Beleza primaveril escrita por Mari Mitarashi


Capítulo 2
Lembranças de outono


Notas iniciais do capítulo

Eu iria dividir essa fanfic em duas, mas eu resolvi colocar esse capítulo como extra.

Obrigada pelos favoritos e comentários no capítulo anterior.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781567/chapter/2

Era mais um dia daqueles que Sasuke se pegava pensando em como sua esposa fazia falta. O distrito Uchiha não era mais o mesmo desde que Sakura partiu, às vezes a dor era insuportável, outras vezes ele não sentia absolutamente nada. 

 

Se não fosse pelos seus três filhos, Sarada, Sakumo e Satoru, ele não teria mais motivos para viver sem sua amada flor de cerejeira.  Enfrentou as dificuldades de um pai solo com duas crianças pequenas e uma adolescente cheia de si, lidar com a personalidade de Sarada não fora fácil. A primogênita Uchiha tinha o mesmo gênio teimoso de Sakura. 

 

Olhando para trás, ele pode sorrir e sentir saudades de quando seus filhos ainda não possuíam coragem para desbravar o mundo com a suas próprias mãos. Hoje, Sarada estava prestes a ser nomeada décima Hokage de Konohagakure, Sakura estaria orgulhosa por ver sua menininha se tornando tudo que ela sonhou.  Sakumo se tornou um jounin excepcional, liderava atualmente um time muito talentoso e Satoru, esse trilhou mesmo caminho que ela. O caçula da família era tão habilidoso quanto a mãe nas artes médicas, muitos afirmavam que algum dia ele irá superar Sakura. Sasuke sabia que sim. 

 

Sentado na varanda ele observava os galhos secos das sakuras balançando devagar, o outono roubara a beleza do verde das árvores. A xícara de chá pousada ao lado em uma bandeja de ferro ainda continha um pouco do chá preto que Sasuke saboreava no silêncio do casarão Uchiha.  O vento soprava os cabelos que começavam a ficar grisalhos com o tempo, o colar semelhante à que Itachi usava, ousava sair debaixo da gola do kimono azul, os dedos calejados com o tempo brincavam com as duas alianças em sua mão esquerda. Aquele pedaço de metal se tornou símbolo da união dos dois, do compromisso que firmaram bem antes de subirem ao altar e do amor incondicional de ambos. 

 

Sasuke em alguns momentos imaginava como Sakura estaria. Será que possuiria fios brancos por entre as mexas rosadas ou estaria jovem como Tsunade pelo uso do byakugou? Ele daria tudo para poder sentir o perfume floral que ela adorava usar, vê-la ostentando o símbolo do clã em seu kimono rosa pela casa.  O timbre doce dela ecoava ainda em sua mente o chamando, o riso de felicidade ao descobrir a gravidez de gêmeos quando pensou não ser mais possível.  Ele nunca a viu tão radiante como naquele dia.

 

— Sasuke, estou tão nervosa — ela confessou quando estavam a caminho do hospital. 

 

— Com o que? — Sasuke indagou ao perceber o tom preocupado da esposa. 

 

— Bem, eu não sou mais uma garotinha como na gravidez da Sarada. Estou na faixa de risco, temo que possa existir a possibilidade dessa gravidez não ir a diante — O medo em sua voz era palpável, Sakura apertou o braço do marido tentando arranjar forças para não desabar. 

 

— Sakura, ainda não sabemos se realmente você estar grávida. É apenas uma suspeita — ele a tranquilizou. 

 

— Se eu realmente estiver? 

 

— Bem, iremos fazer isso juntos, não é? 

 

O positivo do exame de sangue fora um surpresa e tanto para ele, o mesmo sentimento de euforia o dominou quando descobriu que Sarada estava a caminho. Por Kami, ele seria pai de novo. Sakura o abençoou novamente com uma criança, que logo descobriu ser duas. 

