—Até que fim alguém fez o dever de casa.

—Acertei? – Edward olhou para as orquídeas rosas e sorriu para Angela.

—Ela prefere as azuis, mas essas vão servir. – Angela apertou uma tecla do telefone. – Seu caubói está aqui. – Anunciou sorrindo maliciosamente.

—O quê? – A voz de Bella não soou pelo telefone e sim pela sala. Angela mal terminou de falar e Bella já estava de pé. – Edward? – Ela estava surpresa, mas muito animada. – Aconteceu alguma coisa com a Alice?

—Não. – A tranquilizou. – Alice me contou o que o Emmett fez e vim pedir desculpas pela atitude dele.

—O quê? – Bella e Angela perguntaram juntas.

—Lamento que tenha ficado chateada. Eu não sabia que ele seria capaz de tal coisa. – Ele ensaiou aquele discurso durante todo o voo.

—Acho que houve um mal-entendido. – Declarou passando as mãos pelo cabelo.

—O Emmett não beijou a sua funcionária? – Edward estava começando a achar que a irmã havia aprontado para cima dele.

—Na verdade, foi a Rosalie que o beijou. Eles são ex-namorados. Eram, agora são um casal de novo. – Rosalie já estava planejando o casamento deles.

—E você está bem com isso? – Ele mataria Alice assim que ela desse à luz, não arriscaria a vida do sobrinho.

—Eles formam um casal bem fofo e eu não estou interessada no Emmett. Ele não faz o meu tipo. – Aquilo deixou Edward feliz.

—Não sei por qual motivo Alice mentiu. Ela disse que você estava sofrendo e me pediu para vir me desculpar pelo Emmett.

—Mesmo que eu estivesse sofrendo, você não tem culpa de nada e não me deve nenhum pedido de desculpas. – Colocou a mão no ombro dele.

—Estou me sentindo um idiota. – Ele queria estar com o chapéu para poder esconder o rosto. Angela acompanhava a conversa dos dois com muito interesse.

—Você não é um idiota. Estou impressionada por ter vindo se desculpar mesmo sem precisar. – Ela ficou na ponta dos pés e deu um beijo na bochecha dele. – Você é um fofo.

—Fofo? – Perguntou, envergonhado. Sem notar, ele colocou a mão livre na cintura dela. – Você já me chamou de coisa pior.

—Meus apelidos variam de acordo com o seu temperamento. São para mim? – Afastou dele e apontou para as orquídeas.

—Sim. – Pigarreou entregando o vaso a ela. – Acho que Alice não mentiu ao dizer que são as suas preferidas.

—Não, ela não mentiu. – Os dois se olharam e ficaram em um silêncio constrangedor. Angela resolveu intervir e os ajudar.

—Está um dia tão lindo e já é hora do almoço.

—Fiz uma reserva em um restaurante italiano. – Edward fez tudo o que a irmã pediu. Agora ele lamentava ter se deixado ser manipulado. Ele não cairia na armadilha da irmã. – Gostaria de ir comigo?

—Por que não? – Deu de ombros, fingindo indiferença e aquilo deixou Edward decepcionado.  – Só vou pegar a minha bolsa e colocar a orquídea na minha mesa.

Edward assentiu e Bella caminhou a passos largos até a sala. Deixou o corpo cair na cadeira e se agarrou a orquídea.

—O que está aprontando, Alice? – Bella já estava começando a superar o último encontro desastroso e seu foco estava todo no trabalho. Mas ver Edward ali pedindo desculpas pelo que Emmett fez, mexeu com ela. Ela queria pular nos braços dele e o beijar. Ninguém nunca havia feito algo assim por ela. Por mais que tenha sido uma ideia de Alice, Bella suspeitava que ele fora ameaçado, isso não diminuía o ato para ela. Fora uma atitude romântica. Uma atitude digna de um príncipe encantado. Mas Edward não era um príncipe encantado. Bella levantou e ajeitou a roupa.  – Não deve se deixar levar pela atitude dele e muito menos por aquele sorriso lindo e sexy. – Edward estava usando suas roupas clássicas: calça jeans apertada e uma camisa de manga longa xadrez. – Seja forte. – Respirou fundo e abriu a porta do escritório. – Vamos?

[...]

—Chegamos. – Bella anunciou desnecessariamente, já que o letreiro do restaurante era bem visível. Mas ela precisava dizer alguma coisa. Os dois passaram os últimos dez minutos em silêncio.

—Espero que a comida seja boa. - Edward abriu a porta para ela.

