Hanabi Taikai escrita por nje


Capítulo 1
Capítulo Único: A noite do festival


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
A fic se passa naquele período em que todos estão treinando para encarar Aizen. Como vocês poderão perceber, aviso desde já que há algumas modificações da maneira que aconteceu no anime rs

Hanabi Taikai: Festival de fogos de artifício.
Yukata: quimono mais casual, utilizado no verão, em dias quentes.



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Todos os anos, no verão, ocorria o Hanabi Taikai da cidade de Karakura. E na noite em que ocorria o festival daquele ano, a pequena garota percorria o evento ao lado de um amigo e observava com atenção o movimento. Via-se deslumbrada pelas luzes coloridas e vibrantes e a variedade de comidas, que por sinal pareciam todas bastante deliciosas. Também acompanhava com o olhar a interação entre pessoas de todas as faixas etárias e não pôde deixar de reparar em suas yukatas, as vestimentas consideradas adequadas para aquele tipo de festival. Havia os que se arrumaram com maior extravagância, ousando nas cores e estampas, e os mais discretos, que optaram por utilizar um quimono liso e de tons mais neutros.

Na área verde do parque que sediava o evento, de frente para o lago, havia uma grande quantidade de famílias, casais e grupos de amigos, todos sentados em cima de grandes panos e deleitando-se tanto da comida quanto da companhia uns dos outros.

A voz do rapaz ao seu lado soou no ar e então ela voltou para ele a sua atenção:
 
— Rukia, cê tá vendo o pessoal em algum lugar? — Perguntou o dono de fios de cabelo alaranjados e puxados olhos castanhos. Ele era alto, de maneira que tinha de abaixar a cabeça para poder encará-la.

Ela meneou a cabeça negativamente.

— Não. Vamos começar procurando lá pelas barraquinhas, Ichigo. Parece mais fácil de encontrar do que aqui, que tem bem mais gente. — Rukia propôs, olhando para as barracas coloridas e bem iluminadas.

— Sei. Isso é só uma desculpa porque cê tá doida pra ir lá comer de tudo, né?! Pra gente não seria tão difícil achar alguém aqui. Já até tô sentindo a presença de alguns deles. — Respondeu Ichigo em tom de acusação enquanto apontava para a pequena Shinigami em sua frente.

Rukia corou levemente e chutou a barriga de Ichigo, levando-o a urrar de dor. E novamente o rapaz se pôs a falar:

— Vamos lá pras barracas, sim. Tem algo que eu queria conversar com você.. — O ruivo coçou a cabeça, parecia um tanto sem jeito.

A garota de cabelo curto encarou-o surpresa com seus grandes olhos roxos.

— O que é?! — Ela perguntou, curiosa e impaciente analisando-o com atenção. Tentava captar na expressão dele alguma dica, mas estava bastante difícil.

Então logo Ichigo deu as costas e passou a caminhar na direção dos quiosques em que aconteciam as vendas de comida. Rukia de imediato começou a andar rápido para conseguir acompanhá-lo e mantinha-se gritando com ele:

— Ei, Ichigo! Espere! Fala logo o que você tem pra falar!

O Shinigami Substituto manteve-se em silêncio. A garota seguia pressionando-o a dizer alguma coisa, o que o rapaz só fez quando pararam em frente à uma das barracas, na qual vendiam um bolinho doce recheado de feijão branco, chamado chidori manju. Tratava-se de uma comida tradicional desses festivais e além disso, também era uma das que Ichigo mais apreciava.

Foi somente nesse momento que ele iniciou a sua fala:

— Então, é que hoje logo depois do Urahara propor que a gente viesse no festival, quando todo mundo tinha ido embora, não sei se você viu que a Inoue pediu pra ir pra casa comigo, pra gente poder conversar. — Ichigo não conseguia olhar para Rukia. Ela dirigiu-lhe um olhar cheio de desconfiança, intrigada pela continuação daquela conversa. — E, bom.. ela se declarou pra mim.

Aquelas palavras provocaram certo desconforto em Rukia, que não demonstrou e nem mesmo compreendeu o motivo para sentir-se daquela maneira. Na verdade, até deduzia o que ocasionava aquela sensação desagradável, mas se recusava a aceitá-lo.

Ela procurou camuflar o que realmente se passava em seu interior e responder com naturalidade:

— Ah.. Isso já era previsível, não era, Ichigo?! Só você, desligado e pouco observador como é, que não tinha nem desconfiado. Ela tá sempre preocupada você, sempre tentando ficar mais forte pra poder te acompanhar e não te atrapalhar.