 

Sakumo e Satoru nasceram na primavera, no mesmo dia que Sakura nasceu. Sasuke recordava com exatidão daquele dia, a sua amada esposa segurando dois embrulhos azuis que choravam com toda a força de seus pulmões, o semblante exausto o fez querer correr para beijá-la.  Ele sorriu ao ver os dois garotos tão parecidos com Sakura, os rostos redondos vermelhos de tanto chorar, os cabelos escuros e arrepiados de Sakumo lembrava muito os de Sasuke quando bebê e Satoru era cópia cuspida de Sakura. 

 

Sakura como mãe era algo lindo de se ver, atenciosa, carinhosa e paciente. Não importava a situação, ela nunca deixou se levar pelas emoções ruins como a raiva, sempre buscava a compreensão e agia de forma severa quando necessário com Sarada. Contudo o dever de médica ninja a chamava, a obrigando se ausentar por um período muito extenso. A Uchiha nunca fora omissa, o papel de mãe ela empenhava como ninguém, mas não podia ignorar o juramento que fez de salvar vidas. 

 

Sasuke não tinha o que reclamar, Sakura foi uma boa esposa, mãe e ninja. Serviu o seu propósito até o fim mesmo, que tenha custado a sua vida e roubado a possibilidade de ver os filhos crescer.  Ele se lembrava o quanto ela chorou tentada a não ir ao encontro do inimigo e salvar Naruto, às palavras ditas com tanto afinco ainda retumbava em sua mente.

 

— Um ninja médico sempre tem que se pôr como prioridade para que possa salvar o maior número de vida possíveis no campo de batalha, no entanto — ela suspirou sentindo as lágrimas escorrer pelo rosto. —  o byakugou permite que eu quebre essa regra. 

 

Sasuke limpou o rosto sujo de fuligem de Sakura depositando um beijo suave em seus lábios — se eu pedi para que não vá, você irá? 

 

— Nós dois sabemos a resposta, Sasuke. Eu gostaria muito de ser egoísta, mas vidas dependem de mim e eu não posso me cegar em relação a isto — Sakura fechou os olhos deixando as últimas lágrimas caírem. — Se eu não voltar, por favor... Cuide dos nossos filhos por mim. 

 

— Não precisa pedi, eu cuidarei deles. 

 

A última memória de Sakura fora seus longos cabelos róseos voando em meio a fumaça do incêndio que consumia parte de Konoha. 

 

Naruto se culpou por muito tempo pela morte de sua grande amiga, Sasuke teve que buscar forças que não tinha para consolar o  melhor amigo. Ele o abraçou, permitiu que o Uzumaki chorasse em seus ombros, porém jamais permitiu-se fazer o mesmo. Por um longo período, o Uchiha guardou a dor da perda para que pudesse ser o melhor pai para seus filhos. Sasuke necessitava ser forte por Sarada, Sakumo e Satoru. 

 

— Está bastante pensativo hoje, pai — Sakumo observava o céu cinza no batente da porta. 

 

— O treino terminou cedo hoje? — Sasuke apoiou o corpo para que pudesse se levantar. 

 

Sakumo assentiu sério.

 

O filho do meio da clã Uchiha trajava o uniforme de jounin, os cabelos lisos tinha um corte parecido com o de Sasuke naquela idade, a bandana vermelha na testa era mesma que Sakura usava, contrastava com o uniforme escuro. 

 

— O tio Naruto está na sala te esperando para uma partida de majoken. Ele está confiante que irá te derrotar dessa vez — Sakumo sorriu de lado. 

 

— Nem que os sapos voem — Sasuke segurava a bandeja, ele olhou para dentro do casarão buscando paciência para um tarde jogando majoken com Naruto. 

 

— Pai, pega leve com o tio Naruto.

 

— Irei pensar sobre. 

 

Ao caminhar pelos corredores do casarão, Sasuke parou em frente a um porta retrato com a foto do dia do seu casamento. Um sorriso nostálgico surgiu na face do Uchiha. Sakura sorria segurando a sua mão, ela estava deslumbrante com o kimono branco, aquele foi o dia mais feliz de sua vida. 

 

Delicadamente ele tocou o rosto sorridente da Haruno com as pontas dos dedos, olhos escuros do Uchiha escureceram de saudade sempre guardada em seu peito. 

 

— Feliz aniversário de casamento, Sakura... 






















Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Beleza primaveril" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.