Venha Comigo. vol 4: Presente escrita por Cassiano Souza


Capítulo 1
Encaminho


Notas iniciais do capítulo

: Olá! Não começaria a postar por agora, mas é que problemas me tiraram a animação e preciso de um gás. História que deu muito trabalho, afinal pesquisas e mais pesquisas históricas foram necessárias, e ainda mais ter que organizar elas dentro da ficção, pois eu não poderia falar ou fazer coisas que ficassem incabíveis de acordo com a questão temporal da narrativa. Adorei esse primeiro capítulo, espero que também se divirta, pois após tanto tempo aqui está o volume 4. BOA LEITURA!



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Sua cabeça estava zonza, as suas vistas estavam turvas, e a sensação que sentia, naquele momento, era de ter acabado de despertar de algum sonho, ou pesadelo. O som do motor do carro, para de vez, tendo ele, freado, e uma das portas de trás logo se abrem, deixando a luz do sol entrar depressa, bombardeando com o brilho matinal, as suas vistas cansadas. Grace, olha para fora, e um homem uniformizado militarmente e de luvas negras de borracha a oferecia a mão, cavalheirescamente. Ela, antes de aceitar a ajuda, sente sua mão arder, e mirando a sua atenção até ela, encontra uma chave, que logo, é guardada em seu casaco. 

— Senhora? - Ofereceu ajuda, um homem, com três medalhas e um broche em seu uniforme.

— Ah... Onde estou? - Perguntou a doutora Holloway, encarando confusa ao ambiente, e saindo para fora do carro.

— Ora, vila de Wizna, na Polônia, senhora. Parece que a viagem da Alemanha até aqui foi um pouco cansativa. Ou será que a senhora apenas pegou no sono?

— Ah, respeite o estresse da moça, Coronel Joseph. - Pediu, um senhor de bigodes brancos e jaleco. – Saiba apenas que é um prazer tê-la aqui. - Felicitou, tomando e apertando as mãos de Grace, animado. – Sou o doutor Charles Bernhard, o coronel, é o coronel Joseph Erlanger, e aquele rapaz loiro, é o seu guarda costas, cabo Adam, Adam Heins. 

Grace, fez um tchauzinho ao guarda costas, que apenas a mal encarava, fechado. O doutor charles termina:

— Mas, engraçado, a senhora já devia ter chegado mais cedo, doutora Kein Gluck.

— É?!

— É.

— Mas, desculpa, de quem você me chamou mesmo?! - Se mostrava cada vez mais confusa.

— A senhora, Catherine Kein Gluck.

Grace, continuou atordoada. Ela simplesmente não via o menor sentido nas palavras daqueles homens, pois, ela sabia que não devia estar ali, pois, não estava em nenhum carro, e muito menos, outrora na Alemanha. Não sabia também quem seria essa pessoa a quem eles se referiam, e nem a menor ideia do objetivo de tudo ao seu redor. Mas, observando direito, logo os seus olhos se arregalaram nervosos, pois, vários dos indivíduos que esperavam ali por ela, tinham uma insígnia não muito amigável em seus uniformes. Eram insígnias nazistas.

— Algum problema, senhora? - Perguntou o doutor Charles, notando as expressões não muito confortáveis de Grace.

— Ah, com certeza... Não! - Tentou convencer. – Estou com pessoas maravilhosas, não é mesmo? - Sorriu falsamente. – Mas ainda acho que deva estar havendo um engano. - Pigarreou.

— Engano?!

— É, doutor Charles. - Disse o cabo Adam, em seu tom frio. – Talvez deva estar havendo um engano.

E Grace, desvia o seu olhar. Ela estava cercada por nazistas, e desaponta-los sobre ser ou não ser o esperado... Com certeza não seria uma boa ideia.

— Não! Não. - Corrigiu Grace. – Engano algum, cabo Adam, sou eu mesma, doutora Catherine... - Pensou no resto do nome. – Kein Gluck! Eu mesma, quem mais seria? Claro que sou eu. - Gargalhou, tentando parecer convincente.

— Com certeza. - Afirmou o coronel Joseph. – Tão bela quanto nas fotos. E seja bem vinda, lhe esperávamos ansiosamente, recebemos recomendações suas direto do grande médico e cientista do Führer.

