As Quatro Estações - Shunkashuto escrita por Sakuu-chan


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meus amores! Então, essa é a minha contribuição para o desafio das estações, organizado pela linda @saltodevil.

Resolvi fazer algo diferente, no mundo original, no mundo do anime. Tomei como base o momento em que o Sasuke sai para sua jornada e o momento que ele faz o "poque" na testa da nossa Sakura, e algumas partes o casamento do Naruto, porque eu amo esses dois momentos. Por isso, caso queiram, colocarei o link nas notas finais.

A musica que eu fui sorteada foi: as quatro estações, da Sandy e Junior, e tente passar cada estação o pensamento de ambos, espero ter conseguido, principalmente o do Sasuke. Enfim, espero que gostem e até a próxima.

capa feita pela lindíssima: Explosivegirl
me ajudaram super lendo as coisas que eu mandava: Thami (@Joyju) e a Bia (@Koniggin)

Shunkashuto significa as quatro estações em japonês, pelo menos foi isso que o site me disse AHSUHAUIS



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Capítulo Único

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Soltou um longo suspirou e deixou que seus olhos pousassem nas crianças correndo pelas ruas, o sol estava alto e o calor, típico do verão, incomodava, mesmo estando sob a sombra de uma arvore. As chuvas haviam acabado a algumas semanas e o calor escaldante dava as caras. Fechou os olhos e encostou a cabeça no tronco da arvore enquanto seus dedos pousavam em sua testa.

O sorriso que surgiu foi involuntário.

Havia se passado pouco mais de um mês desde que Sasuke tinha deixado a vila para sua viagem de redenção, coisa que ela era contra. O suspiro escapou por seus lábios e abriu os olhos enquanto a lembrança vinha a mente.

Flash Back

Kakashi-sensei, agora Hokage, falava para Sasuke sobre como ele deveria agir naquela viagem, já que era para o Uchiha estar preso após seus crimes. Ela confessava que até tentou persuadir Sasuke a não partir para aquela viagem, mas, como sempre, o Uchiha estava irredutível, suspirou e mordeu o lábio inferior, não conseguia acreditar no que estava prestes a falar.

— E se eu dissesse que... – Deu uma pausa e sentiu as bochechas corarem, mesmo sendo uma grande kunoichi, ainda se sentia tímida sob aquele olhar analítico. – Quero ir com você?

O silencio que se sucedeu foi mais do que ela esperou, mordeu o lábio inferior e procurou olhar para qualquer lugar, menos para o Uchiha, que estava a sua frente, muito menos para Kakashi, que assistia tudo de camarote.

— Essa é uma viagem para pagar pelos meus pecados. – Sasuke falou e Sakura sentiu o desanimo lhe invadir, por ela, o Uchiha já havia pagado por todos os seus pecados após cooperar com a vitória de Konoha e após alguns meses preso, mas, pelo jeito, ele não pensava dessa maneira. – Meus pecados não têm nada a ver com você!

Se antes ela já tinha se sentido patética, após aquelas palavras, se sentiu ainda mais, o desanimo dominou seu corpo, abaixou a cabeça e lamentou-se. Estava trise, queria acompanhá-lo, sempre quis isso, mas Sasuke, como sempre, lhe negou. Sua cabeça estava baixa, quando um par de pés entrou em sua visão, assim que levantou, o espanto.

A sua frente, com um sorriso mínimo, estava Sasuke, antes de reagir ele levantou o braço e com dois dedos, tocou sua testa, em um singelo “toque”. Foi impossível não corar.

— Talvez na próxima. – Sasuke falou baixo, mas audível. – Obrigado!

E a última palavra a deixou ainda mais surpresa, até porque, aquele obrigado tinha mais significado para eles, do que outras palavras. Suas bochechas coraram e o pequeno sorriso de Sasuke apareceu.

Ficou com Kakashi vendo o antigo companheiro de time – e amor – sumir de seu campo visão, partindo para sua jornada de redenção.