—É ótima. – A boca dela salivou ao sentiu o cheiro da comida.

—Já veio aqui?

—Algumas vezes. A última foi em um encontro. – Ela balançou a mão ignorando o assunto. Não queria se lembrar do encontro e torcia para que ninguém do restaurante lembrasse.

—Que up grade, hein? – O garçom comentou entregando os cardápios para eles. Bella sorriu constrangida. Era o mesmo que a atendeu da última e desastrosa vez. – Devo trancar as janelas do banheiro? – Perguntou rindo e Bella gemeu.

—Dessa vez não será necessário. – Lançou um olhar rápido para Edward. Não, ele não seria capaz de fugir e deixá-la sozinha para pagar a conta.

—Qualquer coisa é só avisar. – Piscou para ela e saiu.

—Algo que deva saber? – Edward analisava o cardápio, mas mantinha um olho em Bella.

—O cara fugiu pela janela do banheiro e eu tive que pagar uma conta absurda porque o fujão pediu tudo do mais caro. – Edward sufocou a risada. – Tudo bem, pode rir à vontade, meus encontros são uma tragédia mesmo.

—Prometo que não vou fazer o mesmo. E pode ficar tranquila que eu pago o almoço.

—Nem pensar. Vamos dividir.

—Está ferindo a minha masculinidade assim. – Reclamou e Bella revirou os olhos.

—Não seja antiquado. O que tem demais em uma mulher pagar a conta? Eu também trabalho e posso pagar a minha parte.

—Sei disso, mas não foi assim que fui criado. Meu pai sempre disse que é o homem quem paga a conta. E fui eu que a convidei, então, minha responsabilidade. – Bella resolveu deixar para lá, não adiantaria discutir com ele.

—Que seja, então. – Deu de ombros e ele sorriu vitorioso. – Você veio aqui apenas para me ver? – Ela esperava que não.

—Ah, não. Amanhã começa uma exposição agrícola e aproveitei para vir.

—Vi um anúncio e pensei em você, mas nunca imaginei que viria. Você é tão caseiro.

—Normalmente não vou, mas essa exposição vai ser bem interessante. – Ele não acrescentaria que ela era a razão para ele ter vindo.

—Pode ficar lá em casa. – Soltou e Edward se engasgou com o pãozinho.

—Seu irmão ainda está lá? – Não seria seguro os dois ficarem sozinhos lá.

—Céus! Não. Amo o meu irmão, mas não dou conta de ficar com ele por tanto tempo assim.

—Não vai ser estranho eu ficar lá? – Só então Bella percebeu toda a situação. Seria realmente muito estranho, mas ela não poderia retirar o convite agora.

—Não mesmo. Nós somos amigos e solteiros, o que tem demais nisso? – A palavra solteiros era o problema da situação. Não tinha nada impedindo que eles se tornassem amigos coloridos.

—Se não for um incomodo, eu aceito sim. O que você recomenda? – Perguntou mudando o assunto para um tema mais neutro.

Bella e Edward falaram sobre trabalho, família e Bella até contou sobre o último encontro dela.

—Me diz que isso não aconteceu. – Pediu rindo.

—Infelizmente aconteceu. – Agora ela também conseguia rir, mas no dia, teve vontade de chorar.

—Admiro a sua persistência.

—Estou começando a achar que não é persistência e sim loucura.

—Você tem um sonho e faz de tudo para alcançá-lo. Não acho que seja loucura. Espero que encontre o seu cara.

—E você? Não tem nenhuma história não?

—Faz muito tempo que não tenho um encontro. – Uma parte dele deu sinal de vida ao pensar naquilo.

—Por quê?

—Aconteceu uma coisa comigo e eu não tive muita vida social depois disso. – Edward tinha muitos amigos, todos queriam estar perto do grande campeão, mas após o acidente a maior parte, dos ditos amigos, simplesmente sumiram.

—Emmett falou que você ficou entre a vida e a morte. – Comentou baixinho e ele a olhou surpreso.

—Emmett fala demais. – Resmungou encerrando o assunto.

—Tenho que encontrar uns clientes. Quer ir comigo ou para o meu apartamento? – Ele não queria ficar sozinho, então optou por ir com ela. Estava curioso para ver mais sobre o trabalho dela.

—Vou com você.

—Ótimo. Pode me fazer um pequeno favor? – Ele assentiu. – Não me deixe agredir a noiva. – Antes que ele perguntasse o motivo dela querer agredir a noiva, Bella completou. – Você verá.

[...]

