O fio vermelho através do poço escrita por Agome chan


Capítulo 7
Voltando para casa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781386/chapter/7

Foram três longos anos. Ter um relacionamento a distância a sua maneira, era difícil de explicar para amigas, mas Kagome sempre dava um jeito de modificar um pouco as coisas, para elas poderem ouvir seus desabafos naquele restaurante fast food.

— E quando vai ter um encontro de novo com seu namorado? — Eri perguntou, voltando a comer as batatas fritas.

— Eu ainda não sei, mas espero que logo.

Tecnicamente eles também viajavam para se encontrar, assim como os outros casais em relacionamento a distância. Algo como “quando temos sorte, o avião/ônibus funciona e podemos nos ver depois de vários dias esperando no terminal sem ter resultado”, era o mais próximo ao que seria o funcionamento do poço-come-ossos, era muito incerto, porém tal explicação, ainda assim, não faria sentido para elas.

Foi mais fácil contar que os dois estavam tão ocupados que era difícil encontrar tempo para se programar.

Sendo que, na verdade, eles largavam tudo para ter, quem sabe, talvez, a oportunidade terem uma sensação não real de estarem juntos…

Kagome não gostava de pensar sobre isso tanto, a deixava deprimida.

E o que a estava irritando era, ironicamente, uma das características que mais gostava nele: seu jeito protetor.

Concordava que ele não estava errado, a Era moderna era mais segura do que a feudal. Entretanto o ponto dela também era válido, não era uma humana comum, tendo poderes espirituais grandes como os dela, ela poderia perfeitamente viver lá, assim como qualquer sacerdote.

Anos de viagem na procura dos fragmentos, Kagome estava mais do que adaptada. Por que esse assunto estava sendo levantando de novo por ele? Ela se sentia evitada, ao mesmo tempo que ela tinha a mais absoluta certeza que ele a deseja e ama mais do que tudo. A angustia que ele tenta disfarçar pela saudade era impossível de passar despercebida.

O problema é que ele prosseguia sendo o mesmo teimoso!

Para as amigas, resumiu a situação dele ser muito zeloso e preocupado com ela, e elas conectaram isso as vezes que Kagome mal pode frequentar a escola pelas suas doenças. Bom que as desculpas de seu avô a ajudavam mesmo anos depois em momentos assim. Associaram as desculpas dele sozinhas, ela nem precisou inventar mais nada.

Yuka via o ponto de vista de InuYasha por isso:

— Eu entendo ele se preocupar com essas viagens, veja isso como ele te priorizando, Kagome.

A Eri, po outro lado, entendia o lado da amiga:

— Mas ela está bem, está ótima! Ela é forte o suficiente, ele tem que entender isso também. Se estressando dessa forma acaba-se nem vivendo.

Yuka voltou a rebater:

— Tomar precauções não é ser estranho, é ser carinhoso.

— Não nego — suspirou Eri. — Mas se ele não acha que a zona que ele está não é segura o suficiente para Kagome ir até lá, e ele não pode sair de lá, não pode viver aqui, não é o mesmo que dizer que eles não têm futuro?!

Yuka e Ayumi arregalaram os olhos, Eri cobriu a boca percebendo que talvez tenha falado demais.

Olhou para amiga que suspirou e deitou a cabeça na mesa do restaurante.

Definitivamente tinha mesmo falado demais.

Eri sorriu amarelo:

— M-mas vocês darão um jeito, você verá!

— Sim, sim — ajudava Ayumi, acariciando as costas da amiga para consolar. — Se tem amor, o resto se conquista mais facilmente.

— Importante é ter química e se gostarem — disse Yuka.

Kagome suspirou:

— Mas amor muitas vezes não é o suficiente para se ter futuro.

As três voltaram a ficarem tensas.

— N-não seja pessimista, Kagome — aconselhou Ayumi. — Essas são suas inseguranças falando mais alto.

— Sim! — Yuka bateu na mesa, assustando as demais e despertando a deprimida Kagome. — Tenta ligar para ele, diga que tomou sua decisão de que quer ir vê-lo e pronto! Mostre firmeza em sua decisão.