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Já havia um tempo desde que tivera notícias do Uchiha, pois sempre que podia, escrevia alguma carta e enviava, assim como Naruto.

— Sakura! – Fitou e viu Ino a sua frente, segurando algumas flores, que com certeza, era encomendas. – Sonhando acordada de novo, Testuda?

— Argh! – Como odiava aquele apelido, suspirou e levantou-se dando pequenas batidas na roupa para tirar a poeira típica do clima. – Está atrasada.

— Não estou, você que está pensando em seu Sasuke-kun. – Ino riu e ela apenas deixou um pequeno sorriso escapar.

Ino não estava errada, mas não precisava saber.

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O chiado do riacho preenchia e se misturava aos barulhos dos pássaros e do vento, que apesar de pouco, balançava a copa das árvores, mesmo com a guarda alta, entrou debaixo da pequena cascata de água que caia do topo da montanha, deixando que a água molhasse o calção, amenizando o calor que sentia.

O piar de seu falcão soou e tirou a cabeça debaixo da água e o mirou, mesmo sendo pequeno, notou o pequeno pergaminho preso na pata do animal e que o miravam, passou a mão em seu cabelo para tirar o excesso de água e foi em direção ao animal, onde pegou o pequeno rolo.

Foi um pouco difícil de desenrolá-lo, porque ainda não estava acostumado totalmente com a falta de um braço, que foi seu companheiro por longos anos. O primeiro era um de Kakashi, que perguntava sobre sua jornada, o segundo de Naruto e o último, que ele sempre ficava mais tempo fitando os Kanjis gravados, era o dela.

Se lembrava perfeitamente da expressão que Sakura fez quando estavam se despedindo, por um momento, quase desistiu e a levou consigo, mas sabia que a Haruno não tinha culpa por seus erros, então, não poderia levá-la para pagar a penitência, ele precisava fazer aquilo sozinho, para viver em paz consigo mesmo e quem sabe, ao lado de outra pessoa.

Tal pensamento o fez deixar um sorriso pequeno escapar, mesmo que não fosse de seu feitio. Pensar em romance nunca fez parte de seus planos, onde apenas a vingança tinha espaço, mas antes e durante a guerra, muitas coisas foram esclarecidas e ele pode, finalmente, entender muita coisa que aconteceu com ele, e isso, de alguma maneira, mudou Sasuke.

Não era hipócrita, Sakura mexia com ele quando era apenas um garoto, o time 7 teve uma grande influência em sua vida quando ainda estava cego pelo desejo de vingança, mas a Haruno, com certeza, havia muito mais poder sobre ele do que imaginava.

Com o tempo, descobriu que poderia expressar, mesmo que não abertamente, os seus sentimentos pela Haruno através das palavras, uma se tornou especial entre eles, foi dita num momento de despedida, anos depois, num sincero pedido de desculpas e agora, após tantos anos engolido pelo ódio, num momento feliz e de renascimento.

Foi naquele momento que Sasuke decidiu dar um passo mais “intimo”, o mesmo gesto que significava para ele quando criança, continuava significando e fez. O toque de dois dedos na testa dizia muito sobre o que ele sentia em relação a Sakura e o Uchiha pode demonstrar isso, sem muitas palavras.

Um gesto e uma palavra, isso era tão a cara dele, que chegava a ser engraçado. Pegou suas coisas, arrumou o que tinha que arrumar, jogou a capa sobre os ombros e como o falcão, que levantou voou, ele se colocou a caminhar novamente, afinal, ainda tinha muito a percorrer para se redimir e poder, finalmente, voltar para casa.

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秋 – Aki — Outono

Sakura alongou o corpo e olhou pela janela, a vegetação estava em tons laranjas e vermelhas, as folhas das árvores de momiji, que era predominante pelas ruas da aldeia – assim como as cerejeiras – estavam coloridas, o sol se ponto contrastava perfeitamente. Ela se perguntava se Sasuke podia ter aquela mesma visão.