—Vamos trocar o convite. - Bella teve vontade de ir embora na hora. Já estava cansada das indecisões da noiva. Ela esperava que Edward a impedisse de fazer alguma coisa. - E não quero mais casar na igreja. 

—Lauren como vai? - Evitou olhar para o noivo, ele era um dos ex encontros desastrosos dela. Quando Bella começou a organizar o casamento, Tyler não era o noivo. Essa foi só uma das várias mudanças que Lauren havia feito em apenas quatro meses. 

—Péssima. Não estou gostando de absolutamente nada. - Lançou um olhar desanimador para o noivo. 

—Podemos adiar o casamento, até você ter mais certeza do que quer. - A paciência dela tinha limites. 

—Não vamos adiar. - Bateu na mesa. Bella a diagnosticou com bipolaridade. Só isso para explicar o comportamento inconstante dela. - A data permanece a mesma, mas vamos mudar todo o resto. - Bella olhou rapidamente para Tyler, se perguntando se ele seria uma das mudanças. 

—Lauren, não temos tempo para mudar tudo. Os convites já estão impressos, o buffet contratado e a igreja reservada. Não vamos encontrar outra tão em cima da hora. 

—Minha amiga casou lá e ela está falando que a estou copiando. - Cruzou os braços fazendo bico. 

—Um casamento ao ar livre então? - A cabeça dela doía toda vez que conversava com Lauren. 

—Não. Não quero ficar suada ou cheia de mosquitos ao meu redor. - Edward teve vontade de retrucar, mas resolveu ficar em silêncio. Ele estava ali para impedir que Bella brigasse com a noiva e agora ele entendia bem o motivo. 

—Você reservou a igreja primeiro. - Foi Bella quem organizou o outro casamento. - E a decoração vai ser totalmente diferente, bem como a festa, não vai ter comparações. - Garantiu, mas Lauren não parecia convencida disso. - E não dá para mudar os convites. - Ela teria que ser firme. Por mais complicado que o cliente fosse, ela nunca tinha desistido e Lauren não iria manchar a reputação dela. 

—O casamento vai ser naquela igreja que me mostrou, Bella? - Edward perguntou aproximando dela. Piscou pedindo para que ela entrasse no jogo. 

—Essa mesma. 

—Não acredito que vai desistir daquele lugar. É a igreja mais linda que já vi. Seu casamento vai ser perfeito lá. - Ele sorriu para ela. - Você é uma mulher elegante, combina perfeitamente com você. - Piscou e Lauren suspirou o olhando de cima a baixo. 

—Acha que sou elegante? 

—Tenho a certeza de que é. Sua escolha do convite foi excelente. Se o da minha irmã não estivesse pronto iria insistir para ela fazer um igual. A Bella me mostrou um pouco do trabalho dela e acho que o seu casamento vai ser o mais lindo de todos. Agora que a conheci pessoalmente, tenho a certeza disso. - Deu um sorriso torto e Lauren teria concordado com qualquer coisa que ele dissesse. 

—Vamos manter tudo. - Declarou com alegria e Bella ergueu as mãos em comemoração. 

[...] 

—Deveria te contratar. - Bella tocou no braço dele. Ela estava muito feliz por finalmente ter resolvido a questão com Lauren.

—Não acredito que ela trocou de noivo e que o atual é um ex seu. – Edward gargalhava com as histórias de Bella.

—Ele não é meu ex. Só saímos uma vez e foi um desastre.

—Que encontro seu que não foi um desastre? – Bella tirou a mão do braço dele e levou ao próprio queixo.

—O nosso encontro de hoje foi excelente. – Ele piscou várias vezes.

—Você acha que isso foi um encontro? – Gaguejou e ela riu.

—Só estou brincando, Edward.

—Boa noite. – Bella deu um pulo assustada e olhou para James. – Só os dois hoje? – Olhou pela janela procurando por mais alguém.

—Boa noite, James. – Ele abriu a porta e escorou na parede olhando com desdém para a dupla. – Tem algo para mim?

—Sua mãe pediu para dizer que é melhor você pensar duas vezes no que está prestes a fazer.

—Já contou para minha mãe? – Não sabia como ainda se surpreendia com a capacidade do porteiro em relatar tudo para Renée. – Quer saber? Deixa para lá e vai cuidar da sua vida. – Saiu rebocando Edward pela mão.

—Você tem uma vida bem agitada. – Edward manteve a mão dos dois unidas.

—Não viu nem metade ainda. 

—Achei que seu trabalho foi mais tranquilo.