— Sim! — Apoiaram as outras duas.

Kagome se iluminou:

— Vocês têm razão!

— É!

— Eu vou falar para ele!

— Isso ai!

— Só dizer que quero ir morar lá de uma vez!

— Iss… hã? — Ficaram confusas.

Não era o que esperavam ouvir, as coisas escalaram muito rápido.

De namorada… Kagome já estava pulando os degraus para casamento? Ela que faria o pedido?

As mentes das garotas eram criativas, e em seus imaginários Kagome estava de joelhos com a caixinha da aliança, e o namorado, InuYasha, o rapaz de estranho cabelo bonito prateado que viram duas vezes, estaria com aqueles olhos também de cor estranha — dourados — surpreso, emocionado? Talvez assustado?

Não adiantava elas falarem nada, Kagome pôs a ideia na cabeça e estava animadíssima, então deram de ombros e passaram a incentivar a amiga ao fazer a loucura que ela queria. Amizade é para isso também.

Mais tarde, após essa saída com as amigas, Kagome só jogou a bolsa no chão, se empolgou e pulou no poço.

Se machucou. O céu não se abriu abaixo de seus pés, foi de encontro ao chão.

Olhou para cima, ainda na esperança de talvez ter atravessado, mas não via o céu, só o teto do cômodo do poço. Ficou frustrada.

Voltou escalando para cima, reclamando e se xingando.

Analisou se tinha torcido o tornozelo, sentada na borda no poço e nem reparou na presença a sua frente.

— O que foi?

Ergueu o olhar ao ouvir aquela voz.

Havia a densa mata virgem, grama abaixo de seus pés, o dia era ensolarado e InuYasha estava na sua frente com a testa enrugada, olhando para sua perna.

Ela sabia que não tinha atravessado, não estavam fisicamente juntos, mas seu coração batia só de ter ouvido a voz dele e de vê-lo depois de longas semanas sem conseguir qualquer contato.

Era aquele sonho deles, por outro lado, melhor do que mensagem de texto, a isso tinha que dar crédito aos poderes da árvore sagrada e do poço-come-ossos.

InuYasha reparou que hoje ela vestia mais uma daquelas roupas estranhas da outra Era. Desta vez era uma curta saia rodada, uma blusa azul e sandálias de salto alto brancas. A blusa realçava os olhos dela e seus cabelos escuros de tom azulado. InuYasha sempre achou bonitas as pernas dela, mas nunca teria a coragem de falar em voz alta para ela. Pelo menos não por enquanto.

Se aproximou do fraco cheiro de sangue, tocou o joelho, ela tinha ralado um pouco, mas olhando o tornozelo, ele notou que estava bom.

— E-eu caí no poço — disse ela com um sorriso embaraçado.

— Tsc! — Ele não acreditou, sabia que ela deveria ter pulado sem cuidado.

Puxou a manga da rata-de-fogo e cortou parte do tecido do seu hajuban.

Ele se ajoelhou diante dela, analisando o pequeno machucado.

— InuYasha, o que está fazendo? Não há a necessid… hm! — perdeu o fôlego ao sentir os lábios dele contra sua pele, ali em seu joelhou.

Ele chupou, parando o sangramento, deixando-a boquiaberta, completamente envergonhada. O coração batia num ritmo louco, as pernas bambas e as mãos suando. Depois ele a enfaixou.

Não a encarou e ela notou que ele também tinha ficado envergonhado.

— Eu… — ela tentou conversar — …Você sabe que eu sou forte e não vai ser um arranhãozinho que vai me derrubar, não é?

— Sei — respondeu olhando para o chão.

— E então?

— … não importa.

Ela enrugou o cenho, irritada, pronta para xingar, porém ele completou:

— Eu sempre vou querer cuidar de você. — Timidamente o olhar dele subiu para a encarar. Ele uniu as grossas sobrancelhas em sua leve irritação típica — Não é óbvio?

Kagome se sentiu o bem mais precioso daquele hanyou, não pode evitar sorri.