A vila estava agitada, afinal, o festival da lua estava se aproximando, já que era uma festa tradicional da época, mas Sakura, pela primeira vez em anos, não estava animada, ainda mais com as circunstancias. Entre uma missão e outra, seus plantões no hospital e suas folgas, sua mente ainda até ele, até Sasuke.

Ela já imaginava que a comunicação entre eles seriam poucas, mas, ela havia se tornado nula, vez ou outra recebia um pergaminho como respostas aos seus, mas, como esperado de Sasuke, eram mínimas essas comunicações, e por mais que não quisesse, se sentia aflita.

Claro que Kakashi – mesmo ocupando a cadeira de Hokage — e Naruto – entre um treinamento de outro para suceder o sensei como Hokage— a acalmava nesses momentos, dizendo que Sasuke sabia se cuidar muito bem, afinal, o Uchiha havia vivido muito tempo ao lado de Orochimaru, mas, mesmo assim, seu coração se agitava ao pensar no Uchiha.

Sempre que saia em missão dava um jeito de saber se havia boatos sobre o último sobrevivente do clã Uchiha, mas como um ótimo discípulo de Orochimaru, Sasuke conseguia passar pelos lugares sem levantar suspeitas e muito menos, rumores, coisa que ela não conseguia muito, já que ela havia conseguido ultrapassar a lendária sennin, Tsunade.

Mas, nunca sabia nada, e isso que era o mais frustrante. Não mentia, o amava e toda vez que via as folhas amareladas se desprenderem dos galhos se perguntava, onde Sasuke estava e quando voltaria.

O vento balançou e as folhas secas balançaram desprendendo-se dos galhos secos, dando um belo contraste no céu que ficava alaranjado por causa do sol que se punha ao horizonte, e esse momento trouxe diversas lembranças quando era apenas uma criança. O sorriso foi inevitável ao recordar-se da garotinha de doze anos apaixonada pelo companheiro de time.

Mesmo com os anos, o sentimento continuava o mesmo e acreditava que continuaria o mesmo pela eternidade.

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As ruas estavam agitadas, muitas pessoas passavam por Sasuke vestindo a famosa vestimenta yukata, desde crianças a idosos, sempre com um grande sorriso, as barracas de entretenimento estavam cheias de gente brincando, assim como as de comida, onde diversas pessoas comiam, bebiam e riam. Todos a sua volta estavam felizes, inclusive por causa do festival da lua, que ocorria naquele fim de tarde.

Já havia se passado meses desde a sua partida para a viagem de redenção, vez ou outra se comunicava com Kakashi e Naruto, mas aproveitou essa distância para pensar e refletir sobre suas ações do passado. Compreendia que muitas das atitudes que tomou foi ocasionado por traumas do passado, que não eram poucos, mas teve um momento que ele estava ciente disso, porém, já estava afundado demais em tudo o que acontecia.

Por um momento, ele pensou que poderia superar, mas as descobertas o fizeram surtar. Muita coisa aconteceu, sentimentos foram expostos e por um momento, recuperou a lucidez. Após tanto tempo, ela ressurgiu e desta vez a agarrou. Não estava disposto a abrir mão dela, não depois de tudo o que passou para alcança-la novamente.

Quando passava pelas regiões, aldeias e vilas, tentava ser o mais discreto possível, pois ele havia acumulado muitos inimigos, mesmo sem querer, agora ele era o último sobrevivente do clã Uchiha e por mais que fosse seu sobrenome, isso era um grande peso, ainda mais após tudo o que ele fez no passado.

Parou em meio as pessoas quando a árvore de momiji atraiu sua atenção. Aquela árvore trazia tantas lembranças da vila e das pessoas, as folhas balançaram quando o vento bateu e desprenderam-se dos galhos secos, dando um belo contraste com o pôr do sol e das pessoas coloridas a sua volta.

Um pequeno sorriso se formou ao recordar-se de uma missão quando ainda tinha doze anos, foi numa tarde como aquela, o vento soprou e as folhas de outono se soltaram dos galhos, mas a sua frente estava ela, uma das únicas pessoas que sempre acreditou nele, que não deixou sua fé nele se abalar.