Rukia fez todo aquele discurso na intenção de incentivá-lo a se aproximar da outra garota. Afinal, Inoue Orihime era humana, assim como ele. Esse relacionamento seria bastante adequado. 

A Shinigami deu um leve tapa na cabeça do rapaz alto e mau-humorado, que foi seguido pelos costumeiros resmungos.
Ichigo não respondeu de imediato e ela acabou perguntando com certa ansiedade:

— O que você respondeu pra ela? Não me diga que recusou os sentimentos da Inoue, seu burro! Ela é perfeita pra você!

Ichigo novamente coçou a cabeça e o rapaz parecia pensativo.

— Você acha?! Sei lá, é claro que ela é bem bonita e todos os caras que eu conheço iriam gostar de estar no meu lugar. Mas... eu não disse nada. Só isso. Fiquei olhando pra Inoue meio surpreso. E aí ela disse que eu não precisava responder e saiu correndo.

— Você é um idiota, mesmo! — Rukia respondeu em tom de repreensão antes de morder novamente o bolinho que tinha em suas mãos. De fato, conseguia compreender o motivo para Ichigo gostar tanto deles.

— Não sei, Rukia. Nunca olhei pra ela dessa forma. E sei lá, com toda essa história do Aizen, não penso muito em romance. Menos ainda com a Inoue. Ela é muito sensível, iria precisar muito de mim, da minha atenção. E eu não sou bem do tipo carinhoso, né?! Sei lá.

Antes mesmo que Rukia elaborasse alguma resposta, os dois sentiram uma forte pressão espiritual envolvê-los e até mesmo desorientá-los por um momento. 

Os dois Shinigamis de imediato deixaram seus corpos e puseram-se a correr na direção daquela estranha presença que possivelmente viria a atrapalhar a noite de lazer deles.

Não estava muito distante do parque em que ocorria o festival. Em pouco tempo já encontravam-se diante da ameaça: uma mulher vestindo estranhas roupas brancas cheias de recortes e com os detalhes pretos. O cabelo era cor-de-rosa e os olhos negros. Logo ao vê-la puderam identificar: tratava-se de uma das Arrancar de Aizen. 

— Vocês são rápidos, não é mesmo?! — Ela comentou com surpresa e um sorriso malicioso formou-se em seus lábios. — Deixa eu me apresentar logo, então. Faço questão que saibam o meu nome. Me chamo Nainen Vahvuus, arrancar número 13. 

Ichigo e Rukia se entreolharam. Era possível notar que ficaram tensos. Aizen estava mandando Arrancars cada vez mais poderosos antes do que foi previsto. Não demoraria para que estivessem enfrentando Espadas.

— Você sentiu isso, Ichigo?! Os outros já começaram a enfrentar alguém! — Rukia comentou preocupada. 

Ichigo assentiu. A raiva era notável em sua expressão. Lábios comprimidos, mãos firmes na Zanpakutou em posição de ataque, encarando a mulher que encontrava-se flutuando.

— Deveria se preocupar com você mesma, garota! Foque na luta aqui! — A Arrancar ignorou a expressão de Ichigo e tirou uma espada do encaixe que havia em sua cintura. Ela direcionou a sua energia espiritual toda para a arma em suas mãos e disse algumas palavras que Ichigo e Rukia simplesmente não foram capazes de compreender.

A pequena e temperamental Shinigami de repente paralisou. O ruivo olhou para ela preocupado, sem entender o motivo que levava Rukia a ficar imóvel no meio de uma batalha. De qualquer forma, ele pôs-se a atacar Nainen tanto pelo objetivo de derrotá-la quanto para impedir que Rukia fosse atingida. 

— Getsuga Tenshou! — Ele gritou, colocando sobre a espada Zangetsu grande pressão espiritual e direcionando o golpe à Arrancar. 

Ela levantou a espada e o Getsuga Tenshou foi devolvido com a mesma intensidade recebida na direção Ichigo, levando-o a cair no chão com força. 

Rukia seguia imóvel. O que o Shinigami Substituto não imaginava é que a sua companheira se via presa em uma ilusão. Na mente dela uma tortura acontecia, enxergava somente Ichigo todo ensanguentado assim como os outros amigos, todos à beira da morte. Tentava gritar, ajudá-los, mas era como se correntes prendessem o seu corpo. Um terror intenso e uma energia espiritual pesada dominavam-na.

— Como sou boazinha, vou te explicar o que tá acontecendo com a sua companheira aí. Porque dá pra notar que você está bem confuso. — A voz aguda de Nainen inundou os ouvidos do rapaz, que levantou-se um tanto atordoado e se preparava para atacar novamente. A Arrancar prosseguiu falando sem muito se preocupar. — Um dos meus poderes é de hipnose, mas só funciona com quem está vulnerável. Com quem está com medo, inseguro. Pelo visto você é confiante, não é?! Não sei se gostei disso ou se detestei. 