Se levantou e quando ele se aproximou para lhe ajudar, ela aproveitou e passou as mãos para atrás de seu pescoço e lhe roubou um beijo. O surpreendeu. Mas logo ele correspondeu avidamente e aprofundou, segurando ela em suas mãos de forma possessiva, mordiscou os lábios adocicados dele com leveza. O conflito de não a querer machucar, porém a desejar e a amar tão intensamente.

Ao se afastar para encara-lo, respirando afoita, ela pediu:

— Mas você deve me deixar cuidar de você também.

InuYasha respirou fundo, os olhos dourados agitados a olhando. Queria ainda argumentar:

— Kagome…

Mas ela não o deixou:

— Você não disse que enquanto estiver comigo, está em casa?

Ele arregalou os olhos. Tinha dito isso em algum momento aquilo em voz alta ao ponto de ela ouvir?

Vivia pensando isso, mas não se lembrava de falar diretamente a ela. Não duvidava que murmurou por aí e ela, atenta, pegou-o.

Kagome prosseguiu a convencê-lo:

— Você é a minha. Não pode me esperar voltar para casa?

O deixou sem ter o que dizer de tão surpreso ao ouvir tais palavras.

Suspirou pesado, encostando a testa na dela.

Não sabia o que fazer com ela. Ele podia ser teimoso, mas encontrou uma mulher tão persistente quanto, a diferença é que Kagome tinha todo aquele jeito amável e toda a doçura de seu olhar, de seu cheiro, de sua pele…

Facilmente estava nas mãos dela e não tinha o que fazer.

Amar tanto alguém assim ainda lhe era assustador as vezes, mas era ainda pior se condenar e não se permitir não viver isso. Kagome o pegou para si e não estava dando brecha para ele ser temeroso, se acovardar. Não era ato-a que admirava tamanha coragem e força que ela sempre teve.

— Hm? — Kagome instigou.

E ele lhe respondeu:

— Tsc! Eu não faço outra coisa, a não ser te esperar, Kagome. Sabe disso.

 

 

Na semana seguinte, distante do poço, InuYasha ainda pode sentir o cheiro dela. Ansioso, se perguntava se poderia ser outra conexão para um plano não real dos dois, mas como seria possível se não estava perto nem da árvore? Estava no quintal de Miroku e Sango.

Correu angustiado e ao chegar, olhou para o poço-come-ossos atordoado.

Aquilo estava mesmo acontecendo!

Estendeu a mão lá para dentro e sentiu o aperto firme da dela, menor e mais suave que a sua, e arrebatou de lá.

 

— InuYasha, me desculpe. Estava me esperando?

— Kago…

A envolveu em seu abraço.

— Idiota, o que esteve fazendo?

 

Kagome e InuYasha estavam em casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E acabou-se!
Eu esperava terminar antes, mas tendo outras para escrever e tendo meus bloqueios, foi um desafio. Fazia tempo que não escrevia InuYasha, e sempre era uma prazer até mesmo para fazer as capas dos capitulos, mexer nas imagens do mangás e das fan ars pelas pastas. Me desculpem pela demora. Fico feliz de completar mais esse projeto.
Essa fanfic começou antes mesmo de saber sobre Yashahime, quem diria que teriamos uma continuação com o poço realmente voltando a funcionar?!
Sempre disse que inugome; inukag; inukago (chame como quiser) é meu ship favorito do animê/mangá, mas é um dos meus casais favoritos no geral, da vida assim. Igualmente InuYasha é meu animê/mangá favorito e sempre levarei ele comigo com carinho, por ele que comecei a ler fanfics e ler doujinshis.
Dessa vez fiz algo menos fluffy e com carga emocional maior, me lembra da minha mais longa de InuYasha que coloquei tantos gêneros naquele AU Moderno... mas tenho muita paixão pelo universo canon, tinha que escrever ao menos uma com mais de um capítulo no universo canon e espero que tenham gostado de mais essa fanfic.
Muito obrigada ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O fio vermelho através do poço" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.