O que fazer desse sentimento que me entristece a cada dia?

Nossos olhares se cruzaram quando ainda éramos tão jovens. Me lembro com exatidão você entrando na loja para comprar suas vestes, onde fomos colocados lado a lado no banquinho.

Falar com você ali foi quase um sonho do qual não podia acordar. Suas respostas mesmo que curtas agraciavam meus ouvidos como um tocar majestoso dos sinos. Naquele momento desejei com todas as forças do meu coração para que você fosse para Sonserina, pois precisava de ter você tão acerca de mim.

Quando nas aulas, você se juntou à uma família inimiga e uma sangue ruim, meu descontrole foi notado por todos e naquele momento quis te odiar. Te odiar por não ficar próximo a mim, odiar por não pensar como eu, odiar após descobrir quem você é e acima de tudo, odiar o sentimento nutrido em meu peito e que só aumentava.

Você faz ideia do que era te ver todos os dias cercado de pessoas que te consideravam o herói e sem que pudesse me aproximar e tocar em ti, totalmente ciente da traição que me coração fazia com a minha própria família?

Odiava seus amigos por ter o que eu mais almejava. Pertencer ao seu mundo e de alguma forma eu o fiz, porem acabou por me odiar por isso. Você me salvou tantas vezes, mesmo ciente e consciente das formas infelizes que demonstrava te odiar. No fundo, meu corpo tremia de ciúmes, pois queria eu, dizer de minha própria boca o teu nome, dizer meu herói sem que me caísse o peso da culpa.

Te trouxeram para minha casa quando capturaram você e ao ser convocado para te reconhecer, eu vi, no fundo da minha alma, marcado de cor escarlate o teu nome. Menti para eles, arriscando a vida da minha família para te salvar, pois não queria que entregassem você a ele, não, não podia te perder.

Na batalha final eu queria sobreviver e ter a certeza que ainda existia no mesmo mundo que o meu e dessa forma se fez quando minha mãe se arriscou pelo sentimento que tinha por ti. Ela sabia, coração de mãe não falha. Ela ouvia em alto e bom som as vezes, no silencio gélido da madrugada chamar o teu nome em meio aos meus sonhos e pesadelos. Ela queria me proteger e sabia que a única forma seria te salvar pois não posso viver em um mundo do qual você não exista.

Porque o que sinto por ti é como uma maldição!

“O que vou fazer com todo esse amor

Que não cabe no meu peito

E me cala os ossos

Que se afoga nesse mar de dor

Que me queima a carne

Que ferve o sangue

Que está partindo em duas minha razão

O que vou fazer sem o seu amor

O que vou fazer com meu amor”*