Idiota! Idiota! Idiota!

Harry Potter idiota!

Por que você não me enxerga?! Eu estou aqui, eu sempre estive aqui!

Mas você estava ocupado demais com aquela corvinal sem graça. Eu quase perdi a oportunidade de ir ao baile esperando que me convidasse. Mas essa hipótese nem se quer deve ter passado pela sua cabeça, certo?

Eu sempre estivesse do seu lado, mas parece que eu sou simplesmente invisível para você, não é?

Quando você teve todos aqueles seus pesadelos com Aquele-que-não-deve-ser-nomeado entrando na sua mente e te possuindo você se lembrou de mim? Não pensou que eu era a única pessoa que você conhecia que já tinha passado por essa situação? Que poderia ter vindo falar comigo? Que eu poderia ter te ajudado? É claro que não! Por que pensaria em mim? Eu sou apenas a irmãzinha do seu amigo não é? Não importa o que eu faça, eu nunca serei mais do que isso para você, não é?

Você nunca me enxergará como uma garota, uma mulher.

E isso não é o que me mais dói.

O que mais dói é que apesar de saber disso eu não consigo deixar de amar você. Não consigo deixar de me preocupar com você. Sempre que sai em uma aventura louca e perigosa ou quando aparece no salão comunal com um novo ferimento tenho que controlar o impulso de te preparar algo para ajudar a cura-lo. Mas eu tenho que parar com isso. Amar alguém que te trata como alguém invisível é doloroso demais. Por isso, por mais que doa, dessa vez eu tomei uma decisão e não voltarei atrás. Eu vou seguir em frente, custe o que custar. Encontrarei alguém que esteja disposto a retribuir meus sentimentos. Então, Harry Potter, por mais que você nunca chegue a ler essa carta, já que eu vou queima-la na lareira assim que terminar de escreve-la, só quero que saiba que mesmo que eu siga em frente,  e comece talvez a namorar outra pessoa, mesmo assim eu sei que lá no fundo do meu coração uma parte de mim sempre vai amar você, meu primeiro amor. Então caso algum dia você perceba que esse tempo todo eu estava lá para você,  a partir de hoje eu ainda vou estar lá. Mas agora será apenas como amiga. Por mais que isso me machuque, mas é que eu simplesmente não posso mais viver do jeito que as coisas estão.

Com todo amor que eu tenho, e que sei que não é por ti retribuído.

Ginny

Era madrugada no salão comunal da grifinória, sentada na mesinha que havia ali, deixando algumas lágrimas caírem no pergaminho, fazendo a tinta borrar algumas palavras, mas não tinha problema, afinal essa é uma carta que escreveu para si mesma. Por mais que queria ter coragem para envia-la sabia que nem toda a coragem grifinória que tinha dentro de si seria suficiente para mandar a carta para ele. Então enxugou as lagrimas, foi até a lareira e jogou nela o pergaminho. Ficou assistindo enquanto as chamas consumiam a carta e assim desaparecendo com todo o vestígios de seus sentimentos mais profundos.