— Grande médico?

— O senhor Josef Mengele! Lhe encheu de elogios.

— O Anjo da Morte?!

— O próprio. É braço direito dele, certo?

— Ah... Sim, exatamente, isso aí. - Engoliu a seco, completamente desconfortável. – Mas, realmente dormi muito no caminho, sabe? Então... Qual é o caso mesmo?

— Isto, o doutor Charles poderá lhe responder, acompanhe ele, por favor. Sim?

Joseph, apontou para a entrada do enorme hospital da vila. Charles sorri para Grace dando as costas, e assim, ela o segue, ela, e o seu guarda costas.

— O caso... - Contava o doutor Charles, enquanto Grace o acompanhava. – Envolve um importante individuo, e sendo algo que devemos manter no maior sigilo possível. E o tratamento que teremos de dá-lo também, mas, antes disto, gostaria de lhe mostrar uma coisa, a coisa que iremos enfrentar. Seja forte, é algo perigosamente terrível, até onde sabemos.

— Huu, algo perigosamente terrível? Tudo normal até agora. Conte mais.

— Bem, é melhor ver com os seus próprios olhos.

Subiram uma escada, continuando a conversar, enquanto o guarda costas, apenas se mantinha calado, e fitando sério para Grace. Mas, fiando o guarda costas, uma jovem faxineira de olhar amedrontado e estrela de Davi costurada em uma de suas mangas, faxinava as escadas.

***

Trincheiras nos campos abertos da União Soviética, alguns dias antes de 17 de Julho.

— Que sorte a sua, Gordon. - Disse um soldado, entre outros cindo soldados, coando café, numa mesa com cindo deles, em uma saleta de uma das trincheiras. – Fomos informados pelo auto comando que devemos recuar para trás.

— Certo, mas por que “sorte a minha”?

— Você é um rato covarde, não é? - Os outro cinco companheiros de guerra, riram, e o pobre soldado Gordon, apenas permaneceu sem muita expressão. – E o que foi aquilo ontem? Mortos andando?!

— Foi o que eu vi. - Respondeu, sem graça.

— Não, o que você viu foi o inimigo, um bando de nazistas filhos da mãe. Mas aí... A sua imaginação de rotos fujões inventa historinhas, para ficar longe da luta. - Gargalharam de Gordon novamente.

— Sei que não sou o homem mais corajoso do mundo, mas... Eu não sou um mentiroso. Eu vi o que vi.

— Zumbis? Frankestane? - Os cinco riram mais ainda.

— Eu... Eu não sei.

O soldado que coava café, termina o processo, e assim, logo despeja nas canecas de esmalte de cada um, um pouco da bebida. Mas, chegando a vez de Gordon, não havia mais nada.

— Ops, acho que acabou. - Disse, o que servia.

— Você... Pôs mais em sua caneca, e me... Me deixou por último de propósito.

— Pois é, acontece.

— Isso não é justo.

— Ah, mas café é para homens, não para ratos.

— Sou mais velho do que você, rapaz!

— Mas não mais “maduro”.

Gordon, se conteve entristecido, enquanto os outros, apenas riram e riram em sua cara, das piadas bobas do outro colega. Mas, pondo o caneco vazio sobre a mesa, se retira Gordon dali, para o lado de fora, onde se sentou no chão, ao lado das suas mochilas, sujas de lama. 

— Deixe eles, pelo menos ainda tenho você. - Disse Gordon, abrindo uma de suas mochilas, e retirando uma espécie de coisa redonda, como uma esfera de vidro, porém, completamente luminosa interiormente. – Sei que você é só um negócio esquisito, mas... Ainda podemos ser amigos. Afinal, você sempre conversa comigo. Bem, você não conversa exatamente comigo, mas sussurra, e já é alguma coisa. Não? 

Admirava a peça, que realmente parecia sussurrar para ele. Mas, observando melhor, notou-se algo pregado ao objeto:

— Um bilhete?! Quem pôs isto aqui?! Ninguém sabe do nosso caso. Bom, não temos uma caso, coisinha redonda! Mas, ninguém sabe entre você e eu.