—Que era só fazer um bolo e colocar umas cadeiras? – Debochou e ele riu. – Nem todas as noivas são como a sua irmã.

—E eu achando que a Alice era terrível.

—Sua irmã é um anjo. – Declarou abrindo a porta do apartamento. – Pode ficar no quarto que usou da outra vez. – Edward assentiu. Ainda achava que era uma péssima ideia os dois ficarem sozinhos, mas tinha que admitir que não conseguiria ficar longe dela. Os dois tiveram um dia muito agradável e ele já não estava mais com raiva de Alice por ter mentido para ele.

Bella colocou uma lasanha para assar e abriu uma garrafa de vinho, servindo em duas taças. Estava feliz pelo dia que passou ao lado de Edward. Ele não era nenhum caubói bruto, tinha um coração de ouro e era sensível, apesar de não deixar transparecer isso sempre.

Edward tomou um banho rápido e caminhou descalço até a cozinha. Não sabia o porquê estava sorrindo, mas sabia que não queria que aquilo acabasse logo.

—Vinho? – Indicou a taça que estava em cima da bancada.

—Prefiro cerveja. – Ela deu de ombros se desculpando. – Tudo bem. – Puxou a cadeira e respirou fundo. Tinha que esclarecer as coisas com Bella. – Sobre o encontro de hoje...

—Eu sei que não foi um encontro. Só estava brincando.

—Só não quero que você pense que isso pode evoluir para algo mais sério. Eu gosto de você. – Confidenciou. – Mas eu não posso deixar o rancho e a sua vida é aqui. – Bella ergueu a mão o impedindo de continuar.

—Eu sei disso e não quero nada com você além de amizade. – Resmungou aproximando dele. – Somos incompatíveis e todo mundo sabe disso.

—Totalmente incompatíveis. – A ergueu a colocando em cima da bancada.

—É só amizade. – Bella completou passando as pernas em volta dele o trazendo para mais perto. – Você disse que queria me beijar, acho que essa é uma excelente oportunidade.

—Concordo. – Segurou os cabelos dela e beijou primeiro a testa, depois o nariz e por fim os lábios. Edward não queria pensar nas consequências, era só um beijo. Só um beijo. Bella estava agarrada nele e infiltrou as mãos pela camisa dele o arranhando um pouco. – Céus! – Gemeu beijando o pescoço dela. Edward queria tirar a roupa dela e a possuir ali mesmo. Não tinha nada o impedindo e pela forma que Bella o tocava, ela também queria o mesmo. Estava prestes a erguer a blusa dela quando sentiram cheiro de fumaça. O detector de fumaça e o sprinkler foram acionados, molhando os dois.

—Droga! – Bella o empurrou e desceu da bancada abrindo o forno. – Já era o nosso jantar.

—Onde desliga isso? – Apontou para o sensor.

—Eu cuido disso. – Saiu apressada, ignorando Edward. Ele ficou parado no meio da cozinha sem saber o que fazer. Gritou para Bella que iria sair para comprar comida. Precisava de um pouco de ar.

Quando voltou, Bella já tinha limpado tudo e estava na varanda, com a garrafa de vinho já vazia. 

—Trouxe comida mexicana. Não gosto de comida asiática e encontrei um monte de restaurante desse tipo.

—Olha, sobre o que aconteceu, não vai se repetir. – Falou sem olhar para ele.

—Vai ser como você quiser. – Entregou uma sacola para ela. – Tenha uma boa noite.

—Espera um pouco. – Ele parou e a olhou. – Notei uma cicatriz no seu ombro. – Ele nem notou que ela o havia tocado ali. – É de quando você quase morreu?

—Sim. – Viu o olhar de tristeza dela. – Já tem muito tempo isso, Bella, estou bem, não se preocupe.

—Amigos se preocupam com o outro.

—Amigos. – Ele riu da palavra. Duvidava que amigos fizessem o que eles fizeram. – Na próxima vez que for ao rancho eu te conto.

—Vou te ajudar a cuidar dos animais. – Ele apostava que era o vinho falando. – É sério. Você viu como é o meu trabalho, agora quero ver como é o seu.

—Tem certeza disso?

—Tenho sim. E, Edward. – Ela o olhou e ele quase abaixou pronto para terminar o que estavam fazendo. – Meu pai nos convidou para jantar amanhã na casa dele. Quer te conhecer.

Edward pensou em perguntar como o pai dela sabia que ele estava ali, mas resolveu deixar para lá. Apenas assentiu e deu meia volta indo para o quarto.