Hinata terminava de tirar a mesa do jantar as nove da noite. Após a refeição, Himawari havia pedido ao pai para que contasse alguma história ninja, e Naruto, mesmo cansado, prontamente atendeu o pedido de sua princesa: isso resultou nós dois dormindo no sofá. O que mais surpreendeu a matriarca Uzumaki foi o fato de que Boruto ainda se encontrava acordado, sentado em uma poltrona à frente do sofá que seus familiares dormiam. O loiro havia tido uma missão naquele dia, estranho estar desperto enquanto a lua radiava. Hinata cuidadosamente se aproximou do filho ao perceber que seus olhos azuis guardavam uma emoção de tensão.

    — O que houve, meu filho? — a gentil princesa Hyuga sentou ao lado do genin, dando leves carícias em seu cabelo espetado.

     — Não é nada... Nada não... — se repetia enquanto sua mente estava em um labirinto de palavras.

     — Vamos, você sabe que pode confiar em sua mãe. — Hinata abraço ternamente o filho. — O que está te deixando aflito?

     O Uzumaki corou, desviou o olhar e percebeu que sua mãe não precisava do byakugan para ler dentro de sua alma. Apreensivo, não sabia como chegar naquela conversa com sua amada figura materna.

      — Eu... Você... — se embaralhou com as palavras. — C-Como você descobriu que estava apaixonada pelo papai? Digo, na verdade por que você se apaixonou pelo papai?

      Hinata arregalou seus olhos perolados, mas sorriu logo em seguida, nunca imaginou que Boruto perguntaria mais sobre sua vida amorosa, ainda mais que quando ela se mostra afetuosa com o marido, o primogênito sempre faz sinais de nojo.

      — Bom... — uma sensação nostálgica invadiu seu peito. — Naruto e eu estudávamos na mesma academia, mas muito diferente do que ele é hoje em dia, seu pai era odiado por quase todos.

      — Odiado?

     — Sim, a Kurama dentro de seu pai fazia com que ele fosse considerado um demônio pela vila. Todos tinham medo dele, menos eu. — Hinata ajeitou uma mecha de seu cabelo, botando bem atrás da orelha. — Eu tinha medo de tudo, desistia antes de tentar, mas seu pai mostrou para mim que nunca devemos desistir. Naruto me mudou, ele me mudou muito antes de ter me dado você e sua irmã.

      — Eu não sei se entendo, mãe. — Boruto coçou a cabeça, ainda meio apreensivo.

      — Bem... Seu pai é o meu sol. — os olhos azulados de Boruto se arregalaram. — Ele iluminou meu caminho quando tudo parecia escuridão, me puxou e me mostrou que eu poderia vencer tudo, nós poderíamos, até que enfim seguramos as mãos e iluminamos o mundo juntos. É engraçado, Naruto me salvou, mas se você perguntar a ele é muito provável que ele fale que fui eu que o salvei mais vezes.

     — O papai... É seu sol? — Boruto não tirava os olhos da mãe.

     — Sim, e eu sou o sol dele. — a Hyuga sorriu calorosamente. — Mas o que estava te deixando tão nervoso? Você ainda não me falou.

     — N-Não! Eu só queria saber como uma mulher como você se apaixonou por um bobão como meu pai. Isso que tava me deixando acordado. — o loiro riu de maneira claramente forçado, levantando e driblando a mãe tanto fisicamente quanto emocionalmente. — Vou dormir, boa noite!

      — Boa noite... — Hinata fez uma expressão chateada, sabia que algo a mais penetrava o coração de seu amado filho. A kunoichi sabia que era questão de tempo até Boruto revelasse sua angústia, então relaxou um pouco e foi acordar o resto da família, preocupada que os dois ganhassem um torcicolo dormindo tão apertados em um sofá. Quando foi acordar seu marido, ouviu barulhos estranhos, ativou seu Byakugan em uma reação de proteção e logo viu que o barulho na verdade era Boruto descendo as escadas. — Boruto?