Entretanto, lendo o bilhete, tudo o que ele dizia era, “ferrovia”.

***

O doutor Charles, clica no interruptor da parede, e toda a enorme e escura sala, logo é iluminada. Homens e mais homens, apenas com roupas de baixo, se mantinham de olhos fechados, e todos, em pose de guarda, como os soldados que eram.

— Legal, homens de ceroulas e dormindo em pé. - Comenta Grace. – Qual o sentido exatamente?

— Todos aparentemente em um espécie de coma transitório. - Começa a explicar o doutor Charles. – Acordam primeiro respondendo à qualquer tipo de som, mas, de forma pacifica, e sem falar ou abrir os olhos.

— Mas como ficaram assim?

— Olhe as costas deles.

Grace estranha o pedido. O doutor insiste:

— É sério, olhe as costas deles.

— Ok, traseiros masculinos, o que haveria de errado?

Assim, então seguiu Grace, apreensiva, até os indivíduos devidamente enfileirados. E mirando o seu olhar para as costas dos sujeitos, que diferentemente de seus abdomens estavam descobertas, notou a doutora, algo de não muito comum, algo que com certeza não faria parte dos soldados.

— Mas o que é isso?! - Pôs Grace, a mão frente à boca.

— É exatamente o que queremos que a senhora responda, doutora Catherine. - Reforçou Charles. 

O que havia nas costas de cada um daqueles homens, era nada mais, do que, uma espécie de verminose, ou algum tipo de parasita extremamente desproporcional, cheio de ventosas e tentáculos, com suas pontas enfiadas por entre toda a coluna dos homens, perfurando assim, as suas carnes.

— Esta coisa... Isso não é coisa de vocês, é? Alguma experiência maluca ou coisa assim, onde essas pessoas eram cobaias. - Indagou a médica.

— Não, senhora, não fomos nós. - Negou o médico. - Isto apenas... Começou a se manifestar, e todos os feridos começaram a desenvolver um caroço, que aos poucos... Bem, acho que você viu o resultado. Entraram em coma, e não havia mais jeito.

— Mas o que o senhor acha que é?

— Se eu contasse... A senhora não iria acreditar.

— Por que não? Já vi muitas coisas por aí! Se eu contasse, você é quem não acreditaria.

— Eu acho que... - Teve cautela em responder, não queria parecer um louco – Acho que são alienígenas. - Cochichou.

— Jura? - Grace fingiu não possuir a crença. – Minha nossa, é uma ideia extraordinária.

— De fato, é o que eu sempre acreditei. A vida é complexa e maravilhosa, e acho que no universo, há mais do que poderíamos ver, mais do que poderíamos imaginar.

 E Grace se mostra surpresa, afinal, era um nazista falando aquelas palavras.

— Não dissemine mentiras para a visitante, doutor Charles. - Pediu, o guarda costas de Grace. – Ambos sabemos que isto é coisa dos soviéticos e ingleses.

— Francamente, Cabo Adam, achar que aqueles primitivos possuem tal tecnologia, é uma lastima. - Retrucou o médico, e Grace revirou os olhos. – Isso é sim de fato de fora deste mundo.

— Hum. - Pigarreou Grace. – Mas por que o senhor acha isso extraterrestre, algo aconteceu de estranho nos últimos dias? Luzes no céu, homens verdes cabeçudos, mulheres de 3 metros de altura?

— Este é assunto para os militares, doutora Catherine, não sei de mais nada além do que eu penso. Mas, sim, sei que ouve algo, porém, não sei o quê.

— E nem saberá. - Colocou o cabo Adam. – Como disse, doutor Charles, assunto para os militares. 

O médico apenas engole a seco.

— Certo, cuidaremos dos nossos deveres. - Disse Grace, tentando dissolver o clima tenso. – Mas, como você havia dito antes, doutor Charles, eu devia conhecer o mal a ser enfrentado, para depois darmos um jeito, em um paciente importante. Que paciente importante?

— O nosso general. - Responde Charles. 

— Bom, muito bom... Que general?

— Acho que a senhora deve ter dormido muito na viagem! Como "que general"?!

— Ah, sabe como é que é, estresse de hospital, acaba com a nossa racionalidade! - Disse, forçando confiança. – E nem sei que dia é hoje, acredita?