Não era de admitir – pelo menos não em voz alta –, mas os sentimentos de Sakura eram mais fortes do que ele imaginou. Era um sentimento tão poderoso, que ele jamais pensou que fosse capaz de quebrar tantas barreiras, como seu desejo incessante por vingança.

Ele sabia que esse sentimento era presente em seus devaneios mais distantes, sabia que ele, de alguma maneira, o salvaria, mesmo se não fosse digno de recebê-lo. Esperava que um dia fosse, assim como era digno de ter tais lembranças e visão daquela incrível paisagem.

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Fuyu Inverno

Assoprou ao mãos após esfregar uma na outra para aquecê-las, pois, mesmo escondida pelas luvas, ainda estavam frias. As ruas de Konoha estavam frias, digna do inverno que havia chegado rápido e estava bem rigoroso, apesar de ainda não nevar. Fitou o céu em busca de alguma estrela e a única coisa que encontrou foi a escuridão da neblina que aquela noite cobria toda a vila.

Há muito tempo não se via um frio como aquele em Konoha, por Sakura, ela ficaria em casa descansando, já que finalmente havia conseguido uma folga entre uma missão e seus plantões no hospital e a única coisa que ela queria fazer para aproveitá-las naquele momento era tomar algo quente o suficiente para esquentá-la e o aconchego de sua cama, que implorava por sua atenção a dias.

Contudo, sua noite não terminaria como desejava, já que naquele mesmo instante se via agasalhada indo em direção ao Ichiraku se encontrar com Naruto e Sai, seus antigos companheiros de time, para uma noite regrada a muito ramém. Claro, que para que ela aceitasse, o futuro Hokage precisou insistir para que Sakura fosse sendo que, na verdade, ela estava indo a pedido de Hinata, que queria entregar algo a Naruto, mas não tinha coragem de fazer sozinha.

Naruto e Hinata precisavam, urgentemente, resolver aquela situação.

A noite havia sido agradável, já que com o passar da hora os antigos colegas de academia foram aparecendo e um balcão se tornou pequeno para a quantidade de pessoas, Sakura ainda conseguiu dar uma de cupido para ajudar Hinata e agora podia ir para casa tranquilamente.

Soltou uma lufada de ar e sorriu quando a fumaça se formou, olhou para o céu mais uma vez atrás das estrelas, encontrando apenas uma imensidão escura. Havia pegado o habito de observá-las desde que Sasuke saiu em sua jornada, sempre se perguntando se ele via as mesmas estrelas que ela ou se ele as admiravam, como ela fazia toda noite.

Fechou os olhos e deixou que a brisa gelada acariciasse seu rosto, aquele clima a fazia se lembrar da missão no país da neve, onde ela e Sasuke mostraram um verdadeiro trabalho de equipe, foi num desses momentos que ela percebeu que tinha que continuar melhorando para se tornar uma ótima kunoichi, para ajudar seu time. Por mais que fosse uma garotinha apaixonada por seu companheiro de time, ela se viu capaz de mostrar – ainda mais – do que era capaz a Sasuke.

Abriu os olhos quando sentiu algo gélido cair sobre sua testa, no mesmo local onde Sasuke tocou ao se despedir, levou os dedos ao local úmido, o sorriso contido se formou em seu rosto ao admirar a neve começar a cair. A primeira neve da estação.

Enquanto a neve caia pouco a pouco, seu pensamento ia em Sasuke, se perguntava se o Uchiha estava se cuidando, se alimentando direito e fazendo os devidos descansos para não se sobrecarregar, as notícias sobre ele haviam diminuído drasticamente e por ela sempre estar ocupada, suas pequenas cartas também, mas será que Sasuke sentia falta de suas cartas?