      — Só outra coisa, mãe... — ele sapateava no chão de madeira, claramente com vergonha. — E você descobriu quando que o papai era seu sol?

      — Acho que quando ele me salvou de uns bullies. — Hinata coçou o queixo. — Acho que foi ali que meu coração chamou por ele. Uma hora ou outra ele iria chamar por ele de qualquer forma.

      — Ah, entendi... Boa noite de novo.

     Hinata deu uma risada com a atitude desajeitada do filho. Após se divertir com o filho, foi acordar o marido e sua filha caçula.

     — Ei, vocês dois, levantem... — ela cutucou o marido primeiro.

     — Sasuke! — os dois gritaram em uníssono, com certeza Naruto adormeceu contando sobre uma das lutas que teve com seu eterno rival.

* * *

      O dia amanheceu em uma temperatura agradável. Hinata sempre era a primeira a levantar, já que sempre preparava o café para Naruto e Boruto, além de também gostar de acordar cedo e aproveitar o dia todo. Após trocar sua roupa e escovar os dentes, a matriarca Uzumaki estava pronta para descer as escadas e começar o trabalho, mas ao invés de ir direto para a cozinha, o barulho da campanha da porta da frente fez com que ela muda-se um pouco os planos.

     Desceu as escadas e prontamente abriu a porta. Em frente ao jardim, Mitsuki estava esperando para ser atendido

      — Mitsuki? O que faz aqui? — Hinata perguntou curiosa.

     — Bom dia senhora Uzumaki, combinei de treinar com o Boruto hoje de manhã. — Mitsuki respondeu, mantendo uma postura delicada. — Sarada pediu o dia de folga já que o pai voltaria hoje e o Konohamaru está em uma missão.

      — Ah, claro! Muito obrigada por cuidar tanto dele. — a Hyuga sorriu alegremente. — Acho que o Boruto não acordou ainda, mas se quiser entrar em tomar o café conosco será mais que bem-vindo.

      — Não se preocupe mãe! — a voz do loiro mais novo da casa chegou cada vez mais perto, logo estando na porta da frente. — Eu e o... Mitsuki já estamos de saída.

      Hinata notou a estranha pausa que seu filho havia dado, percebendo também que seus olhos azulados tomaram um brilho enorme ao encontrar com seu colega de equipe.

       — Você precisa tomar café, não? — o instinto materno apitou.

       — Que nada mãe, o Mitsuki sempre leva comidas gostosas para comermos no treino. — o menino de cabelos azulados levantou uma pequena trouxa que embrulhava bentôs.

       — Certo, tomem cuidado, certo? — Hinata sorriu.

       — Tomarei cuidado do Boruto, senhora Uzumaki. — o genin respondeu com o mesmo tom calmo de sempre.

      Enquanto eles saiam um ao lado do outro, a Hyuga levou a mão ao peito, abrindo um sorriso aquecido em seu rosto.

      — Então era isso, né? — uma tranquilidade tomou seu corpo.

      Mais à frente, Mitsuki não tirava seus olhos de cobra do rosto de seu parceiro de equipe. Boruto corou com a atitude um tanto romântica do amigo, tanto que deu um pequeno passo para trás.

     — O que foi? Tenho pasta de dente no rosto? — o Uzumaki foi meio agressivo por conta da vergonha.

     — Não, só estava pensando em como seus olhos ficam lindos quando estão contra o sol. — Mitsuki falou casualmente.  — Você parece ainda mais com um sol, sabe?

      Sol. Aquela palavra fez com que o coração de Boruto sentisse algo como uma flechada. Então era aquilo que sua mãe queria dizer com “chamar por ele”? Boruto sentiu seu rosto aquecer.

      — Boruto? Está com febre? — Mitsuki pôs a mão no pescoço do colega, já que sua testa estava coberta pela bandana.

      — Droga, eu estou bem. — Boruto se afastou levemente. — Eu estou ótimo.