Ichigo rangeu os dentes e ao fim daquele discurso já encontrava-se próximo da dona dos cabelos rosáceos. Eles começaram a batalhar nos ares com suas espadas, alternando o domínio. O rapaz ocasionalmente lançava olhares à Rukia, buscando verificar se ela conseguira sair do estado de hipnose. 

O Shinigami Substituto novamente lançou o costumeiro golpe Getsuga Tenshou. A Arrancar não apenas desviou-se como se aproveitou desse momento para distanciar-se dele e chegar ao lado da pequena Shinigami imobilizada. Nainen riu cheia de maldade e cravou sua espada nas costas de Rukia, que caiu no chão sangrando. 

— Pronto. Agora você pode parar de se preocupar com essa garota e dar atenção para mim! — Nainen provocou-o. 

Ichigo não hesitou mais e liberou o seu bankai em poder máximo. Raios negros começaram a sair de sua Zanpakutou e a Arrancar arqueou as sobrancelhas, surpresa com a mudança radical causada pela liberação do bankai de Ichigo. Mais do que apenas a força da pressão espiritual, também pôde constatar que houve uma alteração em sua essência, parecia muito mais carregada e negativa. 

Não pôde nem pensar por muito tempo. Quando se deu conta, sentiu a lâmina afiada em suas costas, seguida pela sensação da sua pele se rasgando e muito sangue jorrando. Ela urrou de dor, mas logo reagiu. Virou rapidamente de frente para o Shinigami Substituto e antes que Ichigo saísse de perto dela ou atacasse novamente, ela segurou o braço dele e inseriu ali a espada, cortando-o. Ichigo ignorou a dor e continuou impulsionando fortes golpes contra ela.

— Você acertou quando disse que eu era confiante. — Ichigo disse com um sorriso maldoso nos lábios. O tom de voz emanava arrogância. — E a Rukia vai ser curada e vai ficar bem, eu sei disso. Mas não posso te perdoar por fazer o que fez com ela.

Ele seguiu dominando-a, mas Nainen não cedeu. Direcionou grande parte de sua energia espiritual à sua espada e logo em seguida liberou-a contra Ichigo, conseguindo acertá-lo. Um grande corte foi aberto no peito do rapaz, que seguiu com firmeza e contra-atacando de imediato como se nem mesmo tivesse sido atingido mais uma vez.

Nainen se irritou com a postura do garoto. Acabou por liberar o seu bankai e o que antes era apenas uma espada, uniu-se às mãos dela e converteu-se em grandes garras. Também era possível constatar que os dentes ficaram maiores e mais afiados.

No meio disso tudo, Rukia acabou por acordar. E em silêncio, sentindo a dor e o sangue escorrer, ela observava e aguardava o momento de sacar sua Zanpakutou e disferir um golpe inesperado contra a Arrancar. 

Por mais que Ichigo ainda estivesse aprendendo a prolongar o seu estado com o poder de Hollow que havia dentro dele, não hesitou em passar a mão pelo próprio rosto e oculta-lo atrás de uma máscara branca e vermelha. Nainen ficou boquiaberta. Como era possível que o poder dele continuasse crescendo? E que houvesse tanta escuridão dentro dele?

Ichigo foi para cima dela e mais uma vez disferiu o golpe. 

— Getsuga Tenshou! 

E antes de sair rolando ensangüentada, conseguiu com suas garras acertá-lo mais uma vez. Ainda assim, o chão se rachou com a força que a Arrancar foi arremessada logo após suas garras encostarem em Ichigo.

— Dance, Sode no Shirayu.. — Rukia começou a falar, posicionando a sua espada para atacar Nainen que estava no chão.  

Antes mesmo de completar o seu plano, Ichigo golpeou com força mais uma vez e Nainen estava quase ficando inconsciente antes de se pronunciar:

— Vou te dar um bônus por conseguir me deixar nesse estado, à beira da derrota. Quando coloco as pessoas num estado de hipnose, posso enxergar o coração delas, o desejo mais profundo que há neles. E o dessa garota que tá ferida e estava prestes a tentar me atacar é passar o resto da vida caminhando ao seu lado. Entenda isso como quiser. 

E ao terminar de falar, Nainen abriu o portal para o Hueco Mundo e desapareceu. Ichigo e Rukia ficaram tão transtornados com as palavras da Arrancar que nem mesmo tentaram impedi-la de partir. Se encararam fixamente e não disseram nada. A Shinigami estava muito ferida e acabou por fechar os olhos e ficar inconsciente. O ruivo se ajoelhou na frente dela e a voz de Inoue soou em seus ouvidos:

— Kurosaki-kun! Kuchiki-san! 