Abraçou o próprio corpo quando o frio se tornou mais intenso soltando um longo suspiro. Será que Sasuke sentia falta da aldeia, falta dela? Será que estava sentindo frio como ela? Se cuidando e se alimentando? Dormindo em locais quentes? Eram tantas perguntas.

— Espero que esteja bem, Sasuke-kun. – Falou para si mesma estendendo a mão para que os flocos de neve pousassem ali. – Não se sinta solitário. – Pediu por fim.

O inverno sempre remetia a solidão e Sakura sabia que o último Uchiha conviveu bastante tempo com esse sentimento, mas esperava, de coração, que mesmo estando distante, seu amor pudesse acalmar o coração de Sasuke e o aquecer, protegendo-o de todo e qualquer resquício de solidão.

Mesmo longe, Sakura queria que Sasuke estivesse ciente de seus sentimentos e que eles fossem fortes o suficiente para tirá-lo da solidão que um dia ele já sentiu e que ele nunca pudesse se sentir assim novamente. Ela só esperava que seu amor fosse o suficiente para aquecê-lo, como era capaz de aquecê-la.

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A neve caia lentamente, o chão estava coberto pelo manto branco que caia do céu, mas os olhos negros estavam presos no céu escuro de onde caia os pequenos flocos de gelo. Por causa da nevasca, se viu obrigado a se hospedar em uma pousada, já que preferia ficar em meio as estrelas e as árvores de alguma floresta. Não estava em seus planos dormir no relento e morrer congelado.

 Seria um inverno rigoroso, ele sentia isso.

Levou o pequeno copo de doses até os lábios e consumiu o líquido transparente, pegou a pequena garrafa decorada e voltou a enchê-lo. Com o tempo sozinho, havia criado pequenos hábitos, um deles era beber algumas doses de saquê para poder relaxar ou esquecer as lembranças que momentos como aquele traziam à tona. Claro que não era um habito frequente, afinal, ele continuava sendo um ninja e o último Uchiha. Não poderia abaixar a guarda.

Mas o inverso, essa estação trazia diversas lembranças, algumas boas enquanto outras nem tanto, mas, sem dúvidas, o sentimento de solidão o engolia por completo sem pedir licença. Confessava, mesmo que só fosse para si mesmo, que houve diversos momentos onde o sentimento de solidão não o engoliu e esses momentos foi quando fez parte do time sete, mesmo que por pouco tempo.

Quando estava com o time, a solidão não era uma preocupação, já que estava ocupado demais competindo com Naruto, mas, tinha algo mais que o afastava da solidão, e ela tinha um lindo sorriso, olhos marcantes, inteligência e, alguns momentos, era irritante.

Descobriu-se mais interessado na sua companheira de time ao fazerem uma missão no país da neve, ele sempre soube que Sakura, se quisesse, poderia ser uma kunoichi excepcional – como era agora –, foi nesta mesma missão que ele pode perceber que eles eram bons sincronizados e como uma equipe.

Sakura, apesar de Sasuke não admitir, o fazia esquecer-se da solidão em momentos como aquele, saber que os sentimentos de Sakura por ele ainda estava presente o aquecia e fazia com que o sentimento de solidão o abandonasse. Só o fato de saber que ele tinha um sentimento tão genuinamente puro destinado a ele – principalmente nos momentos em que não merecia – o deixava agitado de uma maneira que Sasuke não sabia explicar.

Suspirou e fitou o céu escuro atrás de qualquer sinal de seu falcão o deixou frustrado. O fato de não receber os pergaminhos cheios de preocupação por parte da Haruno o deixava apreensivo e curioso sobre o que poderia acontecer em sua ausência. Talvez esse pensamento tenha deixado brechas para que o sentimento o capturar novamente.

Levou o pequeno copo aos lábios e engoliu o líquido de uma vez, voltou sua atenção ao floco atrevido que pousou no parapeito da janela onde ele estava encostado bebendo. Talvez estivesse na hora de descansar.