— Ora, quarta-feira, 1 e abril, de 1942!

— Abril?! 1942?! Estamos na Segunda Guerra mundial! - Concluiu perplexa.

— Sim. - Estranhou. 

— Então significa que... Faltam apenas dois meses para a batalha de... - Pesou distante, de olhos arregalados.

— Batalha, que batalha, doutora? - Questionou o cabo Adam.

— Esqueça! - Pediu, tentando fugir do assunto. – Só uma coisa que vi na... Que eu vi na TV.

— TV?! - Indagou curioso, o doutor Charles.

— Rádio! Foi isso o que eu quis dizer. Mas agora, vamos lá, leve-me ao meu paciente.

***

Um som chamativo e diferente, rugiu, por entre os trilhos, mas, não sendo de alguma locomotiva, que fosse de refugiados, cativos, ou suprimentos, e sim, por parte de uma enorme caixa azul, que simplesmente ia tomando forma aos poucos, em cima das linhas de trem, e perdendo o seu tom fantasmagórico, até se materializar, por assim dizer. As portas da caixa, se abrem depressa, e logo, um nervoso e curioso homem de cabelos longos e sobretudo verde, emerge de lá.

— Grace?! - Chamou o homem, gritando, e encarando o ambiente. – Grace?!

Mas, ninguém o-respondeu. Aquela ferrovia pertencia a uma vila, que igualmente a muitas outras por todo o leste europeu foram invadidas e arrasadas, até, não restar mais nada, além da solidão, de destroços, e do silêncio que a acompanhava, pois, além destes, ninguém mais. Porém, o homem não se conformou, logo enfiou um de seus dedos indicadores na boca, e o-retirou:

— 02 de Julho, terça feira, 1942, Rússia, quer dizer... União Soviética, cheiro de pólvora, porém, camada de oxônio ainda não muito esburacada. Mas se é 1942... - Observou o seus arredores. – Então está explicado. Mas, Grace, onde está a Grace? Sumir em minha frente, me deixarem coordenadas aleatórias... Quem faria isso?

Sacou a chave de fenda sônica, apontando-a envolta.

— Ferrovia “Terra Prometida”. - Disse, lendo o letreiro a sua frente. – Humanos, já deviam saber que isso não existe.

Talvez não realmente, mas, se distraindo com os zumbidos da chave sônica, logo o homem é guiado até dentro do departamento ferroviário, onde em seu clima fúnebre e obscuro pós guerra, ele logo chega a uma porta. Ele abre-a de vez:

— Identifique-se por espécie e planeta de origem! Sou o Doutor, estou cansado e estressado, e isso não é uma boa combinação. Então, sendo rápido e prático, apenas diga... Onde está a minha amiga, onde está Grace Holloway? - Questionou, sério e irritado.

— Ah... - Tentava um soldado imaginar uma reposta. – Eu não sei quem é. - Sorriu intimidado. – Grace quem? O meu nome é Gordon. Serve?

O Doutor, apenas recua com os ombros, atônito.

 

 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam, e o que esperar da história? Espero que interajam comigo, pois é muito triste ver os numeros subindo e nenhuma palavra de quem lê.
Mas, vamos lá. Confesso que que adoro escrever para o 8 e Grace, mas essa história me estressou muito, mais do que as outras, devido às pesquisas, porém ao mesmo tempo foi muito interessante e desafiador escrever algo de época, porque imaginei a dificuldade que devem sofrer os escritores da série ao escrever episódios históricos.
O Anjo da Morte (Josef Mengele) citado aí é alguém real do antigo partido nazista mesmo, ele foi um médico e cientista maluco que era obcecado pela ideia da eugenia e fazer experimentos horrendos cruéis com pessoas, dos mais diversos tipos. e depois da guerra fugiu e tal, para vários lugares, porém por último acabou sabe onde? Brasil, terra dos cachorros sem dono.
mas este pseudônimo da Grace é só um nome mesmo, pois não sei de ninguém com este nome que tenha trabalhado para o Mengele.
VOU POSTAR TALVEZ DE 2 OU 3 dias, até chegar em um capítulo que demorará para sair.



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