta disso – murmuro. 

— Eu também. 

— É, eu também - alguém diz, nos assustando. Dou um salto e largo Haymitch, procurando quem havia dito aquilo. Apesar de ter quase certeza de quem era a voz, precisava confirmar de quem vinha. 

O garoto de cabelos louros nos observa com um sorriso nos lábios. As mãos enterradas nos bolsos da sua calça.  

— Ah, oi, Peeta! - me apresso em dizer, sabendo que meu rosto deve estar parecendo um tomate. 

— Ah, qual é, gente! - ele diz, descontraído. - Eu já sabia. 

Franzo o cenho, intrigada com o que Peeta acabara de dizer. 

— Sabia? - repito. Em resposta, ele confirma com a cabeça, com um pequeno sorriso nos lábios.  

— Ei, tudo bem. Eu só estava colhendo umas coisas aqui fora. Vocês estavam tão concentrados que nem perceberam – ele sorri novamente, um pouco tímido. - Eu vou entrar – a pausa que ele faz mostra como ele ainda tenta controlar a si mesmo e precisa de um pouco de esforço para isso. - Apareçam mais tarde. Katniss vai gostar. 

Aceito seu convite com um meneio de cabeça e então Peeta caminha de volta para casa.  

— É melhor a gente entrar – Haymitch diz, segurando a minha mão. - Vem. 

Haymitch me guia de volta para casa, levando a minha mala com a outra mão. Encontramos Hazelle saindo e Haymitch me lança um olhar de divertimento que retribuo impaciente. Ele ri e beija a minha mão antes de entrarmos em casa. 

 O cheiro daqui é bom, pelo menos agora que a casa está limpa. Haymitch não é conhecido por organização e limpeza e ele sabe disso. Ao menos ele parece estar se preocupando com essas coisas agora. 

Ele fecha a porta atrás de si e deixa a mala num canto. Coloco a minha bolsa no centro da sala enquanto percorro a casa com o olhar. Parece estar tudo bem aqui. Nem parece a casa dele. 

— Parece que eu vim num dia bom – digo, ainda admirando o ambiente envolvido por um cheiro de lavanda. Dou meia volta e vejo que ele seguia lentamente os meus passos. 

— Hoje você não pode reclamar de bagunça. 

— Não, não posso. 

Haymitch segue se aproximando mais e segura as minhas mãos, me puxando na sua direção. Nossos lábios se encontram novamente, repletos de saudade. Mais um dos beijos que estavam guardados há quase um ano desde que nos vimos.  

Passamos praticamente o mesmo tempo que costumávamos passar longe um do outro durante os Jogos, mas dessa vez pareceu uma eternidade.  

Interrompemos o beijo por um instante e encostamos as nossas testas, ouvindo apenas o som das nossas respirações. 

— Você realmente achou que eu e a Hazelle... 

— Ah, Haymitch, tá b... - tento interrompê-lo, mas ele me atropela também. 

— Effie, ei, ei, me escuta – ele protesta quando tento falar. Suas mãos vão até o meu rosto, fazendo com que eu o olhe nos olhos. - Já passou da época em que eu te fazia ciúmes de propósito. Nós já paramos com isso há muito tempo – ele me recorda das festas dos Jogos e mordo o lábio quando minha mente viaja rapidamente pelo passado. Haymitch, então, segura minha mão e a leva até os seus lábios, depositando um leve beijo ali. - Eu te amo.  

É incrível como ele consegue fazer o meu coração acelerar mesmo depois de todo esse tempo. 

— Eu também te amo. Você sabe disso – acrescento e ele ri brevemente. Seu rosto se aproxima novamente do meu e ele me beija ternamente. Seus braços me envolvem num abraço aconchegante e nem parece que lá no fundo há uma pressa sem tamanho querendo matar toda aquela saudade de uma vez. Mas a calmaria é boa. É confortável e eu gosto. 

Bom, acho que está tudo bem entre nós agora. 


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Notas finais do capítulo

Comentem e deixem a Lovett feliz! ♥