A neve estalava a cada passo seu, a marca de seus pés era fincada fundos no tapete fofo. Não conseguiu dormir bem, a agitação o fez perder o sono, mesmo após as doses de saque, mesmo não conseguindo descansar bem resolveu partir cedo. O mau tempo havia cessado antes do amanhecer, então, assim que o sol, mesmo frio, deu as caras, ele já saia da pequena pousada.

Parou entre as enormes árvores cobertas de branco ao ouvir um som familiar, o piar do falcão que se sobrevoava em sua cabeça, fitou o animal que logo pousou em uma rocha a poucos metros dele, caminhou lentamente até a ave que o esperava pacientemente, com muito cuidado retirou o pequeno pergaminho preso no tornozelo do animal, que logo levantou voo.

Desenrolou os pergaminhos, mas antes de lê-los, um chamou sua atenção, com o auxílio da boca, pegou o último e passou para frente. O sorriso, mesmo mínimo, surgiu ao reconhecer os kanjis delicados gravados no pedaço de papel.

“Sasuke-kun, está se alimentando? Está bem frio ultimamente, não durma no sereno, procure um bom abrigo e mantenha-se agasalhado e alimentado. Quando se sentir sozinho, lembre-se que estamos aqui, a sua espera, ou pelo menos, eu estou. Sakura”

Sakura com seu amor era capaz de fazer muitas coisas, uma delas – com certeza – era tirá-lo da solidão e fazê-lo se sentir aquecido e acolhido com apenas algumas palavras, mesmo estando distante.

Mas Sasuke não sabia se era digno de receber tal sentimento.

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Haru Primavera

O barulho de passos se misturava as conversas paralelas, as árvores estavam floridas – principalmente as cerejeiras – por todos os lados por causa da primavera, as pessoas estavam sorridentes, as crianças corriam sem parar, a aldeia estava mais agitada que o normal, afinal, era o casamento do salvador da vila, o casamento de Naruto.

Hinata havia escolhido a estação de primavera para celebrar a união, a Hyuuga queria aproveitar a beleza das árvores floridas e Sakura tinha que concordar que havia sido uma excelente ideia. Além de ser uma estação bonita, era tranquila e gostosa aos olhos das pessoas. A primavera era o sinônimo de felicidade após um inverno rigoroso como os que tiveram. Era a estação do ano preferida de Sakura.

Pois, além de representar perfeitamente seu nome, era a estação que ela havia nascido. Mais uma primavera passava e com ela, mais um ano de vida. Mas, aquele ano a comemoração seria diferente, porque além de seu aniversário, agora teria o casamento de Naruto. A união de dois corações apaixonados.

Seu antigo companheiro de time estava construindo sua família, tal pensamento a fez olhar em volta e deixar um pequeno sorriso escapar, todos estavam crescendo e construindo sua própria família. Sai agora tinha Ino, Shikamaru tinha Temari – era um casal surpreendente em sua opinião –, Naruto agora tinha Hinata, e ela tinha quem?

Suspirou e mordeu o lábio inferior quando seu pensamento foi para longe, para Sasuke.

Chegava até ser irônico, mesmo após anos, as palavras que falou na apresentação a Kakashi continuavam tão vivas em sua mente e em seu coração. Fitou Ino de mãos dadas com Sai e sorriu, estava feliz pela amiga, mas sentia uma pontada de inveja, afinal, Sai estava ao lado da Yamanaka e a pessoa que ela queria que estivesse ao seu lado, não estava.

Sasuke ainda estava em sua jornada e quando se encontraram por acaso a algumas semanas após uma missão, mesmo sendo algo rápido, o questionou quando voltaria a Konoha, mas aquilo não estava nos planos de Sasuke por agora e acreditava que ainda demoraria a entrar. Mas, ver que Sasuke estava bem e saudável, consolava seu coração agitado.

Foi durante este encontro que Naruto avisou sobre seu casamento e sobre o desejo de ter o Uchiha presente na cerimônia, mas claro que Sasuke negou e desculpou-se – a sua maneira – sobre sua ausência. Naruto entendeu, mesmo não gostando, ela esperou que Sasuke fosse aparecer, mesmo de surpresa, mas desistiu quando notou que isso não aconteceria.