E assim que se aproximou, a jovem dos longos cabelos alaranjados abaixou-se ao lado de Ichigo e pôs-se a curá-los, bastante preocupada. Mais uma vez, Inoue fitou o seu amado e enxergou nos olhos de Ichigo um zelo imenso ao encarar Rukia, como se diante dele houvesse um bem precioso. E ela suspirou profundamente ao constatar isso.

— Inoue, sobre o que você me disse hoje mais cedo.. — Ichigo começou a falar e logo foi interrompido por Inoue. 

A garota abaixou a cabeça e disse:

— Kurosaki-kun, eu sei. Não sou correspondida! Eu vejo o jeito que você olha pra Kuchiki-san. Não é a primeira vez..

— E-ei, Inoue! Não fala isso! N-não tem nada a ver! — Ichigo respondeu sem jeito, surpreso com o comentário da amiga. Entretanto, o que foi dito tanto pela Inoue quanto pela Arrancar provocou-lhe um imenso frio na barriga e levou o coração dele a bater mais forte. Sentia-se confuso, queria que Rukia acordasse logo para que pudessem conversar.

— Tudo bem, Kurosaki-kun. Acho que é difícil pra você assumir os sentimentos, né?! Sempre tão preocupado em proteger as pessoas e se tornar mais forte por elas, mal pensa sobre você mesmo. Não olha pro seu próprio coração.

Após mais uma observação feita por Inoue, Ichigo não contestou. Apenas passou a refletir sobre o que sentia. Variadas imagens começaram a passar por sua mente: Rukia dividindo os poderes dela com ele para salvar a família dele, as incontáveis brigas e agressões entre os dois, o sofrimento das despedidas, a alegria que sentia em cada reencontro. A chuva que somente ela era capaz de fazer parar. Pensou em cada vez que sentiu-se fraco ou desmotivado e em todo o apoio e a calma que só Rukia conseguia trazê-lo nesses momentos. Nas vezes em que nem mesmo ele acreditou em si, mas ela acreditou.

E ao relembrar cada uma dessas imagens, um calor percorreu-lhe o corpo todo. Se havia algo no seu coração próximo ao amor, certamente seria o que sentia por aquela pequena, irritante e irritadiça Shinigami. 

Entretanto, junto com essa percepção veio o desespero. Pelas palavras da Arrancar, ela se sentia de forma parecida. Mas como iriam lidar com essa situação? Estavam no meio de uma grande batalha, prestes a encarar uma guerra. Eram de mundos diferentes! Como conciliar algo desse nível?

Ainda com esse turbilhão de emoções e pensamentos, o rapaz olhava apreensivo para Rukia, que seguia inconsciente.

Não muito distante dali, Ishida, Sado, Renji, Matsumoto e Hitsugaya trocavam experiências sobre suas lutas. Nenhum havia de fato derrotado os oponentes, apenas deixado-os bastante feridos até que se retirassem. 

Alguns minutos depois, Rukia lentamente abriu os olhos e se deparou com Inoue com a mão posicionada sobre ela, e também com Ichigo, encarando-a com ansiedade.

Sentia-se bastante constrangida pelo comentário que Nainen fez antes de ir para Hueco Mundo. Queria acreditar que Ichigo não iria falar nada a respeito, mas sabia que não era algo que poderia simplesmente ser ignorado. Suspirou pesadamente e até cogitou a possibilidade de fechar os olhos novamente e fingir ainda estar inconsciente. 

— Kuchiki-san, você está curada! — Inoue disse com sua costumeira voz doce e cheia de gentileza. — Agora vou deixar vocês sozinhos.

Ela levantou-se e saiu quase correndo dali. Desejava do fundo do coração que Ichigo fosse correspondido em seus sentimentos, por mais que isso a machucasse. Maior do que o seu desejo de estar com ele era o de que o rapaz estivesse com alguém que o fizesse bem, que cuidasse dele. E sabia que Rukia o fazia.

Ichigo coçou a cabeça. Não conseguia encarar Rukia diretamente e nem sabia por onde começar aquela estranha conversa.

— Ichigo! Rukia! Vamos voltar pro festival. Ainda dá tempo de ver os fogos de artifício! — Matsumoto chamou-os.

Eles se levantaram e se juntaram ao grupo. 
Em pouco tempo todos já encontravam-se de volta aos seus corpos. Antes do espetáculo da noite conseguiram até mesmo passar em algumas barracas para que pudessem se deliciar com mais comidas típicas.