Nesse encontro, quase pediu para acompanhá-lo, novamente, mas se calou, sabia que Sasuke não queria sua companhia, por isso recusou da primeira vez e ela tinha aprendido a não insistir.

Agora ela estava ali, em meio a tantos casais no casamento de Naruto. Não era como se ela não tivesse pretendentes, porque ela tinha, mas nenhum era aquele que ela queria e amava, nenhum deles era Sasuke Uchiha.

Estava reclusa em um canto apenas admirando os convidados daquela bela recepção quando um piar de um falcão soou alto, fazendo-a erguer os olhos e ver a ave sobre sua cabeça, ela o conhecia, era o falcão de Sasuke. Quando a ave ameaçou descer Sakura estendeu o braço e o mesmo pousou graciosamente sobre seu braço, com cuidado pegou o pequeno pergaminho preso na pata do mesmo, fazendo-o levar voo em seguida.

O rubro tingiu suas bochechas e o sorriso se abriu, uma única palavra estava gravada naquele pergaminho “Parabéns” e tinha o poder de fazer Sakura a pessoa mais feliz daquela recepção.

Quem lesse o pergaminho acharia que havia sido enviado para Naruto pelo seu casamento, mas Sakura sabia perfeitamente que aquele recado era para ela, afinal, Sasuke já havia felicitado Naruto pelo casamento.

Aquele era um presente de Sasuke para Sakura, por seu aniversário, que havia sido a dois dias.

— Obrigada, Sasuke-kun! – Agradeceu fitando o falcão que a encarava pousado em uma árvore.

 

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Os pássaros cantavam, o vento balançava as árvores floridas e ele andava despreocupado, sua jornada, mesmo longa, o havia ajudado a refletir sobre sua vida e suas atitudes e ações. Durante sua viagem também havia passado por diversas coisas, alguns momentos foram difíceis, enquanto outros foram fáceis de resolver. Tinha algumas pessoas que o reconhecia, o que levava a ter problemas, mas sempre os resolveu sem muita dificuldade e com a postura que jamais pensaria em ter, a muito tempo.

Foi em um desses momentos de reconhecimento que encontrou Sakura e Naruto em uma missão. Confessava, para si mesmo, é claro, que foi bom revê-la novamente, depois de um inverno rigoroso o que fez o sentimento de solidão lhe engolir novamente, foi bom – muito bom – ver aquele sorriso e as bochechas coradas de Sakura e melhor ainda saber que aquilo tudo era para ele, apenas para ele.

Foi naquele mesmo dia que descobriu que Naruto ia se casar com Hinata e que o queria na cerimônia. Não estava preparado para retornar a Konoha, ainda, mesmo que fosse em um curto momento, ainda tinha muito a refletir sobre suas ações e atitudes do passado.

Ele havia chegado à conclusão que queria proteger o mundo para as futuras gerações, talvez o ódio que um dia sentia, estava começando a esvaecer por completo, só não sabia ainda se queria fazer isso ao lado da aldeia da folha e das outras nações ninjas ou de forma independente, mesmo que isso o levasse a nunca retornar a Konoha.

Naruto, até tentou insistir, mas no final, acabou respeitando sua decisão pedido apenas que ele não esquecesse daquele dia, e ele não esqueceria. Parou de andar quando um ponto cor-de-rosa atraiu sua atenção. Era uma árvore flor de cerejeira, como era primavera, ela estava totalmente florida, destacando-se entre as demais do local.

Como diziam: depois da tempestade, vem a calmaria. Após um rigoroso inverno, a primavera vinha para florir e acalmar as pessoas. E ela também era capaz de acalmá-lo, ainda mais quando o fazia recordar-se de uma pessoa muito importante, de Sakura.

E estação primaveril a lembrava em todos os quesitos: era calma, tranquila, bonita, alegre e fazia com que as pessoas simpatizassem com sua delicadeza e cuidado. Primavera era, sem dúvidas, a sua estação favorita.