Rukia usava uma yukata vermelha, com detalhes de flores nas mangas e uma grande faixa de tom creme envolvida em sua cintura. Já Ichigo vestia um quimono simples, cinza com uma faixa azul escura na altura do quadril. 

Por fim, todos se viam diante do lago que refletia o show dos fogos coloridos no alto da cidade. Eles formavam variados símbolos, explodiam de diferentes maneiras e iluminavam com louvor aquela noite quente com um céu tão escuro e estrelado. Era possível ouvir as pessoas elogiando, cheias de alegria e excitação. Alguns gritavam, outros batiam palmas.

Rukia sorriu genuinamente enquanto apreciava toda aquela cena. Foi um momento especial por tantos motivos. 

Ichigo a observava pelo canto do olho e novamente pontadas acometeram o seu coração. A luz dos fogos envolvia a garota de cabelos curtos e olhos roxos, mas mais do que isso, Rukia não precisava de iluminação exterior; a luz que emanava dela era própria e vinha de sua alma, e conseguia ser mais forte que a dos fogos de artifício diante deles. 

Ao perceber que Ichigo a olhava tão fixamente, Rukia corou e chutou-o com força na barriga.

— Você é maluca, Rukia! — Resmungou o ruivo.

Os outros nem mesmo se atentaram. Seguiam fixando encantados o espetáculo pirotécnico tanto nas nuvens quanto nos reflexos do lago. 

— Vem aqui! — Ele pegou o braço dela e puxou-a para um lugar um tanto afastado dos outros. Rukia protestou pela brutalidade, mas acompanhou-o.

— O que houve, Ichigo? Por quê me trouxe aqui?! — Indagou a Shinigami com os braços cruzados e encarando-o, embora até pudesse deduzir o motivo para que Ichigo lhe tivesse conduzido até ali. 

Por fora a sua postura era de segurança e afronta, mas por dentro sentia um forte calor dominar todo o seu corpo.

— O que aquela Arrancar quis dizer? — Ichigo perguntou cheio de esperança.

Rukia colocou as mãos na cintura. Ela não respondeu de imediato e ficou em silêncio por alguns momentos procurando alguma maneira de sair daquele assunto.

— Responde, Rukia! — O rapaz encaixou as mãos nos ombros da garota e pressionou-os, chacoalhando-a levemente.

— Eu acho que você já sabe a resposta, Ichigo. — Ela respondeu sem conseguir olhá-lo diretamente.

— Mas quero ouvir de você, Rukia. 

— Que talvez eu possa ter sentimentos por você, e que quero seguir caminhando ao seu lado pra sempre, Ichigo. Até o fim das nossas existências. Se é que um dia terão fim.. — Rukia confessou constrangida e temendo a reação dele.

— Eu também me sinto assim, Rukia. — Ele envolveu os longos braços na pequena garota à sua frente e apertou-a. Ela não reagiu de imediato, mas pouco depois retribuiu o gesto, pousando suas pequenas mãos sob as costas dele.

— Nesse momento, no meio de toda essa confusão.. — Comentou Rukia, pesarosa. Sua cabeça estava repousada contra o peito de Ichigo.

— O que a gente vai fazer sobre isso? — Ele perguntou, um tanto quanto incerto.

— Acho melhor não fazermos nada agora. Vamos continuar treinando, buscando cada vez mais força. E aí, quando derrotarmos o Aizen juntos, podemos pensar no que fazer. — Propôs Rukia. Ichigo ficou um tanto contrariado com aquela proposta, mas compreendia que era a opção mais viável para o momento.

— Tudo bem. Já fica avisado que teremos um encontro, certo? — Por mais que tivesse consciência que Rukia estava certa em sua proposta, Ichigo ainda sentiu-se um tanto frustrado. Não era bom com espera.

Rukia sorriu com gracejo e provocou-o:
— Ei, ei. Não precisa ficar com essa cara toda triste. Não pense que vai escapar disso fácil assim! Afinal, está combinado então o nosso encontro! Marcado pro fim de toda essa guerra. 

Ichigo retribuiu o sorriso. Seria capaz de esperar. Afinal, encontrou mais um motivo para se tornar mais forte e derrotar logo Aizen e o seu exército. 

Não iriam ficar juntos como percebeu naquela noite que desejava — pelo menos não por um bom tempo —, mas o mais importante mesmo é que de alguma forma seguiriam um ao lado do outro. Contanto que assim seguissem, unidos como aquele abraço apertado e prolongado, ele estaria bem. 

Fim. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Me contem o que acharam! ;)