Tal pensamento o fez se recordar de algo, com um pouco de dificuldade, pegou um pedaço de pergaminho e escreveu algo. Era casamento de Naruto, mas para ele, a mensagem era para outra pessoa, era destinado a outra pessoa, mesmo que fosse uma única palavra, ela entenderia o significado por trás delas, afinal, ele nunca havia sido bom em se expressar.

Através de um jutsu a observava na recepção de Naruto em um canto admirando a todos a sua volta, foi quando se deu conta de uma verdade, se Sakura tivesse lhe pedido para lhe acompanhar quando se encontraram, ele teria aceitado, porque, pela primeira vez, ele não teria forças para negar ao seu pedido.

Seu falcão pousou no braço da Haruno, que logo pegou o pergaminho e leu. As bochechas coradas e o sorriso aberto fizeram com que seu coração se agitasse. Há dois havia sido o aniversário da ex-companheira de time, e mesmo atrasado, ele não poderia deixar passar e após assistir à reação feliz da Haruno, chegou a uma decisão que não esperava tomar.

Talvez estivesse na hora de retornar a Konoha, mesmo que fosse por pouco tempo.

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— Natsu — Verão

— Mandem notícias. – Foi o que Naruto falou quando estavam no portão da vila enquanto se despediam.

O clima, mesmo quente para a época do verão, estava gostoso, o vento soprava as árvores que balançavam de acordo com seu embalo.

— Pode deixar. – Sakura foi quem respondeu com um sorriso feliz.

Sasuke estava de volta a vila após um longo tempo longe e sua primeira parada havia sido o escritório de Kakashi, mesmo desejando ir a outro lugar, mas para Sakura, foi uma grande surpresa ao ver Sasuke adentrar em seu consultório para um check up completo a mando do Hokage, mais surpresa foi descobrir que o Uchiha estava de volta.

Quase não conseguiu se controlar, mas, como uma excelente profissional, manteve a compostura, mesmo estando tremendo.

Para Sasuke, rever Sakura foi algo realmente bom.

Mas a grande surpresa, para todos, foi Sasuke convidar Sakura para acompanhá-lo daquela vez.

— Cuide da Sakura, Sasuke. – Desta vez quem falou foi Kakashi, que apenas recebeu um aceno de cabeça por parte de Sasuke.

 Sasuke estava partindo mais uma vez, mas agora, ela o acompanharia, acenou para os ex-integrantes do time 7 e fitou Sakura, que sorria abertamente e começava a caminhar ao seu lado.

Ela estava indo com Sasuke.

Foi impossível não deixar o pequeno sorriso se abrir ao ver a Haruno acenar mais uma vez ao antigo sensei e a Naruto. Sua nova jornada estava apenas começando, mas agora levaria a pessoa que preenchia sua existência, a única que era capaz de acabar com qualquer solidão que assolava seu coração e seu íntimo.

A garota que o tirava da solidão, mesmo sem saber.

Uma nova jornada ao lado dela, a escolhida por seu coração para receber para ter o seu amor, afinal, era um amor capaz de tudo, até mesmo, de ser imortal.

Sakura fitou Sasuke e sorriu dando-se conta de que poderia passar o tempo que fosse, ano após ano, estação após estação, seus sentimentos por Sasuke continuariam o mesmo.

O seu amor por Sasuke era imortal, assim como o de Sasuke por ela.


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Notas finais do capítulo

site que usei para me especializar nas estações, inclusive data do ano que acontece: https://harugakita.com.br/blog/as-4-estacoes-no-japao

A musica As quatro estações: https://www.youtube.com/watch?v=G2gtONmxh4Q

Momento do poque na saída de Sasuke da vila: https://twitter.com/Milichan3033/status/1165360564639604736
Casamento do Naruto: https://www.youtube.com/watch?v=MPR6Tk3InTU

Espero que gostem. Beijos.



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